Últimas Notícias do Sapiens

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="30" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1616241406449{margin-left: 26px !important;}"]Carregamos connosco a história dos nossos ancestrais pelo que faz todo o sentido conhecermos a nossa história natural. Parafraseando o início e o título do livro de Condemi e Savatier (2018), “Últimas notícias do sapiens”, o sapiens (o sábio), é um animal singular. É a única espécie que modifica o ambiente ao ponto de influenciar a própria evolução, assim como a das outras espécies. O impacto da nossa existência no planeta é de tal ordem que a era que hoje vivemos denomina se Antropoceno, literalmente, era humana. E depois de cerca de sete milhões de anos em que houve coexistência de várias espécies de humanos, hoje somos a única espécie viva. Estamos anormalmente sós.

Há toda uma série de perguntas sobre a nossa história evolutiva que deveria interessar a todos. Para além de que, o passado do sapiens elucida sobre o seu futuro, o nosso. E quais os nossos apanágios? Desde logo, temos um cérebro que é três vezes maior do que aquele que seria de esperar num primata do nosso tamanho corporal, ou seja, uma das nossas grandes características distintivas reside no cérebro, não só é enorme como tem uma complexidade ímpar.

[caption id="attachment_9510" align="alignright" width="250"]sapiens-neandertal Sapiens-neandertal[/caption]

Importa frisar que esta característica está intimamente ligada à nossa dieta e à forma como nos deslocamos. Atualmente somos os únicos primatas bípedes. É uma tríada evolutiva chave: cérebro-dieta- locomoção.
Os fósseis são a pista mais real sobre quem eram os nossos ancestrais, e como e porquê nos tornámos na espécie que hoje somos. Nos últimos tempos os métodos de abordagem dos ossos dos nossos ancestrais, um dos tipos de fósseis mais frequentes, permitiram descodificar a informação neles guardada, nalguns casos há milhares de anos.

Efetivamente os ossos podem ser considerados como um repositório de memórias que necessitam de softwares sofisticados para o desvendar. A descodificação do ADN antigo, mitocondrial e nuclear, é uma boa ilustração desses avanços tecnológicos. Foi conseguido o feito incrível de conseguir aceder ao ADN nuclear dos fósseis de Atapuerca, nomeadamente da Sima de los Huesos, com cerca de 400 mil anos. Não obstante, não podemos esperar que esta barreira cronológica seja indefinidamente ultrapassada pois a preservação de ADN em fósseis com mais de 1 milhão de anos, a acontecer, será ínfima. Mas Atapuerca, uma serra perto de Burgos, em Espanha, é um lugar chave para conhecer a história evolutiva da nossa espécie, designadamente desde há cerca de 1,5 milhões de anos. E muito recentemente foi publicado um outro estudo fantástico, desta feita relativo a Gran Dolina e ao Homo antecessor, um dos primeiros habitantes desta serra mítica e mediática, que viveu há cerca de 1 milhão de anos.

Atualmente, a análise de proteínas antigas com espectrometria de massa, uma abordagem comumente conhecida como paleoproteómica, permite ultrapassar a barreira cronológica do ADN antigo pois as proteínas antigas sobrevivem durante muito mais tempo que o ADN antigo, permitindo aceder a filogenias baseadas em dados moleculares para além dos limites de degradação do ADN. A análise de paleoproteínas do esmalte dentário de um dente de Homo antecessor permitiu aceder a informação genética com 800 mil anos. As proteínas sugerem que o H. antecessor era um parente próximo do último ancestral comum dos humanos, Neandertais e Denisovianos. Estas três espécies, a nossa, os Neandertais e os Denisovianos, coexistiram na Europa e na Ásia nos últimos 70 mil anos. Muito recentemente foi confirmado que as indústrias líticas dos primeiros homens modernos europeus e dos neandertais coexistiram por mais de 100 mil anos. Para além disso, foi confirmado que estes nossos parentes mais recentes, os Neandertais, já possuíam linguagem. Com base numa investigação baseadas em TC (tomografia computorizada) de alta resolução, que permitiu recriar as estruturas 3D do ouvido do Homo sapiens e dos Neandertais e de fosséis da Sima de los Huesos, ficou a saber se que as capacidades auditivas dos Neandertais se aproximavam das nossas.

Ainda um outro estudo recente, mostra que, tal como nós, os Neandertais desmamavam os bebés sensivelmente na mesma altura e também introduziam os alimentos sólidos na dieta das crianças por volta dos 5-6 meses. Ou seja, mais uma prova que, comportamentalmente, eram muito parecidos connosco, e que os padrões de crescimento eram igualmente similares. Este tipo de descobertas foi conseguido com base na análise minuciosa de dentes de leite de três crianças de Neandertal. Relembre-se que várias descobertas arqueológicas têm demonstrado que os Neandertais também eram artistas: poderiam pintar grutas e usar colares, por exemplo. Se acrescentarmos a tudo isto o facto de os genomas destas duas espécies estarem hoje descodificados, temos hoje a certeza que nós, sapiens, nos cruzámos com outras espécies, designadamente com os Neandertais. Eles estão assim entre nós pois cerca de 2% do material genético do nosso genoma, das populações não africanas, é de Neandertal.

