"À Tecedeira", poema de Carlos d'Abreu

[vc_row][vc_column width="1/2"][vc_column_text]À Tecedeira

Revela-me ó tecedeira
como urdes com versos de malha
nesse mágico e sóbrio apresto
o poema-manta que me agasalha

Eu só o fio do poema conheço

Esguia e veloz lançadeira
barcarola-canela de linhas
que roça fricciona insinua
em mão esbelta da tecedeira
qual surfista navegante

vem depois o pente e mistura
a textura do instante

Eu só entrelaçar versos sou capaz

Vai e vem           leva e traz
fios linhas cores ideias
lenços telas e tafetás
e muitas e muitas teias

Eu só tecer poemas sei

Enquanto tu ó tecedeira
após cardar fiar e dobar
teces mantilha-floreira
xaile-manta        amictório
com que me hás-de velar

Carlos d'Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601408.us.archive.org/10/items/podcast-poemario-30/Podcast%20Poem%C3%A1rio%2330.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``À Tecedeira``" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"]https://ia601408.us.archive.org/10/items/podcast-poemario-30/Podcast%20Poem%C3%A1rio%2330.mp3[/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F|||"][vc_column_text]“Rostos Transmontanos”, integra o livro de poesia “[des(en)]cantos e (alguns) gritos”, de Carlos d’Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem.

No poema “À Tecedeira”, que, de imediato, reenvia a memória do leitor para a Odisseia, de Homero, e para o episódio da rainha Penélope, o autor apresenta o seu modus faciendi, isto é, a sua arte poética. O escritor, empregando metáforas que associam a poesia às artes do tear e do bordado, compara o texto/poema a um “poema- -manta”, realçando os significados de “tecer, entrelaçar os fios” que escoram a etimologia do vocábulo texto. O labor poético entrelaça vogais, consoantes, sons, palavras e ritmos para formar o texto, ou o “poema-manta”. Esta composição patenteia, ainda, a dificuldade
do trabalho poético, que é comparado ao labor doméstico, ou seja, à renda e ao tear, atividades que exigem muita atenção e concentração. Nota-se, ainda, uma gradação ascendente desse processo, prefigurada nos versos “eu só o fio do poema conheço” (v. 5), “eu só entrelaçar versos sou capaz” (v. 13) e, por fim, “eu só tecer poemas sei” (v. 18). Em suma, enquanto a Tecedeira/Penélope entrelaça.

[Do prólogo de Norberto Veiga][/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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