O mais antigo genoma humano moderno

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="9" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1618490299260{margin-left: 26px !important;}"]A análise do ADN antigo dos Neandertais e dos primeiros seres humanos modernos demonstrou, recentemente, que os grupos provavelmente se entrecruzaram algures no Próximo Oriente, depois dos seres humanos modernos terem deixado África há cerca de 50 mil anos. Como resultado, todas as pessoas fora de África transportam cerca de 2% a 3% de ADN Neanderthal. Nos genomas humanos modernos, esses segmentos de ADN Neanderthal tornaram-se cada vez mais curtos ao longo do tempo e a sua duração pode ser usada para estimar quando um indivíduo viveu. Dados arqueológicos, publicados no ano passado, sugerem ainda que os humanos modernos já estavam presentes no sudeste da Europa há 47-43 mil anos atrás, mas devido à escassez de fósseis humanos bastante completos, e à falta de DNA genómico, há pouca compreensão de quem foram estes primeiros colonos humanos - ou das suas relações com grupos humanos antigos e actuais.

Num novo estudo [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""] publicado há dias na revista Nature Ecology & Evolution, uma equipa internacional de investigadores relata o que é provavelmente o mais antigo genoma humano moderno sequenciado até hoje. Descoberta pela primeira vez na República Checa, a mulher da espécie Homo sapiens, conhecida pelos investigadores como Zlatý kůň (cavalo dourado em checo), exibia extensões mais longas de ADN Neandertal do que o indivíduo Ust'-Ishim de 45 mil anos de idade encontrado na Sibéria, que era o mais antigo genoma humano moderno até há pouco conhecido. A análise genética sugere que ela, Zlatý kůň, fazia parte de uma população que se formou antes das populações que deram origem à divisão entre europeus e asiáticos dos dias de hoje.

Um estudo antropológico recente baseado na forma do crânio de Zlatý kůň mostrou semelhanças com pessoas que viviam na Europa antes do Último Máximo Glacial - pelo menos há 30 mil anos - mas a datação por radiocarbono tinha produzido resultados contraditórios, alguns indicando que o crânio teria só 15 mil anos. Só quando Jaroslav Brůžek da Faculdade de Ciências de Praga e Petr Velemínský do Museu Nacional de Praga colaboraram com os laboratórios de genética do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, é que foi possível esclarecer as contradições entre os vários tipos de datação. "Encontrámos provas de contaminação de ADN de vaca no osso analisado, o que sugere que uma cola à base de matéria proveniente dos bovinos utilizada no passado para consolidar o crânio estava a produzir datas radiocarbónicas mais recentes do que a verdadeira idade do fóssil", diz Cosimo Posth, co-líder autor do estudo, num comunicado do Instituto Max Planck. Posth foi anteriormente líder do grupo de investigação do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana e é actualmente Professor de Arqueo e Paleogénese na Universidade de Tübingen, na Alemanha.

Contudo, foi o ADN Neanderthal que levou a equipa às suas principais conclusões sobre a idade do fóssil. Zlatý kůň continha aproximadamente a mesma quantidade de ADN Neanderthal no seu genoma, como Ust Ishim ou outros humanos modernos fora de África, mas os segmentos com ascendência Neanderthal eram, em média, muito mais longos.
"Os resultados da nossa análise de ADN mostram que a Zlatý kůň viveu mais perto no tempo do evento de mistura com os Neandertais", explica Kay Prüfer, co-autor do estudo, no comunicado já citado.

Os cientistas conseguiram estimar que a Zlatý kůň viveu aproximadamente 2 mil anos após o cruzamento com neandertais dos seus antepassados. Com base nestas descobertas, a equipa argumenta que Zlatý kůň representa o genoma humano mais antigo sequenciado até hoje.

"É bastante intrigante que os primeiros humanos modernos na Europa não tenham tido sucesso! Tal como com Ust'-Ishim e o crânio europeu até agora mais antigo do Oase 1, Zlatý kůň não mostra qualquer continuidade genética com os humanos modernos que viveram na Europa há 40 mil anos", comenta Johannes Krause, autor principal do estudo e director do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva.

