"Ode às mulheres que querem ser soldados", poema de Jesús Lizano

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]Ode às mulheres que querem ser soldados

Aos quartéis!
Enchei de filhos os quartéis!
Que se misturem os filhos nos desfiles!
Que brinquem com as armas e as munições!
Que as desmontem e confundam!
Que interrompam
as arengas dos coronéis!
Sim, sim, vós!
Passai as noites nas guaritas da guarda!
Levai à cantina os alferes!
Multiplicai os altifalantes!
À carreira de tiro! Descei à carreira de tiro com a merenda
e estendei as toalhas! Toalhas!
Toalhas!
E tapai de queijo os fuzis
ensaiando mil toques novos de corneta.
Que fiquem loucos todos os capitães!
Que dancem até se desconjuntarem os corneteiros!
Estendei as roupas na Sala de Comando!
Desfilai! Desfilai
mostrando os vossos encantos!
Isso! Isso! Soldados!
E logo, aos templos! Há muitos templos!
Enchei de criaturas os templos!
Que brinquem às escondidas pelos armários, pelos sítios recônditos!
Que se disfarcem com as fardas e os lençóis!
Incenso! Muito incenso!
Ide às procissões com os vossos pratos e caçarolas
e que se espalhe pelos armazéns
o cheiro a ovos fritos e a borrego!
A mãe do borrego!
Ala! Ala!
Cumpri a longa marcha até aos bancos!
Confundi todos os códigos!
Acelerai os ventiladores!
Que voem todos os arquivos e se percam todos os créditos!
Casai-vos com os banqueiros!
Com os presidentes de câmara! Com os acionistas!
Enchei com o vosso perfume e o vosso encanto os ministérios!
Levai as meias ao hemiciclo!
Nem luz nem estenógrafas!
Luz? Estenógrafas?
Sim, seres maravilhosos que quereis ser soldados!
Às escolas! Às escolas!
Ponde as patas em cima das geografias e das histórias!
As regras!
Seduzi os catedráticos!
À Aula Magna! À Aula Magna!
E passeai nuas e revestidas com as suas togas!
Pari nos Conselhos de Ministros!
E nas loggias! E nas Academias!
Recebei as vossas amigas nas Academias!
Nas Reais Academias!
Salvai da ordem o mundo!
Começará um tempo novo
e voltaremos à selva!
E assim terminará este ciclo tão antigo
quando Eva, desta vez, devolva ao género humano o Paraíso!

Jesús Lizano[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601503.us.archive.org/27/items/podcast-poemario-12_202009/Podcast%20Poem%C3%A1rio%2312.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``Ode às mulheres que querem ser soldados``" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO | Rubrica de Carlos d'Abreu" size="sm" align="left" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" button_block="true" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]Jesús Lizano foi um poeta e um pensador libertário espanhol, ligado ao movimento anarquista. Defendeu o Misticismo Libertário que concebia a evolução a partir do mundo selvagem, onde convergem todos os animais excepto a espécie humana, que agora está estagnada no mundo político real, a caminho do mundo real poético .

Estudou filosofia e leccionou, onde foi alcunhado “Antiseñor Lizano” por garantir a aprovação de todos os alunos. Publicou periodicamente “A coluna poética e o poço político” na revista libertária Polémica publicada em Barcelona. Escreveu em jornais.A Sua poesia era oral, o que o levou a participar em numerosos recitais participativos e apaixonados, dos quais existem alguns testemunhos em vídeo que ele editou.

“…exemplo de luta em defesa da humanidade
e de todas aquelas causas justas às quais dedicou a vida… que a sua figura e a sua obra de luta social a favor dos desiguais seja seguida e recordada por muito tempo…”[/vc_column_text][better-ads type="banner" banner="3814" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][/vc_row]

"más notícias me dás", poema de Carlos d'Abreu

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]"más notícias me dás"

más notícias me dás da nossa loisa
de trancoso e do nordeste e do país

triste tempo

terão ardido os alcornoques e os pinhos
por ti      por mim      por nós plantados

amarga constatação

ainda se ao menos o fogo
resultasse do combate
entre os tiranos e o nosso povo…

lapso de tempo

natureza atenta
ecologia do lume
parição da terra

hora serôdia

mas das ruas dos campos e dos montes
a multidão perscruta e decide alvoroçada
romper o fumo              e AVANÇAR

Carlos d'Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia801509.us.archive.org/23/items/podcastpoemario-25masnoticiasmedas/Podcastpoem%C3%A1rio%2325masnoticiasmedas.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``más notícias me dás``" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO | Rubrica de Carlos d'Abreu" size="sm" align="left" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" button_block="true" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]“más notícias me dás”, integra o livro de poesia “[des(en)]cantos e (alguns) gritos“, de Carlos d’Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem.

A narratividade dos poemas, associada ao tom coloquial, constitui outro traço distintivo da poética do autor. Muitos dos carmes, em todos os andamentos, evocam as narrativas mágicas e imemoráveis que vão passando de geração em geração. Esta narratividade, coadjuvada pelo ritmo rápido e cadenciado da quadra, predetermina a atenção do leitor para a reflexão e a procura de ‘novos sentidos e possibilidades’”.

