A cumplicidade cobarde do silêncio

|Hélio Bernardo Lopes|
Indiscutivelmente, a História repete-se. Depois dos silêncios cúmplices em face dos crimes do nazismo, aí está agora a cumplicidade cobarde do silêncio em torno dos crimes que Israel está a praticar contra a população palestiniana. Uma vergonha que não é fácil de exprimir por palavras! Uma vergonha!!

No meio de tudo isto, a pleníssima contemporização de Estados e instituições diversas para com os crimes de Israel. Desde logo, o Presidente da Turquia, Erdogan, que nos vem agora assegurar que os Estados Unidos perderam, o papel de mediador no conflito da Palestina. Que alcance, o destas palavras!

De modo concomitante, a Liga Árabe Liga reuniu-se de emergência. E porquê? Bom, ao redor da nova localização da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém. A uma primeira vista, algo só agora cabalmente apreendido...

Pela voz de Federica Mogherini, a portentosa União Europeia – entidade respeitadíssima e temida em todo mundo...– chama a atenção de Israel no sentido de que respeite o uso proporcional da força. O que me leva a perguntar: terão já sido utilizadas armas nucleares de teatro?

E, logo depois, António Guterres, mostrando-se preocupado com a situação em Gaza. Bom, parece que o mundo parou, depois destas palavras do nosso Guterres. Palavras que já lá vão, dado que o vento sopra hoje com um mínimo de força.

Este caso do conflito israelo-palestiniano é a prova mais cabal da constante agressão do Ocidente contra os seguidores do Islão, do radical ao moderado. Uma realidade que se pode observar diariamente nos nossos noticiários televisivos, por via do abismo dos tempos de antena noticiosos, mostrando ao mundo, porventura do modo mais explícito, o fantástico irrealismo da dita Comunidade Internacional e das suas instituições, mormente no que se refere às Nações Unidas.

A História de Israel, lamentavelmente, tem vindo a ser construída sobre os escombros humanos de mil e um crimes e violações dos Direitos Humanos e do Direito Internacional Público. Infelizmente, sendo um Estado de raiz cristã, tudo lhe vai sendo consentido, ao contrário dos que se suportam nos valores do Islão. Uma vergonha!!

Encontrar-se-á solução no paraíso?

|Hélio Bernardo Lopes|
Cada um de nós, ao longo da vida, cruza-se sempre com personalidades marcadas por certo tipo de singularidades. Muitas vezes, estas singularidades acabam por tornar-se maçadoras e cansativas. 

Uma situação muito presente em quem se veja marcado, por exemplo, por um suposto grau de perfeccionismo que acabe por mexer com os que consigo convivem. É o que se dá, por exemplo, com as exigências doentias sobre limpeza, típicas de quem pensa nada estar em condições convenientes. Ou com os que pensam situar-se no cume da honestidade global em face das mil e uma coisas da vida.

Vem isto a propósito de declarações recentes de António Barreto, numa entrevista que concedeu ao semanário SOL. Diz Barreto, a dado passo, que perdeu o contacto com os políticos e estes o perderam a si.

Nunca duvidei desta realidade desde que passou por um Governo de Mário Soares, sendo que nunca de si ouvira falar até então. Simplesmente, o que então lhe vi e o que de si aprendi colocou-me de pé atrás em face da sua intervenção política. Sobretudo, pelo caminho, já então sinuoso, que havia percorrido desde que se tornara refratário, vindo a viver na Suíça, aderindo ao PCP, estudando neste país, entrando para as Nações Unidas como sociólogo, saindo depois daquele partido. Regressado a Portugal, na sequência da Revolução de 25 de Abril, António Barreto havia aderido ao PS, partido de onde saiu algum tempo depois, prosseguindo a sua carreira académica.

