A nova grande estratégia da direita

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1612517654467{margin-left: 26px !important;}"]O surgimento do triunfante Movimento das Forças Armadas, culminando no que veio a ser a Revolução de 25 de Abril, caiu sobre a generalidade dos portugueses como uma espécie de bomba. Para a maioria, uma bomba como as da Noite de Ano Novo, mas para os detentores de grandes interesses, em pouco tempo, passou logo a ser uma fonte de preocupações.

Um dos fenómenos que logo pôde ver-se à saciedade, foi o facto de ninguém se mostrar como antigo defensor do regime da Constituição de 1933. Em pouco tempo, todos passaram a democratas, muitos deles saltitando de partido em partido, à medida que a realidade se ia impondo, mormente por via de forças exteriores. A grande maioria, naturalmente, passou também a não contrariar a democracia, embora se estivesse comple-tamente nas tintas para tal realidade em si mesma.

Como José Pacheco Pereira pôde já confirmar, ainda na QUADRATURA DO CÍRCULO, o PPD foi o partido que asilou a grande maioria dos portugueses provenientes do apoio, mais ativo ou mais tacitamente conivente, ao regime da II República. Como também eu pude expor, até por vezes diversas, os portugueses, de um modo muito geral, nunca foram grandes sonhadores com a chegada de um sistema político democrático. Mas era trocistas, críticos de bancada, maldizendo do poder e dos poderosos, pobres e invejosos e sempre com o pensamento luzidio sobre o que surgia no estrangeiro. Em contrapartida, ainda se aceitava que, pela natu-reza (aparente) das coisas, se estaria, com avanços e recuos, a caminhar para sociedades de tipo socialista.

Os grandes poderes oriundos do tempo da II República rapidamente se deram conta de que se impunha parar o comboio que surgira na madrugada de 25 de Abril, para tal começando a gizar o que veio a ser o seu primeiro falhanço: a tentativa abortada do golpe de 28 de Setembro, que levou a mudanças profundas na Junta de Salvação Nacional.

Já com Costa Gomes como Presidente da República, os velhos conspiradores, saudosos de um Estado Novo corrigido por via de aparentes mudanças democratizadoras, não baixaram os braços, continuando a preparar o golpe que desejavam e que havia falhado em 28 de setembro de 1974. E o novo golpe surgiu: a tentativa de golpe de 11 de Março de 1975. Mas se a anterior tentativa de golpe fora um falhanço, desta vez foi uma tragédia, com fugas em massa para o estrangeiro, nacionalizações em barda e detenções às centenas, inclu-indo de militares que também se haviam visto forçados a aderir ao Movimento das Forças Armadas.

Aprovada a Constituição de 1976,o novo mecanismo democrático foi funcionando, naturalmente com momen-tos melhores e outros piores, e também com sete revisões constitucionais, que retiraram à estrutura inicial da Constituição da República algumas âncoras que se haviam mostrado como fatores de garantia forte de de-mocraticidade.

A presença de António Ramalho Eanes como Presidente da República, por via do PRD por si muito apoiado, poderá considerar-se a terceira tentativa de golpe no espírito do 25 de Abril, uma vez que o PRD tinha por função esvaziar o PS, alinhando depois, taticamente, com uma Direita conservadora, com suporte religioso católico, mas ancorada, junto dos portugueses, na base de um populismo moralista e contra a desbunda a que se chegara. Num certo sentido, constituiu-se o PRD numa espécie de primórdio do Chega! dos nossos tempos, onde, com muitas diferenças, Eanes desempenhava o papel que hoje desempenha André Ventura: se este é o líder, Eanes era a referência cimeira inspiradora.

Com a chegada da anterior Maioria-Governo-Presidente operou-se o que designo, na base desta minha in-terpretação histórica, pela quarta tentativa de golpe contra a Constituição da República e contra o espírito a cuja luz a Revolução de 25 de Abril se desenvolveu e consolidou. Convém não esquecer a ideia de mudar a escolha dos juízes do Tribunal Constitucional, defendida publicamente por Pedro Passos Coelho, bem como o apoio presencial deste a André Ventura no seu concurso à Câmara Municipal de Loures. E continua a convir não esquecer que André Ventura, muito recentemente, mostrou o desejo de ver Pedro Passos Coelho regres-sar à liderança política do PSD, ao mesmo tempo que se vem desenvolvendo, ao nível da grande comunica-ção social, uma autêntica campanha contra Rui Rio e em favor do regresso do antigo Primeiro-Ministro às lides do PSD.

Quando surgiu a Geringonça, como se sabe, nunca alguém acreditou que a mesma triunfasse, chegando ao ponto de um Governo seu conseguir, pela primeira vez na História da III República, um superavit. Mas tudo se tornou pior para os eternos saudosistas dos velhos tempos – mas sempre aparentemente democratiza-dos...– quando a presença de Marcelo Rebelo de Sousa se mostrou um fator de estabilidade na vida política nacional, ao invés de se colocar ao serviço da Direita – PSD e CDS. Quase não lhe perdoaram. E muitos não o perdoaram mesmo, virando-se para André Ventura, que disse de Marcelo o que os muçulmanos não dizem do toucinho.

