Universidade de Évora desenvolveu processo tecnológico para a produção em massa de túberas

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1615921246949{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text]Com utilização em diversos setores, como farmacêutico, cosmético, alimentação e agricultura, investigadores da Universidade de Évora (UÉ) desenvolveram um processo tecnológico para a obtenção de plantas inoculadas visando a produção de túberas, lançando as bases para uma nova forma de produção de alimentos com propriedades nutracêuticas e a exploração sustentável deste recurso micológico, de uma forma sustentável, resiliente e economicamente rentável.


As túberas são a frutificação hipógea (cogumelos subterrâneos) de fungos micorrízicos que se associam tradicionalmente a raízes de plantas anuais e o desafio de conseguir a associação micorrízica deste fungo com plantas perenes, como o Cistus salviifolius (sargaço) e Cistus ladanifer (esteva), foi alcançado, permitindo a partir de agora a sua produção em massa para utilização em diversos setores.


As túberas ou criadilhas (Terfezia arenaria e T. fanfani) caracterizam-se por permanecer debaixo da terra até à maturação dos esporos, possuírem uma forma arredondada, medir em média 4 a 8 cm diâmetro, podendo atingir 10 cm, surgindo apenas na primavera e sendo mais comuns no sul do nosso país, região Alentejo, em solo arenosos e ácidos, ocorrendo também, com menos expressão, na Beira Litoral e na Beira Baixa.


Esta importante descoberta aguarda atribuição de patente europeia e segundo Celeste Santos e Silva, professora do Departamento de Biologia e investigadora no MED uma das etapas cruciais deste processo tecnológico foi o isolamento do micélio de Terfezia em cultura pura, ou seja, “conseguir fazer crescer este fungo numa caixa de Petri com ágar-ágar, que dá ao meio uma consistência gelatinosa, e com uma determinada composição de nutrientes e minerais”.
Um resultado só possível graças a muitas tentativas, até porque, como explica a investigadora, “muitas cepas não podem ser sub-cultivadas, e assim até agora, as poucas tentativas bem-sucedidas, principalmente com Terfezia, apresentavam um crescimento muito lento e deficitário para que fosse possível produzir micélio nas quantidades adequadas”.


Esta invenção, desenvolvida na Universidade de Évora, refere-se assim ao processo que permite melhorar o isolamento e a manutenção da cultura de micélio de espécies do género Terfezia. Este género é considerado o mais diverso, rico em número de espécies, do grupo das "trufas-do-deserto". “Conseguimos melhorar as taxas de isolamento e aumentar a proliferação de Terfezia spp de forma confiável e reproduzível” destaca assim a investigadora da academia eborense.


Esta investigação lançou ainda as bases para uma nova forma de produção de alimentos com propriedades nutracêuticas” destaca a Investigadora referindo-se à combinação dos termos 'nutrição' e 'farmacêutica' mostrando utilidade, entre outros para o sector agro-florestal e “que permitirá a exploração sustentável deste recurso micológico, de uma forma sustentável, resiliente e economicamente rentável”.


Celeste Santos e Silva, frisa ainda que a disseminação de plantas inoculadas com Terfezia spp., “previne a desertificação e erosão do solo, reforça a integridade e a multifuncionalidade da paisagem e permite a recuperação de áreas ardidas e/ou com solos degradados''. A concretização desta nova forma de produção assegura a investigadora do MED, “possibilitará a criação de mais emprego, invertendo a tendência atual para a desertificação das áreas rurais”.


Investigadores descobrem novas espécies de túberas


Foi também no âmbito do projeto “Micorrização de Cistus spp com Terfezia arenaria (Moris) Trappe e sua aplicação na produção de túberas", que o grupo de investigadores liderados por Celeste Santos e Silva realizou uma prospecção exaustiva na procura de túberas e descreveu duas novas espécies para a ciência, referimo-nos a Terfezia lusitânica e Terfezia solaris-libera.


