O uso do ilusionismo na promoção do ensino não formal da ciência

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="29" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1619954020654{margin-left: 26px !important;}"]A magia (ilusionismo) é uma arte que exerce enorme atrativo à maioria das pessoas pelo seu carácter do imaginário, pela aparente inexplicabilidade, pela surpresa do não previsto. A realidade é, ela própria, mágica, e quando um determinado assunto é assim apresentado, transforma-se numa fonte inesgotável de fascínio, de surpresa e de descoberta, uma pincelada de imaginação no quadro da realidade.

A magia resulta, assim, como uma ferramenta potenciadora da vontade de conhecer as temáticas em análise, promovendo o aprofundamento do seu estudo ou captando a atenção para um tópico que, para alguns, poderia resultar mais ou menos enfadonho ou mesmo desprovido de interesse. Por momentos, a assistência deixa-se levar na arte do mágico que faz crer no impossível, neste mundo, com os pés no chão...! Só que, neste caso, tudo o que se vê é bem real, e até se pode explicar que não perde a graça (bem pelo contrário!). É a Natureza apresentada, para que se possa apreciar melhor.

O uso do ilusionismo em atividades de Ciência, ensinando a brincar, apela à imaginação das crianças e promove o desenvolvimento da sua capacidade de abstração, muitas vezes tão importante na apreensão de conceitos de ciência. É uma forma distinta (e distintiva) de integração da arte para despertar a curiosidade para a Ciência a partir do imaginário de um espetáculo de magia: querer saber como se cria um truque é o mesmo que querer conhecer os fenómenos naturais e perceber a Natureza no seu possível e impossível. Realizar “um efeito mágico” e explicar a ciência que lhe é inerente, estimula essa vontade de aprender, a vontade de querer ser mágico, de querer compreender tudo aquilo. E esta é a verdadeira magia que está contida num efeito mágico!

A diversificação de conteúdos e formas de comunicar e divulgar ciência permite abranger um universo maior de interesses culturais. Os laboratórios das escolas são espaços onde se recriam experiências científicas para melhor compreensão dos fenómenos naturais e a sua apreensão teórica. A recriação artística (neste caso, com o recurso à magia) pode dar uma outra dimensão ao que se aprende com a Ciência e o seu universo. Importa constatar o que leva a querer saber e descobrir o prazer da descoberta. Senti-lo, só é possível a partir do imaginário de cada um, que pode e deve ser explorado também em espaços de enriquecimento cultural.

É, pois, verdadeiramente importante que nestes espaços de promoção cultural, a ciência se cruze e intrinque com o mundo das artes (música, teatro, magia e outras áreas de cultura), a fim de ser assumidamente considerada como uma área de conhecimento acessível, parte integrante da cultura geral de qualquer cidadão, em exercício pleno da cidadania. O STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) a ser STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts and Mathematic).

Já Galeano dizia que somos feitos não só de átomos, mas também de histórias. Com este “casamento” entre a ciência e a magia (e os livros), a tais átomos e histórias “FMJ Mentes Mágicas” acrescentam também pequenas partículas de deslumbramento.

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Equipa da Universidade de Coimbra cria embalagens comestíveis a partir de resíduos da indústria agroalimentar

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css="" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1619511343078{margin-left: 26px !important;}"]Uma equipa da Universidade de Coimbra (UC), com a colaboração da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), desenvolveu um conjunto de embalagens comestíveis a partir de diferentes resíduos do setor agroalimentar e da pesca, uma alternativa sustentável ao plástico.

Na prática, estas embalagens comestíveis são filmes obtidos a partir de resíduos de diferentes alimentos, nomeadamente cascas de batata e de marmelo, fruta fora das características padronizadas e cascas de crustáceos, que, além de revestirem os alimentos, prolongando a sua vida útil na prateleira do supermercado, também podem ser ingeridos.

As embalagens desenvolvidas pelas investigadoras Marisa Gaspar, Mara Braga e Patrícia Almeida Coimbra, do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), foram pensadas essencialmente para revestir frutas, legumes e queijos, incorporando na sua matriz compostos bioativos/nutracêuticos, tais como antioxidantes e probióticos, com potenciais efeitos benéficos para a saúde.

Podemos imaginar, por exemplo, cozinhar brócolos ou espargos sem ser necessário retirar a embalagem, uma vez que a película que os envolve é composta por nutrientes naturais com benefícios para a saúde.

«Produzimos composições diferenciadas de filmes, usando os resíduos quase integralmente, que contêm compostos com propriedades diferentes. Por exemplo, a casca de batata tem mais amido e a casca de marmelo mais pectina, ou seja, temos dois materiais poliméricos estruturais que, combinados, vão gerar um filme simples, sem processamentos complexos», explicam Marisa Gaspar, Mara Braga e Patrícia Almeida Coimbra.

No entanto, antes de conseguir obter filmes/revestimentos quer na forma de película quer na forma de spray (aplicado na fase líquida e seca no alimento), a equipa, que juntou vários grupos de investigação da UC e da ESAC, teve de superar várias fases. «O maior desafio é encontrar os materiais ideais para que as formulações tenham as características desejadas. Por isso, foi necessário estudar os filmes do ponto de vista físico, como por exemplo as propriedades mecânicas, de forma a servirem de embalagem/ revestimento; estudar as propriedades bioativas dos filmes, ou seja, se alguns compostos apresentam benefícios para a saúde quando ingeridos; avaliar as reações quando se juntam diferentes compostos; análise microbiológica e sensorial dos filmes selecionados; e avaliar a compatibilidade do alimento com o sistema comestível produzido», resumem as três investigadoras da FCTUC.

Marisa Gaspar, Mara Braga e Patrícia Almeida Coimbra consideram que a solução proposta pela sua equipa pode ser «muito vantajosa tanto para indústria como para o consumidor. É uma abordagem centrada na economia circular. Não só aumenta a vida útil do produto na prateleira, como também evita o desperdício, reduz a produção de lixo plástico, um grave problema ambiental, e gera um novo produto que confere um adicional nutritivo ao alimento», concluem.

Iniciada em 2018, no âmbito do projeto “MultiBiorefinery”, financiado pelo COMPETE 2020, esta investigação foi recentemente distinguida com um prémio de 20 mil euros pelo programa “Projetos Semente de Investigação Interdisciplinar - Santander UC”, atribuído a equipas multidisciplinares lideradas por jovens investigadores na Universidade de Coimbra. Foi ainda premiada no concurso de ideias LL2FRESH, que visa procurar novas soluções de embalagem, métodos de tratamento de alimentos e aditivos de última geração.

No âmbito deste projeto foi publicado um artigo científico na revista Food Packaging and Shelf Life, disponível: aqui [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""].[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Primórdios da Ciência Moderna em Portugal

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="14" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1617957513624{margin-left: 26px !important;}"]O atraso com que a ciência moderna –inaugurada por grandes nomes da Revolução Científica como Copérnico, Galileu, Descartes e Newton – chegou a Portugal, pode ser ilustrado pelo edital afixado à porta do Colégio das Artes em Coimbra em 1746, assinado pelo reitor dessa escola jesuíta: “nos exames, lições, conclusões públicas ou particulares se não ensine opiniões novas pouco recebidas ou inúteis para o estudo das ciências maiores como são as de Renato Descartes, Gassendi, Newton e outros, nomeadamente, qualquer ciência que defenda os átomos de Epicuro, ou negue a realidade dos acidentes eucarísticos, ou outras quaisquer conclusões opostas ao sistema de Aristóteles, o qual nestas escolas se deve seguir.”


Esta é apenas uma das peças de um conflito, que ficou famoso, entre os Antigos – os seguidores de Aristóteles, e os Modernos, os seguidores do método científico, baseado na observação, na experiência e na razão matemática, que marca a dita Revolução. A meio do século XVIII, quando os franceses Descartes e Gassendi, os dois contemporâneos de Galileu, e o inglês Newton, da geração seguinte, já tinham falecido há muito, as suas ideias permaneciam interditas entre nós. De nada valia a Gassendi ser padre católico, pois tinha ousado recuperar as ideias atomísticas dos gregos, que para a teologia oficial colidiam com a fé.


O domínio da Igreja não ajudou. O Index de Livros Proibidos, surgido entre nós em 1551, ainda antes do seu equivalente romano, baniu Copérnico, Galileu e Descartes (e só a 31 de Março de 1821, há 200 anos, a Inquisição, que zelava pela aplicação do Index, foi extinta!). A persistência da reacção ao sistema heliocêntrico de Copérnico, defendido sem sucesso por Galileu em 1633 na Inquisição de Roma, é também elucidativa do atraso nacional. Em 1753, numa obra de autor anónimo (provavelmente um padre beneditino) diz-se: “Se é o mesmo opôr-se à Fé que ser falso, como se não envergonham de dizer que no sistema de Copérnico se explicam melhor os fenómenos da natureza?”.