Uma explicação possível para a descontinuidade é a erupção vulcânica Ignimbrite Campaniana ocorrida há cerca de 39 mil anos, que afectou gravemente o clima no hemisfério norte e pode ter reduzido as hipóteses de sobrevivência dos Neandertais e dos primeiros seres humanos modernos em grandes partes da Europa da Idade do Gelo.

À medida que os avanços na sequenciação de DNA humano antigo revelam mais sobre a história da nossa espécie, os futuros estudos genéticos de outros indivíduos europeus primitivos ajudarão a reconstruir a história e o declínio dos primeiros humanos modernos a expandir-se para fora de África e para a Eurásia antes da formação das populações não africanas dos tempos modernos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Investigador da Universidade de Coimbra ganha bolsa americana para estudar o período helenístico no nordeste da Síria

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1616406474239{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="9531" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1616406461785{margin-left: 26px !important;}"]André Tomé, investigador do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAACP), da Universidade de Coimbra, acaba de ganhar uma bolsa do Harvard Museum of the Ancient Near East, nos Estados Unidos da América, com o projeto de trabalho “Tell Beydar (1992-2010) – A Seleucid-Parthian Settlement in Northeastern Syria”, coordenado pela professora Maria da Conceição Lopes.


Com a duração de dois anos, a bolsa foi obtida num concurso internacional no âmbito de um programa que financia estudos e publicações arqueológicas – White Levy Program for Archaeological Publications –, gerido pela Universidade de Harvard.


O trabalho distinguindo retoma um importante projeto da Universidade de Coimbra que decorreu na Síria entre 2008 e 2010. Na altura, a equipa de Maria da Conceição Lopes participou ativamente nos trabalhos de investigação no terreno, criando importantes sinergias e a possibilidade de, a longo prazo, estudar um importante acervo de um período compreendido entre o século III a.C. e o século I d.C., ainda pouco conhecido, contrastando com o que se conhece da cidade do III milénio.


«Com o apoio do CEAACP, decidimos candidatar o estudo e a publicação de um conjunto de dados novos referentes à época helenística de Tell Beydar, um sítio arqueológico com mais de cinco mil anos que é essencialmente conhecido por ser das primeiras grandes cidades da Alta Mesopotâmia, onde surgiram, por exemplo, algumas das primeiras tabuinhas com escrita cuneiforme encontradas na Síria», descreve André Tomé.


Mais especificamente, «pretendemos finalizar os trabalhos iniciados e trazer a discussão aquele que é um dos acervos mais importantes para o conhecimento desta época. Perceber os processos de hibridização entre comunidades indígenas e as novas influências gregas, ou qual a forma de organização destes territórios e da sua exploração nos séculos após as conquistas de Alexandre o Grande, são algumas questões a que procuraremos responder», clarifica o investigador do CEAACP.


Aos trabalhos de investigação foi atribuída uma bolsa no valor de 30 mil dólares. A publicação que daí resultará será assegurada pelo Centro Europeu para os Estudos da Alta Mesopotâmia (ECUMS).[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Democracia: horizonte infinito e interior do Mundo

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="20" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1611507852576{margin-left: 26px !important;}"]Somos filhos, e só depois haveríamos de ser filhas, da Revolução Francesa de 1789, cujos três valores são, ainda, aprendidos na Escola: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. O primeiro é um grito aturdido, o segundo uma aspiração actual, o terceiro não se pronuncia. Como qualquer grito, e sendo humano adquire proporções de angústia inapelável, dá-se um eco a que os demais seres humanos devem dar resposta, nomeadamente, acolhendo o aflito e tranquilizando-o: somos iguais. Perplexo, o aflito vê-se nos braços do diferente e este vê-se a braços com o estranho: na alteridade, portanto, começa a Fraternidade.

