Um escaravelho é o Animal Cavernícola de 2021 em Portugal

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css="" custom-css-class="" custom-id=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1620164209156{margin-left: 26px !important;}"]

O escaravelho predador cavernícola aquático português (Iberoporus pluto) representa o Animal Cavernícola de 2021 em Portugal. Esta iniciativa é dinamizada desde 2009 com o objetivo de sensibilizar para a importância da vida animal das cavernas e para a sua proteção. Serão dinamizadas várias iniciativas nos próximos meses.

O escaravelho predador cavernícola aquático português é o único escaravelho adaptado às cavernas de Portugal que evoluiu para viver nas águas subterrâneas. Foi descrito em 2019, por Ana Sofia Reboleira (cE3c, Ciências ULisboa) e Ignacio Ribera (Conselho Superior de Investigação Científica de Espanha), e foi descoberto numa gruta do concelho de Penela, na zona cársica de Sicó, o único local onde é conhecido. Esta espécie respira ar e por isso precisa de vir à superfície da água a cada 30 a 60 minutos.

“Os escaravelhos cavernícolas de Portugal são todos terrestres, o Iberoporus pluto é a única espécie que evoluí e se especializou a viver em águas subterrâneas. Vive apenas na água subterrânea do rio Dueça, e é uma espécie que é só nossa, não existe em nenhuma outra parte do mundo. Estudos moleculares permitiram-nos estimar que esta espécie tenha colonizado as águas subterrâneas há cerca de 10 milhões de anos. Este animal é uma verdadeira pérola da nossa biodiversidade nacional, que enfrenta graves problemas de conservação”, explica Ana Sofia Reboleira, professora na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e especialista em fauna cavernícola.

Esta é uma das nove espécies de escaravelhos adaptados às cavernas em Portugal continental, às que se juntam três espécies existentes na Madeira e oito nos Açores.

Os escaravelhos das cavernas foram selecionados mundialmente como grupo-alvo para este ano da iniciativa Animal Internacional Cavernícola do Ano: uma iniciativa que se assinala desde 2009 e que alerta para a pouco conhecida diversidade animal em habitats subterrâneos. Os escaravelhos são o grupo de animais mais diversificado do nosso planeta, representando cerca de um quarto de toda a diversidade animal. São artrópodes (ordem Coleoptera), possuem um exoesqueleto rígido, seis patas e duas antenas, e desempenham um papel importante nos ecossistemas terrestres, contribuindo para o ciclo do carbono e para manter o equilíbrio ecológico da vida no nosso planeta.

Este ano, a iniciativa Animal Cavernícola do Ano está inserida nas celebrações do Ano Internacional das Grutas e Carso 2021 [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""], organizada pela União Internacional de Espeleologia. Em Portugal, a iniciativa do Animal Cavernícola do Ano é promovida pelo Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais - cE3c [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""], Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""] e Universidade dos Açores [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""]. Tem como parceiros o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""], o Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""], o Agrupamento de Escolas Gil Eanes [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""] através do seu projeto de Clubes de Ciência Viva “Biodiversidade Subterrânea do Algarve”, e a Ordem dos Biólogos [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""].

No âmbito desta iniciativa, as entidades parceiras em Portugal estão a preparar para os próximos meses atividades dirigidas à sociedade, que serão divulgadas brevemente.

“É fundamental que a sociedade tenha conhecimento que debaixo dos nossos pés estão 97% dos recursos totais de água subterrânea disponível para o consumo humano imediato, e são estas comunidades de organismos subterrâneos que purificam a água e garantem a integridade ecológica destas reservas estratégicas. Isto é fundamental para a sobrevivência dos humanos e dos ecossistemas. Toda a contaminação que ocorre à superfície infiltra-se em profundidade e compromete integralmente o legado mais precioso que podemos deixar às gerações vindouras: as nossas reservas de água potável”, explica Ana Sofia Reboleira.

Proteger e conservar esta biodiversidade escondida é um grande desafio que a sociedade tem que assumir como seu. A iniciativa do Animal Cavernícola do ano tem a função de educar e promover esta consciencialização para que possamos cumprir com os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Redescobertas 17 espécies europeias de plantas antes consideradas extintas

Um estudo agora publicado na revista científica Nature Plants [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""] revela a redescoberta de 17 espécies de plantas antes consideradas extintas. Estas espécies, endémicas da Europa, foram reencontradas na natureza ou preservadas em coleções, através de uma extensa revisão taxonómica. Esta redescoberta vai permitir implementar programas de conservação para várias destas espécies, consideradas raras ou sob ameaça de uma extinção definitiva.

As 17 espécies agora redescobertas são nativas sobretudo da Bacia do Mediterrâneo, uma região rica em biodiversidade. Três destas espécies foram redescobertas na natureza, através de trabalho de campo, duas foram encontradas preservadas em jardins botânicos europeus e bancos de sementes e as restantes foram reclassificadas através de uma extensa revisão taxonómica.

“A investigação exigiu um trabalho minucioso de detetive, especialmente para verificar informações, muitas vezes imprecisas, reportadas de uma fonte para outra, sem as devidas verificações”, explica David Draper, um dos autores do estudo, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa.

Para esta descoberta a equipa internacional, liderada por Thomas Abeli e Giulia Albani Rocchetti, investigadores da Universidade Roma Tre (Itália), analisou 36 espécies endémicas europeias cujo estatuto de conservação era considerado “Extinto” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês). A investigação envolveu a monitorização contínua na natureza – envolvendo universidades, museus, jardins botânicos e bancos de sementes – e a aplicação de técnicas avançadas para estudar a variabilidade das espécies, técnicas só possíveis graças aos mais recentes desenvolvimentos taxonómicos.

Entre as 17 espécies agora redescobertas encontra-se a Armeria arcuata, uma espécie endémica do litoral sudoeste de Portugal que se acredita extinta – os últimos registos datam do final do século XIX. Através deste estudo, os investigadores encontraram que esta espécie parece ter sido inconscientemente preservada no Jardim Botânico da Universidade de Utrecht, na Holanda. Estão agora a ser desenvolvidos estudos genéticos para confirmar a sua redescoberta.

Os investigadores destacam que a redescoberta destas espécies teve lugar numa região bem conhecida e bastante explorada por cientistas e interessados por botânica. Mas deixam um alerta. “A redescoberta destas 17 espécies de plantas é sem dúvida uma boa notícia, mas, por outro lado, não nos podemos esquecer que os resultados confirmam que as restantes 19 espécies que analisámos se perderam para sempre. É fundamental prevenir extinções – a prevenção é certamente mais viável do que eventuais tentativas de ressuscitar espécies através de material genético, uma área por enquanto puramente teórica e com fortes limites técnicos e tecnológicos”, refere David Draper.

