"Carrossel", poema de Jesús Lizano

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]Carrossel

Que instalem carrosséis
em todas as ruas,
que encham de carrosséis as cidades.
Há séculos
que andamos com esse invento de feira em feira
sem descobrir a sua humaníssima aventura.
Que celebrem os noivos
a sua viagem no carrossel,
de cavalinho em cavalinho.
Que cada família tenha o seu carrossel,
todos ao carrossel!
Que os amigos
falem e sonhem e discutam
dando voltas no carrossel.
Nele celebrem os seus conselhos de ministros,
enquanto houver ministros,
e nele se reúnam os senhores bispos,
naturalmente, revestidos
de senhores bispos,
enquanto houver bispos.
Os pobres montam no carrossel para rir-se do mundo
e os ricos,
que subam os ricos ao carrossel
enquanto todos os aplaudimos!
E os senhoritos!
Que subam os senhoritos!
E venham todos os solitários, todos os vagabundos.
E o congresso dos deputados
será o congresso dos cavalinhos de madeira.
E os empresários, que risa, os empresários!
Que subam os empresários com os seus assalariados,
enquanto houver salários.
Os salários do medo!
E, já agora: comités centrais,
máfias, seitas, castas, clãs, etnias:
aos cavalinhos!
E os músicos com os guarda-venatórios,
e o presidente da câmara e os vereadores
com as vendedeiras e os padeiros.
Viva! Viva!
Gritarão as crianças quando virem
que sobem os Honoráveis.
Vamos, Honoráveis!:
Ao carrossel!
Vamos à cidade para andar nos cavalinhos,
Dirão as monges aos seus abades.
E os académicos:
que se reúnam os académicos no carrossel
e que encerram todas as academias.
Ah, se todos os filósofos tivessem andado no carrossel!
Que instalem carrosséis em todos os cárceres,
nos quartéis,
nos hospitais,
nos frenopáticos
e que fujam todos
montados nos cavalinhos.
E todos os juízes ao carrossel,
vamos! vamos! Aos cavalinhos!
E nada de processos e de sentenças!
Já basta julgar os efeitos e não as causas!
Aos cavalinhos!
E que todos os funerais
se celebrem montados nos cavalinhos do carrossel.
São as novas ordenações,
são os novos preceitos:
todos ao carrossel!
A cavalgada do carrossel!
À confederação de todos os carrosséis!
Até que todos sejamos crianças…

Jesús Lizano[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601406.us.archive.org/0/items/podcastpoemario-19/Podcastpoemario%2319.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``Carrossel``, poema de Jesús Lizano" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO | Rubrica de Carlos d'Abreu" size="sm" align="center" button_block="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]Jesús Lizano foi um poeta e um pensador libertário espanhol, ligado ao movimento anarquista. Defendeu o Misticismo Libertário que concebia a evolução a partir do mundo selvagem, onde convergem todos os animais excepto a espécie humana, que agora está estagnada no mundo político real, a caminho do mundo real poético .

Estudou filosofia e leccionou, onde foi alcunhado “Antiseñor Lizano” por garantir a aprovação de todos os alunos. Publicou periodicamente “A coluna poética e o poço político” na revista libertária Polémica publicada em Barcelona. Escreveu em jornais.A Sua poesia era oral, o que o levou a participar em numerosos recitais participativos e apaixonados, dos quais existem alguns testemunhos em vídeo que ele editou.

“…exemplo de luta em defesa da humanidade
e de todas aquelas causas justas às quais dedicou a vida… que a sua figura e a sua obra de luta social a favor dos desiguais seja seguida e recordada por muito tempo…”[/vc_column_text][better-ads type="banner" banner="3814" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][/vc_row]

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