A uma primeira vista, sobressai desta trajetória uma personalidade intelectualmente inquieta, como que à procura de um ponto cardeal que se mostre absoluto. No mínimo, com um ínfimo desvio-padrão. Acontece que uma tal realidade, estando fortemente ausente nas convivências correntes, terá, naturalmente, de o estar ainda mais na vida política. Basta olhar o que vai hoje pelo mundo, transformado que está num ambiente de imprevisível vale-tudo, fruto do triunfo neoliberal e da globalização que sucederam o fim do comunismo. Quando 1 % da população mundial dispõe, em crescendo, de tanto como os 80 % menos dotados do mundo, algo existe de ilógico e de incorreto. Simplesmente, a uma primeira vista não nos chegam de António Barreto críticas a uma tal situação, como por igual à corrida à modernização das armas nucleares, ainda ontem anunciada por Donald Trump.

Estou em crer que António Barreto se mostra muito certeiro quando, nessa mesma entrevista, reconhece que construiu para si próprio uma obsessão de independência. E a minha opinião simplória é a de que qualquer obsessão é sempre má, porque representa um grau de rigidez que limita a essencial capacidade de adaptação à realidade da vida, sempre imperfeita e repleta de coisas que sempre todos tomam, numa perspetiva absoluta, como incorretas. Se eu me determinasse a pôr um fim no relacionamento com quem reconheço estar longe de um posicionamento eticamente correto teria de deixar de falar a alguém conhecido que há dias garantiu desconhecer se a antiga União Soviética alguma vez atacou com armas nucleares um qualquer outro Estado da Comunidade Internacional. Quase com toda a certeza, teria de isolar-me, lendo, escrevendo para mim mesmo, pintando ou operando quaisquer outras atividades que permitem aguentar a passagem do tempo.

A verdade é que, por um tal caminho, mesmo gostando muito do silêncio, talvez viesse a sofrer a tristeza decorrente de o viver demasiadamente. Precisamente o que também nos refere António Barreto, nesta entrevista recente.

Se perdeu o contacto com os políticos e estes o perderam a si, tal só se deve ao seu modo de ser, marcado por uma obsessão de independência que leva quem se deixa por ela enraizar a um silêncio, porventura, doloroso se demasiado. Mas, enfim, será certamente um concidadão nosso feliz com o caminho que se determinou a percorrer ao longo da vida. Ou não será, de facto, assim?

As conclusões sobre o MH17

|Hélio Bernardo Lopes|
Aí está o relatório sobre a queda do MH17, que teve lugar no Leste da Ucrânia. Como sempre pude explicar, o relatório não pode, com verdade, ser dado como válido e indiscutível. E não pode acontecer isto porque os seus autores são todos de países anti-Putin. 

Além do mais, a Ucrânia também possuía – possui ainda, ou já se desfez deles? – estes mesmos mísseis. Uma realidade que foi explicada por um oficial superior do Exército Português num canal de televisão nosso.

Como também pude já referir, as autoridades russas não tinham uma ínfima razão válida para, conscientemente, abater um avião de passageiros. Até porque, mesmo que tenham sido ucranianos a fazê-lo, seria sempre sobre a Rússia e Putin que recairia o apontar do dedo em termos de responsabilidade.

Não faltam exemplos de conclusões falsas ou erradas em trabalhos deste tipo, ou mesmo de outros complexos. Basta citar o caso de Camarate, ou o do homicídio de Kennedy, ou o do seu irmão, ou o que os nossos intelectuais – até de todo o mundo – diziam das ligações do casal Rosemberg à antiga União Soviética, ou os casos fraudulentos d’OS SEIS DE BIRMINGHAM, ou d’OS QUATRO DE GUILFORD, ou o d’OS SETE MAGUIRE, ou o do assassinato, nos Estados Unidos, de Orlando Letelier, etc., etc..

O que esteve em jogo neste caso, como no de Lytvinenko, é uma causa da luta política contra Vladimir Putin, dado que os Estados Unidos têm neste estadista um político patriota e que não aceita subordinar-se aos grandes interesses dos plutocratas dos Estados Unidos, mormente vendendo as riquezas da Rússia a pataco. Ou seja, este relatório não representa, de facto, nada.

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