Do prólogo de Norberto Veiga[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

"Carrossel", poema de Jesús Lizano

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]Carrossel

Que instalem carrosséis
em todas as ruas,
que encham de carrosséis as cidades.
Há séculos
que andamos com esse invento de feira em feira
sem descobrir a sua humaníssima aventura.
Que celebrem os noivos
a sua viagem no carrossel,
de cavalinho em cavalinho.
Que cada família tenha o seu carrossel,
todos ao carrossel!
Que os amigos
falem e sonhem e discutam
dando voltas no carrossel.
Nele celebrem os seus conselhos de ministros,
enquanto houver ministros,
e nele se reúnam os senhores bispos,
naturalmente, revestidos
de senhores bispos,
enquanto houver bispos.
Os pobres montam no carrossel para rir-se do mundo
e os ricos,
que subam os ricos ao carrossel
enquanto todos os aplaudimos!
E os senhoritos!
Que subam os senhoritos!
E venham todos os solitários, todos os vagabundos.
E o congresso dos deputados
será o congresso dos cavalinhos de madeira.
E os empresários, que risa, os empresários!
Que subam os empresários com os seus assalariados,
enquanto houver salários.
Os salários do medo!
E, já agora: comités centrais,
máfias, seitas, castas, clãs, etnias:
aos cavalinhos!
E os músicos com os guarda-venatórios,
e o presidente da câmara e os vereadores
com as vendedeiras e os padeiros.
Viva! Viva!
Gritarão as crianças quando virem
que sobem os Honoráveis.
Vamos, Honoráveis!:
Ao carrossel!
Vamos à cidade para andar nos cavalinhos,
Dirão as monges aos seus abades.
E os académicos:
que se reúnam os académicos no carrossel
e que encerram todas as academias.
Ah, se todos os filósofos tivessem andado no carrossel!
Que instalem carrosséis em todos os cárceres,
nos quartéis,
nos hospitais,
nos frenopáticos
e que fujam todos
montados nos cavalinhos.
E todos os juízes ao carrossel,
vamos! vamos! Aos cavalinhos!
E nada de processos e de sentenças!
Já basta julgar os efeitos e não as causas!
Aos cavalinhos!
E que todos os funerais
se celebrem montados nos cavalinhos do carrossel.
São as novas ordenações,
são os novos preceitos:
todos ao carrossel!
A cavalgada do carrossel!
À confederação de todos os carrosséis!
Até que todos sejamos crianças…

Jesús Lizano[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601406.us.archive.org/0/items/podcastpoemario-19/Podcastpoemario%2319.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``Carrossel``, poema de Jesús Lizano" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO | Rubrica de Carlos d'Abreu" size="sm" align="center" button_block="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]Jesús Lizano foi um poeta e um pensador libertário espanhol, ligado ao movimento anarquista. Defendeu o Misticismo Libertário que concebia a evolução a partir do mundo selvagem, onde convergem todos os animais excepto a espécie humana, que agora está estagnada no mundo político real, a caminho do mundo real poético .

Estudou filosofia e leccionou, onde foi alcunhado “Antiseñor Lizano” por garantir a aprovação de todos os alunos. Publicou periodicamente “A coluna poética e o poço político” na revista libertária Polémica publicada em Barcelona. Escreveu em jornais.A Sua poesia era oral, o que o levou a participar em numerosos recitais participativos e apaixonados, dos quais existem alguns testemunhos em vídeo que ele editou.

“…exemplo de luta em defesa da humanidade
e de todas aquelas causas justas às quais dedicou a vida… que a sua figura e a sua obra de luta social a favor dos desiguais seja seguida e recordada por muito tempo…”[/vc_column_text][better-ads type="banner" banner="3814" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][/vc_row]

naufragar em teu corpo

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]naufragar em teu corpo

no meu navegar à vista
rio acima entre montanhas
após o meandro da dobra
enxergo ao longe o páramo

(não obstante a névoa)

e se não avisto já o pélago
diviso pelo menos a entrada
algo escura e viscosa do abrigo
a que o eflúvio me conduz

transporei o remoinho
naufragarei em teu corpo
deixar-me-ei engolir uma
e muitas vezes com o ímpeto
da maré invadindo a praia

como o ir e vir do mar
aparentemente furibundo

e sem queixumes deixar-me-ei
pelas vagas tuas agigantar
contribuindo apenas para quebrar
a quietude do teu corpo
até então adormecido

Carlos d'Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601500.us.archive.org/21/items/prod-podcast-poemario-17uce/ProdPodcast%20Poem%C3%A1rio%2317uce.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="naufragar em teu corpo" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO | Rubrica de Carlos d'Abreu" size="sm" align="right" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" button_block="true" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]“naufragar em teu corpo”, integra o livro de poesia “[des(en)]cantos e (alguns) gritos“, de Carlos d’Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem.

A narratividade dos poemas, associada ao tom coloquial, constitui outro traço distintivo da poética do autor. Muitos dos carmes, em todos os andamentos, evocam as narrativas mágicas e imemoráveis que vão passando de geração em geração. Esta narratividade, coadjuvada pelo ritmo rápido e cadenciado da quadra, predetermina a atenção do leitor para a reflexão e a procura de ‘novos sentidos e possibilidades’”.

Do prólogo de Norberto Veiga[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

"Ah, vã glória...", poema de Carlos d'Abreu

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]Ah, vã glória...

Já lhe não basta
o nome do civil
para se afirmar
e parecer ainda mais vil

precisa ter casta
por isso o adjectiva
qualifica e determina
se viscondessa ou barão
malata ou cabrão
mas isso é passado!

O homem moderno
porque inovador
criou novas rimas:

Presidente,           Doutor
Engenheiro,         Administrador
Comandante,       Director
Chefe e                   (sub-repticiamente) Ditador

Mas nunca olvidar               do EX.MO SENHOR!
............................[por vezes ainda Comendador]

Carlos d'Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601508.us.archive.org/3/items/podcast-poemario-15/Podcast%20Poem%C3%A1rio%2315.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="Ah, vã glória..." songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO DE CARLOS D'ABREU" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" button_block="true" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]“Ah, vã glória...”, integra o livro de poesia “[des(en)]cantos e (alguns) gritos“, de Carlos d’Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem. Um poema em lembrança da passagem do comboio no sítio de Vale de Ferreiros.

A narratividade dos poemas, associada ao tom coloquial, constitui outro traço distintivo da poética do autor. Muitos dos carmes, em todos os andamentos, evocam as narrativas mágicas e imemoráveis que vão passando de geração em geração. Esta narratividade, coadjuvada pelo ritmo rápido e cadenciado da quadra, predetermina a atenção do leitor para a reflexão e a procura de ‘novos sentidos e possibilidades’”.