Com a vitória de Marcelo na recente eleição presidencial, renasceu o sonho de poder vê-lo trabalhar, politica-mente, ao serviço da Direita, agora já também suscetível ao poder da Extrema-Direita. Isto mesmo nos expôs o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa na sua conversa com Ricardo Araújo Pereira, salientando que al-guns lhe pedem para obrigar o Governo a sair. Embora eu não saiba se tais pedidos são só de agora, a verdade é que a Direita que se formou depois da Revolução de 25 de Abril tudo fez para tentar reduzir a nada o PS, incluindo o próprio Mário Soares. E sempre esperou que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa tivesse posto um fim na Geringonça, logo que começou a exercer as funções de Presidente da República.

Estas quatro tentativas de pôr um fim no espírito da Revolução de 25 de Abril e na sua Constituição de 1976, já com as suas sete revisões, estão agora a mostrar-se continuadas com o que designo pela quinta tentativa de golpe político, destinado a operar o fim daquela referência e da própria Constituição da República. Para tal, todavia, impõe-se esvaziar o PS. Um tal objetivo é o que norteia a mais recente e peregrina ideia de criar um Governo de unidade nacional.

Defende Luís Nobre Guedes que um tal Governo de unidade nacional deveria constituir-se à custa do PS, PSD, CDS e IL. Simplesmente, isto é ainda mais variado que uma salada russa. No fundo, seria um 4 em 3, porque num ápice o PS se veria reduzido a quase nada, já prestes a entrar para os anais da História da III República. De resto, tal ideia provém, naturalmente, da Direita, como no-lo garantem os apoios à mesma de Eduardo Marçal Grilo, Pedro Santana Lopes, Manuel Vilaverde Cabral, entre muitos outros, e mais que bem aceite pela Extrema-Direita. Nem me causaria admiração que surgisse o apoio, a esta peregrina ideia, por parte de Eanes, Cavaco, Maria de Belém, Henrique Neto, Vera Jardim, etc.. E mesmo muitos dos nossos bispos só veriam numa tal salada russa governativa as melhores virtudes. E dos banqueiros e empresários, bom, nem se fala! Mas seria, como referiu há dias Paulo Pedroso, o início de um inverno democrático. Seria, indubitavelmente, o fim histórico-político do PS.

Diz Luís Marques Mendes que uma tal ideia é ficção científica. Bom, este nosso analista político dominical está certamente mais bem informado que eu, mas há um dado que creio termos em comum: seria o fim histórico-político do PS. De resto, um fim inglório. E por tudo isto, convém que PS, BE, PCP, Verdes e PAN olhem com atenção esta grande estratégia da Direita e da Extrema-Direita, gizada em torno da tal peregrina ideia do Governo de unidade nacional, para cuja realização os seus defensores continuam a sonhar com um apoio do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, ele também um concidadão da nossa Direita – costumo dizer, nesta fase dos meus textos, ou em conversas, que... nunca fiando. É imperativo focar os essenciais interesses da enorme maioria dos portugueses, evitando entrar em aventuras suicidas...[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

O Governo de Unidade Nacional

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1612345721130{margin-left: 26px !important;}"]De um modo verdadeiramente pendular, acompanho, semanalmente, o diálogo que junta Eduardo Marçal Grilo e Luís Nobre Guedes. É um programa agradável, mas que, usando uma linguagem popular, não aquece nem arrefece. Uma realidade extremamente objetiva, que fica a dever-se à quase completa sintonia de pontos de vista entre os dois convidados do programa.

Ora, a edição do i desta terça-feira salienta, logo na sua capa, que Marçal Grilo defende um Governo de unidade nacional. Tendo tomado conhecimento deste dado logo ao início da madrugada, acompanhando a exposição das primeiras páginas na SIC Notícias, de imediato me determinei a adquirir esta edição do i, a fim de conhecer, com pormenor, o que ali se continha sobre o título surgido na capa. Ao contrário do que imaginei, não se tratava de uma entrevista a Eduardo Marçal Grilo, antes de uma peça em que também surgem declarações de Luís Nobre Guedes. A uma primeira vista, pois, uma espécie de texto ao redor do tema em causa – Governo de unidade nacional –, que bem poderia compor-se a partir do que os dois têm dito no seu programa semanal, uma vez que as diferenças ideológicas são ínfimas entre os dois residentes do programa.

O conteúdo do texto do i é ínfimo e resume-se a isto: é essencial pôr-se em funcionamento um Governo de unidade nacional, que deveria congregar a colaboração do PS, PSD, CDS e IL, onde não estivessem presentes condicionalismos ideológicos e sem a ideia de se ser da Esquerda ou da Direita. Enfim, falar por falar. Um pouco à portuguesa: uma baralhada, como tudo ao molho e fé em Deus.