A Democracia nasce aqui: numa Liberdade que é braço estendido, numa Igualdade que é justiça social, numa Fraternidade que é cura individual-colectiva. Que se diga contemporaneamente que a democracia é laica e republicana explica, por um lado, a dificuldade em pronunciar a palavra Fraternidade, por outro, o longo caminho que as filhas tiveram de percorrer. O assunto não deve descurar-se, porque: a cidadania, chapéu que abriga do sol e da chuva na democracia, foi o do cidadão por muito tempo, autónomo e soberano, senhor de si, e apontando a vulnerabilidade à mulher, que tornou bode expiatório dos seus pecados. Portanto, cabe questionar: o que é uma cidadã? Autónoma e soberana, senhora de si? Decalque do cidadão? É que não podemos simplesmente ignorar as posições fundacionais, por um lado, e, por outro, entender a vulnerabilidade como uma questão histórica, já que é essencialmente constitutiva do humano: cidadão e cidadã, depois. E se nos rebelamos contra a asserção de que “um homem não chora”, poderemos em consciência julgar uma mulher que derrama lágrimas?

Portanto, a República, além de ter sido construída sem as mulheres, foi-o contra elas, numa dupla estratégia: afastando-as efectivamente – legal e politicamente, e extirpando do cidadão a vulnerabilidade constitutiva enquanto humano. Nesta “origem” fendida manifestamente pouco confortável, em tempos actuais de denúncia do que se intitula ser um pensamento binário, sintetiza-se uma ponderação de forças que nos afecta como colectivo, e encarna nos sujeitos singulares. O pendor corporativo da República e a vocação argumentativa da Democracia estão, assim, a nu, precisamente por esta “origem” fendida: daquele chega-nos aquilo a que chamo a dialéctica triste – que é a das trincheiras: homem versus mulher, branco versus negro, alto versus baixo, magro versus gordo, etc; daquela surge-nos uma vigília incansável, que não sintetiza pelos opostos, mas que é condição para traçar os percursos, para promover as possibilidades, para saborear as palavras, para medir as distâncias, para criar os horizontes, para passar os testemunhos.

Por tal, não é a Democracia que deve questionar-se enquanto “sistema” político, mas sim a República aquela que deve ser alvo de uma constante arqueologia crítica: porque a Democracia é a “casa” que devemos permanentemente criar e a República um convite à educação permanente com a alteridade, ou seja, para a diferença. A Democracia não começou exactamente na Grécia Antiga, nem mesmo no horizonte da republicana Revolução Francesa; a Democracia é muito nova, tendo nascido quando integrou as Mulheres, que não são uma das minorias a quem se reconheçam os mesmos direitos partilháveis por grupos sucessivamente mais alargados, mas quem engendra comunalmente com os Homens, logo, as Mulheres e os Homens são os fertilizadores da sociedade. Sendo o par Feminino/Masculino metafísico e transcendental, a Democracia deveria prevalecer como horizonte infinito e interior do Mundo, confundindo-se com o ar que respiramos.

José Mattoso escreveu-o há bastante tempo, no que à História respeita, ou seja, em relação ao estudo do passado para que se fortaleça um presente e se criem horizontes de futuro: que a dialéctica do Feminino/Masculino obrigará a reescrever tudo, não se podendo cingir a meros apêndices que dão conta da especificidade da experiência relativa às mulheres. Por outro lado, o simples reconhecimento tão recente desta dialéctica prova-nos que permanecemos numa espécie de infância do Mundo e da Humanidade, o que pode parecer paradoxal e incrédulo, sobretudo no momento grave e solene que estamos a viver planetariamente. O olhar, todavia, que se dirige a uma questão histórica, pese embora preservando um pressuposto de rigor factual, é fundamental para que nos possamos reinventar, sempre.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

O feminino: coordenada cultural contemporânea?