Do prólogo de Norberto Veiga[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Poema "Cemitério de Cidade" de Celso Emilio Ferreiro

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]Celso Emilio Ferreiro (1912-1979)

Celso Emilio Ferreiro foi um escritor galego. Era de família remediada, camponesa e galeguista. Aos 22 anos, em 1934, fundou com José Velo Mosquera a Federação de Mocedades Galeguistas.
Quando estalou a guerra Celso Emílio foi obrigado a entrar no exército franquista. Esteve condenado a morte e, nas quatro noites que passou no cárcere até a família conseguir o indulto, escreveu o poema “Longa noite de pedra“, núcleo central do livro do mesmo título.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601408.us.archive.org/24/items/podcast-poemario-27/Podcast%20Poem%C3%A1rio%2327.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``Cemitério de Cidade``" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][/vc_column][/vc_row]

"Vale de Ferreiros", poema de Carlos d'Abreu

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]Vale de Ferreiros

Pou ca–te rra pou ca–te rra
Puii-puiiiiiii
Quem assim ronceiro andava
e rouco silvava
cansado vinha.

Olhei pró Cabeço da Mua
e quase fumo não vi
da velhinha locomotiva.

De alegre brilho metálico
passara a encardido tição.

O minério que a trouxera,
era agora impuro em demasia
e quem a exigira         já partira.

Nela de gente apenas
o maquinista e o fogueiro
e de carga adubo pouco.
P’ra baixo mais ninguém traria
e de grão já pouco havia.

Tinha os dias contados,
pois de “viação acelerada”
passara a lenta e criminosa
no dizer dos mercenários:
pirómana, pirómana! (– apontavam)

Carlos d'Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601503.us.archive.org/32/items/podcast-poemario-006_202006/%23PodcastPoem%C3%A1rio006.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``Vale de Ferreiros``, poema de Carlos d'Abreu" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]“Vale de Ferreiros”, integra o livro de poesia “[des(en)]cantos e (alguns) gritos“, de Carlos d’Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem. Um poema em lembrança da passagem do comboio no sítio de Vale de Ferreiros.

A narratividade dos poemas, associada ao tom coloquial, constitui outro traço distintivo da poética do autor. Muitos dos carmes, em todos os andamentos, evocam as narrativas mágicas e imemoráveis que vão passando de geração em geração. Esta narratividade, coadjuvada pelo ritmo rápido e cadenciado da quadra, predetermina a atenção do leitor para a reflexão e a procura de ‘novos sentidos e possibilidades’”.

Do prólogo de Norberto Veiga[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

"As pessoas curvas", poema de Jesús Lizano

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]As pessoas curvas

A minha mãe dizia: eu gosto
das pessoas rectas.


Pois eu gosto das pessoas curvas,
das ideias curvas,
dos caminhos curvos,
porque o mundo é curvo
e a terra é curva
e o movimento é curvo;
e gosto das curvas
e dos peitos curvos
e dos cus curvos,
dos sentimentos curvos;
a embriaguez: é curva;
as palavras curvas;
o amor é curvo;
o ventre é curvo!
o diverso é curvo.

Eu gosto dos mundos curvos;
o mar é curvo,
o riso é curvo,
a alegria é curva,
a dor é curva;
as uvas: curvas;
as laranjas: curvas;
os lábios: curvos;
e os sonhos: curvos;
os paraísos: curvos
(não há outros paraísos);
eu gosto da anarquia curva.

O dia é curvo
e a noite é curva;
a aventura é curva!
E não gosto das pessoas rectas,
do mundo recto,
das ideias rectas;
eu gosto das mãos curvas,
dos poemas curvos,
das horas curvas:
contemplar é curvo!
(nas que podes contemplar as curvas
e conhecer a terra);
os instrumentos curvos,
não as facas, não as leis:
não gosto das leis porque são rectas,
não gosto das coisas rectas,
os suspiros: curvos;
os beijos: curvos;
as carícias: curvas.

E a paciência é curva.

O pão é curvo
e a metralha recta.

Não gosto das coisas rectas
nem da linha recta:
perdem-se
todas as linhas rectas;
não gosto da morte porque é recta,
é a coisa mais recta, a mais escondida
por trás das coisas rectas;
nem dos professores rectos
nem das professoras rectas:
eu gosto dos professores curvos,
das professoras curvas.

Não dos deuses rectos:
livrem-nos os deuses curvos dos deuses rectos!
O banho é curvo,
a verdade é curva,
eu não resisto às verdades rectas.
Viver é curvo,
a poesia é curva,
o coração é curvo.

Eu gosto das pessoas curvas
e fujo, por serem peste, das pessoas rectas.

Jesús Lizano[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601505.us.archive.org/26/items/podcast-poemario-29/podcast%20Poem%C3%A1rio%2329.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``As pessoas curvas``, poema de Jesús Lizano" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text css=".vc_custom_1592649675097{margin-bottom: 200px !important;}"]




Jesús Lizano foi um poeta e um pensador libertário espanhol, ligado ao movimento anarquista. Defendeu o Misticismo Libertário que concebia a evolução a partir do mundo selvagem, onde convergem todos os animais excepto a espécie humana, que agora está estagnada no mundo político real, a caminho do mundo real poético .

Estudou filosofia e leccionou, onde foi alcunhado “Antiseñor Lizano” por garantir a aprovação de todos os alunos. Publicou periodicamente “A coluna poética e o poço político” na revista libertária Polémica publicada em Barcelona. Escreveu em jornais.A Sua poesia era oral, o que o levou a participar em numerosos recitais participativos e apaixonados, dos quais existem alguns testemunhos em vídeo que ele editou.