É muito difícil identificar novas espécies dadas as características morfológicas de Terfezia, que são visualmente muito semelhantes entre si, e aqui a biologia molecular foi absolutamente fundamental” explica a investigadora destacando que foi possível “atualizar e resolver problemas sobre a taxonomia e filogenia (relação evolutiva entre grupos de organismos), deste género”.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

O consumo continuado de mirtilo tem um forte impacto no fígado

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1611065872150{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1611066334476{margin-left: 26px !important;}"]Uma equipa multidisciplinar de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) descobriu que o consumo continuado de mirtilo em doses diárias de cerca de 240 gramas tem um forte impacto hepático, fornecendo pistas importantes para orientar um consumo saudável e seguro destas bagas muito ricas em antioxidantes.

A descoberta, já publicada na revista Pharmaceutics, aconteceu no decorrer de um estudo que pretende avaliar os possíveis efeitos benéficos do sumo de mirtilo no contexto da pré-diabetes, em modelo animal.

[caption id="attachment_9074" align="alignleft" width="1200"]Sofia Viana_Flávio Reis_Sara Nunes Sofia Viana, Flávio Reis e Sara Nunes[/caption]

Considerando a composição fitoquímica enriquecida do mirtilo, numa diversidade de compostos bioativos «que parecem poder conferir inúmeros efeitos protetores em distintas condições, pareceu-nos muito pertinente perceber igualmente qual o impacto do consumo deste “superalimento” de forma prolongada, numa condição saudável», explicam os coordenadores do estudo, Flávio Reis e Sofia Viana, do Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra (iCBR), da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).

Para tal, os investigadores avaliaram um conjunto de parâmetros metabólicos, com destaque para o fígado, e em particular para as funções mitocondriais, em ratos adultos submetidos durante 14 semanas a um consumo regular de sumo natural de mirtilo (equivalente no homem a um copo e meio de sumo por dia).

No final da experiência, ao analisar os resultados, nomeadamente ao nível da mitocôndria – a casa energética da célula – hepática, observou-se que nos ratos pré-diabéticos «havia uma proteção da esteatose hepática (acumulação de gordura no fígado) e um impacto enorme ao nível da mitocôndria», afirma Sara Nunes, aluna de doutoramento no âmbito deste projeto. No caso dos ratos saudáveis, destaca, «verificámos que o consumo de sumo de mirtilo não teve impacto no perfil metabólico e não foram registadas alterações a nível intestinal. No entanto, o impacto hepático foi surpreendente, particularmente na função mitocondrial, semelhante a um efeito de uma dieta hipercalórica».

Os resultados observados nos ratos saudáveis sugerem que o consumo continuado de mirtilo força uma reprogramação metabólica, cujas consequências (benéficas ou nefastas) permanecem por esclarecer. A equipa acredita que «o forte impacto hepático gerado pelo consumo continuado de mirtilo pode permitir prevenir ou atenuar contextos de doença, como, por exemplo, a diabetes e a obesidade, mas não podemos descartar a hipótese de poder provocar algum tipo de desequilíbrio e ter consequências nocivas para a saúde».

Por isso, o passo seguinte do estudo vai centrar-se em clarificar ambas as hipóteses, de modo a contribuir para um consumo de mirtilo seguro, «no sentido de melhor elucidar se esta resposta adaptativa resultante do consumo prolongado de mirtilo se traduzirá em benefícios ou se, pelo contrário, poderá estar associada a efeitos nefastos. No contexto dos hábitos atuais de uma parte da população, esta investigação reveste-se de particular relevância», assinalam Flávio Reis e Sofia Viana.