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="20" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1608462216974{margin-left: 26px !important;}"]No que respeita a homens e mulheres insiste-se no mundo Ocidental, no qual as conquistas pelas últimas têm sido notórias, em políticas de igualdade: são estas que marcam as agendas europeias, nas quais inevitavelmente Portugal se inscreve. Todavia, os números que nos devolvem a violência exercida sobre as mulheres continuam a ser preocupantes e culminam demasiadas vezes no homicídio, além de poderem ser detectados outros índices, estes relacionados com um mal-estar civilizacional evidente. Não é de reflectir, por exemplo, que as mulheres cheguem aos escaparates das livrarias com a sua produção literária num momento em que a linguagem se degrada, em que as palavras parecem ter perdido ressonância, em que a instrumentalidade assombra o coração do pensamento? Não é de reflectir que as universidades tenham observado um acesso em massa de população estudantil feminina num momento em que o conhecimento decai como mediação, em que se observa uma preguiça associada à complexidade de visões, em que se desconfia de pessoas bem-falantes? Não é de reflectir, por último, que as mulheres tenham conquistado o direito ao trabalho fora das suas casas, onde nestas continuam a arcar com o peso das tarefas diárias, num momento de degradação óbvia dos direitos associados ao trabalho, em que ganham por regra menos do que os homens, pese embora possam até assumir as mesmas funções, e em que são certamente as mais vulneráveis à flexibilização?

Claro que as agendas das políticas de igualdade visam equilibrar uma situação de subalternização secular, repondo justiça de oportunidades e seu efectivo desempenho. Todavia, a situação é passível de ganhar uma diferente dimensão se lhe acoplarmos outra variável, ou seja, aquela em que se detecta um devir-feminino da cultura exactamente consentâneo com a Modernidade, esta a grande época-projecto em que nos inscrevemos e que, com honestidade, a pandemia covid-19 me parece ter definitivamente concluído para abrir a uma incógnita, ainda. Assim, a igualdade é aferida pelo grau de cidadania que a abertura da Época Contemporânea nos devolveu: não esquecer os valores da Revolução Francesa, portanto, Liberdade, Igualdade, Fraternidade. O grau de cidadania vem pela progressiva inclusão, já que o cidadão talhado em termos históricos prescindiu das mulheres, como repudiou os pobres, como afastou aqueles que não correspondessem às exigências de uma identidade masculina e proprietária, logo, a sua forma primordial é tendencialmente abstracta para os dias actuais, se na génese foi a resposta directa e bem palpável de reconhecimento de uma parte privilegiada da sociedade.

Quanto ao devir-feminino da cultura, ele detecta-se pelo questionamento de uma razão iluminista soberana, aquela, nem mais nem menos, que se responsabilizou também por talhar o cidadão moderno e encarnada pelos homens que, como se disse, nem estão todos incluídos: daí falarmos hoje nos direitos das minorias. Acontece que face à identidade masculina e proprietária que equivale à razão iluminista soberana da Modernidade, as mulheres nunca foram, são, serão, ou seriam, uma minoria, simplesmente porque são quem engendra comunalmente com os homens, primeiro, depois, porque é no feminino e no masculino, na diferença, na dimensão sexual e erótica, que começa o social, mormente, pelo pensamento, e sentimento, gerador. Por aqui se percebe a existência de dois planos: o da igualdade e o da diferença, que equivalem também ao da cidadania e ao do corpo. Os dois planos deverão ser considerados, tanto existencialmente, como discursivamente.

Claro que o caminho que o Ocidente tem feito no sentido de alastrar direitos a pessoas que não estavam incluídas no protótipo de cidadão talhado na abertura da Época Contemporânea, esta subsumida, portanto, no projecto da Modernidade, é essencial e dele não devemos desistir. Mas não será passível de reflexão séria que, detectando-se um devir-feminino da cultura, se observe, ao mesmo tempo, o início das grandes lutas históricas feministas? E isto porquê? Porque aquele caminho assenta na igualdade e porque aquele devir defende a diferença: as mulheres, através das clamações do feminismo, desejam ser reconhecidas como cidadãs, e arrebatar direitos negados secularmente, e que a contemporaneidade voltou a negar congenitamente; alguns homens, através da crítica do projecto maior da Modernidade assente numa razão iluminista soberana e avassaladora, diversamente, aproximam-se do feminino como alternativa a uma cultura imemorial de prevalência do masculino, em que se vêem queimadas muitas, quase todas, as possibilidades de diferença.