“…exemplo de luta em defesa da humanidade
e de todas aquelas causas justas às quais dedicou a vida… que a sua figura e a sua obra de luta social a favor dos desiguais seja seguida e recordada por muito tempo…”









[/vc_column_text]

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[/vc_column][/vc_row]

"Solidão" poema de Carlos d'Abreu

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]"Solidão"

Solidão Ão ão
Ladro a esta companheira
e faço-o por antecipação
mesmo sabendo que cairei na ratoeira
para a qual ela de supetão me empurrará

O ardil é a escrita, não digo poesia,
digo escrita, em geral descrita
como fatalidade, como resignação

A escrita são palavras,
umas chochas outras gradas,
manifestações verbais que entretêm o solitário
é exercício que anestesia
e ameniza a ocasião escura e fria

Não haverá compenetração
sem retiro ou mesmo clausura,
apenas apócrifa e erma vastidão

Ladro à solidão merencória e pesarosa
mas procuro o momento, a sós, inspirador
À outra digo: Não!

E com ela embarco e retomo a busca
incessante, esgotante, castradora
esperando mais um naufrágio…

Mas enquanto e não
ladro também ao vento
ão ão ão
pode ser que ouça lamento
de canita à deriva como eu

Carlos d'Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601402.us.archive.org/14/items/podcast-poemario-14/Podcast%20Poem%C3%A1rio%2314.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``Solidão``" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]“Solidão”, integra o livro de poesia “[des(en)]cantos e (alguns) gritos“, de Carlos d’Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem.

A narratividade dos poemas, associada ao tom coloquial, constitui outro traço distintivo da poética do autor. Muitos dos carmes, em todos os andamentos, evocam as narrativas mágicas e imemoráveis que vão passando de geração em geração. Esta narratividade, coadjuvada pelo ritmo rápido e cadenciado da quadra, predetermina a atenção do leitor para a reflexão e a procura de ‘novos sentidos e possibilidades’”.

Do prólogo de Norberto Veiga

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

"A Ordem", poema de Jesús Lizano

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]A ordem

Isto é a Ordem!
Tudo
sumido numa ordem,
tudo dependente das ordens,
dos mecanismos, dos uniformes,
das fronteiras, dos princípios,
dos códigos, dos fins.
Isto é a Ordem!

Símbolos, mensagens, leis,
ordenamentos, conceitos,
praga de conceitos,
desde que nascemos
até que morremos,
todos
escravos dos conceitos.

Mas, nascemos? Morremos?
É possível tal coisa
no meio de tanta Ordem?

E ordenadores, ordenadores:10
faltava este grande invento
para que tudo seja uma Ordem.

Uma Ordem!
Isto é uma Ordem!
Ordeno e mando!
Às suas ordens!

Uma Ordem é a nossa Razão,
essa sim é uma Ordem,
da qual nascem todas as ordens,
mãe dos nossos crimes,
sombra das nossas luzes,
poço dos nossos sonhos:
A palhaça do mundo!

Determinações, mandamentos:
como dez mandamentos?:
milhares e milhares de mandamentos!

Cálculos, classificações,
rituais, milhares de rituais.
Tudo medido,
tudo milimétrico.
Como poderemos ser
únicos e companheiros?
Ordem de Malta,
Ordem de São Bento,
ordens mendicantes,
ordens e contra-ordens.
A quadratura do círculo!
A quadratura da Beleza!
A quadratura do pensamento!

Pobre pensamento:
se o pensamento é uma criança…

Como sair da Ordem
estabelecida, imposta, justiceira
uma Ordem
de dominados e dominantes,
de vencedores e vencidos.
E a ordem dos factores!

Ordens, Academias,
isso sim, Reais,
mentalizadoras.
O Mundo
é uma Ordem fantástica,
enlouquecida,
faz e desfaz,
faz e desfaz.
Atenha-se às ordens!
Uma Ordem! É uma Ordem!

(Espero que saibais
o que quero dizer
quando digo Ordem…)

Não, não: o que nós
necessitamos são desordenadores,
mudar a Ordem,
a implacável Ordem,
este viver matemático e geométrico,
mimético, envenenador.
É a Ordem!

Que se pode esperar
se nascer é uma ordem,
morrer é uma ordem.
Tanta Ordem
e tanto sofrimento!

Por ordem alfabética!
Por ordem de aparecimento em cena!
Não, não:
eu quero desordenar-me,
necessito de desordenar-me, libertar-me
de tanto ordenamento
que faz de mim uma Ordem.

É a Ordem!
Cuidado com a Ordem!
Como sentir
se se é uma Ordem?
Como pensar
se se é uma Ordem?
Como sonhar
se se é uma Ordem?

Regras, medidas, alfaiates
enlouquecidos, medidores.
Isto é a Ordem!

Ordens de registo:
levo os bolsos
cheios de ordens de registo.
Forças da Ordem.
Claro: da Ordem!

Mal saio de uma Ordem
e já me persegue outra Ordem:
Ordem pública, pública,
Ordem íntima: um
a dar ordens
a si mesmo!

E vozes preventivas
e vozes executivas,
pobres vozes!

Passem, senhores, passem!
A numerar-se! A ordenar-se!
Proibido alterar a Ordem!
Isto
é uma Ordem!

Reflexos condicionados,
funções condicionadas,
pessoas rectas,
ideias fixas,
deuses, deuses
rectos e fixos,
imagens: que mistura
de imagens, de sombras,
de ordens.
Uma Ordem! Uma Ordem!

A norma, a regra:
tem a regra,
cumpre a ordem.
É a Ordem,
o grande teatro da Ordem!
A eterna submissão
do diverso à Ordem!

Liberdade!
dentro de uma Ordem!

A Ordem!
Isto é a Ordem!

Dizei-me: do homem e da mulher!
Que resta aqui do homem e da mulher?

Jesús Lizano[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601402.us.archive.org/32/items/podcast-poemario-22/Podcast%20Poem%C3%A1rio%2322.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="`` A Ordem``, poema de Jesús Lizano" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]Jesús Lizano foi um poeta e um pensador libertário espanhol, ligado ao movimento anarquista. Defendeu o Misticismo Libertário que concebia a evolução a partir do mundo selvagem, onde convergem todos os animais excepto a espécie humana, que agora está estagnada no mundo político real, a caminho do mundo real poético .