Os investigadores consideram altamente promissores estes resultados, em termos do impacto na conservação das 17 espécies redescobertas. “Graças a estes resultados a Europa ‘recupera’ biodiversidade, um passo importante para atingir as metas internacionais estabelecidas pela Convenção para a Diversidade Biológica e a Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável”, refere David Draper.

Referência do artigo:
Abeli, T., Albani Rocchetti, G., Barina, Z. et al Seventeen ‘extinct’ plant species back to conservation attention in Europe. Nat. Plants (2021).

Cientistas descobrem que recetor envolvido na regulação do apetite também controla a memória

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1613848689156{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""]

[better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""]

[/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1613849792910{margin-left: 25px !important;}"]

Um estudo internacional liderado pela Universidade de Coimbra (UC) revela que o recetor da grelina, uma hormona reguladora do apetite, assume um papel muito importante na interligação dos sinais biológicos de fome, saciedade e memória.



[caption id="attachment_9288" align="alignleft" width="317"]Ana Luisa Carvalho Ana Luisa Carvalho[/caption]




[caption id="attachment_9290" align="alignleft" width="317"]thumbnail_Luís 2Ribeiro Luís Ribeiro[/caption]


Ana Luísa Carvalho e Luís Ribeiro
Com o objetivo de compreender em que medida as hormonas com uma função no metabolismo regulam a função sináptica (que assegura a comunicação entre neurónios essencial à formação de memórias), este estudo consistiu em investigar «se, na ausência da hormona estimuladora, a atividade constitutiva (basal) do recetor da grelina é relevante para a formação de memórias, e se tem impacto nos mecanismos moleculares envolvidos nessa formação», indica Ana Luísa Carvalho.

Ou seja, simplifica a docente e investigadora, sabendo-se que este recetor poderia ter alguma atividade na ausência da hormona, «a designada atividade constitutiva, que é regulada, por exemplo, pelo nível de saciedade do indivíduo, a nossa investigação centrou-se em observar essa atividade em neurónios, o que nunca tinha sido realizado até agora, e em perceber a sua relevância para os mecanismos moleculares de formação de memórias».

Combinando metodologias in vitro e in vivo, onde se incluem estudos de comportamento animal (estudo com murganhos), estudos de imagiologia celular (por exemplo, análises em células vivas de mobilidade intracelular de moléculas) e estudos bioquímicos, os cientistas descobriram que «a atividade constitutiva do recetor da grelina em neurónios do hipocampo é significativa, e que contribui para a regulação tónica do tráfego celular de recetores do glutamato do tipo AMPA e para os mecanismos de plasticidade sináptica, e que suporta a formação de memórias», afirma a coordenadora do estudo. «Nas experiências realizadas, quando a atividade constitutiva do recetor da grelina foi bloqueada observaram-se alterações na memória dos animais», salienta.



Este estudo «identifica a atividade basal de um recetor membranar (cujos níveis e atividade são dependentes do estado interno do indivíduo) como reguladora da formação de memórias. O recetor em causa – o recetor da grelina – tem os seus níveis e atividade basal regulados pelo estado de saciedade do indivíduo, e nós verificámos que essa atividade é importante na capacidade de formar novas memórias e nos mecanismos subjacentes. Fármacos que bloqueiam a atividade constitutiva do recetor são considerados possibilidades terapêuticas em algumas doenças metabólicas, por exemplo, mas é importante ter em conta que poderão ter efeitos secundários ao nível da memória», esclarece a docente da FCTUC e investigadora do CNC.

O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional através do programa BrainHealth 2020.


[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Projeto PineWALL propõe estratégia inovadora para combater a doença da murchidão do pinheiro

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1607507881725{margin-bottom: 30px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1607507864106{margin-left: 26px !important;}"]Por que razão umas espécies de pinheiro resistem à doença provocada pelo nemátode da madeira do pinheiro (NMP), uma grave ameaça para as florestas de Portugal e do resto do mundo, e outras não? Esta questão foi o ponto de partida para um estudo internacional liderado por investigadores da Universidade de Coimbra (UC), e que acaba de obter 240 mil euros de financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).


O projeto PineWALL, que conta com a participação de investigadores da Universidade do Porto (UP), Centro de Investigação Florestal de Lourizán (Espanha), Universidade de Gales (Reino Unido) e Universidade da Geórgia (Estados Unidos da América), apresenta uma abordagem inovadora e multidisciplinar, focada na parede celular do hospedeiro do nemátode (árvore) e não apenas no agente que provoca a doença da murchidão do pinheiro. Além disso, o estudo pretende entender em que medida a suscetibilidade ao nemátode da madeira do pinheiro é agravada pelas alterações climáticas.


Tipicamente, os vários estudos sobre este problema centram-se no inseto vetor e no nemátode. O projeto PineWALL «foca-se, pela primeira vez, na relevância da composição e estrutura da parede celular de pinheiros de diferentes espécies para a resistência ao nemátode da madeira do pinheiro num cenário de alterações climáticas. Para tal, partimos de estudos prévios realizados por nós, que têm melhorado o conhecimento acerca dos mecanismos de patogenicidade do NMP e das relações biológicas estabelecidas com a árvore hospedeira», explica Ricardo Costa, coordenador do projeto.


A parede celular vegetal, explica o investigador da Unidade de I & D “Química-Física Molecular” e do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), é uma estrutura altamente complexa e dinâmica, «e o seu estudo é fundamental para desvendar causas de resistência/suscetibilidade


variável ao NMP entre diferentes espécies e variedades de pinheiro. A parede celular é o que dá forma às células e é a base para muitas funções vitais das plantas, tais como fornecer suporte e resistência, nomeadamente através da formação de barreiras defensivas contra agentes patogénicos, desidratação e outros fatores ambientais».


Para descobrir porque é que a doença se desenvolve nuns pinheiros e noutros não, a equipa vai estudar três espécies de pinheiro - pinheiro-bravo (Pinus pinaster), que é a espécie mais afetada pela doença e economicamente mais importante, e o pinheiro-manso (Pinus pinea) e o pinheiro-de-alepo (Pinus halepensis), duas espécies menos suscetíveis, ou até tolerantes ao ataque do NMP.


«O que nós vamos fazer é estudar do ponto de vista bioquímico, comparar a composição e ultraestrutura molecular entre espécies tolerantes e não tolerantes. Vamos efetuar uma caracterização celular exaustiva das três espécies para tentar descobrir se existe alguma propriedade que impeça a propagação da doença nas espécies que não são suscetíveis, ou que promova a sua propagação em espécies suscetíveis», esclarece Ricardo Costa.