Os benefícios do mirtilo para a saúde estão intimamente relacionados com a atividade antioxidante, «principalmente devido ao seu alto teor em compostos fenólicos. As suas reconhecidas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias são de certa forma responsáveis pelo aumento do consumo ao longo dos últimos anos», esclarecem os investigadores, salientando, contudo, que «alguns trabalhos têm alertado para possíveis efeitos adversos resultantes de um consumo descontrolado e excessivo de certos produtos antioxidantes, incluindo os enriquecidos em compostos fenólicos».

Este estudo faz parte de um projeto de investigação mais alargado, que conta com a parceria da Cooperativa Agropecuária dos Agricultores de Mangualde (COAPE) e da MIRTILUSA (Sever do Vouga), focado no potencial terapêutico da planta do mirtilo no seu todo, ou seja, além de estudar as bagas (casca e polpa), a equipa liderada por Flávio Reis e Sofia Viana está a explorar o potencial das folhas, particularmente das folhas caducas, para acrescentar valor a uma parte do arbusto do mirtilo que neste momento é um desperdício e que cumulativamente tem uma quantidade de compostos bioativos muito maior que o fruto.

Nesse sentido, os investigadores já desenvolveram uma tecnologia de processamento das folhas, que ultrapassa as tradicionais infusões, cuja biomassa obtida se revela «muito promissora, com propriedades antioxidantes potentíssimas do ponto de vista terapêutico», rematam Flávio Reis e Sofia Viana.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Vinho e queijo ajudam a reduzir o declínio cognitivo, salienta um estudo científico

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1607874922501{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""]

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[/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1607875607718{margin-left: 26px !important;}"]Os alimentos que ingerimos podem ter um impacto direto na nossa sensibilidade cognitiva à medida que envelhecemos. Esta é a principal descoberta de um estudo da Universidade do Estado de Iowa [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] nos EUA, em destaque na edição de novembro de 2020 do Journal of Alzheimer's Disease [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""].

O estudo foi liderado pelo investigador Auriel Willette, professor assistente em Ciência dos Alimentos e Nutrição Humana, e Brandon Klinedinst, candidato a PhD em Neurociência que trabalha no departamento de Ciência Alimentar e Nutrição Humana no Estado de Iowa. O trabalho de investigação representa uma análise em grande escala inédita que relaciona alimentos específicos à capacidade cognitiva na última fase da vida.

Willette, Klinedinst e a sua equipe analisaram dados recolhidos de 1.787 adultos idosos (entre 46 e 77 anos de idade) no Reino Unido, por meio do UK Biobank, um banco de dados biomédico em grande escala que contém informações genéticas e de saúde detalhadas de meio milhão de voluntários no Reino Unido. O banco de dados é globalmente acessível para investigadores aprovados que realizem pesquisas importantes sobre as doenças mais comuns e potencialmente mais fatais do mundo.

Depois de vários testes, que também incluíram respostas a perguntas sobre o consumo de comida e álcool ou a ingestão de frutas frescas, frutas secas, vegetais crus e saladas, vegetais cozidos, peixes oleosos, peixes magros, carnes processadas, aves, bovinos, ovinos, suínos, queijo, pão, cereais, chá e café , cerveja e cidra, vinho tinto, vinho branco e champanhe e licor, a síntese do estudo chega à conclusão que o queijo mostrou ser, de longe, o alimento mais protetor contra problemas cognitivos relacionados à idade, mesmo em idade avançada.

O consumo diário de álcool, principalmente vinho tinto, foi também relacionado com as melhorias na função cognitiva, assim como o consumo semanal de cordeiro, mas não de outras carnes vermelhas. Estes alimentos mostraram estarem relacionados com uma melhoria da capacidade cognitiva a longo prazo.

Auriel Willette disse ter ficado "agradavelmente surpreendido com os resultados que sugerem que comer queijo com responsabilidade e beber vinho tinto diariamente não são bons apenas para nos ajudar a lidar com nossa atual pandemia de COVID-19, mas talvez também lidar com um mundo cada vez mais complexo que nunca parece desacelerar”.

Auriel Willette acrescentou ainda que "dependendo dos fatores genéticos que cada um de nós carrega, alguns indivíduos parecem estar mais protegidos dos efeitos do Alzheimer, enquanto outros parecem estar em maior risco. Dito isso, acredito que as escolhas alimentares certas podem prevenir a doença e o declínio cognitivo no total. Talvez a solução definitiva que procuramos seja melhorar a forma como comemos. Saber o que isso acarreta contribui para uma melhor compreensão do Alzheimer e para colocar essa doença em uma trajetória diferente."[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Relação entre desnutrição, funcionalidade e desempenho cognitivo em idosos

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1591178127876{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""]

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[/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1591178110727{margin-left: 20px !important;}"]Em Portugal, 13,3% dos idosos com 65 ou mais anos, a viver na comunidade e sem compromisso cognitivo, encontram-se em estado de desnutrição ou em risco de desnutrição, com maior prevalência nas mulheres com mais de 85 anos e com menos escolaridade. Por sua vez, 29,4% apresentam limitações nas actividades relacionadas com a sua vida diária, como seja usar o telefone, fazer compras, preparar refeições, lavar roupa, utilizar um meio de transporte, fazer as lides domésticas, gerir adequadamente a toma da medicação ou levantar dinheiro numa caixa multibanco.

Estes resultados inserem-se num estudo levado a cabo por Mónica Fialho, nutricionista e investigadora do Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina de Lisboa. Tomando por base os dados recolhidos no âmbito do projecto PEN-3S [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""], a investigadora procurou avaliar o efeito moderador da função cognitiva na associação entre estados nutricional e funcional em idosos não institucionalizados, em Portugal, e sem compromisso cognitivo.

Embora o estudo não tenha observado um efeito moderador da função cognitiva na associação entre estado nutricional e estado funcional, foi possível caracterizar melhor esta associação. De facto, os idosos com um melhor desempenho cognitivo apresentam uma menor possibilidade de desnutrição ou risco de desnutrição, o que se pode dever ao facto de se esquecerem menos de fazerem as suas refeições diárias ou de serem capazes de se alimentar de um modo adequado às suas necessidades nutricionais. Ademais, idosos desnutridos ou em risco de desnutrição apresentam uma possibilidade maior de verem o seu estado funcional comprometido, isto é, têm mais dificuldades em realizar as actividades da sua vida diária que impliquem mais recursos físicos e cognitivos.

Em Portugal, 21,7% da população tem 65 ou mais anos de idade, o que corresponde a mais 2,2 milhões de pessoas. Apesar da esperança média de vida ser superior à média da União Europeia, a verdade é que o número de anos de vida saudável, após os 65 anos, está entre os mais baixos dos países da OCDE. Estes anos de vida são afectados por um conjunto de alterações, nomeadamente do estado nutricional e do estado funcional, que têm um impacto significativo no bem-estar e na qualidade de vida destas pessoas.

Tendo em conta que este estudo incidiu em idosos que vivem na comunidade, de modo independente, e que, portanto, não são monitorizados quanto à sua capacidade de realizar as suas tarefas quotidianas, os resultados sublinham a necessidade de se desenvolverem estratégias, não apenas de monitorização do estado de saúde, em particular dos estados nutricional e cognitivo, mas também de promoção de estilos de vida saudáveis – por exemplo, alimentação saudável ou prática de exercício físico – que sejam capazes de prevenir a agudização de doenças crónicas e o declínio do estado funcional.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Adolescentes portugueses praticam menos actividade física e gostam pouco da escola

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1590831988207{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""]

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[/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1590831972744{margin-left: 20px !important;}"]A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que os adolescentes pratiquem diariamente, pelo menos, 60 minutos de actividade física moderada a vigorosa. Porém, segundo o recente estudo Health Behaviour in School-aged Children [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] (HBSC), os adolescentes portugueses são dos menos activos, praticando cada vez menos actividade física, quer moderada quer vigorosa, com particular destaque para os rapazes com 13 anos.

Entre os mais activo estão os jovens que integram famílias com um nível socioeconómico mais elevado. Para a psicóloga Margarida Gaspar de Matos [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""], coordenadora da equipa portuguesa do estudo, “estes jovens têm uma possibilidade maior de se movimentarem, de terem equipamento adequado, de pagar uma mensalidade de um ginásio e, portanto, uma maior probabilidade de adquirirem hábitos de exercício físico”. Ademais, “a actividade física na escola”, acrescenta, “tem tradicionalmente carências de instalações, quer para a prática quer em questões de higiene com, por exemplo, a possibilidade de duche, sendo também frequente os jovens queixarem-se da falta de condições de segurança nos balneários”.

 Excesso de peso e obesidade

Situação igualmente preocupante é o excesso de peso e a obesidade, em que os adolescentes portugueses surgem piores classificados no conjunto dos 45 países, sobretudo em jovens de famílias mais pobres, ou seja, que praticam menos actividade física, moderada ou vigorosa. De facto, no último relatório [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] da OMS sobre obesidade na adolescência, publicado em 2017, mas com dados referentes ao intervalo de tempo 2002-2014, dava-se já conta de uma elevada prevalência da obesidade nos adolescentes aos 11, 13 e 15 anos, tendo-se registado inclusivamente um aumento de 0,3% entre 2002 e 2014.

Se a actividade física parece ser um problema, já o comportamento alimentar tem vindo a melhorar. Os adolescentes portugueses são, pois, os que mais tomam o pequeno-almoço, que comem com a família todos os dias, que consomem mais fruta, menos doces e menos refrigerantes, embora o consumo de vegetais seja ainda insuficiente. Na escola, por sua vez, apesar de reconhecerem uma melhoria da qualidade da oferta alimentar, reclamam por pratos mais apelativos e com um sabor mais agradável. Em todos estes aspectos, os jovens que pertencem a famílias com níveis socioeconómicos mais baixos são os mais prejudicados, pois não dispõem de recursos que lhes permitam encontrar uma alternativa à oferta alimentar das cantinas escolares.

 (Des)Amor pela escola

De um modo geral, as raparigas gostam mais da escola do que os rapazes. No entanto, em ambos os sexos, o desamor pela escola encontra-se abaixo da média dos 45 países participantes. É, de facto, preocupante. Aos 15 anos, apenas 9,5% dos jovens afirmaram gostar muito da escola. Os adolescentes sentem-se cada vez mais pressionados pelos trabalhos de casa (os chamados TPC). Embora ambos os sexos estejam acima da média dos 45 países, as raparigas sentem mais pressão do que os rapazes, em particular aquelas que pertencem a famílias com recursos socioeconómicos mais elevados.

De acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) de 2018 – um estudo feito de três em três anos que avalia a literacia de alunos de 15 anos em vários domínios, conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) –, de um modo geral, os rapazes passam mais tempo a jogarem videojogos e menos tempo a fazerem os TPC do que as raparigas. No entanto, embora o tempo despendido a fazer trabalhos de casa surja associado a um melhor desempenho escolar, tal não deve ser interpretado como uma relação causal. Nos últimos anos, vários especialistas têm defendido que os TPC acentuam desigualdade sociais. “Se não aprendem ou têm dúvidas, ou os professores não são capazes de concluir a matéria prevista, os jovens de famílias com mais recursos têm acesso a um suporte de segunda linha – os centos de explicação – que se tornaram quase uma instituição obrigatória para quem quer ir para a universidade”, explica Margarida Gaspar de Matos.

 Sentimento de segurança e violência

Embora uma grande maioria (80,3%) dos jovens se sinta sempre ou quase sempre seguro na escola, observa-se um aumento dos fenómenos de cyberbullying, sobretudo tendo como vítimas jovens com entre 11 e 13 anos, independentemente do sexo ou do nível socioeconómico. Curiosamente, apesar das lutas terem diminuído nos mais velhos, as situações de violência física aumentaram justamente nos jovens com 11 e 13 anos. “Em jovens com 11 anos, o cyberbullying aumenta, sendo estes, em geral, vítimas, aos 13 anos são vítimas e agressores, e aos 15 anos baixa”, explica Margarida Gaspar de Matos. “O cyberbullying, tal como o bullying, implica uma dinâmica de repetição, com intenção de fazer mal e associado a um certo desequilíbrio de poder”, acrescenta. No caso das lutas, “estas surgem mais como uma incapacidade de gerir emoções negativas, uma dificuldade de auto-regulação e de defender pontos de vista verbalmente”. Um aspecto interessante é que, com a idade, as lutas diminuem. Para a psicóloga, “tal deve-se ao facto de vítimas e agressores tenderem a encontrar um equilíbrio relacional sem recurso à provocação ou à violência. Aliás, alguns estudos mostram que, com a idade, surgem outras formas de violência mais socializadas, nomeadamente a hostilidade, isto é, comportamentos que tornam a vida dos outros menos agradável”.

 Saúde mental

Margarida Gaspar de Matos está particularmente preocupada com a saúde mental dos adolescentes portugueses. De um modo geral, e em comparação com 2014, observou-se um aumento na percentagem de jovens com sintomas de tristeza, irritação, nervosismo e dificuldade em adormecer. Aos 15 anos, as raparigas sentem-se tristes mais frequentemente do que os rapazes. E o desamor pela escola é verdadeiramente problemático, uma vez que, de acordo com o estudo, aqueles que mais gostam da escola, apresentam maior satisfação com a vida, menor risco de consumo de substâncias e melhores indicadores de saúde mental. “Para além da aprenderem e de serem fisicamente saudáveis, os adolescentes têm de se sentir bem, consigo mesmos, mas também com os outros, e este aspecto é muitas vezes descurado”, alerta a psicóloga. “Por exemplo, só muito recentemente é que os psicólogos, que não os de orientação vocacional, entraram na escola”, continua, “pelo que uma rede de psicólogos a trabalhar em prevenção e na promoção de competências socioemocionais faria toda a diferença, aliás, como o demonstram vários estudos”.

 Uma interpelação para a mudança

Quais são, então, os grandes desafios que este estudo nos traz? “Eu salientaria, pela negativa, a questão do desamor pela escola e a falta de actividade física”, afirma Margarida Gaspar de Matos. “Maior apoio dos pais e amigos, e melhoria na qualidade da alimentação, pela positiva”, conclui. Para tal, é necessário que todas as partes interessadas – famílias, comunidade escolar, sociedade, decisores políticos – se sintam convocadas para a reflexão e, sobretudo, para a acção. E este é, para Margarida Gaspar de Matos, um momento propício para a mudança. “Durante este período de confinamento, por causa da pandemia por COVID-19, foi espantoso ver o modo como professores e alunos, directores e dirigentes políticos do sector, se organizaram para responder de modo a diminuir os danos. Penso que esta dinâmica pode vir a despoletar um amplo debate e provocar uma excelente mudança. Não para manter este estado de coisas, mas para mudar práticas educativas seculares. E a verdade é que este processo já começou em muitas escolas.”

O HBSC realiza-se desde 1983, com uma periodicidade de quatro, e envolve 45 países. Em Portugal, começou a ser realizado a partir de 1998. O estudo agora apresentado refere-se a dados recolhidos em 2018, junto de uma amostra representativa de adolescentes portugueses com 11, 13 e 15 anos de idade. A equipa portuguesa foi, uma vez mais, liderado pela professora e investigadora Margarida Gaspar de Matos, da Aventura Social [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""], da Faculdade de Motricidade Humana [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] e do Instituto de Saúde Ambiental [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""] da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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