Professor Cassiano Reimão

|Cláudio Carneiro|
Reimão sugere um Rei sábio e sublime
Da Casa de David, da Biblia antiga,
Que não promove a guerra, nem obriga
A ignóbil vassalagem, nem oprime.

Um Rei clemente e dócil, que redime,
Que os simples enaltece e não castiga,
Nem fomenta a discórdia, nem intriga,
Mas defende a Justiça e pune o crime.

Um Rei que, mesmo ausente, se aproxima
E mostra que o exemplo vem de cima
Por muito que se humilhe e sofra dor.

Um Rei Universal que ama o Seu Povo,
Que dá a vida por ele, velho ou novo,
Quão simplesmente apenas por amor.

Ao Doutor Altino Moreira Cardoso

|Cláudio Carneiro|
Afortunado sou, que vos tivera
Por mestre, bom amigo, conselheiro,
Professor e colega, companheiro...
E muito mais seria, se o houvera.

Sublime Aparição a mim descera
Lá dos confins do etéreo sobranceiro,
Que tudo vê. Arquétipo primeiro
Que, sem o merecer, me considera.

Grato Vos sou Senhor e a vós amigo
Que me ensinaste os dons da Natureza,
Tornando a pedra bruta ser pensante.

Sem vós, ainda hoje o não consigo,
Criança imberbe, a sós, pela aspereza
Do rústico caminho, vacilante.

Cónego Belarmino Afonso

|Cláudio Carneiro|
Insigne trasmontano, com o ardor
Que lhe emana do íntimo do peito,
Consagra-te um poema um trovador
Que te estima e venera com respeito.

Só tu me compreendes no meu canto,
No meu dom de cantar a Deus, ao mundo.
Só tu, ente imortal e sacrossanto,
Espírito do bem, estro fecundo.

Bem-hajas, muitas graças, obrigado
Por quanto usufrui do teu saber
E o desmedido apoio que me deste.

Como outrora, pressinto-te a meu lado,
Na percepção concreta de te ver,
Embora lá no Reino a que ascendeste.

Miguel Torga

|Cláudio Carneiro|
Aqui nasceu e nunca abandonou
De vez o berço enquanto a mente o quis.
Qual o pródigo filho que, feliz,
Após o desengano, ao lar voltou.

Bendita mãe, bendita, que o gerou,
Que o pariu e o criou, (assim se diz
Em português vernáculo e condiz)
E o pai, que em hora certa o fecundou.

Aventurado fruto, que soubera
Usufruir da graça que tivera,
Que a predestinação alçou famoso.

Ditoso Trás-os-Montes, que se apraz
De quão ilustre filho. É lá que jaz,
No Reino a que chamou maravilhoso.

Fernão Gonçalves

|Cláudio Carneiro|
Desmedido nas obras e nos feitos,
Deus o levou na flor da meio-idade
De volta, sem retorno, à Eternidade,
A retomar, de vez, sacros preceitos.

Que lá, no "Etéreo Assento" dos eleitos,
Onde de novo habita em puridade,
Tem por missão a busca da Verdade,
Sem artes falaciosas de suspeitos.

Todos os grandes génios partem cedo,
Não se moldam às tramas do degredo,
Mundo de imperfeições, corrupto e tosco.

O douto conterrâneo, de alma ingente,
Feito de essência pura, transcendente,
Em memória ficou, vive connosco.

Dr. Manuel Pires Cabral

|Cláudio Carneiro|
(Pai)
    
Tu que eras para ser o meu padrinho
E deveras o foste e bom amigo,
Consente que eu te invoque do caminho
Onde me encontro para estar contigo.

Pressinto, como então, o teu carinho,
Aquele estado de alma a sós comigo,
Como se fora ainda o garotinho
Imberbe por chacim, primeiro abrigo.

Eu vejo-te tal qual como te via
Nesse tempo de sonho e fantasia
Apesar da distância e tu tão longe.