Para realizar esta caracterização geral e aprofundada da parede celular de árvores das três espécies de pinheiro, inoculadas e não inoculadas com o NMP, vão ser usados vários métodos de espectroscopia vibracional e de química analítica, métodos que são usados, por exemplo, para diagnóstico de cancro, uma vez que permitem fazer um screening de um muito elevado número de amostras num curto espaço de tempo, por forma a encontrar biomarcadores que possam estar associados à resistência ou à suscetibilidade das árvores ao verme.


Depois, com base na informação química adquirida no estudo da parede celular do hospedeiro e com base em modelos climáticos, a equipa vai desenvolver modelos que permitam correlacionar fatores e efetuar previsões que consigam dizer quais as espécies que poderão ser mais suscetíveis à doença face às alterações climáticas, problema que tende a agravar-se, «permitindo trabalhar no melhoramento de espécies, ou seja, criar pinheiros


resistentes, contribuindo, assim, para a definição de uma espécie que melhor se adapte a condições climáticas e fitopatológicas em mudança», adianta Ricardo Costa.


«Este projeto providenciará uma compreensão mais ampla desta infeção pelo NMP e dos mecanismos de resposta do hospedeiro e será um recurso de extrema utilidade em futuros projetos que lidem com a mitigação dos efeitos devastadores desta doença», conclui.


A doença da murchidão do pinheiro é um problema complexo, com impacto económico devastador nas regiões afetadas, uma vez que, identificada a doença, a única solução é o abate imediato das árvores e a sua destruição.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Investigadoras portuguesas na fronteira da exploração do mar profundo

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1606393239789{margin-bottom: 30px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""]

[better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""]

[/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1606393213322{margin-left: 26px !important;}"]Depois de Marte, é, provavelmente, o mais enigmático local que a Humanidade não pisou: o mar profundo. Simbolicamente batizado de Challenger 150 [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""], em alusão ao ponto mais profundo do planeta (o Challenger Deep), um novo programa com cientistas de todo o mundo propõe-se trazer à superfície o conhecimento que ainda se esconde nas profundezas dos oceanos.

Ao leme, a bióloga portuguesa Ana Hilário, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA), quer dar um grande mergulho para a Humanidade e fazer com que o Challenger 150 seja uma referência da Década das Nações Unidas da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável.

“O mar profundo [vastas extensões de água e fundos marinhos entre os 200 e os 11000 metros abaixo da superfície do oceano] é reconhecido globalmente como uma importante fronteira da ciência e da descoberta”, aponta a bióloga marinha Ana Hilário, coordenadora da Challenger 150 a par com Kerry Howell, investigadora na Universidade de Plymouth (Reino Unido) e especialista em Ecologia do Mar Profundo.

Apesar de o mar profundo representar cerca de 60 por cento da superfície da Terra, aponta a investigadora da UA, “uma grande parte permanece completamente inexplorada e a Humanidade conhece muito pouco sobre os seus habitats e como estes contribuem para a saúde de todo o planeta”.

[vc_gallery interval="3" images="8749,8748,8744,8745,8746,8747,8750,8751" img_size="960x540"]

Para colmatar esta lacuna, Ana Hilário e Kerry Howell juntaram à sua volta uma equipa de cientistas de 45 instituições de 17 países que propõe um programa de investigação, com a duração de 10 anos, dedicado ao estudo do mar profundo. De Portugal, para além da equipa da UA, contribuíram para o desenho do programa também cientistas do CIIMAR (Universidade do Porto), do Okeanos (Universidade dos Açores) e do CIMA (Universidade do Algarve).

O Challenger 150 - o ano 2022 marca o 150º aniversário da expedição do navio HMS Challenger que circum-navegou o globo, mapeando o fundo do mar, registando a temperatura global do oceano, e proporcionando a primeira perspetiva da vida no mar profundo - irá coincidir com a Década das Nações Unidas da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável, que decorre de 2021 a 2030.

“Um dos grandes objetivos do Challenger 150 é a capacitação e aumento da diversidade no seio da comunidade científica, uma vez que atualmente a investigação no oceano profundo é conduzida principalmente por nações desenvolvidas com recursos financeiros suficientes e acesso a infraestruturas oceanográficas”, explica a bióloga portuguesa.

Este programa, esperam os cientistas, irá também gerar mais dados geológicos, físicos, biogeoquímicos e biológicos através da inovação e da aplicação de novas tecnologias, e utilizar estes dados para compreender como as mudanças no mar profundo afetam todo o meio marinho e a vida no planeta. Este novo conhecimento será usado para apoiar a tomada de decisões a nível regional, nacional e internacional sobre questões como a exploração mineira nos fundos oceânicos, a pesca e a conservação da biodiversidade, bem como a política climática.

Mais e melhor colaboração e conhecimento

Mas o mergulho no mar profundo do Challenger 150 só será possível através da cooperação internacional. Por isso, os investigadores do programa publicam hoje um apelo na revista Nature Ecology and Evolution enquanto, simultaneamente, publicam um esquema detalhado do Challenger 150 na revista Frontiers in Marine Science.

Liderada por membros das redes internacionais Deep-Ocean Stewardship Initiative (DOSI) [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] e Scientific Committee on Oceanic Research (SCOR), a lista de autores dos dois artigos inclui cientistas de países desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento de seis dos sete continentes. Os cientistas alegam que a Década anunciada pela ONU proporciona uma oportunidade ímpar de unir a comunidade científica internacional para dar um salto gigantesco no nosso conhecimento das profundezas do oceano.

“A nossa visão é a de que, dentro de 10 anos, qualquer decisão que possa ter impacto no mar profundo, seja de que forma for, será tomada com base num conhecimento científico sólido dos oceanos”, aponta Kerry Howell. Para que isso seja alcançado, sublinha a investigadora britânica, “é necessário que haja consenso e colaboração internacional”.

Ana Hilário antevê que “a Década proporciona a oportunidade de construir um programa a longo prazo de formação e capacitação de recursos humanos em ciências do oceano”. Com o Challenger 150, “pretendemos formar a próxima geração de biólogos do mar profundo. Vamos concentrar-nos na formação de cientistas de países em desenvolvimento, mas também de jovens cientistas de todas as nações, incluindo Portugal”.