Por aqui se percebe a incomodidade, quase generalizada, de parte do feminismo actual perante um conceito de diferença que bastas vezes afirmam fazer cair num essencialismo fantasmático, por um lado, e, por outro, a apropriação de valores femininos pelos homens que pretendem uma nova racionalidade crítica, que integre o inconsciente, e a própria diferença. Temos, então, que as mulheres, genericamente, dirigem o seu olhar para os homens que não lhes reconheceram os privilégios que mereciam por direito, e reclamam-nos; já os homens, uma parte significativa daqueles que pretendem reinventar-se, dirigem o seu olhar para as mulheres, e buscam num outro modo de ser as vias para pensar, e agir, escrever, imaginar, uma sociedade diferente. Todavia, e em face do fantasma do essencialismo, pois se existe um argumento feminino sonoro é o de que foram os homens que nomearam as mulheres, foram os homens que construíram o mundo, foram os homens que caucionaram a secundarização das mulheres, para as mulheres, genericamente, resulta bastante desconfortável esse foco na sua diferença, o mesmo que entusiasma tanto os homens, quando o que pretendem passa, sobretudo, pela igualdade: social, jurídica e económica. Julgo, por tal, que se exige uma perspectivação destas duas realidades, sem assombrações, com paciência e resistência.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Descobertos novos comportamentos funerários e rituais das populações ibéricas do Neolítico

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1601230072098{margin-bottom: 120px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1601230056259{margin-left: 26px !important;}"]Especialistas do Departamento de Pré-história e Arqueologia da Universidade de Sevilha acabam de publicar um estudo na prestigiosa revista PLOS ONE [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] sobre um importante achado arqueológico na Cueva de la Dehesilla (Cádiz). Foram encontrados dois crânios humanos e vestígios osteológicos de um cabra juvenil junto com várias estruturas arqueológicas e materiais de um ritual funerário do período Neolítico Médio (4800-4000 aC), até então desconhecido na Península Ibérica.

Segundo Daniel García Rivero, um dos investigadores responsáveis por esta intervenção arqueológica, “esta descoberta abre novas linhas de investigação e novos cenários antropológicos, onde o sacrifício humano e animal pode ter estado relacionado com cultos ancestrais, rituais propiciatórios e orações divinas em festas comemorativas”.

Relativamente ao espólio osteológico humano, a descoberta consiste em dois crânios humanos adultos, um masculino e outro feminino, sendo o primeiro mais velho. O crânio feminino mostra uma depressão no osso frontal, provavelmente decorrente de uma trepanação incompleta, além de cortes no osso occipital produzidos pela decapitação. Além disso, foi encontrada uma parede separando os crânios humanos e o esqueleto da cabra, que poderão estar associados a um altar de pedra com uma estela e uma lareira. Do espólio fazem ainda parte vários vasos cerâmicos decorados, alguns objetos líticos e restos de plantas carbonizadas.

"Estes elementos apresentam várias características que o tornam um achado arqueológico excepcional. O tratamento diferenciado de crânios com evidências traumatológicas juntamente com animais sacrificados, bem como as estruturas e materiais arqueológicos associados, não correspondem ao registro funerário normativo, como os que conhecemos e foram estudados até agora. Esta descoberta reveste-se de grande importância não só pela sua peculiaridade, mas também por se constituir num depósito ritual selado, o que constitui uma grande oportunidade para conhecer de forma mais detalhada o comportamento funerário e ritual das populações neolíticas da Península Ibérica", enfatiza o professor García Rivero.