Para o triunfo dos Modernos foram obras decisivas a Lógica Racional, Verdadeira e Analítica (1754), de Manuel de Azevedo Fortes, e o Verdadeiro Método de Estudar (1756), de Luís António Verney (reeditado nas Obras Pioneiras da Cultura Portuguesa, Círculo de Leitores, 2018). Tanto uma como outra se inspiram em Descartes.


Foram os Oratorianos, a Ordem fundada em 1565 por Filipe Néri, que, em Portugal, mais impulsionou a Ciência moderna. No seu colégio – onde hoje é o Ministério dos Negócios Estrangeiros – já se davam em 1751 aulas de Física com demonstrações experimentais, às quais o rei D. José assistiu. Muito antes de 1772, data em que a Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra instituiu o ensino experimental das ciências na então única universidade portuguesa. Foi também em 1751 que saíram os primeiros dois volumes da Recreação Filosófica, do oratoriano Teodoro de Almeida. Este primeiro tratado de Física em português (reeditado nas referidas Obras Pioneiras, 2017) já segue uma orientação marcadamente moderna.


A Academia de Ciências de Lisboa só surgiu em 1779, mais de um século após a sua congénere britânica, a Sociedade Real de Londres, à qual Teodoro de Almeida pertenceu. Foi este autor que, após um exílio de uma década em Espanha e França devido ao fecho pelo marquês de Pombal do colégio oratoriano, fez a primeira oração de sapiência na nova academia, na qual equiparou Portugal a Marrocos, originando protestos dos apaniguados do marquês.


É injusto, como fez a máquina de propaganda pombalina, acusar os jesuítas de extremo atraso. Alguns deles deram grandes exemplos de modernidade. Foram os jesuítas italianos Paolo Lembo e Christophoro Borri que trouxeram para Portugal o telescópio de Galileu menos de quatro anos depois de ele ter sido usado pela primeira vez em Itália, em 1609. E foi daqui que ele foi para o Oriente. A Aula da Esfera, que funcionou no colégio jesuíta de Santo Antão, onde hoje é o Hospital de S. José, foi uma fértil escola internacional de Matemática desde a sua fundação em 1590, até ao seu inglório encerramento pelo marquês em 1759. O jesuíta Manuel Dias, em 1615, foi o primeiro a referir na China as descobertas de Galileu, no seu livro em mandarim Sumário de Questões Celestiais. A Revolução Científica entrou na China por mão portuguesa!


Mas impõe-se uma nota ainda mais importante: a Revolução Científica não teria sido possível sem os Descobrimentos portugueses, que valorizaram a experiência como a “madre das coisas”. De facto, as bases do método científico encontram-se já na obra de sábios portugueses quinhentistas como os médicos Amato Lusitano e Garcia de Orta, o matemático Pedro Nunes, e o geofísico D. João de Castro. Eles foram, por isso, pioneiros da ciência moderna. Atraso? Não, nestes casos houve adiantamento…[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Páscoa com Lua Cheia

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="9" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1617042730313{margin-left: 26px !important;}"]Desde os primórdios da cristandade que a data da Páscoa, dia em que se celebra a ressurreição de Cristo, é fundamental para a estruturação de todo o calendário litúrgico cristão.

Mas a determinação inequívoca do dia da Páscoa para que esta pudesse ser celebrada no mesmo dia do calendário por toda a cristandade, independentemente da sua localização geográfica, constituiu um problema que só foi normalizado no primeiro concílio ecuménico ocorrido em Nicéia no ano 325 d.C.

Nesse concílio, convocado pelo imperador romano Constantino, foi determinado que o dia da Páscoa fosse celebrado no primeiro Domingo depois da primeira Lua Cheia que ocorresse no, ou logo a seguir ao equinócio da primavera, no hemisfério norte (cerca de 21 de Março). É esta a regra desde então para determinar o dia de Páscoa e, assim sendo, a Lua estará sempre em fase cheia.

Mas a determinação do equinócio, através do calendário então seguido, não garantia uma “coincidência” entre a previsão e a realidade, por imperfeição contida no mesmo. O calendário Juliano (assim designado em honra a Júlio César) em vigor ao tempo do concílio de Nicéia acumulava uma imprecisão de cerca de 11 minutos e 14 segundos em excesso em cada ano.

Por volta de 1582, a inexactidão do calendário Juliano teve como resultado que o equinócio da primavera ocorreu no dia 11 em vez de 21 de Março como se esperaria. Este desfasamento introduzia erros no calendário religioso cristão e, na prática, o dia de Páscoa era celebrado em dias diferentes em diversos pontos do hemisfério. Era preciso fazer alguma coisa para reacertar o calendário oficial.

O Papa Gregório XIII (1502 - 1585) criou uma comissão liderada pelo jesuíta matemático e astrónomo Christoph Clavius (1537-1612) para resolver o problema.

Na sua bula Inter Gravissimas, o Papa Gregório XIII consagra o trabalho matemático e institucionaliza o calendário que ainda hoje seguimos no ocidente e que tem o seu nome (calendário gregoriano). Resulta de um muito satisfatório conjunto de regras de acertos regulares nos anos ditos bissextos, o que assegura um compromisso aceitável na predição dos movimentos relativos de translação da Terra ao redor do Sol e da Lua em redor da Terra.

Acrescente-se, contudo, que a determinação do dia de Lua Cheia, para a determinação do domingo pascal, não faz uso das tabelas astronómicas, mas sim do definido nas Tabelas Eclesiásticas que, apesar de não incluírem com rigor o movimento complexo da órbita da Lua, são suficientes para permitir uma regular e uniforme determinação de um mesmo momento por toda a cristandade ocidental, independentemente da sua latitude e longitude.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Defesa dos amantes: O Abandono

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="20" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1616665157084{margin-left: 26px !important;}"]Camille Claudel volta a dar-nos a mão, agora com O Abandono, uma visão de rara sensibilidade, tanto artística, como humana: os amantes estão sempre em equilíbrio instável.

Camille Claudel demonstrou, com as obras que restaram incólumes à fúria advinda do desespero que a levou a destruir algumas das suas esculturas, uma sensibilidade aguda, a raiar a dor, acerca do humano. Tal sensibilidade atinge o máximo de intensidade reflexiva nas esculturas em que associa o feminino e o masculino: no par, portanto. Numa actualidade em que se advoga pela igualdade entre os sexos, entretanto diluída na categoria do género que, na minha perspectiva, recobre como um manto mudo a experiência da diferença, afigura-se um exercício de enorme validade, tanto cognitiva, como sensorial, como ainda epistemológica, determo-nos na forma como Camille Claudel apresenta o par feminino/masculino. Cognitiva e sensorialmente, tal exercício permite-nos refinar a atenção, tão necessária às abordagens meticulosas da realidade; epistemologicamente, contribui para adensar as categorias que sustentam o nosso entendimento.

O Abandono trata-se de uma obra de beleza cortante: equilibrada no nódulo interior que é o sustentáculo de qualquer obra de arte, apesar do abraço entre os amantes nos sugerir a queda. Mas é também a queda que potencia o contágio e permite fertilizar o real; se cada um/a de nós permanecesse encerrado/a na sua cápsula dura de intocabilidade, então, ninguém mais nasceria para o mundo, não é verdade? Aqui, com Camille Claudel, vê-se tão bem que o homem, quem aparenta carregar a mulher, é ele próprio sustentado por ela: o seu a/braço supostamente forte é também aquele que lhe pede ajuda. E aqui estamos no cerne do humano: feminino e masculino folheiam o real exactamente com igual parcela, salvam-se mutuamente, porque compartilham uma vulnerabilidade essencial. Neste “abandono” radica a possibilidade de abrirem-se simultaneamente ao comum, apesar da/s diferença/s que albergam.

Cristina Campo, escritora, embora pela minha parte prefira chamar-lhe sintomatologista e buriladora de joias-memória, italiana, afirmou que nada mais se espera dos amantes a não ser que amem e caminhem sobre as águas. O Abandono de Camille Claudel fá-lo: caminha sobre as águas, sem dúvida. Existem umas escadas na cidade de Florença, pertencentes à Biblioteca Medicea Laurenziana e projectadas por Miguel Ângelo, que estão construídas ao contrário, ou seja: quando se sobe temos a sensação de que descemos, e quando descemos a de que estamos a subir; esta é uma imagem poderosa, creio, para qualificar a experiência da humanidade. Na nossa actualidade, que se pauta pela ideia de progresso, questiono-me e convido-vos a acompanharem-me: quantas vezes, sob a capa das corridas mais desenfreadas, em que não se pode perder o lugar no pódio, não se perdem pessoas, coisas, ideias, valores, de que não deveríamos nunca abdicar?

O Abandono, de Camille, parece vir dizer-nos que o masculino não quer, porque não pode, abdicar do feminino, que não quer, porque não pode, que o feminino se prostre, que o homem e a mulher estão em queda relativamente ao/à outro/a, logo, permanecem em abertura face ao tempo, o que também apela a que o construam, a que lhe atribuam um sentido partilhado. Não vejo ali uma mulher nas mãos de um homem que pudesse derradeiramente manipulá-la, que pudesse manejá-la de acordo com a sua tirania; não, ali vejo um homem que vem em auxílio da mulher, mas auxílio esse que é a própria condição de existência desse homem, da sua permanência e, no limite, da sua possibilidade de viver de facto.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Aritmética Elementar?