Tal formação, acredita, “irá criar uma rede reforçada que permitirá aos países exercer plenamente o seu papel nos debates internacionais sobre a utilização dos recursos marinhos dentro e fora das suas fronteiras nacionais”.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Estudo indica que a camarinha poderá ter propriedades anticancerígenas

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1595258961880{margin-bottom: 150px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""]

[better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""]

[/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1595258942612{margin-left: 25px !important;}"]O extrato de camarinha, uma espécie endémica da Península Ibérica, poderá ter propriedades anticancerígenas, revelam os primeiros resultados de um estudo liderado por uma equipa da Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) Química-Física Molecular, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

[caption id="attachment_6929" align="alignleft" width="255"] Maria João Barroca e Aida Moreira da Silva[/caption]

O estudo foi realizado no âmbito das atividades previstas no projeto IDEAS4life, com financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), cuja equipa conta com a participação de investigadores da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, através da REQUIMTE (Rede de Química e Tecnologia), e do Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade de Lisboa (UL).

Nas várias experiências realizadas em linhas celulares de cancro do cólon (HT29), observou-se que «extratos de Corema album [nome científico da camarinha] conseguem inibir a proliferação deste tipo de células cancerígenas», indicam Aida Moreira da Silva e Maria João Barroca, coordenadoras do estudo.

As investigadoras da Unidade de Química-Física Molecular da FCTUC e docentes da Escola Superior Agrária de Coimbra sublinham o facto do extrato obtido a partir das folhas da planta (camarinheira) se ter mostrado «mais eficaz do que propriamente o extrato das bagas de camarinha, o que é que muito interessante, atendendo a que as folhas existem durante todo o ano, enquanto as bagas são sazonais». De modo a obter o máximo de informação sobre o comportamento dos extratos, foram aplicadas várias técnicas físico-químicas, entre as quais espectroscopia vibracional: espectroscopia de Raman e de Infravermelho.

Perante estes resultados promissores, a equipa tenciona agora alargar os testes in vitro, aplicando os extratos em células de outros tipos de cancro. Além disso, «estamos a explorar as várias partes da camarinha e da camarinheira. Mesmo dentro do fruto estamos a explorar evidências e comportamentos que nos possam fornecer informação para eventuais futuros fármacos», avançam Aida Moreira Silva e Maria João Barroca.

«Pretendemos recuperar estas bagas ancestrais, que eram usadas como antipirético e vermicida», afirmam as investigadoras, adiantando que também vão explorar a vertente gastronómica, tendo já recuperado várias receitas antigas, para que, «por um lado, não se perca este património e, por outro, possa contribuir para a subsistência de alguns agricultores da orla marítima portuguesa».

Apesar de ser abundante na orla marítima portuguesa, a camarinha está ainda por explorar e a literatura científica sobre a espécie é relativamente reduzida. Este estudo está a ser desenvolvido no âmbito de um projeto mais vasto (IDEAS4life) que pretende valorizar recursos marinhos endógenos, obtidos a partir de plantas marítimas, incluindo as plantas halófitas. Recentemente, um dos artigos científicos produzidos pela equipa foi tema de capa da revista científica Journal of Raman Spectroscopy.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Equipa internacional descobre nova família de microalgas de água doce

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1593335527476{margin-bottom: 150px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1593335510029{margin-left: 20px !important;}"]Há uma nova família de microalgas de água doce. A descoberta foi efetuada por investigadores da Universidade de Coimbra (UC), com a colaboração da Universidade de Carlos em Praga, Universidade de Ostrava e Instituto de Biologia do Solo da Academia Checa das Ciências, na República Checa, e da Universidade de Ozarks, nos Estados Unidos da América.


O estudo que permitiu a identificação e descrição desta nova família de microalgas de interesse comercial teve a duração de três anos e os resultados acabam de ser publicados na revista científica Journal of Phycology.


Denominada Neomonodaceae, esta nova linhagem de organismos pertence à classe Eustigmatophyceae, «cujo interesse biotecnológico é reconhecido devido a algumas espécies serem ricas em antioxidantes, carotenóides e lípidos de valor nutricional e com interesse para biodiesel. À semelhança de outras famílias da mesma classe, os géneros de microalgas agora descobertos têm potencial para dar origem a compostos de interesse farmacêutico, cosmético ou para aquacultura, por exemplo», explica Raquel Amaral, primeira autora do artigo publicado.


«As microalgas são vistas como muito promissoras para a produção de compostos de valor biotecnológico porque são fáceis de cultivar e não requerem uso de terreno arável, embora ainda com custos elevados de produção», sublinha.


Para esta descoberta, frisa a investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), foi fundamental «o estudo de estirpes de microalgas mantidas em cultura na Algoteca de Coimbra (ACOI)», considerada uma das maiores coleções de microalgas de água doce do mundo. «Sete estirpes da ACOI contribuem para esta nova linhagem genética de microalgas e constituem dois dos novos géneros. A um deles atribuímos o nome científico Munda,


designação romana do rio Mondego, em homenagem ao rio de onde provém a maioria destas algas», esclarece.


O estudo, que faz parte da tese de doutoramento da investigadora, consistiu na «observação morfológica e genética para a determinação filogenética de 10 novas estirpes, o que resultou na descoberta de 3 novos géneros desta classe. As espécies incluídas na nova família são organismos unicelulares, com uma forma alongada, a maioria com um “pé” por onde se fixa ao substrato. Além das diferenças genéticas que originam a sua segregação das outras famílias de Eustigmatophyceae, distinguem-se pela ausência de uma estrutura celular intitulada pirenóide», descreve Raquel Amaral, assinalando ainda que, no estudo das microalgas, os métodos de base genética «são cruciais, dado que são organismos microscópicos e muitas vezes espécies diferentes podem ser muito parecidas».


A Algoteca de Coimbra, instalada no Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, é coordenada pela cientista Lília Santos, uma das autoras deste estudo e orientadora da tese de doutoramento de Raquel Amaral, que teve financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Biodiversidade das ilhas é melhor conservada em paisagens inacessíveis

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1589654311724{margin-bottom: 50px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""]

[better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""]

[/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1589654293973{margin-left: 20px !important;}"]As ilhas contribuem enormemente para a biodiversidade global, mas encontram-se ameaçadas pelas atividades humanas. Para compreender porque algumas ilhas têm registado um maior impacto desde que os primeiros seres humanos nelas se estabeleceram do que outras, um novo estudo comparou variáveis ambientais e sociais de 30 ilhas no Oceano Atlântico Leste. O estudo, agora publicado na revista científica Anthropocene, mostra que a acessibilidade do terreno explica a maioria das diferenças entre as ilhas na cobertura de vegetação nativa, enquanto que a densidade populacional humana atual teve uma correlação desprezível, sugerindo que a topografia restringe os impactos humanos na biodiversidade.