Estudou filosofia e leccionou, onde foi alcunhado “Antiseñor Lizano” por garantir a aprovação de todos os alunos. Publicou periodicamente “A coluna poética e o poço político” na revista libertária Polémica publicada em Barcelona. Escreveu em jornais.A Sua poesia era oral, o que o levou a participar em numerosos recitais participativos e apaixonados, dos quais existem alguns testemunhos em vídeo que ele editou.

“…exemplo de luta em defesa da humanidade
e de todas aquelas causas justas às quais dedicou a vida… que a sua figura e a sua obra de luta social a favor dos desiguais seja seguida e recordada por muito tempo…”[/vc_column_text][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1591456394820{margin-top: 250px !important;margin-bottom: 250px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][/vc_row]

"À Tecedeira", poema de Carlos d'Abreu

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]À Tecedeira

Revela-me ó tecedeira
como urdes com versos de malha
nesse mágico e sóbrio apresto
o poema-manta que me agasalha

Eu só o fio do poema conheço

Esguia e veloz lançadeira
barcarola-canela de linhas
que roça fricciona insinua
em mão esbelta da tecedeira
qual surfista navegante

vem depois o pente e mistura
a textura do instante

Eu só entrelaçar versos sou capaz

Vai e vem           leva e traz
fios linhas cores ideias
lenços telas e tafetás
e muitas e muitas teias

Eu só tecer poemas sei

Enquanto tu ó tecedeira
após cardar fiar e dobar
teces mantilha-floreira
xaile-manta        amictório
com que me hás-de velar

Carlos d'Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601408.us.archive.org/10/items/podcast-poemario-30/Podcast%20Poem%C3%A1rio%2330.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``À Tecedeira``" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"]https://ia601408.us.archive.org/10/items/podcast-poemario-30/Podcast%20Poem%C3%A1rio%2330.mp3[/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]“Rostos Transmontanos”, integra o livro de poesia “[des(en)]cantos e (alguns) gritos”, de Carlos d’Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem.

No poema “À Tecedeira”, que, de imediato, reenvia a memória do leitor para a Odisseia, de Homero, e para o episódio da rainha Penélope, o autor apresenta o seu modus faciendi, isto é, a sua arte poética. O escritor, empregando metáforas que associam a poesia às artes do tear e do bordado, compara o texto/poema a um “poema- -manta”, realçando os significados de “tecer, entrelaçar os fios” que escoram a etimologia do vocábulo texto. O labor poético entrelaça vogais, consoantes, sons, palavras e ritmos para formar o texto, ou o “poema-manta”. Esta composição patenteia, ainda, a dificuldade
do trabalho poético, que é comparado ao labor doméstico, ou seja, à renda e ao tear, atividades que exigem muita atenção e concentração. Nota-se, ainda, uma gradação ascendente desse processo, prefigurada nos versos “eu só o fio do poema conheço” (v. 5), “eu só entrelaçar versos sou capaz” (v. 13) e, por fim, “eu só tecer poemas sei” (v. 18). Em suma, enquanto a Tecedeira/Penélope entrelaça.

[Do prólogo de Norberto Veiga][/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

"Mamíferos", poema de Jesús Lizano

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]Mamíferos

Eu vejo mamíferos.
Mamíferos com nomes estranhíssimos.
Esqueceram-se que são mamíferos
e creem-se bispos, canalizadores,
leiteiros, deputados. Deputados?
Eu vejo mamíferos.

Polícias, médicos, porteiros,
professores, alfaiates, cantautores.
Cantautores?
Eu vejo mamíferos…

Presidentes, criados, escriturários, mestres d’obra,
Mestres d’obra!
Como pode crer-se mestre d’obra um mamífero?
Membros, sim, membros, creem-se membros
do comité central, da ordem dos médicos…
académicos, reis, coronéis.
Eu vejo mamíferos.

Actrizes, putas, assistentes, secretárias,
directoras, lésbicas, puericultoras…
Na verdade, eu vejo mamíferos.
Ninguém vê mamíferos,
ninguém, ao que parece, se lembra que é mamífero.
Serei eu o último mamífero?
Democratas, comunistas, xadrezistas,
jornalistas, soldados, camponeses.
Eu vejo mamíferos.

Marqueses, executivos, sócios,
italianos, ingleses, catalães.
Catalães?
Eu vejo mamíferos.

Cristãos, muçulmanos, coptas,
inspectores, técnicos, beneditinos,
empresários, caixeiros, cosmonautas…
Eu vejo mamíferos.

Jesús Lizano[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601400.us.archive.org/32/items/poemarioparamamiferos/poemarioparamamiferos.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``Mamíferos``" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]Jesús Lizano foi um poeta e um pensador libertário espanhol, ligado ao movimento anarquista. Defendeu o Misticismo Libertário que concebia a evolução a partir do mundo selvagem, onde convergem todos os animais excepto a espécie humana, que agora está estagnada no mundo político real, a caminho do mundo real poético .

Estudou filosofia e leccionou, onde foi alcunhado “Antiseñor Lizano” por garantir a aprovação de todos os alunos. Publicou periodicamente “A coluna poética e o poço político” na revista libertária Polémica publicada em Barcelona. Escreveu em jornais.A Sua poesia era oral, o que o levou a participar em numerosos recitais participativos e apaixonados, dos quais existem alguns testemunhos em vídeo que ele editou.

“…exemplo de luta em defesa da humanidade
e de todas aquelas causas justas às quais dedicou a vida… que a sua figura e a sua obra de luta social a favor dos desiguais seja seguida e recordada por muito tempo…”[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

"Rostos Transmontanos", poema de Carlos d'Abreu

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]Rostos Transmontanos

São rostos que não deixam ninguém indiferente
são o rosto de uma região inteira.
Contêm toda a Geografia Transmontana,
revelada pelos sulcos neles impressos
durante a passagem do khrónos.
Tempo e telurismo, juntos.
Solo e clima agrestes.
Ladeiras, fragas e arroios.
Moroiços, socalcos, cepas, oliveiras e amendoeiras.
Janeiros geadeiros e canículas estivais.
As leiras.
Afinal daimosos porque dobrados pela vontade
inquebrantável de sobreviver no território
que lhes calhou para viverem.
São retratos, são gente,
gente que povoa um território que se despovoa.
São metáforas.
Mensagens de canseira, de solidão,
de sofrimento, de mágoa, de privações,
de sobrevivência, por vezes de resignação.
Mas também os há, de confiança, de grandeza,
de fé e até esplendor.
Todos dignos.
Este conjunto de telas é um registo in extremis
de um corpo extenuado, que definha
porque o seu sangue embarca todos os dias.
Já não é só o vinho que desce o Douro,
é também quem plantou as cepas.