Rituais funerários neolíticos
Esta intervenção contribui de forma particular para o conhecimento dos rituais funerários da primeira metade do V milénio antes de Cristo que constitui o período menos conhecido das populações neolíticas de toda a Península Ibérica. O escasso registro funerário daquela época mostra enterramentos fundamentalmente individuais, sendo os enterros secundários incomuns. O tipo de contexto recém-descoberto é realmente extraordinário. Os enterros costumam ocorrer em áreas de habitat e estão principalmente associados a restos de cerâmica e conchas, o que reflete a importância das atividades relacionadas com o uso do fogo, mas sem as estruturas de pedra como as que agora foram descobertas nas montanhas de Cádiz.

O estudo e revisão de todo o registo funerário deste período permite aos investigadores fornecer uma espécie de mosaico cultural em relação às tradições funerárias e rituais destas sociedade agro pastoris.

A campanha arqueológica de 2017 na Cueva de la Dehesilla recebeu apoio financeiro de diversas entidades e programas da Universidade de Sevilha e do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Universidade de Coimbra.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

“Projeto Djehuty”, a investigação arqueológica dos espanhóis no Egipto

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1587923873427{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1587923762427{margin-left: 16px !important;}"]


O Projeto Djehuty, liderado pelo Conselho Superior de Investigação Científica (CSIC) de Espanha, encontrou na colina de Dra Abu el-Naga, em Luxor (antiga Tebas), um caixão antropomórfico com cerca de 3.600 anos de idade. Dentro da urna estava uma mulher mumificada de cerca de 15 ou 16 anos e com 1,59 metros de altura, tendo consigo o enxoval com que foi sepultada, composto por dois brincos, dois anéis e quatro colares, um deles de grande valor.


A descoberta faz parte de uma escavação arqueológica realizada por investigadores espanhóis em Luxor, numa campanha que se processou entre os meses de janeiro e fevereiro, constituindo a 19ª campanha desta missão arqueológica espanhola no Egipto.



O caixão em que a jovem foi sepultada é feito de madeira pintada de branco, foi descoberto a poucos metros do pátio da entrada da capela-túmulo de Djehuty e é datado do ano de 1600 a. C. O esquife foi talhado num único tronco de árvore, provavelmente sicómoro, e tem 1,75 metros de altura por 0,33 cm de largura.


Depois de realizar um raio-x, os arqueólogos descobriram que a jovem usava dois brincos na orelha esquerda e dois anéis (um em cada mão), um de osso e outro de vidro azul com uma presilha e um cordão ao redor do dedo.
Quatro colares entre os 61 e os 70 centímetros de comprimento foram colocados no peito, numa pequena pilha. Dois deles são feitos com contas de faiança (um tipo de cerâmica artesanal com acabamento vítreo) em diferentes tons de azul. Um terceiro combina contas de faiança com contas de vidro verde.


A sala do depósito dos restos mortais da jovem egípcia é a mais elaborada e valiosa, pois é composta por 74 peças de diferentes formas esculpidas em ametista, cornalina e outras pedras semipreciosas que ainda não foram identificadas, além de vidro e sete amuletos de faiança. Um falcão de âmbar, representando o deus Hórus, parece ter sido colocado como a figura central, ladeada por dois escaravelhos (amuletos egípcios em forma de besouro). A riqueza do enxoval para uma jovem que foi a sepultar com um caixão relativamente modesto é surpreendente”, destaca José Manuel Galán, investigador da CSIC no Instituto de Línguas e Culturas do Mediterrâneo e do Próximo Oriente e coordenador do Projeto Djehuty .


Na área da necrópole onde estes objetos foram exumados, foi ordenado que enterrassem pelo menos três reis da 17ª dinastia e, junto com eles, alguns membros de suas famílias e cortesãos da época que residiam em Tebas. “Até ao momento, uma dúzia de urnas foram encontradas no local, desprotegidas no chão, o que é incomum. Além disso, a percentagem de enterros de crianças e mulheres também é maior do que em outras partes da necrópole ”, detalhou Galán.