Impactos humanos nos hotspots de biodiversidade

Atualmente, as espécies e ecossistemas das ilhas estão altamente ameaçados pelas atividades humanas, encontrando-se muitas vezes confinados a pequenas áreas de vegetação remanescente. O impacto humano não ocorre apenas nos dias de hoje, tendo começado há vários séculos – e, em alguns casos, milénios – quando os seres humanos se estabeleceram pela primeira vez nessas ilhas anteriormente desabitadas, removendo a cobertura de vegetação nativa para iniciar práticas agrícolas, caçando espécies até à extinção e introduzindo espécies exóticas. Mas porque é que algumas ilhas são mais afetadas que outras pela atividade humana?

Para responder a esta questão, uma equipa de investigação internacional estudou 30 ilhas em cinco arquipélagos no Oceano Atlântico: Açores, Madeira, Ilhas Canárias, Cabo Verde e Ilhas do Golfo da Guiné. Os investigadores desenvolveram uma análise estatística de várias variáveis relacionadas com a topografia, o clima, as atividades humanas e a demografia destas ilhas. “Os nossos resultados mostram que as ilhas com uma extensão relativamente grande de ecossistemas nativos geralmente tem uma topografia mais acidentada, o que sugere que a biodiversidade em ilhas com paisagens inacessíveis é protegida das atividades humanas”, explica Sietze Norder, primeiro autor do estudo, investigador no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) e na Universidade de Amsterdão [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] (Holanda).

Abordagem interdisciplinar

Embora a topografia pareça desempenhar um papel importante, os padrões modernos de vegetação nativa também podem refletir parcialmente as mudanças demográficas e as tendências socioeconómicas desde que os seres humanos se estabeleceram pela primeira vez nestas ilhas. Assim, a equipa de investigação reuniu dados para reconstruir as mudanças demográficas e socioeconómicas históricas nesses arquipélagos nos últimos séculos. Esta informação histórica (dados qualitativos) foi usada para contextualizar os resultados estatísticos (dados quantitativos).

Estudos anteriores, que se baseavam em abordagens exclusivamente qualitativas ou quantitativas, chegaram por vezes a conclusões contrastantes sobre a importância relativa dos fatores ambientais e sociais para as mudanças na cobertura de vegetação. “O nosso estudo mostra que as abordagens interdisciplinares, que integram informações quantitativas e qualitativas, têm um grande potencial para melhorar a nossa compreensão sobre as interações entre o Homem e o ambiente”, acrescenta Sietze Norder.

À semelhança das ilhas do Atlântico Leste, as ilhas de todo o mundo foram amplamente transformadas por atividades humanas. Os impactos humanos não se restringem à remoção da vegetação nativa mas também incluem outras mudanças, como a introdução de espécies exóticas, a extinção de espécies que só existiam nestas ilhas e aspetos abióticos, como a erosão do solo. “Em vez de registar apenas essas mudanças em ilhas individuais, o próximo passo é avaliar para diferentes regiões do mundo como e porque é que os impactos humanos na biodiversidade diferem”, conclui o investigador.

Referência do artigo:
Norder S.J. et al., ‘Global change in microcosms: environmental and societal predictors of land cover change on the Atlantic Ocean Islands’, Anthropocene (April 2020).https://doi.org/10.1016/j.ancene.2020.100242 [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""]
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Breve anatomia da COVID-19

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="9" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1588167575681{margin-bottom: 30px !important;}"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1588167600349{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1588167544489{margin-left: 16px !important;}"]O vírus SARS-COV-2 alastrou-se pelo planeta Terra em pouco mais de três meses, ocasionado a actual crise pandémica ainda sem fim à vista. Da mesma forma que está presente em quase todos os países do mundo, este vírus também parece atacar vários órgãos do organismo humano.

De facto, as evidências médicas e cientificas acumuladas desde o mês de Janeiro de 2020, e já publicadas em muitos artigos científicos, mostram que, apesar de maioritariamente atacar os sistema respiratório, este vírus parece infectar e causar danos, infelizmente muitas vezes irreversíveis, em outros sistemas de órgãos como sejam o cardiovascular (coração e vasos sanguíneos), o renal (rins), o hepático (fígado), o sistema nervoso central (cérebro), digestivo (intestinos), ocular (olhos) e ainda causar danos nas extremidades dos dedos das mãos e dos pés.

Vamos começar pelo princípio. Quando uma pessoa infectada expele gotículas carregadas de vírus através da sua respiração, tosse, espirros, e estas são inaladas por uma outra pessoa não protegida e susceptivel, os vírus SARS-COV-2 entram pelo nariz e pela boca, chegam rapidamente à garganta e encontram um ambiente propício à sua infecção: encontram células dos tecidos das vias aéreas superiores que apresentam à sua superfície muitas moléculas receptoras designadas abreviadamente por ACE2 ( sigla inglesa para a enzima conversora da angiotensina 2) às quais este novo coronavírus se liga com muita afinidade, o que desencadeia o processo que leva a que o vírus entre para dentro das células, onde se replica inúmeras vezes propagando a infecção. Acontece que o receptor ACE2 está presente em células de diferentes tecidos do corpo humano, o que abre portas para que o vírus infecte vários órgãos. Diga-se convenientemente, que o receptor ACE2 tem um papel importante na regulação da pressão arterial, encontrando-se abundantemente nas células das paredes internas dos vasos sanguíneos, nas células do coração e dos rins.

Nos primeiros momentos após a infecção, os vírus estarão confinados às vias aéreas superiores. Mas, se o sistema imunitário não conseguir debelar a infecção, que parece ser nesta fase assintomática ou apresentar sintomas, mais ou menos ligeiros e parecidos aos de uma gripe (tosse seca, febre, dores corporais, a que se acrescenta no caso da COVID-19 uma perda de paladar e olfacto), então os vírus propagam-se pelas vias aéreas inferiores chegando aos pulmões. E aí começam a surgir as complicações mais graves. Os alvéolos pulmonares, nas extremidades dos bronquíolos, possuem muitos receptores ACE2, assim como os vasos capilares que os rodeiam e que participam nas trocas gasosas necessárias à respiração pulmonar. Ou seja, são um local muito propício à infecção e replicação viral, do que resulta uma potencial perda, mais ou menos grave, da função respiratória. Surgem os sintomas de falta de ar, dificuldade em respirar que é acompanhada com dores. Em muitos casos desenvolve-se uma pneumonia. A afecção profunda da função respiratória, que pode ser letal, obriga à necessidade de os doentes serem ligados aos tão falados ventiladores. Nesta fase da infecção, o sistema imunitário trava uma luta intensa contra o vírus e a resposta inflamatória é devastadora elevando enormemente o nível no sangue de citocinas (moléculas mediadoras da resposta imunitária) o que pode afectar o funcionamento de outros sistemas de órgãos.