Carlos d'Abreu
"Rostos transmontanos", entrevista a Paulo Patoleia [icon name="video-camera" class="" unprefixed_class=""] 

[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601502.us.archive.org/35/items/podcast-poemario-23/Podcast%20Poem%C3%A1rio%2323.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``Rostos Transmontanos``" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2489" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]“Rostos Transmontanos”, integra o livro de poesia “[des(en)]cantos e (alguns) gritos", de Carlos d’Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem.

“A narratividade dos poemas, associada ao tom coloquial, constitui outro traço distintivo da poética do autor. Muitos dos carmes, em todos os andamentos, evocam as narrativas mágicas e imemoráveis que vão passando de geração em geração. Esta narratividade, coadjuvada pelo ritmo rápido e cadenciado da quadra, predetermina a atenção do leitor para a reflexão e a procura de ‘novos sentidos e possibilidades’”.

Do prólogo de Norberto Veiga

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

"Mãe", poema de Carlos d'Abreu

[vc_row][vc_column width="2/3"][vc_column_text]Mãe

corro o risco de já não viver no teu centenário
por isso lembrar-me-ei especialmente de ti
aquando do nonagésimo aniversário

lá longe, em casa-de-branco do tupi-guarani
à vista dos remansos da guanabara, naquele
rio-de-janeiro que te acolheu em abril

em abril voltaste à casa de xisto que te pertencia
(por avoengos meus terem visto do outro lado mar)
lançando âncora de torna-viagem

num abril casaste e a partir voltaste para outro lugar
do mar. e daí para o sertão onde também em abril desse lugar
te arrancaram e comigo regressaste à terra montanhosa e fria

e noutro abril insististe em volver a pisar o caminho do mar
e mais uma vez em abril te arrancaram da terra ocre
que amaste e retrocedeste às sombrias quelhas piçarrentas

de negras paredes. foram muitas idas e retornos e às fadigas
soçobraste, resistindo apenas três abris mais, até que rua
além te levaram para o recinto onde jazes

e nele de ti me despedi no abril seguinte
em vésperas de rumar à praça do carioca mauá
prometendo-te ser capaz de subir os degraus
que se me deparassem para descer.

fui e em dois abris regressei também
sem saber se coisa alguma vencera
mas a minha peregrinação amainou, e agora sei apenas
que num ido abril à casa onde me pariste e comigo
viveste, voltei para recordar as já distantes canções de embalar

no doce e morno aconchego do teu regaço
(partiste em viagem sem retorno e eu órfão)
mas sei que a minha tristeza seria menos merencória

se ao menos pudesse estar na nossa casa
(a minha ante-câmara da morte)
em vez de só e desagasalhado.

nela hei-de verter todas as lágrimas
para quando em abril for ao teu encontro
repetir os sorrisos de menino

Carlos d´Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/3"][zoomsounds_player source="https://ia601406.us.archive.org/15/items/mae-licencadeaudio-podcast-poemario-20_202005/mae-licencadeaudio-Podcast%20Poem%C3%A1rio%2320.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="Mãe" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2489" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||" css=".vc_custom_1588462424593{margin-top: -15px !important;}"][vc_column_text css=".vc_custom_1588462037320{margin-top: 20px !important;}"]“Mãe”, integra o livro de poesia “[des(en)]cantos e (alguns) gritos“, de Carlos d’Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem.

A narratividade dos poemas, associada ao tom coloquial, constitui outro traço distintivo da poética do autor. Muitos dos carmes, em todos os andamentos, evocam as narrativas mágicas e imemoráveis que vão passando de geração em geração. Esta narratividade, coadjuvada pelo ritmo rápido e cadenciado da quadra, predetermina a atenção do leitor para a reflexão e a procura de ‘novos sentidos e possibilidades'”.

Do prólogo de Norberto Veiga[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

"Futuro Suspenso" é o novo tema do músico brigantino MK Nocivo

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]MK Nocivo, compositor e intérprete de temas Hip Hop,  natural da cidade de Bragança, lançou o seu último projecto musical intitulado "Futuro Suspenso".

Neste trabalho o artista brigantino aborda o tema do momento, o COVID19, o estado da nação e do mundo através da perspectiva de um artista transmontano, emigrado em Paris, confinado em casa, em isolamento social mas nunca impedido de se exprimir e entregar a sua perspectiva realista, directa e interventiva como tem vindo a habituar o seu público.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia801401.us.archive.org/18/items/mk-nocivo-futuro-suspenso-prod.-ihaksi/MK%20Nocivo%20-%20Futuro%20Suspenso%20%28Prod.%20Ihaksi%29.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="MK Nocivo" songname="Futuro Suspenso" enable_likes="on" wrapper_image="5322" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="Ver video promocional" size="xs" align="left" i_align="right" i_icon_fontawesome="fab fa-youtube" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DGFv7VUQvojs|||" css=".vc_custom_1587898350639{margin-top: -15px !important;}"][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width="1/4"][vc_single_image image="5330" img_size="500x749" add_caption="yes" css=".vc_custom_1587898462902{margin-top: -10px !important;}"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1587896760905{margin-top: 30px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1587898454390{margin-top: -10px !important;margin-left: 15px !important;}"]A música também recebe um suporte visual, com imagens capturadas apenas com um telemóvel, dentro de quatro paredes em confinamento.