[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_gallery interval="3" images="5357,5366,5367,5368,5369,5370,5371,5372,5373,5374,5375,5376,5377,5378,5379,5380,5381,5382,5383" img_size="960x640" onclick="img_link_large"][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width="1/4"][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1587923090167{margin-left: 16px !important;}"]Um pequeno caixão dedicado a Djehuty


Do outro lado da capela, foi também encontrado uma pequena urna de barro, com 22 centímetros de comprimento por 15 de largura, que ainda conservava a corda com que foi atada. No interior foi depositada uma estatueta humana de madeira ( shabti ), envolvida em quatro bandas de linho amarradas no pescoço e tornozelos. Os quatro tecidos são diferentes e um deles tem uma inscrição horizontal, em escrita hierática, com tinta preta e caracteres cursivos, que identifica o proprietário como "Osiris, Djehuty". Esse mesmo rótulo foi escrito verticalmente na frente do corpo da estatueta momiforme.


Sandálias, bolas de couro e objetos de metal


Na mesma área, mas dentro de um poço funerário, os arqueólogos descobriram durante as anteriores campanhas um par de sandálias de couro tingidas e com decoração em relevo, incluindo dois gatos, cabras Ibex, uma roseta, a deusa hipopótamo Toeris / Taweret e a figura do deus Bes. Devido ao seu tamanho e à presença de duas divindades associadas à gestação e ao parto, as sandálias poderiam ter pertencido a uma mulher que provavelmente videu por volta de 1600 aC. Logo abaixo das sandálias, um par de bolas de couro, atadas por um cordel e cheias de cascas de cevada foram também descobertas.


O projeto de investigação também encontrou dois objetos de metal dentro dos corpos de duas múmias que haviam sido desmembradas e violentamente abertas por antigos saqueadores. “Paradoxalmente, o que os ladrões mais procuravam, eram pedras metálicas e semipreciosas, mas foi o que não viam porque agiam com muita rapidez e com pouca iluminação. Um dos corpos ainda tinha uma placa de estanho no lugar, com o Olho de Hórus gravado num dos lados, servindo para proteger o corpo da podridão. O estanho era um metal valioso na época, pois era muito escasso e poucas placas desse tipo foram encontradas in situ”, explica José Manuel Galán.


No segundo corpo, no lugar do coração, um punhado de terra amarelada foi colocado e, sobre ele, um colar de oito contas de prata banhadas de ouro. O colar deve ter passado despercebido aos ladrões, porque os embalsamadores derramaram resina sobre ele, escurecendo o ouro. Cada uma das oito placas tem um amuleto gravado que, supostamente, protegeria quem o usava de diferentes males. Depois de limpo, o colar voltou a brilhar como no tempo em que foi manufaturado.


Instalação de uma réplica de um jardim funerário


A última campanha desta missão arqueológica também envolveu a instalação de uma réplica de um jardim funerário descoberto pelos arqueólogos na campanha de 2017, na entrada de um grande sepulcro de 2000 aC. Este jardim era composto por pequenos compartimentos de barro e adobe, conhecido dos investigadores apenas pela iconografia, mas a escavação da equipa de arqueólogos espanhois conseguiu encontrar os restos bem preservados da sua antiga planta, datada de cerca de 4.000 anos atrás. Trata-se de um jardim funerário com uma tipologia característica e rara que chegou até ao nossos dias num elevado estado de preservação. Graças ao financiamento do Centro de Investigação Americano no Egito (ARCE-USAID), foi encomendada um réplica exata e colocada sobre o solo que ficou a cobrir o jardim original.


Pesquisa e musealização


O Projeto Djehuty tem como objetivo escavar, restaurar e publicar os resultados da escavação arqueológica de uma área da antiga necrópole de Tebas, na costa ocidental de Luxor, no Egito. As 19 campanhas de escavação realizadas até ao momento pela equipa de José Manuel Galán deram numerosos frutos. Além de escavar e investigar cientificamente os achados, o projeto coloca um grande esforço na conservação e musealização das peças e dos monumentos que são encontrados.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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