Um outro sistema afectado pela COVID-19 é o cardiovascular. Há muitos casos clínicos na Itália, na China e em Espanha que reportam danos no miocárdio (músculo do coração) não associados a enfarte, em muitos doentes com COVID-19. Um outro estudo mostra que, na Alemanhã, 20% dos doentes internados em unidades de cuidados intensivos (UCI) apresentam danos no miocárdio e insuficiência cardíaca. Os cientistas ainda não conseguem perceber de que forma este novo coronavírus causa estes danos no coração. Também tem sido comum encontrar alterações na capacidade de coagulação do sangue, acompanhada por um aumento significativo de coágulos sanguíneos em doentes com COVID-19, o que potencia acidentes vasculares cerebrais e dificulta o bom funcionamento dos rins. Recorde-se que as células do epitélio que reveste internamente os vasos sanguíneos apresentam o receptor ACE2 na sua superfície, o que pode explicar a interacção do vírus com a vascularização sanguínea.

Num outro estudo, publicado recentemente, são apresentadas micrografias electrónicas de cortes de rins provenientes de autopsias de mortos de COVID-19, que revelam a presença de partículas virais, o que sugere um “ataque” directo do SARS-COV-2 nos tecidos renais. Como já se disse, os recptores ACE2, aos quais o vírus se liga com muita afinidade, também se encontram abundantemente nas células dos tecidos que compõem os rins. Vários artigos apresentam uma taxa cerca de 50% de doentes COVID-19 internados em UCI com parâmetros bioquímicos associados a falência renal.

O sistema nervoso também parecer ser afectado pelo SARS-COV-2. O sintoma mais reportado é o da perda de olfacto e de paladar, mesmo em doentes que só apresentam outros sintomas muito ligeiros. Outras complicações do foro cerebral têm sido reportadas em doentes com COVID-19, mas discute-se se elas não poderão dever-se à reduzida oxigenação e à presença de coágulos sanguíneos que podem afectar a vascularização cerebral.

Para os interessados numa análise mais extensa sobre este assunto aconselho a leitura de um artigo publicado recentemente na revista Science [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""].

Para quem pensava, erradamente no início e antes da pandemia, que este vírus não causaria mais do que uma simples gripe, as evidências mostram agora que a sua virulência é deveras preocupante e muito grave em pelo menos 5% dos infectados, podendo deixar sequelas nos recuperados.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Descobrir os vírus

Como é que os cientistas detectam os vírus? Sendo entidades sub-microscópicas, o melhor seria dizê-las nanoscópicas (o seu tamanho varia entre os 30 nm e os 500 nm, sendo quer 1 nm é um milhão de vezes menor que 1 mm – o novo coronavírus, SARS-CoV-2, tem cerca de 100 nm), não é estranho pensarmos que a sua detecção pela “simples” observação ao microscópio óptico seja muito difícil.

Só com microscópios ópticos de alta resolução, com uma grande capacidade de ampliação, é possível observar as partículas virais. Aliás, a arquitectura viral só foi melhor conhecida com o advento do microscópio electrónico e foi com ele que os virologistas, ou seja, os que se dedicam especificamente ao estudo dos vírus, captaram o perfil desses agentes patogénicos. Foi exactamente pela observação microscópica em 1965 do perfil de vírus que se assemelhavam a uma coroa que o termo coronavírus foi atribuído a esta família viral.

Por outro lado, a cristalografia por difracção de raios X (técnica usada para a resolução de estruturas moleculares) permitiu detalhar a regularidade espacial presente nas cápsulas proteicas (capsídeos) que formam os vírus.

O primeiro vírus a ser cristalizado, em 1935, e a ser estudado em detalhe por difracção de raios X, em 1941, foi o vírus do mosaico do tabaco. Curiosamente, foi Rosalind Franklin (1920 – 1958) - a menos conhecida e um tanto ignorada investigadora da estrutura do ADN - a resolver a estrutura tridimensional para este vírus em 1955.
A “visualização” por estas técnicas tem o “inconveniente” de não permitir manter os vírus num ambiente celular vivo: ao preparar a amostra a ser observada o investigador tem de imobilizar ou cristalizar “definitivamente” um momento da vida do vírus. O que se ganha em detalhe de forma perde-se em dinâmica da actividade viral.

De volta ao óptico: com este microscópio é possível manter as preparações biológicas vivas e assim visualizar, com a paciência e perícia necessárias, as estratégias, movimentos e danos virais. Digamos que as duas visualizações se complementam.

Esta dificuldade na detecção visual dos vírus explica porque é que as primeiras imagens virais só foram obtidas indistintamente em meados do século passado. Em 1938, B. Borries, H. Ruska e E. Ruska (este último foi galardoado com o prémio Nobel da Física em 1986 pelo desenvolvimento do microscópio electrónico) apresentaram ao mundo a primeira micrografia electrónica de vírus, mais precisamente dos vírus ectraomelia e vaccinia (responsáveis por tipos de varíolas), confirmando a existência física de uma entidade patogénica há muito tempo anunciada e combatida. Recorde-se, a título de curiosidade, que os primeiros microrganismos foram visualizados com o microscópio óptico, no ano de 1668, por Antoine van Leeuwenhoek (1632 – 1723).

Pelo que se disse, fica suspeito que as primeiras investigações sobre a existência da entidade patogénica não celular responsável por doenças fatais, com enorme capacidade de propagação por contágio e infecção, devem ter sido efectuadas por outros meios de investigação que não os da microscopia. De facto, o trabalho laboratorial de identificação e isolamento da entidade virulenta presente em fluidos biológicos filtrados, de soros animais ou de suspensões bacterianas, foi um trabalho hercúleo cuja história merece ser contada.

O passado dos vírus
Quando alguém sofre uma agressão física ou queda trágica é inquestionável associar o estado de doença, mais ou menos severa ou mesmo fatal, que daí advém, com a ferida causada pela espada do inimigo ou pela fractura eventualmente exposta na perna após um trambolhão. Mas, quando alguém fica prostrado, da noite para o dia, ardendo em febre e com o corpo coberto de irrupções cutâneas e vermelhidão, sem que ninguém ou alguma coisa detectável por testemunhas oculares, auditivas ou olfactivas seja identificada como a causadora directa da enfermidade, então a imaginação humana burila uma ira divina, uma praga inimiga, um mau olhar invejoso entre outras maldições metafísicas.