Este trabalho foi lançado sexta-feira, dia 24 de abril, e está a ter uma óptima aceitação e feedback da parte do público, tendo sido já o artista entrevistado pela RTP, jornais de Portugal e França e diversas rádios onde o single também já se encontra em rotação.

MK Nocivo é natural de Bragança. Despertado pelo Hip Hop em 1998, depois de ouvir o clássico "It’s Like That" dos RUN DMC. Rapper e produtor é considerado um artista diferente, "A Excepção À Regra" é como o próprio se define, seguindo uma linha maioritariamente interventiva e incisiva, apresentando também uma versatilidade e adaptação a diferentes estilos musicais que não deixa ninguém indiferente.

Foi vencedor do Rock Rendez Worten 2008 e finalista do concurso de bandas Sumol Summer Fest, em 2014. No ano seguinte sagrou-se vencedor do NOS Live Act, tendo marcado presença no cartaz do NOS Alive. Foi também homenageado e nomeado Sócio Honorário pelos Bombeiros Portugueses pelo tema "Soldado da Paz".

Em termos de discografia, conta com dois álbuns e 5 mixtapes, além de várias participações em projectos nacionais e internacionais, tendo tido o prazer de apresentar os mesmos um pouco por todo o território nacional, Espanha, França, Suiça e Luxemburgo.

É um artista de causas, tendo apoiado várias acções de solidariedade e apoio social, como a iniciativa "Ser Humano - Hip-Hop por Uma Causa", a missão "Santa Claus", o "Movimento Vencer e Viver" da Liga Portuguesa Contra o Cancro, iniciativa "Santo Contestável", entre outros.

Actualmente encontra-se a residir em Paris a preparar o seu novo trabalho "RONIN - Samurai Sem Mestre" ainda sem data de lançamento mas já com o primeiro single disponível, o tema "Igual" com a participação de Lu Semedo.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

A liberdade, sim, a liberdade!

[vc_row][vc_column width="2/3"][vc_column_text]A liberdade, sim, a liberdade!

A liberdade, sim, a liberdade!
A verdadeira liberdade!
Pensar sem desejos nem convicções.
Ser dono de si mesmo sem influência de romances!
Existir sem Freud nem aeroplanos,
Sem cabarets, nem na alma, sem velocidades, nem no cansaço!

A liberdade do vagar, do pensamento são, do amor às coisas naturais
A liberdade de amar a moral que é preciso dar à vida!
Como o luar quando as nuvens abrem
A grande liberdade cristã da minha infância que rezava
Estende de repente sobre a terra inteira o seu manto de prata para mim...
A liberdade, a lucidez, o raciocínio coerente,
A noção jurídica da alma dos outros como humana,
A alegria de ter estas coisas, e poder outra vez
Gozar os campos sem referência a coisa nenhuma
E beber água como se fosse todos os vinhos do mundo!

Passos todos passinhos de criança...
Sorriso da velha bondosa...
Apertar da mão do amigo [sério?]...
Que vida que tem sido a minha!
Quanto tempo de espera no apeadeiro!
Quanto viver pintado em impresso da vida!

Ah, tenho uma sede sã. Dêem-me a liberdade,
Dêem-ma no púcaro velho de ao pé do pote
Da casa do campo da minha velha infância...
Eu bebia e ele chiava,
Eu era fresco e ele era fresco,
E como eu não tinha nada que me ralasse, era livre.
Que é do púcaro e da inocência?
Que é de quem eu deveria ter sido?
E salvo este desejo de liberdade e de bem e de ar, que é de mim?

Álvaro de Campos

[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/3"][zoomsounds_player source="https://ia601503.us.archive.org/1/items/aliberdade/aliberdade.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="A liberdade, sim, a liberdade!" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-bellow" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_wp_text]Poema de Fernando Pessoa, no pseudónimo de Álvaro de Campos, dito por Carlos d'Ábreu no dia 25 de Abril de 2020. Os créditos do arranjo instrumental Grandola Vila Morena pertencem a António Teixeira.

[/vc_wp_text][/vc_column][/vc_row]

"A que morreu às portas de Madrid", poema de Reinaldo Ferreira (filho)

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]"A que morreu às portas de Madrid"

A que morreu às portas de Madrid,
Com uma praga na boca
E a espingarda na mão,
Teve a sorte que quis,
Teve o fim que escolheu.
Nunca, passiva e aterrada, ela rezou.
E antes de flor, foi, como tantas, pomo.
Ninguém a virgindade lhe roubou
Depois dum saque — antes a deu
A quem lha desejou,
Na lama dum reduto,
Sem náusea, mas sem cio,
Sob a manta comum,
A pretexto do frio.
Não quis na retaguarda aligeirar,
Entre champagne, aos generais senis,
As horas de lazer.
Não quis, activa e boa, tricotar
Agasalhos pueris,
no sossego dum lar.
Não sonhou minorar,
Num heroísmo branco,
De bicho de hospital,
A aflição dos aflitos.

Uma noite, às portas de madrid,
Com uma praga na boca
E a espingarda na mão,
À hora tal, atacou e morreu.
Teve a sorte que quis.
Teve o fim que escolheu.

Reinaldo Ferreira (filho)[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601500.us.archive.org/23/items/podcastpoemario-5/%23podcastpoemario5.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``A que morreu às portas de Madrid``" songname="Poemário de Carlos d’Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2489" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_wp_text]Reinaldo Ferreira (filho)

"Poeta português nascido em Barcelona, filho do famoso jornalista com o mesmo nome, que nos anos 20 se celebrizou por assinar as suas peças sob o pseudónimo «Repórter X». Teve uma vida breve e pouco bafejada pela sorte. Iniciou os estudos secundários em Espanha, tendo-os concluído já em Moçambique, onde se fixou. Colaborou em algumas publicações de Maputo (a então cidade de Lourenço Marques) e da Beira: Capricórnio, Itinerário, Paralelo 20, etc. A sua poesia só ficou conhecida aquando da publicação póstuma dos seus Poemas (1960). Uma segunda edição, de 1966, vinha acompanhada de um prefácio de José Régio, que, tal como Vitorino Nemésio, lhe teceu largos elogios. A sua poesia pode ser enquadrada na tendência presencista, encontrando-se também elementos que a ligam ao simbolismo e ao decadentismo. Se nos seus poemas imperam a ironia, o niilismo e o absurdo, existe por outro lado um forte pendor humanista, visível na crítica a certos mitos".