Esta é apenas uma pequena nota sobre notícias atuais do sapiens. Importa não esquecer que o sapiens vai continuar a evoluir. E, sobretudo, o sapiens vai ter mesmo que continuar a ser verdadeiramente sábio para conseguir sobreviver nesta nova era em que as pandemias representam um desafio complexo.

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Estudo fornece novos dados para a interpretação de contextos socioculturais da época pós-medieval em Portugal

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1613070124064{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1613070097889{margin-left: 26px !important;}"]

Um estudo desenvolvido por investigadores da Universidade de Coimbra, do Instituto Universitário Egas Moniz e da Universidade Nova de Lisboa fornece novas pistas para a compreensão das dinâmicas sociais e culturais da época pós-medieval em Portugal.

A equipa, coordenada pelos antropólogos Francisco Curate, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e Nathalie Antunes-Ferreira, do Instituto Universitário Egas Moniz, estudou as consequências funcionais e sociais de várias lesões esqueléticas sofridas por um indivíduo do sexo masculino encontrado durante uma escavação arqueológica realizada em 2018 no adro da antiga Capela do Espírito Santo de Bucelas, perto de Lisboa.

Na altura, foi descoberta uma necrópole com esqueletos dos séculos XVII – XVIII, tendo sido exumados 98 adultos - 59 homens, 33 mulheres e 6 de sexo desconhecido – e 59 não adultos. No entanto, um esqueleto chamou a atenção da equipa responsável pela escavação, por apresentar evidências de lesões múltiplas com sequelas importantes, destacando-se de forma clara dos outros indivíduos encontrados.

Por isso, este estudo focou-se apenas nos restos esqueléticos deste indivíduo, que foram analisados através de uma abordagem de reincidência de lesão, abordagem que avalia a experiência vivida por indivíduos que sofrem múltiplos incidentes traumáticos, transmitindo uma contextualização diferenciada do sofrimento individual dentro de um reticulado de processos sociais e culturais.

As análises realizadas permitiram concluir que este homem de meia-idade «sofreu traumatismos e lesões em diferentes momentos da sua vida, sendo por isso um caso de lesões recidivas que sugere diferentes interpretações», indica Francisco Curate.

Por exemplo, detalha o investigador da FCTUC, «a possibilidade de este homem ter sido alvo de cuidados médicos e pessoais por parte da comunidade: a severidade das lesões, incluindo infeção pós-traumática, prejudicou seriamente a sua qualidade de vida, limitando a sua capacidade motora e tornando-o inapto para realizar uma série de tarefas, incluindo a alimentação, a higiene e o trabalho».

Segundo o antropólogo, os resultados deste estudo, que foi publicado no International Journal of Osteoarchaeology, sugerem «a existência de uma associação entre a atividade ocupacional, provavelmente ligada à agricultura, e estas lesões graves e reiteradas. Além disso, e no contexto da época em questão, apontam para um reticulado de fatores sociais e culturais próprios de uma sociedade onde a violência estrutural era prevalente, nomeadamente através dos acidentes de trabalho, do alcoolismo e da pauperização dos trabalhadores agrícolas».

Numa perspetiva mais positiva, os dados obtidos «sugerem que a comunidade em que este homem vivia cuidou dele possibilitando a sua sobrevivência. No fundo, um único caso demonstra que o passado não é unidimensional, e que a história tanto se centraliza na experiência do indivíduo (e na sua agência) como na sociedade onde este viveu e morreu (e na sua coerção estrutural)», acrescenta.

Francisco Curate nota ainda que a quantidade de fraturas, a sua severidade, e a sua distribuição pelo esqueleto estudado «são ímpares, muito raras no registo arqueológico. E, fazendo um paralelismo com casos clínicos atuais, sugerem uma ligação a um mundo rural, de trabalhos agrícolas, e também a adição de substâncias, nomeadamente o alcoolismo».

«Claro que são hipóteses de trabalho, não é possível reconstituir fielmente a história de vida deste indivíduo, mas são propostas lógicas e fundamentadas», esclarece. Os restantes indivíduos encontrados na necrópole estão a ser estudados e em breve os resultados serão também publicados.

Este estudo dá contribuições importantes para a interpretação de «contextos bioculturais no passado, abordando questões como violência interpessoal, idade e género, desigualdade social e violência estrutural, estratégias de subsistência, procedimentos cirúrgicos ou assistência médica e a prestação de cuidados, entre outros», conclui o investigador.

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