De facto, se é contra o senso dito comum entender que é a Terra a girar em torno do Sol e não o contrário, só com o nosso olhar desarmado e sem recurso a quaisquer lentes, não é de admirar que seja contra senso atribuir a organismos invisíveis aos nossos olhos a causa de inúmeras doenças.
E assim, durante muito tempo, recaiu sobre o hospedeiro infectado (a pessoa doente) a culpa pela origem e disseminação da peste e não sobre o microrganismo que o infectava, porque nele encontrava as condições ideais para se desenvolver.

Sabemos que Hipócrates de Cós (460 – 370 a. C.), o grego considerado o pai da medicina, terá efectuado por volta de 400 a.C. observações epidemiológicas de muitas doenças, apesar de não lhes ter atribuído nenhum agente orgânico causador. Muitos séculos depois, em 1546, Girolamo Fracastoro (1478 – 1553) terá proposto a teoria segundo a qual as doenças epidémicas (isto é, as doenças que se desenvolvem num local de forma rápida e fazendo muitas vítimas, num curto intervalo de tempo) são contagiosas e se disseminam através de partículas diminutas e por longas distâncias. Mas, a primeira associação entre uma doença e um organismo infeccioso a ela específica de que temos conhecimento que tenha sido efectuada experimentalmente, foi realizada em 1863 pelo médico francês Casimir Devaine (1812 – 1882). A doença em causa foi o antraz, ou carbúnculo, e o microrganismo causador uma bactéria, o Bacillus anthracis. Contudo, a demonstração, metodologicamente científica através de experiências controladas, de que esta bactéria é de facto o agente, ou o patogénio, causador daquela patologia, só foi efectuada em 1876 por Robert Koch (1843 – 1910) e Louis Pasteur (1822 – 1895) - este último o fundador da microbiologia. Devemos a estes dois cientistas, entre outros, a proposta, demonstração e difusão da teoria que propõe serem microrganismos os causadores de inúmeras doenças, pondo um ponto final à teoria da geração espontânea de doença (e de vida!), primeiramente abalada, em 1668, pela bela experiência cientificamente controlada de Francesco Redi (1626 – 1697).

Mas voltemos aos vírus e respondamos à pergunta: quando é que surgiram as primeiras evidências de que havia doenças que, não sendo causadas por bactérias e não se gerando espontaneamente, seriam causadas por um agente até então não detectado?

Recordemos que os avanços na microscopia óptica, no final do século XIX, permitiam a detecção visual de bactérias mas não de vírus. Koch e Pasteur puderam demonstrar a presença de bactérias nos líquidos com que inoculavam os animais que, em consequência, adoeciam. Ao filtrarem esses líquidos contendo bactérias para que o filtrado as não contivesse (o que podiam também confirmar e demonstrar com o microscópio) e se inoculassem com este preparo animais da mesma espécie, então, se estes não adoecessem, demonstravam assim que eram as bactérias os agentes patogénicos.
Mas, em 1892, uma observação intrigou a comunidade científica (e não só!). O cientista russo Dimitri Ivanovski (1864 – 1920) demonstrou que uma doença que atingia a planta do tabaco, a doença do mosaico do tabaco, poderia ser causada pelo “simples” contacto das folhas de uma planta saudável com o líquido resultante da filtragem do extracto de folhas doentes esmagadas, através de um filtro de Chamberland (filtro de porcelana porosa também chamado de Pasteur) que tem poros suficientemente pequenos para impedir a passagem dos microrganismos então conhecidos. Ou seja, Ivanovski mostrava ao mundo que um “agente filtrável”, mais pequeno do que bactérias, era responsável pelo espoletar de uma doença em plantas.

Em 1898, o alemão Martinus Beijerinck (1851 – 1931) repetia a experiência anterior e confirmava, de forma independente, a existência de algo causador da doença em soluções sem quaisquer bactérias. Designou esse agente pela expressão latina contagium vivum fluidum (germe fluido vivo) e reintroduziu neste contexto a palavra vírus (também de origem latina e que significa toxina, veneno).

O debate sobre a natureza do agente filtrável alimentou então acesas discussões: seria um “fluido vivo”, uma “partícula” infecciosa, ou uma toxina?

Nesse mesmo ano de 1898, uma segunda constatação semelhante era efectuada em animais. Os alemães Friedrich Loeffler (1852 – 1915) e Paul Frosch (1860 – 1928), que trabalhavam com Koch, filtraram um líquido contendo o agente da febre aftosa (que hoje sabemos tratar-se de um vírus do género Aphthovirus) através de um filtro de Chamberland e mostraram que o filtrado continuava a causar doença. Contudo, ao passarem o mesmo filtrado através de um filtro de Kitasato de grão fino (que tem poros muito mais finos) verificaram que a potencialidade de induzir infecção tinha ficado no filtro. Com esta experiência, não só tinham demonstrado que o agente infeccioso não era de natureza líquida, mas sim composto de partículas, como tinham identificado pela primeira vez uma forma de isolar um vírus que infecta vertebrados. Para além disso, mostraram que o agente retido era capaz, de alguma forma, de se replicar. Estas descobertas marcam o início da virologia como disciplina científica.

Estes episódios de descoberta da natureza dos vírus ilustram bem o significado do que entendemos por descoberta científica. Embora Ivanovsky tenha sido o primeiro a observar a existência de algo que passava através de um filtro e que causava doença, todas as suas publicações mostram que ele não compreendeu que as suas observações implicavam a existência de um micróbio patogénico distinto das bactérias. Beijerinck, por seu lado, estava convencido da existência de algo diferente das bactérias, mas sempre defendeu que possuía uma natureza fluida e não corpuscular. Só Loeffler e Frosch é que enunciaram um conjunto de hipóteses e planearam experiências controladas de forma a poderem concluir, sem equívocos, sobre a existência de um agente novo, de dimensões sub-microscópicas, capaz de induzir doença e de se replicar: os vírus.

De facto, a boa ciência não se limita só a uma colecção de boas observações e dados novos. Necessita sempre que as novas evidências sejam processadas por um pensamento criativo e crítico que permita ao cientista fazer uma interpretação imparcial e correcta das suas descobertas experimentais e chegar a conclusões verificáveis por todos.

Método inovador e sensível à luz para a entrega de moléculas em doenças da pele

Um grupo de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) elaborou uma formulação inovadora para a entrega de moléculas que poderá ser bastante útil para o tratamento de lesões agudas da pele.

Nos últimos anos têm surgido diversas estratégias de entrega de fármacos utilizando sequências de ARN não-codificantes – pequenas sequências do código genético humano com papel regulador no organismo – para o tratamento de várias doenças da pele. No entanto, estas estratégias têm tido grandes dificuldades, atendendo ao carácter sensível destas moléculas e à dificuldade de entrada nas células da nossa pele.