Fonte: Escritas.org [icon name="external-link" class="" unprefixed_class=""][/vc_wp_text][/vc_column][/vc_row]

"Poemo", poema de Carlos d'Abreu, dito por Carlos d'Abreu

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]Poemo

Poemo, serei um poemo
Não o poemo do liçanote
O ácrata engenhoso
Que se julgava quixote
Mas o apátrido poeto
O poeto que se repete
Que se perde e extravia
Se descobre e se encontra
Tanto é peixe alado de boch
Como pássaro remador de parafício
É memória mas também olvido
Nesta sala vazia de agasalhos
Onde o poeta julga estar
Reina apenas a solidão
Talvez tudo não passe
– incluindo-me –
de um equívoco![/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601403.us.archive.org/22/items/poemo_202004/Poemo.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``Poemo``, poema de Carlos d'Abreu" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_wp_text]"Poemo", integra o livro de poesia "[des(en)]cantos e (alguns) gritos", de Carlos d'Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem.

"A narratividade dos poemas, associada ao tom coloquial, constitui outro traço distintivo da poética do autor. Muitos dos carmes, em todos os andamentos, evocam as narrativas mágicas e imemoráveis que vão passando de geração em geração. Esta narratividade, coadjuvada pelo ritmo rápido e cadenciado da quadra, predetermina a atenção do leitor para a reflexão e a procura de 'novos sentidos e possibilidades'".

Do prólogo de Norberto Veiga[/vc_wp_text][/vc_column][/vc_row]

"Os Pobres", poema de Jesús Lizano dito por Carlos d'Abreu

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]"Os pobres"

Somos os pobres,
os famintos pobres,
os mutilados pobres,
os pestilentes pobres,
por todas as partes pobres,
os indesejáveis pobres,
os preguiçosos pobres,
os miseráveis pobres,
os estranhos, os irritantes
pobres,
pobres de nascimento,
pobres atirados às ruas,
os andrajosos pobres,
os enfermiços,
os marginalizados,
os exaltados pobres,
os pobres do porto,
os contagiosos pobres,
os cegos, os surdos,
os impotentes pobres,
os ridículos pobres,
carniceiros,
trapeiros,
inclassificáveis pobres,
pobres sobre pobres,
pobres vulgares,
pobres fantasmas,
pobres apátridas,
pobres de ninguém,
pobres de nada,
pobres bem pobres,
os delirantes pobres,
nos bancos dos parques,
indesejáveis,
indignos,
horripilantes pobres,
pobres com pobres,
condenados pobres,
malditos pobres,
tétricos, surrentos,
bófias,
pobres cobertos de pó,
esqueléticos pobres,
cada vez mais pobres.
Vivam os pobres!

Tradução de Carlos d'Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601508.us.archive.org/4/items/ospobres/ospobres.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``Os Pobres``, poema de Jesús Lizano dito por Carlos d'Abreu" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2489" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_wp_text]Jesús Lizano foi um poeta e um pensador libertário espanhol, ligado ao movimento anarquista. Defendeu o Misticismo Libertário que concebia a evolução a partir do mundo selvagem, onde convergem todos os animais excepto a espécie humana, que agora está estagnada no mundo político real, a caminho do mundo real poético .

Estudou filosofia e leccionou, onde foi alcunhado “Antiseñor Lizano” por garantir a aprovação de todos os alunos. Publicou periodicamente “A coluna poética e o poço político” na revista libertária Polémica publicada em Barcelona. Escreveu em jornais.A Sua poesia era oral, o que o levou a participar em numerosos recitais participativos e apaixonados, dos quais existem alguns testemunhos em vídeo que ele editou.

“…exemplo de luta em defesa da humanidade
e de todas aquelas causas justas às quais dedicou a vida… que a sua figura e a sua obra de luta social a favor dos desiguais seja seguida e recordada por muito tempo…”[/vc_wp_text]

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[/vc_column][/vc_row]

Poema “Irmãos” de Celso Emilio Ferreiro, dito por Carlos d'Abreu

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]Irmãos

Caminham junto a mim muitos homens.
Não os conheço. São-me estranhos.
Mas tu, que te encontras lá longe,
mais além dos desertos e dos lagos,
mais além das savanas e das ilhas,
como a um irmão te falo.
Se é tua a minha noite,
se choram os meus olhos o teu pranto,
se os nossos gritos são iguais,
como a um irmão te falo.
Ainda que as nossas palavras sejam diferentes,
e tu negro e eu branco,
se temos as feridas iguais,
como a um irmão te falo.
Por cima de todas as fronteiras,
por cima de muros e valados,
se os nossos sonhos são iguais,
como a um irmão te falo.
De comum temos a mesma pátria,
de comum a luta, ambos.
A minha mão te dou,
como a um irmão te falo.

Poema “Irmaus” de Celso Emilio Ferreiro.
Tradução de Carlos d’Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia801402.us.archive.org/31/items/irmao/irmao.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``Irmão``, poema de Celso Emilio Ferreiro" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2489" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||" css=".vc_custom_1585397686787{margin-top: -10px !important;}"][vc_wp_text]Celso Emilio Ferreiro (1912-1979)

Celso Emilio Ferreiro foi um escritor galego. Era de família remediada, camponesa e galeguista. Aos 22 anos, em 1934, fundou com José Velo Mosquera a Federação de Mocedades Galeguistas.
Quando estalou a guerra Celso Emílio foi obrigado a entrar no exército franquista. Esteve condenado a morte e, nas quatro noites que passou no cárcere até a família conseguir o indulto, escreveu o poema “Longa noite de pedra“, núcleo central do livro do mesmo título.[/vc_wp_text][/vc_column][/vc_row]

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