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="31" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1616450435640{margin-left: 26px !important;}"]Quem utiliza as redes sociais já deve ter-se deparado com a seguinte questão: “Qual é o valor de 6÷2(1+2), 1 ou 9?” Ou, numa outra versão, 48÷2(9+3), 2 ou 288?

Sempre que esta aparece publicada nas redes socias há sempre dezenas de comentários, uns com argumentos que conduzem à resposta 1 e outros com argumentos que conduzem à resposta 9. Ao que parece, esta questão terá surgido há cerca de seis anos e desde essa altura tem reaparecido amiúde. Na altura, no Chile, a confusão foi tanta que uma professora universitária de Matemática teve de ir à televisão explicar por que razão apenas um dos resultados é o correcto!

Para resolver este “problema” só temos de ter em conta a prioridade das operações, que devem ser feitas por esta ordem: potências, multiplicação e divisão pela ordem que aparecem, soma e subtracção pela ordem que surgem. Se na expressão existirem parêntesis devem efectuar-se prioritariamente as operações que estiverem no seu interior, sendo que aplicam-se as prioridades das operações atrás descritas. Assim, o resultado é 9. Primeiro faz-se o que está dentro de parêntesis, 1+2 = 3, ficando 6÷2×3. Neste momento temos uma divisão e uma multiplicação. Sabemos que nenhuma tem prioridade sobre a outra, pelo que se faz pela ordem que aparecem. Primeiro 6÷2 = 3 e em seguida multiplica-se este resultado por 3, ficando 3×3 = 9. Temos então: 6÷2(1+2) = 6÷2×3 = 3×3 = 9.

Tentando perceber a razão que leva à resposta 1, encontro duas:

A navegar por alguns fóruns “descobri” que um dos argumentos que conduzem a esta resposta é o PEMDAS, sigla inglesa para “Parenthesis, Exponentes, Multiplication, Division, Addition, Sutraction”, isto é, muitos chegaram à resposta 1 pensando que o PEMDAS nos indica a prioridade pela qual as operações devem ser realizadas. Portanto, primeiro far-se-ia a multiplicação e em seguida a divisão, esquecendo que na hierarquia das operações, nenhuma tem prioridade sobre a outra, efectuando-se as operações pela ordem que surgem. Desta forma percebe-se por que razão alguns argumentam, erradamente, que a resposta é 1:

6÷2(1+2) = 6÷2×3 = 6÷6 = 1

Outro argumento tem a ver com a interpretação da operação a/bx, que é interpretado com o quociente entre a e bx. Nesse sentido 6÷2×3 seria o quociente entre 6 e 2÷3, cujo resultado é 1. Compreendo esta interpretação, mas não é a correcta. A correcta é o produto entre 6÷2 e 3, cujo resultado é 9.

Muitas vezes, para evitar este tipo de “confusões” os matemáticos usam fracções ou parêntesis. Para a resposta ser 1, a questão teria de ser escrita 6÷[2(1+2)].

Assim, tendo em conta a prioridade das operações, qual é o valor de 48÷2(9+3), 2 ou 288?[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

A Primavera começa mais cedo este ano?

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="9" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1616242272022{margin-left: 26px !important;}"]A Primavera começa este ano no dia 20 de Março pelas 9h37m, segundo o Observatório Astronómico de Lisboa. Mas não é certo e sabido que a Primavera começa sempre no dia 21? Então o que é que aconteceu para que esta estação se tenha antecipado este ano? Estará a Terra a acelerar na sua viagem de translação à volta do Sol? Nada disso. Mas, para podermos perceber o fenómeno, precisamos de caracterizar o que é que determina o início da Primavera.

Em termos astronómicos, o início desta estação é definido pelo momento em que ocorre o equinócio boreal no hemisfério norte, ou o equinócio austral no hemisfério sul. A palavra equinócio provem das palavras latinas aequus (igual) e nox (noite), ou seja, significa noites iguais. Isto acontece quando a orbita aparente do Sol (isto é, o movimento aparente do Sol para um observador na Terra) cruza o plano que resulta da projecção do equador terrestre no horizonte celeste. Por outras palavras, refere-se aos momentos em que o dia e a noite têm a mesma duração, ou seja, 12 horas.

Ao longo de um ano terrestre, isto verifica-se duas vezes em cada hemisfério: no início da Primavera e no início do Outono. Note-se que estas estações ocorrem inversamente em cada hemisfério: o início da Primavera no hemisfério norte coincide com o início do Outono no hemisfério sul e vice-versa.

Para um mesmo hemisfério, no nosso caso o norte, os dois equinócios ocorrem exactamente em lados opostos da órbita da Terra à volta do Sol. Contudo, as datas em que acontecem não dividem o ano em partes iguais! Não é difícil calcular, a partir das datas médias verificadas para os equinócios e da duração média do ano (média porque temos de ter em conta os anos bissextos), que o equinócio da Primavera ocorre 179,25 dias depois do equinócio de Outono, e que este último se encontra 186 dias após a Primavera que o precede. Isto explica-se pelo facto de a orbita da Terra à volta do Sol ser elíptica e não circular, como sabemos desde 1609 graças a Kepler (1571 – 1630), e pelo facto de a Terra se encontrar mais próxima do Sol (o periélio) nos primeiros dias de Janeiro. Ora acontece que esta maior proximidade ao Sol, faz com que a velocidade (escalar) da Terra nesta altura do ano seja a maior de toda a sua órbita e, tal como é predito pela segunda lei de Kepler, ela se mova mais rapidamente em direcção ao equinócio da Primavera do que quando se aproxima do equinócio de Outono, depois de passar pelo ponto em que o nosso planeta se encontra mais distante do Sol (o afélio, a 5 de Julho).

Curiosamente, Ptolomeu (90 – 168 d.C.) também notou a desigualdade na duração das estações, mas tentou explicar a observação a partir de uma órbita circular do Sol ao redor da Terra, mas não centrada exactamente nesta, ou seja, uma orbita contendo um epiciclo.

Acresce ao que se disse atrás que o período entre dois equinócios primaveris é cerca de 6 horas maior do que um ano comum (365 dias). Assim, a Primavera de um dado ano inicia-se 6 horas mais tarde do que a Primavera do ano comum anterior, no calendário gregoriano. Ao fim de 3 anos, verifica-se um adiantamento de cerca de 18 horas. Contudo, o acerto no calendário introduzido pelo ano bissexto, produz um atraso aparente de 6 horas. Ao longo de um mesmo século, o equinócio tende a ocorrer mais cedo até que ocorram acertos no calendário por sequência de 7 anos comuns. De facto, neste século só houve dois anos em que a Primavera ocorreu a 21 (2003 e 2007) e prevê-se que a mesma se inicie no dia 19 de Março em 2040.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

30 anos de Ciência e Tecnologia em papel de jornal

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="28" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_gallery interval="3" images="9391" img_size="500x160"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1616001109819{margin-left: 26px !important;}"]Partindo da análise de milhares de artigos de jornais diários, pagos e de circulação nacional, ou seja, sem contemplar os jornais ditos regionais, refletiu-se sobre as representações que os portugueses têm da ciência e da tecnologia, de 1976 até 2005.


A comparação efetuada, entre os jornais de “qualidade” e os jornais “populares”, revelou-se frutuosa, ainda que as fronteiras entre estes dois tipos de jornais sejam cada vez mais ténues.


A grande diferença identificada entre estes dois tipos de jornal refere-se à tendência geral observada. Nos jornais de “qualidade, foi possível identificar uma forte tendência para o aumento dos artigos sobre assuntos de ciência e tecnologia. Curiosamente, no caso dos jornais “populares”, verificou-se uma maior apetência para a publicação de artigos sobre estes assuntos até finais da década de 1980. A partir daí, observou-se uma opção editorial marcada pela diminuição de publicação destes artigos. Acrescente-se que, no caso dos jornais “populares”, boa parte deste artigos debruçou-se sobre estas temáticas de forma superficial, abordando o assunto do ponto de vista da curiosidade e da bizarria.


No que diz respeito aos principais atores presentes, em ambas as tipologias de jornal, os artigos revelaram uma ciência e tecnologia de rosto masculino, não consonante com a proporção e importância das mulheres na ciência e tecnologia produzidas em Portugal, ainda que se tenha observado uma crescente presença de mulheres, à medida que nos aproximamos da atualidade.


Relativamente aos temas dominantes, em ambos os tipos de jornal, observou-se um predomínio generalizado dos artigos que versavam sobre questões de biologia humana e saúde. A presença paradigmática da medicina e da saúde, revelou uma imagem da ciência e tecnologia muito conectada com as preocupações quotidiana com a saúde. Não obstante as nuances de proporção, ao longo dos anos, também ambos os tipos de jornal deram especial ênfase à astronomia e ao espaço, e à história, arqueologia e antropologia. Se no caso da astronomia e do espaço, os artigos eram muito relacionados com a conquista espacial e a guerra fria, no caso da história, arqueologia e antropologia, os artigos reportavam descobertas arqueológicas, bem como o património histórico português, em Portugal e no mundo. Saliente-se, que esta visão de auto-valorização da história e património nacionais estava mais patente nos jornais “populares”. Também não é de descurar a relevância dada às questões ambientais e relacionadas com a energia nuclear e de uma crescente consciencialização das populações, para os problemas decorrentes da má gestão ambiental – mais nos jornais de “qualidade” – e aos computadores, informática e internet - nos jornais “populares”.


No sentido de compreender as geografias da ciência e da tecnologia, considerou-se relevante analisar a localização geográfica, dos eventos relatados nos jornais. Assim, os dados recolhidos permitem afirmar que independentemente, do tipo de jornal os eventos ocorreram maioritariamente na Europa, primeiro, e na América do Norte, depois. Estamos perante uma ciência e tecnologia Made in Europe e Made in USA and Canada. Nos últimos anos, ambos os tipos de jornais transmitiram uma imagem da ciência e da tecnologia de “rosto europeu”.


Quanto ao discurso dominante utilizado na comunicação de questões de ciência e tecnologia, também se identificaram algumas nuances. Ao longo dos anos, nos jornais de “qualidade” observou-se a evolução de um discurso dominante de benefício dos desenvolvimentos, científicos e tecnológicos, para um discurso tendencialmente enfatizador dos riscos. Nos jornais “populares”, o discurso do benefício foi predominante. De um modo geral, a imagem da ciência e da tecnologia, parece ser dominada por um discurso de benefício e de promessa.


Estes são alguns dos itens que permitem compreender e refletir sobre a presença da ciência e da tecnologia na imprensa portuguesa, num longo período da história recente de Portugal. Dá que pensar…[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Investigadores da UC criam banda desenhada para estimular a ciência cidadã na proteção dos cursos de água

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1615721274936{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""]

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[/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text]Cristina Canhoto, Ana Lúcia Gonçalves e Aingeru Martínez, da Universidade de Coimbra (UC), criaram duas bandas desenhadas (BD) para alertar a comunidade escolar e a sociedade para a necessidade de cuidar e proteger os cursos de água.

Com ilustrações de André Caetano, as duas BD’s, intituladas “Grasping the Stream With a Litter Bag” e “Which Should I Eat?”, explicam os procedimentos a executar no campo e no laboratório, respetivamente, para avaliação da integridade funcional dos ribeiros e dos efeitos de atividades antropogénicas em organismos aquáticos.

As bandas desenhadas [icon name="film" style="solid" class="" unprefixed_class=""] [icon name="film" style="solid" class="" unprefixed_class=""] foram produzidas no âmbito do projeto europeu “LivingRiver - Caring and protecting the life and culture around rivers and streams” . Este projeto de ciência cidadã é dedicado ao conhecimento e proteção dos cursos de água, reunindo investigadores e organizações não-governamentais de Portugal, Espanha, Roménia e Turquia.

Neste consórcio, coordenado pela Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA), a equipa do Centre for Functional Ecology - Science for People & the Planet, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), é responsável pela implementação e elaboração de materiais de apoio, no âmbito da ecologia de rios, a serem usados pelos diferentes agentes de formação, nacionais e internacionais.

Segundo Cristina Canhoto, Ana Lúcia Gonçalves e Aingeru Martínez, «esta forma de comunicação, apelativa e acessível a não especialistas de vários níveis etários, parece ter valor acrescido na clarificação e rigor de execução das técnicas, nem sempre familiares aos estudantes e comunidade em geral».

No âmbito do projeto foram também produzidos pequenos filmes [icon name="film" style="solid" class="" unprefixed_class=""]que auxiliam a compreensão do funcionamento dos pequenos cursos de água, nomeadamente o processo de decomposição da folhada.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Eu rastreio, tu rastreias, ele rastreia… porque somos todos agentes de Saúde Pública

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="23" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="24" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1615558572053{margin-top: -40px !important;}"][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1615558090033{margin-left: 26px !important;}"]Num mundo pré-pandemia, um nariz ranhoso seria, provavelmente, uma constipação e a febre com dores no corpo uma gripe que resolvíamos com um ou dois dias de cama. Os sintomas não mudaram muito, mas o que eles podem significar sim.


Febre ou tosse passaram a ser sintomas suspeitos de quem possa estar infetado com o coronavírus e se tiver dois ou mais sintomas combinados, como nariz entupido, dores de garganta, dores de cabeça, dores no corpo ou cansaço extremo, também, como defende a Organização Mundial de Saúde [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""] () e os Centros para o Controlo e Prevenção da Doença norte-americanos [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""]. A estes ainda se podem juntar a perda de olfato ou a perda de paladar, dois que não deixam muitas dúvidas sobre qual será a causa.


Se dantes desvalorizávamos aquela febre que vinha num dia e passava ou as dores no corpo, mesmo que não encontrássemos motivos para as ter, agora precisamos, mais do que nunca, de ouvir o que nos diz o nosso corpo com atenção. O vírus SARS-CoV-2 pode ter arranjado maneira de nos encontrar (entenda-se, infetar) e, mesmo que não nos faça ficar doentes, vai usar-nos como meio de transporte para chegar a outras pessoas, algumas delas que poderão não aguentar tão bem a doença.
Se um vírus não é sequer um ser vivo, nós, por outro lado, temos a capacidade de fazer escolhas e contribuir para a nossa própria saúde e a saúde dos outros. Se temos sintomas que nos deixam com dúvidas, nada como isolarmo-nos em casa e contactar o SNS24. Se não for nada, seguimos a nossa vida com as devidas precauções, mas com tranquilidade. Se estivermos infetados, podemos ser mais rápidos do que as equipas de rastreio sobrelotadas de trabalho e avisar os nossos contactos mais próximos — as pessoas com quem estivémos nos dois dias antes dos primeiros sintomas e todas aquelas com quem estivémos depois disso.


IMAGEM


E quem esteve com uma pessoa infetada, com uma pessoa que receia estar infetada ou com alguém que tem os sintomas típicos (ainda que os desvalorize)? O SNS24 ajudará a avaliar o grau de risco, mas também pode fazer a sua avaliação: quanto mais tempo, mais próximo e se tiver sido em ambiente fechado, maior a probabilidade de também ter sido infetado. Isolar-se em casa até conseguir fazer o teste é regra de ouro. E, depois, mais uma vez, se estiver infetado, não hesite em contactar as pessoas com quem esteve nos dois dias antes dos sintomas ou, se não tiver sintomas, nos dois dias antes do teste.

Sabemos que lembrar cada um destes passos no meio de toda a informação que recebemos diariamente não é fácil. Por isso, criámos um pequeno esquema [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""] que pretende guiá-lo nestas situações e aconselhar o que deve fazer em cada uma delas. Na dúvida, o SNS24 e os centros de saúde são o primeiro local onde pode pedir ajuda — pelo telefone, claro. Isto porque não deve andar de transportes públicos (nem contactar com outras pessoas) enquanto não souber se está infetado ou não.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Os grandes desafios do Antropoceno em debate

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1613124182555{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1613124167845{margin-left: 26px !important;}"]Debater os grandes e complexos desafios da era do Antropoceno, a era em que vivemos, é o objetivo de um projeto curatorial lançado por Gonçalo Santos e Ana Luísa Santos, investigadores do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em parceria com a Fundação de Serralves e com a rede de pesquisa Sci-Tech Asia, o Centre for Functional Ecology—Science for People and the Planet e o Departamento de Ciências da Vida da FCTUC.

A primeira iniciativa no âmbito deste projeto materializa-se num ciclo de seis conferências e debates, designado “Pluralizando o Antropoceno: Reimaginando o Futuro do Planeta no Século XXI”. Entre 15 de fevereiro e 10 de maio, reputados especialistas vão partilhar reflexões importantes sobre «esta nossa condição plural de viver num mundo cheio de incertezas. Este ciclo contará com a presença de influentes pensadores das humanidades e ciências contemporâneas comprometidos com uma visão mais plural do Antropoceno e das grandes questões de resiliência, adaptação, e luta pela justiça ambiental», afirma Gonçalo Santos.

O ciclo arranca, no dia 15 de fevereiro, entre as 18h00m e as 19h30m, com a palestra de Tim Ingold, um dos mais conceituados antropólogos contemporâneos, que vai abordar o que ele chama “sustentabilidade de tudo.” Para a sustentabilidade da nossa economia se tornar uma realidade, nós teremos de pensar numa sustentabilidade que não seja sustentável apenas para algumas espécies ou algumas populações humanas. Nós teremos de começar a pensar na sustentabilidade do planeta.

Contextualizando o projeto curatorial agora lançado sobre o Antropoceno, Gonçalo Santos observa que «o mundo em que vivemos é muito diferente daquele em que os nossos avós e bisavós cresceram: mais quente, mais seco, mais poluído, mais incerto. O sistema de produção linear da sociedade de consumo trouxe muitos benefícios para um número significativo de pessoas e populações em todo o mundo mas

também levou a uma devastação ambiental sem precedentes e gerou uma conjuntura de alterações climáticas com efeitos preocupantes».

«Olhando apenas para factos básicos em Portugal, como a redução da precipitação geral e o aumento acelerado da temperatura desde a segunda guerra mundial, as previsões mais conservadoras não são nada otimistas, apontando para um aumento significativo no número de incêndios e de secas nas próximas décadas. A presente década — a terceira do século XXI — será decisiva para começarmos a planear um pouco melhor o nosso futuro (e o futuro do nosso planeta) antes que seja tarde demais e tenhamos caído num ambiente de caos e confusão ainda mais perturbador do que aquele que estamos a viver no âmbito da atual pandemia de COVID-19», destaca o investigador da FCTUC.

O responsável pelo projeto curatorial sublinha ainda que «mesmo as pessoas que estão a negar este problema não podem ignorar os debates em curso sobre a destruição do ambiente, as alterações climáticas e o futuro da vida humana no planeta. Estes são os grandes desafios da era em que vivemos: a era do Antropoceno, ou a idade dos humanos. O Antropoceno não é apenas uma idade de crescentes incertezas ambientais resultantes do impacto destrutivo cumulativo das atividades humanas; é também uma idade de importantes desafios e escolhas civilizacionais no sentido de ultrapassar esta situação de crise e desastre iminentes e criar novas visões de esperança e de justiça».

O especialista em antropologia social-cultural lembra que «existem muitos lugares diferentes e muitas populações diferentes dentro do planeta. Os desafios que os portugueses ou os chineses estão a experienciar na idade do Antropoceno são diferentes dos desafios enfrentados pelos povos da Amazónia. O uso do termo Antropoceno para denominar esta nova era de incertezas antropogénicas crescentes abriu todo um novo campo de conversas multidisciplinares sobre as relações dos seres humanos com o ambiente no século XXI, mas também gerou um entendimento monolítico do Antropoceno como uma experiência humana unificada».

Por isso, conclui Gonçalo Santos, «é preciso pensar nestas diferenças para prevenir uma intensificação das desigualdades já existentes, da mesma forma que é preciso pensar naquilo que nos junta no planeta como uma comunidade global de populações humanas com um destino comum».

O programa integral sobre o ciclo “Pluralizando o Antropoceno: Reimaginando o Futuro do Planeta no Século XXI” está disponível aqui.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Breve Pré-história da Ficção Científica

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="9" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1609170111984{margin-left: 26px !important;}"]O termo “ficção científica” surge pela primeira vez nos finais do século XIX. Mas podemos balizar o percurso de uma pré-história da ficção científica como tendo tido início depois do nascimento da ciência experimental moderna. E esta aconteceu com Galileu Galilei (1564-1642) e Johannes Kepler (1571-1630) no início do século XVII.


Se Galileu é reconhecido como figura principal na revolução científica, a Kepler, astrónomo e matemático alemão, devemos as três leis sobre o movimento dos planetas, que recebem o seu nome em sua homenagem e que foram base de partida para a formulação, por Isaac Newton, da lei da actracção universal.


O curioso é que grandes divulgadores da ciência e da cultura humana, como Carl Sagan, identificam num destes gigantes da ciência o autor da primeira obra da pré-história da ficção científica. Como disse o poeta cientista, “eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida”. E de facto parece ter sido pelo sonho de uma viagem à Lua que a pré-história da ficção científica começou.


O nascimento da ciência experimental moderna e uma incipiente expressão literária que podemos classificar de “ficção científica” conviveram e fertilizaram-se num mesmo tempo e espaço, acto contínuo com o avanço do próprio desenvolvimento científico e tecnológico. Estamos no início do século XVII, na pré-história da ficção científica.


O astrónomo Johannes Kepler matematizou o movimento dos corpos celestes, numa mecânica fundada no modelo heliocêntrico de Copérnico. A revolução científica assenta nas suas três leis dos movimentos dos planetas, que Kepler divulgou e nos legou no seu livro “Harmonices Mundi” (“Harmonia do Mundo”), publicado em 1619.


Paralelamente ao seu papel enquanto um dos fundadores da ciência moderna, a par com Galileu Galilei, Johannes Kepler escreve, entre 1620 e o ano da sua morte (1630), um livro autobiográfico e fantasticamente imaginado: “Somnium” – “O Sonho”. Apenas editado em 1634, quatro anos após a sua morte, com o título completo “Somnium sive opus postumum de astronima lunari” (“O Sonho, obra póstuma sobre astronomia lunar”) esta obra, escrita em latim, é considerada por Carl Sagan e por Isaac Asimov, duas figuras incontornáveis da ciência do século XX e da sua divulgação para todos, como o primeiro livro de ficção científica.


Em “Somnium”, um aluno de Tycho Brahe (muito provavelmente o próprio Kepler) é transportado até à Lua por forças ocultas. Em “Somnium”, o homem olha pela primeira vez na história da humanidade a Terra a partir de uma perspectiva completamente nova. Apresenta uma descrição imaginada e detalhada de como a Terra poderia ser vista a partir da Lua, Kepler faz uma descrição pormenorizada da aclimatação do viajante às condições desoladoras da superfície lunar, projecções que se confirmaram em grande parte pelos astronautas do século XX.


Esta antecipação imaginativa e preditiva de uma realidade que a ciência e a técnica só tornaram possíveis 350 anos depois é uma das características que tornam esta obra pioneira do género, que melhor se estabelecerá definitivamente nos finais do século XIX.


Uma outra obra publicada antes do início da pré-história da ficção científica merece referência neste contexto, apesar de ser considerada um texto filosófico. O seu autor é o inglês Sir Francis Bacon (1561-1626), incontornável teorizador e divulgador do método experimental científico desenvolvido pelos seus contemporâneos Galileu e Kepler.


Num pequeno conto intitulado “A Nova Atlântida”, publicado postumamente em 1627, Bacon relata-nos uma ilha prodigiosa e perdida no meio dos mares, cujos habitantes dominavam as ciências e em consequência possuíam tecnologias muito avançadas. Na ilha funcionam várias máquinas e outros inventos que não existiam no século XVII e que, apesar da sua descrição literária e fantasiosa, são de uma antecipação espantosa.


Mas as viagens à Lua continuaram a ser cenário no palco da pré-história da ficção científica. Na história da literatura mundial é melhor conhecida a descrição da ida à Lua do escritor francês Savinien Cyrano de Bergerac (1619-1655): “Histoire Comique des États et Empires de la Lune” (“História Cómica dos Estados e Impérios da Lua”). Escrita entre 1642 e 1655, publicada postumamente 1657, faz a primeira descrição de uma viagem espacial até à Lua. Já não são forças ocultas, como no caso de Kepler. Materializa-se a viagem em veículo próprio. É relatada também a forma como um povo imaginário e lunar, os Selenitas, vêem os terrestres. Num afastamento telúrico e lunar, Cyrano de Bergerac escreve também uma sequela: “História Cómica dos Estados e Impérios do Sol”, publicada também postumamente em 1662.


O progressivo conhecimento do sistema solar, acrescentado então pela sistemática observação do cosmos permitida pelo telescópio -- iniciada em Março de 1610 por Galileu Galilei --, expandiu a imaginação literária e fantasiosa para espaços mais afastados da Terra, da Lua e do Sol. Ou seja, permitiu que a imaginação migrasse para além dos astros do dia-a-dia.


O filósofo francês Voltaire (1694-1778), grande divulgador das ideias da mecânica celeste e da atracção universal do físico e matemático Isaac Newton (1643-1727), escreveu por volta de 1732 um conto de ficção científica intitulado “Micromegas”. Só publicado em 1752, e com o subtítulo “História Filosófica”, Voltaire relata a “viagem de um habitante do mundo da estrela Sirius até ao planeta Saturno”. O viajante é Micromegas, que, ao modo de um Gulliver espacial, visita vários cantos do cosmos e dá-nos conta dos contrastes entre os usos e costumes dos povos que por esses outros mundos astrais vai encontrando.


Apesar de se tratar de ficção científica tal e qual a dimensionamos hoje, Voltaire lavra o seu conto com a ciência da época e a filosofia de todos os tempos. O principal que se sabia de astronomia e física no século XVIII está dito ou subentendido ao longo do texto.


No final, Micromegas oferece aos pequenos humanos, nomeadamente ao secretário da Academia de Paris, um livro de filosofia onde diz estar contido o sentido de todas coisas. Mas esse livro encontra-se inteiramente em branco, numa metáfora de que o conhecimento de um cosmos ordenado estará sempre inacabado.


Há autores que identificam nas várias culturas alienígenas descritas ao longo de “As Viagens de Gulliver”, obra publicada em 1726 por Jonathan Swift (1667-1745), elementos de uma ficção científica de cariz antropológico, em que a fantasia sublinha o espanto das descobertas da zoologia e da botânica, então muito em foco pelas várias expedições naturais-filosóficas efectuadas sob a égide das várias sociedades científicas emergentes no velho mundo ocidental.


Façamos um ponto da situação


Estamos no século XVIII, o século das luzes, com a razão a transitar para o industrializado século XIX. O Homem já não habita mais o centro do Universo e os avanços e descobertas científicas começam a desvendar os contornos da sua natureza biológica e evolutiva. O Homem deixa de ser o centro da criação e tem lugar igual aos dos outros animais e plantas que com ele coabitam um mesmo planeta, com uma história geológica até então inimaginável e insuspeita. Como anteriormente, e sob uma base de conhecimento científico, os medos e os sonhos catárticos desaguam em novos e fantasiosos romances.


Em 1818, Mary Shelley (1797-1851) publica “Frankenstein”. Este outro best-seller da literatura mundial é por alguns autores considerado a obra que define o início do género literário de cuja pré-história temos vindo a perscrutar. Conjuntamente com outro livro de Mary Shelley, “O Último Homem”, publicado em 1826, o figurino do romance científico começa a florestar os territórios da literatura e a ganhar estatuto de género literário próprio.


É de referir ainda uma outra obra, incontornável na integração romanceada do novo conhecimento científico sobre a evolução das espécies e da natureza química e biológica do homem: “O Médico e o Monstro”, escrito em 1886 por Robert Louis Stevenson (1850-1894). Este é outro exemplo excelente do novo romance científico do século XIX, em que as pulsões animalescas e humanas compaginam numa natureza humana una, num conflito imemorial sobre a natureza e lugar do homem na sociedade à luz do conhecimento científico da época.


Recorde-se que Charles Darwin (1809-1882) tinha publicado em 1859 um dos principais livros da história da ciência: “A Origem das Espécies”. Com ele revolucionou o panorama científico e religioso da época, o entendimento sobre a evolução do próprio homem, numa sociedade já por si transformada pela revolução industrial fruto da ciência e da tecnologia.


A ficção científica borbulhava a todo o vapor num espaço que a física e a química modernas estavam então a atomizar e relativizar e em que a telefonia sem fios permitia a comunicação à distância, através do ar, na concretização tecnológica do que antes teria sido pura magia (e bruxaria).


Como escreveu Sir Arthur C. Clarke (1917-2008) “a tecnologia suficientemente avançada é pura magia”. Recorde-se que C. Clarke é considerado o “pai” do primeiro satélite de comunicações geoestacionário, para além de ter sido um profícuo escritor de ficção científica. Exemplo maior é a sua obra “2001- uma Odisseia no Espaço” (que viria a servir de matriz para o guião do filme homónimo realizado por Stanley Kubrick). Mais uma vez ciência, tecnologia e ficção coexistem numa mesma personalidade!


A ficção científica, ao fixar ciências e tecnologias descontextualizadas no tempo e no espaço, permitiu a discussão de hipóteses, conjecturas, ideias, sonhos (que são força motriz do conhecimento e da confiança no ser humano em resolver problemas), que de outra forma seriam sublimados sob o calor de uma fogueira inquisitorial. É a extrapolação do que se conhece cientificamente e que através do sonho se projecta para um futuro de esperança.


E, por último, o fim da pré-história da ficção científica. Principal e indubitavelmente com Júlio Verne (1828-1905) e com H.G. Wells (1866-1946), o género afirma-se distinguível de qualquer outro e atinge um admirável mundo novo, desde a Lua ao centro da Terra, em que as viagens no tempo e no espaço ultrapassam todos os limites físicos conhecidos, mas passando sempre e sempre pela reflexão sobre a natureza, origem e destino do próprio homem por universos em expansão.


Nota: As obras e os autores e cientistas referidos ao longo deste texto, publicado em três partes neste Diário de Coimbra, são os de referência para traçar uma linha condutora e cronológica para uma pré-história do género compreendido pela ficção científica. Outras haverá por incluir. Quase todas estão por traduzir para a língua portuguesa. Assim, este texto pretende ser mais um ponto de partida para uma viagem pelo imaginário humano, do que uma lista exaustiva e acabada de uma história ainda muito pouco conhecida e consensual.


Votos de Próspero Ano Novo com Saúde!


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Conferência de Natal Ciência Viva

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1608375595020{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1608375577488{margin-left: 26px !important;}"]A Conferência de Natal Ciência Viva de 2020 vai realizar-se no dia 21 de dezembro, às 19.00, no Teatro Nacional São João, Porto, e com transmissão online em www.cienciaviva.pt e Antena 1.


Estará presente o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.


Que efeitos tem o stress no nosso cérebro e no nosso comportamento? Será que nos tornamos mais sociáveis, cooperantes ou empáticos em momentos de crise? E no Natal?


Na Conferência de Natal Ciência Viva, o psiquiatra Júlio Machado Vaz e o patologista Manuel Sobrinho Simões discutem as interações entre o comportamento social e a herança biológica, em contextos de stress ou de crise como aquele em que atualmente vivemos.


Será uma sessão especial de "Old Friends", podcast e programa semanal da Antena 1, com moderação dos jornalistas Tiago Alves e Miguel Soares.


As Conferências de Natal Ciência Viva são organizadas em parceria com instituições científicas de referência, nacionais e estrangeiras. São inspiradas nas Christmas Lectures do Royal Intitution de Londres, criadas em 1825 por Michael Faraday, e destinam-se a públicos de todas as idades.


 Manuel Sobrinho Simões é reconhecido como um dos patologistas mais influentes do mundo. É fundador do IPATIMUP e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, colaborando com outras instituições internacionais de referência nas áreas da patologia e do cancro. Foi Grande Prémio Ciência Viva em 2016.


Júlio Machado Vaz é médico psiquiatra e foi Professor do Departamento de Ciências do Comportamento do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.
É Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Presença assídua na comunicação social, é autor de várias publicações da sua especialidade.


 Online


Transmissão via streaming em www.cienciaviva.pt e Antena 1 sem necessidade de registo prévio.


Presencial


Sessão para todos os públicos, com número limitado de lugares.
Inscrições aqui[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Descoberta abre caminho para a utilização do nylon em “e-têxteis”

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1605122353416{margin-bottom: 30px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1605122340566{margin-left: 25px !important;}"]Pela primeira vez, uma equipa de cientistas que inclui o português Paulo Rocha, do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra (UC), produziu fibras de nylon piezoelétrico (com propriedades eletrónicas desejadas), abrindo caminho para a utilização deste tecido em têxteis eletrónicos inteligentes e vestíveis (ou e-têxteis).

Introduzido pela primeira vez na década de 1940 em meias, o nylon é uma das fibras sintéticas mais usadas em têxteis. No entanto, a produção de e-têxteis à base deste material permaneceu indefinida até hoje devido à dificuldade de se atingir a fase piezoelétrica nas fibras de nylon.

«A procura de têxteis eletrónicos e inteligentes tem vindo a crescer, devido à viabilidade comercial e ao interesse dos consumidores. Contudo, a indústria têxtil enfrenta, atualmente, o desafio de encontrar fibras de materiais eletrónicos baratos e prontamente disponíveis que sejam adequadas às roupas modernas», contextualiza Paulo Rocha.

Os materiais piezoelétricos, explica, «são amplamente usados em aplicações de sensores e estão entre os candidatos viáveis para a captação de energia de vibrações mecânicas, como o movimento corporal. Em média, o nosso corpo produz cerca de 100W. Então por que não usar esta fonte de energia?».

Este estudo [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""], liderado por Kamal Asadi, investigador do Instituto Max-Planck, na Alemanha, e professor da Universidade de Bath, no Reino Unido, centrou-se no nylon - que é um polímero piezoelétrico - justamente por ser muito utilizado pela indústria têxtil, mas cuja funcionalidade piezoelétrica na forma de fibra não foi alcançada desde a sua invenção.

«Pela primeira vez, demonstramos a fase piezoelétrica em fibras de nylon e mostramos que essas fibras podem ser usadas para a criação e deteção de eletricidade. Considerando o facto de que os nylons são materiais muito procurados na indústria têxtil, a demonstração de fibras de nylon piezoelétrico será um avanço substancial na indústria», revela Paulo Rocha.

A produção das primeiras fibras de nylon piezoelétrico do mundo foi possível através da engenharia de «uma mistura de solventes e técnica de eletrofiação [técnica que permite a produção de nanofibras], que permitiu a fabricação de fibras com diâmetro bem controlado na fase cristalina piezoelétrica desejada. As fibras de nylon piezoelétrico apresentam uma resposta eletromecânica muito forte quando recebem impactos mecânicos. Além disso, propomos um método para aumentar ainda mais a atividade piezoelétrica das fibras de nylon», descreve o investigador do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

«A disponibilidade de baixo custo e a presença de uma indústria estabelecida permitiriam o aumento da escala das fibras de nylon piezoelétrico em direção aos aparelhos inteligentes acessíveis», realça Paulo Rocha, ou seja, a descoberta, já publicada na revista científica Advanced Functional Materials, apresenta infinitas possibilidades, até mesmo a geração de energia portátil.

Mas uma coisa é certa, independentemente da aplicação prevista, esta equipa deu o primeiro grande passo em direção a um tecido piezoelétrico baseado em nylon.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

COVID-19: Consórcio liderado pela UC desenvolve testes rápidos de baixo custo para detetar a resposta imunitária ao vírus SARS-CoV-2

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1603183682337{margin-bottom: 50px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1603183668028{margin-left: 26px !important;}"]Desenvolver testes inovadores, rápidos e de baixo custo, para monitorizar os anticorpos para a COVID-19, no soro ou na saliva, é o que propõe o projeto “TecniCov”, que obteve um financiamento de 450 mil euros da Agência Nacional de Inovação.


O projeto é liderado por Goreti Sales, da Universidade de Coimbra (UC), em parceria com equipas da Universidade Nova de Lisboa, do Instituto Superior de Engenharia do Porto e da empresa INOVA+, coordenadas, respetivamente, por Elvira Fortunato, Felismina Moreira e Raquel Sousa.


«Neste momento da pandemia, importa monitorizar com maior rapidez e menor custo os anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2, mas a eficácia deste processo depende da fase da doença em que cada indivíduo se encontra e do objetivo clínico dessa monitorização, que pode ser um simples rastreio ou uma quantificação rigorosa», explica Goreti Sales, salientado que o projeto “TecniCov” propõe, por isso, «um conjunto de técnicas novas, independentes e complementares, adequadas aos diferentes cenários».


Especificamente, esclarece a docente do Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), estas técnicas «incluem tiras de teste em papel (tipo tira de urina), sistemas de fluxo lateral (tipo teste de gravidez) e sensores eletroquímicos (tipo tira de diabetes), articuladas com ferramentas informáticas adequadas, que visam facilitar a interação com o utilizador e a organização da recolha de dados».


A grande inovação deste projeto para detetar a resposta imunitária ao vírus da COVID-19, de acordo com a cientista, «centra-se na utilização de materiais sintéticos de elevada afinidade para os anticorpos produzidos in vivo, que permitirão a produção de


testes rápidos com elevada sensibilidade e baixo custo, enquanto asseguram uma capacidade produtiva futura destes testes à escala mundial».


Assim, acrescenta, «espera-se que estes dispositivos sejam produzidos a baixo custo e numa escala global, cumprindo assim as necessidades globais das autoridades de saúde do ponto de vista de gestão da pandemia».


Os testes desenvolvidos no âmbito do projeto, que tem a duração de oito meses, vão ser validados pelas investigadoras Ana Miguel Matos e Teresa Rosete, do laboratório de análises clínicas da UC dedicado à COVID-19.


Os grupos de investigação envolvidos no projeto são o BioMark do Centro de Engenharia Biológica (CEB) e o CENIMAT do Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação (i3N).[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Ciclo de Conferências “De olhos postos na ciência”

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1603105306745{margin-bottom: 60px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1603105452964{margin-left: 26px !important;}"]

 A Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) vai dedicar, uma vez mais, os meses de Outubro e Novembro à ciência e à educação. Comissariado por Carlos Fiolhais e David Marçal, o ciclo de conferências arranca esta quarta-feira, dia 21 de Outubro. Todas as semanas, durante um mês, oradores nacionais e internacionais vão discutir temas tão distintos como o cosmos e a exploração do espaço, a preparação para pandemias e a genética do envelhecimento, numa série de conferências dedicadas a refletir sobre os motivos pelos quais podemos ter esperança na ciência.


Como podemos preparar-nos melhor para enfrentar pandemias? Porque devemos confiar na ciência do clima e da saúde? De que forma o stress pode acelerar ou retardar o nosso envelhecimento?  Para reflectir sobre estas e outras questões a Fundação convidou especialistas nacionais e internacionais que, ao longo das próximas semanas, vão participar em debates e conferências digitais transmitidos no seu site e nas suas redes sociais.


A primeira iniciativa do Mês da Ciência e da Educação tem lugar esta quarta-feira, dia 21 de Outubro, às 21h00. Na conferência «Cosmos: Mundos Possíveis» [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] , a escritora e produtora Ann Druyan, vencedora de um Emmy,  e o físico Carlos Fiolhais conversam sobre a humanidade, de onde viemos e para onde vamos. Co-criadora da série televisiva “Cosmos”, Ann Druyan falará também sobre o seu novo livro “Cosmos: Mundos Possíveis”.


 No dia 28 de Outubro, na conferência “Preparação para Pandemias [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] ” Nahid Bhadelia, médica infecciologista da Universidade de Boston e Filipe Froes, pneumologista e coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19, discutem como a ciência pode contribuir para estarmos mais preparados  para futuras pandemias e que lições de governação podem ser retiradas de outras epidemias recentes.


«Porquê confiar na ciência do clima, e não só?» [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] é o tema da conferência de dia 4 de Novembro, que conta com a participação da historiadora de ciência e colunista da revista Scientific AmericanNaomi Oreskes e do bioquímico David Marçal. Esta sessão inclui também o pré-lançamento da edição portuguesa do livro de Oreskes: “Porquê confiar na Ciência».


 A 11 de Novembro, a conferência «Genética, stress crónico e envelhecimento [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""]»  junta Elissa Epel, psicóloga especialista em envelhecimento e obesidade na Universidade da Califórnia, e  Elsa Logarinho, investigadora de genética do envelhecimento do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3s).


 O ciclo chega ao fim com a conferência GPS «Como comunicar ciência ao público em geral? [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""]» , no dia 18 de Novembro, que conta com a participação do astrofísico português, Pedro Russo, e de Ana Godinho, directora de educação, comunicação e divulgação do CERN.


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Covid-19: estudo avalia o impacto do isolamento social no bem-estar físico e psicológico de adultos e idosos

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1602577725279{margin-bottom: 50px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1602577711016{margin-left: 26px !important;}"]Uma equipa da Universidade de Coimbra (UC) está a desenvolver um estudo para avaliar o real impacto do isolamento social imposto pela pandemia de COVID-19 no bem-estar físico e psicológico de adultos e idosos, especialmente no desenvolvimento de psicopatologia e na associação ao risco para declínio cognitivo.


Por outras palavras, a equipa liderada por Sandra Freitas, do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), está a investigar as possíveis alterações na sintomatologia depressiva, capacidade funcional, queixas de memória, estado cognitivo e qualidade de vida da população portuguesa, causadas pelo confinamento decorrente da pandemia de COVID-19.


Para se poder comparar o funcionamento cognitivo e psicológico da pessoa antes e após o confinamento social obrigatório, foram recrutados 250 adultos (a partir dos 50 anos) e idosos de todo o país que já tinham participado em estudos anteriores, uma vez que o grupo de Sandra Freitas se dedica à investigação de alterações neuropsicológicas, patológicas ou não, resultantes do envelhecimento. Deste modo, «é possível uma avaliação mais rigorosa do impacto do isolamento social na saúde mental, dado que tínhamos dados prévios à pandemia», explica a coordenadora do estudo.


Tendo em vista uma análise detalhada do impacto do isolamento social face à pandemia COVID-19 na saúde mental desta franja da população portuguesa, os participantes foram sujeitos, através de videochamada, a baterias de avaliação (neuro)psicológica específicas para estes fins, examinando-se alterações na sintomatologia depressiva, de ansiedade e stress, da qualidade e satisfação de vida, da capacidade funcional, das queixas de memória e do estado cognitivo.


Foram ainda observadas possíveis relações com características sociodemográficas e perfis de risco, bem como a «literacia existente entre os participantes para temas relacionados com a COVID-19, isolamento social e saúde mental», refere a investigadora do CINEICC.


Numa primeira análise aos dados obtidos até ao momento, Sandra Freitas adianta que «o período de confinamento obrigatório favoreceu significativamente o desenvolvimento de maiores níveis de sintomatologia depressiva e, consequentemente, pior qualidade de vida nos portugueses».


Na ótica da investigadora, os resultados finais do estudo em curso serão fundamentais «para compreender o modo como a saúde mental de cada franja sociodemográfica sai afetada com esta crise pandémica, tecer recomendações baseadas na realidade portuguesa, planear intervenções futuras para a prevenção da saúde mental em situações similares, entre muitos outros aspetos».


Sandra Freitas afirma ainda que as conclusões desta investigação se destinam a todos os «cuidados de saúde primários (clínica geral e familiar) e especializados (psiquiatria, neurologia, psicologia e todos os profissionais da saúde mental), bem como à população em geral, alertando e sensibilizando para as problemáticas e franjas populacionais de maior risco».


No âmbito deste projeto, também foi desenvolvida uma página web, CuidaIdosaMente, com o objetivo de aumentar a literacia para a saúde mental e fornecer estratégias preventivas a toda a população, ou seja, clarifica Sandra Freitas, «pretendemos dar a conhecer os fatores de risco para a saúde mental durante o isolamento social e partilhar conhecimentos e estratégias que promovam a sua prevenção».


Esta investigação é financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), através da 1ª edição Research4COVID-19, e conta com a colaboração de uma investigadora do Centro de Investigação GeoBioTec da Universidade de Aveiro.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

StayAway COVID19: hesitação intermitente?

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1601636570298{margin-bottom: 100px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1601636555598{margin-left: 26px !important;}"]Por toda a Europa se têm estado a implementar apps de rastreio COVID19. Alguns países (ex. Alemanha; Itália) já estão, inclusive, a participar em testes de infraestrutura iniciados pela UE para operacionalizar um interoperability gateway service [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""]. O objetivo será algo como a comunicação interativa das apps entres os países, ou seja, um intercâmbio seguro de informações entre os back-ends na esperança de complementar ou potenciar algumas medidas (ex. o aumento de testes). Ao mesmo tempo, certamente, evitar para quem viaja pela Europa possa ver-se obrigado a fazer download de diferentes apps.

Contudo, diversas personalidades do contexto científico têm alertado para a necessidade de um debate transparente que explicite de modo simples quais os maiores desafios destas apps do ponto de vista ético, do ponto de vista jurídico e do ponto de vista técnico. Luciano Floridi, professor no âmbito da Filosofia e Ética da Informação e Diretor do Laboratório de Ética Digital na Universidade de Oxford escreveu um artigo que começa do seguinte modo: “App coronavirus devono essere etiche o è meglio rinunciare [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""]”!

Em Portugal também fora recentemente lançada a app StayAway COVID19 desenvolvida pelo INESC TEC e promovida pela Direção-Geral da Saúde [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""], em vista a tentar corresponder de modo célere aos atuais desafios. Todavia, o facto da app StayAway COVID19 ser voluntária, anónima e segura cumprindo, à partida, todos os requisitos de Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados 2016/679 (RGPD) e seguindo o Guia de Orientação sobre aplicações de apoio à luta contra a pandemia COVID 19 face à proteção de dados 2020/C 124 I/01 [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] parece ainda não ser suficiente para conquistar a confiança pública. Como podemos entender esta hesitação?

Numa entrevista ao Jornal Eco [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""], no dia 21 de setembro, com Rui Oliveira (administrador do INESC TEC) pode ler-se: “Cerca de três semanas depois do lançamento, a aplicação de rastreio portuguesa StayAway Covid já superou o milhão de downloads. O número é quase 10% da população de Portugal, mas representa mais de 15% dos 6,5 milhões de portugueses que o INESC TEC calcula terem um telemóvel capaz de correr a app”.

Desde logo é importante ressalvar a diferença entre fazer o download e usar efetivamente a aplicação, bem como é importante deixar claro que ter um telemóvel capaz de correr a aplicação e ter habilidades digitais básicas são aspetos que não se confundem e carecem de diferentes medidas de comunicação para que se verifique a desejada eficácia. Também as questões de privacidade deixam de se colocar? Não. E as questões sobre privacidade podem ser menos urgentes em detrimento do contexto em si? Depende.

Se a eficácia da aplicação vai depender de x % da população Portuguesa fazer o download e utilizar a aplicação seria importante acompanhar os desafios do Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade (IDES) [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""]). No relatório de 2018 [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] e que se mantém no ano de 2019 pode ler-se: “Metade da população portuguesa não possui as competências digitais básicas necessárias para utilizar eficazmente a Internet e 30% não tem quaisquer competências digitais (sobretudo porque não utilizam a Internet ou só o fazem raramente).”

Assim, talvez fosse uma boa oportunidade para promover a alfabetização digital em Portugal, para falar dos planos municipais de inclusão digital. Caímos no risco de incentivar o uso de uma aplicação para a qual ainda não houve tempo suficiente para ser pensada a/o política/ protocolo de utilização no seu sentido lato. Uma aplicação faz sempre parte de uma estratégia maior, mas também é preciso ter enquanto nota mental o perigo de uma falsa sensação de segurança. Basta que se façam as questões certas: Qual é a percentagem de utilização por áreas geográficas? Se estivermos a falar de focos centralizados de pessoas/utilizadores, o beneficio recaí mais sobre o bem individual ou sobre o bem comum?

A hesitação face à aplicação Stay Away COVID19 assume muitos rostos, muitas dúvidas de diferentes ordens e nunca a validade de algo se confunde com a sua eficácia. Em matéria de saúde pública e de comunicação em saúde esta aplicação deve potenciar algumas medidas, mas nunca substituir-se à eficiência das mesmas e nunca o argumento do bem comum e da responsabilidade social pode validar a demissão da responsabilidade governativa no exercício da transparência.

Talvez seja um bom momento para adaptar a velha máxima: “go big or go home” para go big or stay home, stay safe.

Lia Raquel Neves
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

O sonho

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="9" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1599758938676{margin-left: 26px !important;}"]O sonho é, de facto, uma constante da vida, ou mais precisamente dos seres vivos.

Demócrito sonhou com o átomo. Mas foi Aristóteles, que não possuía equipamentos de ressonância magnética, o primeiro a observar que até insectos, como as abelhas, sonham. Que sonham, quiçá com coreografias, desenhos de néctar, no palco hertziano de uma passarola solar. Mas sonham!

Freud, que não sabia como Damásio da natureza molecular, fisiológica e anatómica das emoções, pressentiu nos sonhos os desejos por interpretar da terra do subconsciente. Desejos de terras distantes, de superfícies lunares.

Aserinsky e Kleitman, que não sabiam bolinar, encontraram ilhas de sonho no mar do sono. Designaram estas janelas interiores por sono R.E.M. (Rapid Eye Movement). Por elas, a actividade neuronal expressa nos registos electrofisiológicos, é semelhante à do estado de vigília, quando estamos acordados!

Mas por essas janelas cogitamos sem nos movermos. Mas o sonho, esse avança por essas ilhas de sono R.E.M.

Hobson e McCarley, sem saberem voar, postularam que os sonhos são experiências sensoriais cerzidas pelo tear do cortéx cerebral, que usa fios de sinais aparentemente caóticos, emanados desde a Ponte de Varólio, estrutura primeva do tronco cerebral, que partilhamos com os répteis e com as aves.

Payne e Nadal, que não eram poetas, definiram o sonho como o resultado de uma semântica feita com memórias, que nele se consolidam numa fluida narrativa, como pedaços de vida acordada, mas intangível e que foge à recordação mais consciente.

Se o sonho ocorre, é porque tem uma função específica e útil para as redes neuronais e suas complexas interacções entre as diferentes partes do cérebro. É porque foi uma melhor adaptação para a realidade evolutiva segundo Darwin!

Mas quais são os caminhos do sonho? Em que vagas de ondas de impulsos, ditos nervosos, avança ele, por entre milhões de neurónios, até à praia da nossa consciência?

No oásis onírico revoltam-se as essências, ocorrem flutuações na concentração de iões e moléculas. Mas há átomos e moléculas do sonho?

Sim. Alguns iões, principalmente os de sódio e potássio. E que moléculas? Certas combinações de não mais de duas dúzias de átomos de carbono, oxigénio, nitrogénio e hidrogénio. Átomos forjados em estrelas, mais ou menos distantes, e que hoje formam neurotransmissores, quais caravelas transportando mensagens.

Allan Hobson sonhou quantificar as moléculas do sonho. Mostrou que no sono do sonho, as concentrações nos fluidos cerebrais de neurotransmissores como a serotonina, a histamina e a noradrenalina estão diminuídas, e isto inibe as vias neuro-motoras, relaxando o corpo.

Por outro lado, neurónios colinérgicos na Ponte de Varólio aumentam as vagas de acetilcolina em direcção ao córtex e em níveis semelhantes ao estado acordado. Será a acetilcolina (C7H16NO2) a molécula do sonho?

Nesta janela bioquímica que também é o sonho, o córtex cerebral tenta organizar as incessantes e anacrónicas vagas de impulsos. E com a matriz de padrões feitos de sensações e emoções quotidianas, o cérebro cortical vê, sente, ouve sem gastar os sentidos. Revisita a caderneta das nossas vivências, dos nossos planos futuros e compara-os, mistura-os, experimenta-os em novos cenários interiores, para forjar no silêncio sonoro e visual uma “alquimia” de novos e úteis padrões de comportamento. E faz tudo isto e muito mais, sem cansar o corpo.

Mas no mar da vigília, também há ilhas de sonho. Ao sonhar acordados, co(a)gitamos as ressonâncias entre experiências passadas com as possibilidades futuras, permitimos que soluções novas, para problemas velhos, floresçam de entre razões enrodilhadas.

E através da paleta das ressonâncias magnéticas funcionais, sonhamos nós um dia poder ver as cores de um sonho qualquer, “como bola colorida entre as mãos de uma criança” como escreveu, sonhando, Rómulo de Carvalho na sua pérola poética enquanto António Gedeão.

Sonhemos…[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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