«Nós pretendíamos desenvolver uma formulação que conseguisse entregar os ARN não-codificantes de maneira mais eficiente. Há uma vasta classe de novas terapias que não têm resultado: primeiro, existem enzimas na nossa pele que degradam material genético externo; segundo, moléculas tão grandes como esta têm dificuldade em entrar nas células da pele, e para atuarem têm de ser integradas nas células. É precisa uma ferramenta para tornar esta entrega possível», refere Josephine Blersch, investigadora do CNC-UC e primeira autora do estudo.

«Outras formulações já aprovadas apresentam grande toxicidade e uma resposta imunológica forte. Portanto, é necessário que a ferramenta seja de rápida absorção e eficácia, sem provocar respostas indesejadas. Deste modo, decidimos desenvolver uma formulação cuja ação fosse sensível à luz, que permite controlo sobre localidade e tempo da entrega do seu princípio ativo», explica a investigadora.

O estudo, publicado na Angewandte Chemie International [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""], uma revista científica alemã na área da química, demonstrou o desenvolvimento de uma plataforma inovadora para a entrega destas sequências, melhor do que as atualmente existentes no mercado, para aplicação em doenças da pele. Para isso, os investigadores procuraram formulações baseadas em nanopartículas que fossem biodegradáveis, orgânicas e que causassem nenhuma ou pouca toxicidade. Nesse sentido, começaram com o desenvolvimento de uma biblioteca de nanopartículas que contassem com estas características, e que fossem ativáveis pela luz, ou seja, que libertassem o material que transportavam dentro das células, antes de serem expulsas pelas mesmas.

«Em primeira instância procurámos desenvolver uma biblioteca de nanopartículas com diversidade físico-química. De seguida queríamos filtrar as melhores formulações, utilizando microscopia automatizada, algoritmos de machine-learning, entre outros métodos do processamento em alto rendimento», acrescenta Vítor Francisco, também investigador do CNC e autor do estudo.

«Identificámos cerca de 160 formulações, cuja ação fosse controlável pela luz. Observámos que 6 destas formulações eram bastante mais rápidas e eficientes que grande parte das formulações comercialmente disponíveis», relata.

Inicialmente, os investigadores testaram estas diferentes formulações em células da pele, e observaram uma rápida entrada e entrega da molécula de ARN que transportavam nas mesmas após estimulação com luz. De seguida, com um ARN de princípio ativo inovador, observaram que, em modelos animais com lesões agudas na pele, promoviam uma aceleração da cicatrização, comparando com os animais controlo. Futuramente, o grupo de investigadores quer testar estas mesmas formulações noutros contextos de lesões de pele mais graves.

Este material «apresentou-se bastante promissor na aplicação local na pele, ou noutros tecidos que seja possível estimular com luz azul. Este tipo de formulações poderá ser bastante útil para o tratamento de lesões graves da pele, associadas a outro tipo de doenças com grande prevalência a nível mundial, como a diabetes do tipo II, psoríase, ou outras doenças do foro inflamatório. Gostaríamos de testar em modelos animais destas doenças», afirma Josephine Blersch.

«Com este estudo pretendíamos desenvolver formulações que consigamos controlar de modo a diminuir possíveis efeitos colaterais e que simultaneamente aumentem a eficácia intracelular do ARN libertado. É a grande vantagem deste sistema, não só libertamos o seu conteúdo, mas também controlamos esta libertação. Poderá ter um grande impacto no futuro», conclui Vítor Francisco.

Para além de Josephine Blersch e Vítor Francisco, participaram no estudo, coordenado por Lino Ferreira, líder de grupo no CNC-UC, Catarina Rebelo, Adrian Jiménez-Balsa, Helena Antunes, Sandra Pinto e Susana Simões, também investigadores do CNC.

O trabalho foi financiado pela Marie Curie Actions, através da rede internacional de treino (ITN) NanoDrug, projeto ERA Chair, pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pela Fundação para o Desenvolvimento Regional (FEDER) através do projeto LIghtBRARY. O artigo, intitulado “A light-triggerable nanoparticle library for the controlled release of non-coding RNAs”.

Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa - Universidade de Coimbra -Comunicação de Ciência)
© 2020 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva

Roteiro para reduzir o declínio dos insectos

Num estudo publicado na revista Nature Ecology and Evolution, uma equipa internacional de cientistas propõe um roteiro de medidas imediatas, a médio e longo prazo para responder ao declínio da abundância dos insetos.

Diversos estudos científicos têm demonstrado que a abundância e a diversidade de insetos está a reduzir drasticamente a nível mundial. Este declínio tem origem na ação humana – causadora da perda e fragmentação de habitats, da introdução de espécies invasoras e das alterações climáticas, entre outros – e constitui uma séria ameaça que a humanidade deve enfrentar com urgência.

Face à urgência em tomar medidas, uma equipa internacional de investigadores, da qual fazem parte Paulo Borges e António Onofre Soares do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c, na Universidade dos Açores, apela aos governos de cada país para a implementação imediata de várias medidas no sentido de travar o declínio de insetos. Reduzir de forma imediata e significativa a emissão de gases com efeitos de estufa, eliminar gradualmente o uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos substituindo-os por medidas ecológicas, e reduzir a poluição luminosa e sonora são algumas das recomendações.

“Torna-se urgente manter a diversidade da paisagem, construir corredores ecológicos e evitar a proliferação de espécies invasoras que alteram os habitats. Com as alterações climáticas também é necessário redesenhar muitas áreas protegidas. Finalmente, é necessário manter a monitorização da abundância e diversidade dos insetos nas áreas naturais e nos ecossistemas agrícolas e florestais”, explica Paulo Borges.

Estas medidas surgem integradas num roteiro que propõem também medidas a médio e longo prazo. Entre estas medidas estão a aposta em mais investigação para compreender qual a contribuição de diferentes fatores de origem humana no declínio de insetos; a análise dos dados já existentes em coleções de insetos particulares e de museus e universidades; e, a longo prazo, o lançamento de parcerias público-privadas e iniciativas de financiamento sustentável com o objetivo de restaurar, proteger e criar novos habitats vitais para os insetos.

“É preciso agir já. As evidências que já existem sobre algumas das principais causas do declínio de insetos são suficientes para nos permitir formular medidas imediatas. E os resultados da investigação que continua a ser desenvolvida, sobre espécies e regiões menos conhecidas, vai permitir modificar e melhorar as medidas já implementadas se necessário. Mas é fundamental agir já, caso contrário pode tornar-se demasiado tarde”, conclui Paulo Borges.

Este estudo é coordenado por Jeffrey Harvey, investigador do Instituto Holandês de Ecologia, envolvendo uma equipa internacional de mais de 70 investigadores.

Conteúdo fornecido por Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN