Os cientistas debruçaram-se então sobre a atração entre duas pessoas e foi na atuação de sinais químicos que permitem a membros da mesma espécie comunicarem à distância, que encontraram a chave que permite abrir algumas portas. E também corações!
As glândulas espalhadas pela pele humana produzem secreções que conferem a cada pessoa um cheiro distinto. Estas secreções são captadas pelas pessoas próximas, traduzindo-se num odor característico do sujeito que o está a libertar. Verificou-se que uma pessoa aprecia mais o cheiro de alguém que tem um perfil genético (ADN) mais diferenciado, um sistema imunitário mais distinto (quanto maior essa diferença, maior é a resistência a um número superior de doenças). Esta seleção de parceiro, inconsciente, tem muito a ver com o processo biológico da escolha do melhor par para reprodução, normalmente aquele que irá conferir “melhores garantias genéticas”.
Há quem lhe chame destino, mas os cientistas atribuem esta “escolha” precisamente a essas substâncias químicas (a que deram o nome de feromonas), e que estimulam um dos comportamentos mais comuns no Ser Humano: a atração sexual. O aroma das feromonas é detetado ao nível do sistema límbico, aumentando o efeito passional da dopamina no cérebro (que atua como chamariz sexual).
E como ocorre essa atração? Na fase inicial, somos inundados de esperança e ansiedade, com o cérebro a ser banhado com substâncias estimulantes, como a feniletilamina, a serotonina, a dopamina, a noradrenalina e a própria adrenalina. Estes compostos são responsáveis pela excitação e euforia próprias desses momentos, mas também são geradores de grande desassossego. É por isso que duas pessoas apaixonadas não sentem fome e aguentam a noite em branco.
Essa euforia cria mesmo dependência, mantendo o corpo numa constante ansiedade. Para o evitar, o organismo processa uma segunda secreção de substâncias, os opiáceos naturais. É o caso das endorfinas, compostos que conferem uma sensação de paz e tranquilidade; da vasopressina, a hormona relacionada com a fidelidade; e da oxitocina, responsável pela sensação de ligação e de apego. Estas moléculas contribuem para uma relação duradoura que promove uma nova família.
No entanto, após os primeiros anos, há diminuição das substâncias e o corpo começa a não receber “a sua dose diária”. É a chamada “Química do Desamor”. A Evolução também tem a sua quota-parte de responsabilidade neste processo. Efetivamente, depois da paixão (com o intuito de interação sexual e procriação, para a continuidade da espécie), seguem-se os químicos promotores da estabilidade da relação (apego e fidelidade), responsáveis por manter essa “ligação” durante os anos imediatos ao nascimento da cria.
Contudo, a Natureza segue o seu curso “natural”, e assim que as crias estão aptas, deixa de fazer sentido a manutenção dessa relação. Decai, pois, a presença desses químicos, levando a que os pais partam à procura de novos relacionamentos, cruzando os seus genes com outros parceiros. Uma espécie de “garantia de maior diversidade genética” e assim assegurar a continuidade das espécies…
Também nos humanos, uma em cada três pessoas dispõe-se a terminar a sua relação. Há quem diga que esta “química do desamor” é a responsável pela “tristemente famosa crise dos 7 anos”, que todos já ouvimos falar (a propósito do casamento).[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]