Como não ter presente, estro sublime,
A tua imagem, que eu te cante e estime
No fundo do meu ser e te lisonje?


Dr. Jaime Castro de Morais

|Cláudio Carneiro|
Nascido chacinense e lá criado,
Como seus pais e como seus avós,
Foi de Angola e de Goa, logo após,
Governador distinto e admirado.

Foi médico da Armada consagrado
E foi, com hombridade, porta-voz
Do movimento heróico que se opôs
Ao biltre Estado Novo, ora implantado.

Mas Salazar, iníquo fariseu,
De garra adunca, fez o que entendeu,
Tornando-se, do que era, mais hostil.

E Jaime de Morais, não se curvando
Ao jugo imposto, vil e miserando,
Alcança Espanha e vai para o Brasil.

Guerra Junqueiro

|Cláudio Carneiro|
Ó poeta genial e panfletário,
Foste monárquico e republicano,
Profanaste o altar, foste profano,
Apedrejaste Cristo no Calvário.

Manchaste a pedra ara no Sacrário,
Na Cruz cuspiste. Para maior dano
Andaste com calvinos, mano-a-mano,
Da mesma propaganda solidário.

Da política já desiludido,
Voltaste à crença antiga de Jesus
No término da vida, arrependido,

Em poemas de oração ao pão, à luz...
Para o justificar, fazer sentido,
Ouviu-te em comunhão o Padre Cruz.

Trindade Coelho

|Cláudio Carneiro|

Distinto conterrâneo, embevecido
Eis-me contigo aqui, no Mogadouro,
Em franca cavaqueira, olhando o Douro
Um tanto quanto velho e poluído.

Mudou-se o tempo, nada faz sentido!
O que havia, de outrora, dera o estouro,
O presente, Trindade, é um desdouro,
Nem um resquício, tudo foi perdido.

Parte do nosso Povo anda na Espanha,
Que é lá, para comer, que pão se ganha,
Estão por cá os campos sem amanhos.

Escreveres, de novo, outros amores?
Não existem Candanas, nem Maçores,
Nem malhadas, nem hortas, nem rebanhos.

Professor Adriano Moreira

|Cláudio Carneiro|

Só vós sois grande e sábio no pensar!
Dos homens o tamanho está na mente
E na grandeza de alma tão-somente,
Que à criação das obras dá lugar.

Ó fonte inesgotável, se calhar
Sois de essência divina, transcendente,
Emanação do bem, cuja semente
Ousara em Trás-os-Montes germinar.

Eu vos venero e canto. Só é pena
Usufruir de rude e "agreste avena"
E de musas de humilde inspiração.

Canto-vos como sei, do que disponho,
Que a fantasia homérica de um sonho
É quanto vai, Senhor, da minha mão.

Professor Carlos D'abreu

|Cláudio Carneiro|
Porque és quem és, além da distinção,
Pela grandeza de alma que te anima,
Pelo merecimento e pela estima,
A minha devotada gratidão.

Homem de fé, provinda da razão,
Produto incontestado de obra-prima,
Porque de facto o és, estás acima
Dos que se julgam ser e não o são.

Ditosa hora aquela que tivera
A honra, o privilégio de encontrar-te
Para glória imortal e alçar renome

Como algo transcendente que descera
De inteligível mundo a esta parte.
Em manifesto enlevo do meu nome.




O Abade de Baçal

|Cláudio Carneiro|

Francisco Manuel Alves, conhecido
Por toda a gente Abade de Baçal,
Por ser daquela terra natural,
Nela nascer, crescer e ter vivido.

O ilustre Abade foi e faz sentido,
Nas obras e nos feitos genial,
Dos maiores do tempo em Portugal,
Em tudo quanto fez bem sucedido.

Além das obras, digno sacerdote,
Um homem singular, tendo por dote
A grandeza imortal de São João Bosco.

E, para maior glória, trasmontano,
Para cá do Marão, um bragançano
De corpo e alma que anda aí connosco..



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