AComissão que foi formada no âmbito da Assembleia Municipal para o Património Cultural de Alijó já se encontra no terreno a rastrear as principais potencialidades patrimoniais existentes neste concelho, com o intuito de informar o actual executivo camarário sobre quais os investimentos futuros que porventura a autarquia venha a realizar que merecem um maior consenso político.
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Comissão para o Património Cultural do concelho de Alijó já está no terreno |
Esta Comissão é constituída por Denise Simão da Mesa da Assembleia, Sónia Quintas e Filipe Pires Pinto em representação da Coligação Afirmar a Nossa Terra (PSD/CDS-PP), Luís Lameiras e Cláudio Vilela em representação do P.S e por António Luís Pereira em representação do B.E.
Os trabalhos iniciaram-se na freguesia de São Mamede de Ribatua, mas durante os próximos tempos a ação destes comissários deverá ser estendida a outras partes do território, de forma a recolher informação que gere consensualidades sobre projetos futuros.
O objetivo geral desta iniciativa política será a criação de um documento que tomará a forma de um relatório onde vão ser expostas conclusões, consensualidades e prioridades de investimento neste setor e que na ótica desta comissão devem ser feitos a curto, médio e longo prazo.
No documento que justifica a sua criação considerou-se que já estão identificados no concelho de Alijó os constrangimentos para o não aproveitamento desta sinergia geradora de fluxos turísticos, como é o caso do património cultural, sendo apontada a falta de programação cultural institucionalizada para oferecer aos operadores turísticos, a inexistência de roteiros institucionalizados e a inexistência de um inventário de todos os pontos de interesse do concelho como alguns dos principais fatores de estrangulamento local.
Por outro lado, evoca-se nesse mesmo documento a degradação do património histórico/arqueológico e a sua não catalogação, facto que aliado à inexistência de um programa de musealização concelhio capaz de potenciar aspetos da cultura local, contribuem para a não existência de espaços de visitação polarizados pelo território detentores de uma qualidade reconhecida e capazes de gerar atratividade para a grande massa de turistas que entra na região pela via fluvial.
O objectivo desta comissão, sublinham os seus promotores, é também “
diagnosticar as principais potencialidades turísticas e identificar os espaços naturais e patrimoniais que possam imprimir dinâmicas de visitação ao território,num processo de intervenção local que conceba o turismo como um setor de atividade económica pautada pelos princípios da qualidade e da sustentabilidade”.
Dentro deste consensual entendimento político, o património cultural é entendido como “
elemento de identidade cultural e como uma sinergia variada e riquíssima, detendo em si fortes potencialidades para ajudar à promoção do desenvolvimento regional”. Através do património cultural, sublinha o documento justificativo desta missão que foi votada por unanimidade na Assembleia Municipal, “
é possível fixar pessoas, constituir programas de promoção do território, aumentar a competitividade territorial através da criação ou valorização histórica e cultural de produtos endógenos diferenciadores, promover a qualificação e a internacionalização, funcionalizar as riquezas de interesse público, criar atratividade territorial e, consequentemente, contribuir para dinamizar o empreendedorismo local”.
É também sublinhada a posição estratégica do concelho de Alijó face aos fluxos turísticos que já existem a partir do rio Douro e que num futuro muito próximo poderão vir a existir a partir da albufeira da Barragem do Tua.
O concelho de Alijó faz parte da Região Demarcada do Douro que está reconhecida pela UNESCO como Património da Humanidade, enquanto Paisagem Cultural Evolutiva e Viva. Esta classificação constituiu-se, na última década, como uma marca de atratividade territorial, facto que acabou por se refletir num aumento significativo de turistas que passaram a visitar a região. De realçar que só pela via fluvial visitaram o Douro mais de 1.000.000 de turistas no ano de 2017.
O rio Douro é hoje um roteiro turístico reconhecido mundialmente, contando com operadores turísticos de referência a nível internacional. Segundo a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), em 2017 registaram-se a operar na via navegável 60 operadores com 147 embarcações, 20 das quais barcos-hotéis.
Nos 210 quilómetros que constituem a Via Navegável do Douro, o concelho de Alijó possui um papel de centralidade reconhecida, com uma porta de entrada privilegiada na vila do Pinhão que pode potenciar a nível concelhio esta enorme oportunidade económica que é o turismo.
Mas até hoje, refere-se na proposta de constituição desta Comissão para o Património Cultural, constatou-se “
que o fluxo de turistas que chega ao cais do Pinhão não trouxe ainda qualquer benefício económico e financeiro ao Concelho de Alijó”.
Face a tal realidade, um dos objectivos inerentes a esta comissão é também “
perceber os motivos dessa realidade e desenvolver ou propor os mecanismos necessários que ajudem a inverter a situação”.