Abelhas num mundo de vespas. Ou ao contrário 

|Tânia Rei|
Vocês não sabem, mas eu até percebo de apicultura. Estão a rir-se? Olhem que estou a falar a sério.

Não, nunca produzi mel. Mas já trabalhei num sítio onde se embalava. E onde não faltavam abelhas, mel e outros produtos da colmeia. E aprendi, facilmente, a distinguir uma abelha, que faz mel, de uma vespa, que não faz nada.

Ele há muito bicho assim. Por exemplo, dentro da colmeia, os machos, os zângões, não fazem nada. Só arejam o local, de quando em vez, a bater as asas (fanfarrões!) e ajudam na procriação. Qualquer semelhança com a vida humana é mera coincidência, até porque nem é isso que vos quero contar (apesar de, note-se, ficar o registo).

Então, ouçam esta - parece que as vespas são carnívoras. Aprendi este fim-de-semana. Pode lá ser! Mas, é. Comem larvas dos outros bichos, das abelhas, pelo que entendi. E, por sua vez, as abelhas comem coisas fofas. Comem pólen e néctar. Se todos tivéssemos esta dieta, podíamos estar obesos e diabéticos, é verdade. Por outro lado, seríamos uns docinhos.

Parece coisa de filme, caramba! Comer pólen e néctar. Aposto que as princesas dos livros, além das maçãs, enquanto fiam linho, também emborcam pólen e néctar.

E outra que provavelmente não sabem, é que os apicultores, quando andam com aqueles fatos estilo astronautas, mas com rede em vez de vidro para respirar, não estão livres de serem picados. Porque os malandros dos bicharocos atacam zonas como os punhos, os tornozelos e o pescoço. Ou seja, os sítios onde a vestimenta tem falhas, para por lá passarmos os membros. Ou o costureiro está feito com elas, ou são persistentes, ou são mesmo espertas para caraças. E no mundo dos humanos também há sempre quem fuce por uma oportunidade. E chatos, sempre a tentar levar a deles avante. Desses, também há.

Sabem, as abelhas (fêmeas) têm ferrão. As vespas também. Picam, e incha tudo. Fica tudo inchado, e vermelho. E, com azar, ou se forem muitas ou se forem alérgicos, vão para o hospital a parecer um balão para os garotos que se vende nas romarias aos santos.  Também vi aquelas canetas modernas para injectar remédio para o veneno destes insectos. Uma performance extremamente duvidosa, um senhor que exemplificava espetou o produto no próprio polegar, em vez de no falso doente. Pensando bem, é o que anda a fazer meio mundo, não é? A papar o recurso dos outros.

A falta de discernimento entre abelhas e vespas é a metáfora perfeita para o mundo. Enquanto uns se dedicam a fazer algo assinalável e útil para a vida em comunidade (pois, as abelhas não andam a fazer mel para nós), há outros quantos que andam camuflados, mortinhos por carne fresca. Sabem distinguir abelhas melíferas das vespas?  Não?

Espero que agora percebam o que vos quis dizer.

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