Marçal Grilo, já por diversas vezes, referiu o caso inglês da Segunda Guerra Mundial, com o Governo lide-rado por Churchill, que também se determinou a criar um tal tipo de governação, incluindo nesta os traba-lhistas. Simplesmente, eu tenho muitas obras sobre esse tempo, uma delas até do próprio Churchill, e ne-nhuma trata esse tema como uma singularidade de relevo. Ou simplesmente não é referida a mesma, ou a obra de Churchill refere-se-lhe em bem menos de uma página.

Acontece que Eduardo Marçal Grilo não consegue citar mais um só caso deste tipo, passado numa demo-cracia de tipo ocidental. E também não refere que a iniciativa de Churchill se ficou a dever ao receio de um possível triunfo da adesão de gente inglesa com poder ao nacional-socialismo. O que é certo é que este caso é único. E é lógico, numa democracia liberal, que as coisas funcionem sem este tipo de governações do tipo União Nacional, mas que só o seria de um modo fictício.

Com graça, reparei, logo no texto que sucede ao título e antecede o texto global, que Eduardo é “Ex-ministro da Educação Socialista”, sendo que Eduardo Marçal Grilo não é um socialista, apenas esteve filiado no PS ao tempo da liderança de Guterres, saindo mal este Governo teve o seu fim nos termos que se conhecem. Eduardo, tal como Guterres, segue com grande assertividade o magistério da Igreja Católica, são naturais da mesma região do País, passaram ambos pelo Técnico e também pela Fundação Calouste Gulbenkian. De resto, tenho para mim que nem Guterres é um socialista, tal como o não é Vítor Constâncio. Com maior ou menor duração, passaram pelo PS. Hoje, porém, vivem a anos-luz de tal ambiente político. Ora, para os mais atentos, isto é facilmente percetível, desde que acompanhem o programa em causa na RTP 3.

Mas vamos, então, à essência desta ideia peregrina. Para tal, convém que o leitor saiba de uma entrevista de Adelino Amaro da Costa a certo jornal, em que este respondeu sobre a rotura do CDS com o segundo Governo de Mário Soares: juntámo-nos a eles para os destruir. E também convém recordar o excelente Governo do Bloco Central – sempre apontado como de mútua lealdade e colaboração autêntica por Mário Soares, Mota Pinto e Rui Machete –, mas que veio a ser deitado por terra por Cavaco Silva, mal assumiu a liderança do PSD. O resultado foi o esperado: subiu Cavaco e o PSD, quase sucumbiu o PS. E tudo isto nas barbas de Eanes, que ainda ajudou a patrocinar o PRD, claramente destinado a pôr um fim no PS. Por um acaso, Eanes era também da mesma região de Guterres e de Eduardo. E também um católico muito assumido, que até se doutorou na... Universidade de Navarra.

Perante toda esta realidade, percebe-se facilmente aonde se chagaria com um Governo, dito de salvação nacional – é o momento da gargalhada –, formado por PS, PSD, CDS e IL: nas próximas eleições para deputados à Assembleia da República, daqui a três anos, facilmente o PS seria apontado como o cau-sador do que de pior tivesse caído sobre a enorme parte dos portugueses, com PSD, CDS, IL – e o apoio, no mínimo, do Chega! – a apresentarem-se coligados a eleições e contra um PS em estado de garantida irreversibilidade política na vida nacional. Seria, como qualquer um percebe, o fim político do PS.

Esta ideia de um Governo de salvação nacional tem a sua lógica, e que é esta: se o PS cair, será, então, o seu fim. Até porque, pondo de parte tudo o que fossem valores políticos ideológicos, lá se iria o Estado Social, e com ele o Serviço Nacional de Saúde, a Educação Pública, acessível a quem queira estudar, e a Segurança Social Pública. Seria, como facilmente se percebe, o fim histórico-político do PS.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Ao cuidado da esquerda

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1611862168325{margin-left: 26px !important;}"]

O dia de ontem veio mostrar que a Esquerda tem de estar atenta ao que se está a passar no seio da sociedade portuguesa, mas também que as eleições autárquicas estão à vista, impondo-se olhá-las à luz da iniciativa de que os portugueses tanto gostaram e que tão bons resultados lhes trouxe: a Geringonça. E tudo isto também tendo em conta que o Chega! anda por aí e já parece ir onde se vai estimando, e que a Direita não perde o seu tempo, tentando, também aqui, no Continente, repetir o cenário açoriano: tentar ganhar autarquias onde puder, de preferência em coligação com o moribundo CDS, mas aproveitando sempre um qualquer apoio do Chega!, se tal se mostrar necessário para poder alardear vitória nas autárquicas.

Compreende-se que o CDS de Rodrigues dos Santos precise de um apoio que o salve da morte já bem visível, sendo que o PSD só tem vantagens em mostrar aos eleitorados que o CDS, afinal, está ali, num conjunto que pode ser o início de uma alternativa nas legislativas. O problema, claro está, é o Chega!. E também o facto de não ser assim tão simples conseguir vantagens nas pequenas autarquias. Porém, nas grandes cidades – Lisboa, Porto, Coimbra, Viana do Castelo, Aveiro, Gaia, Setúbal, Braga, Castelo Branco, Faro, etc. – a situação é diferente, porque mesmo reduzido a uma pequena marca política, sempre o CDS pode ajudar, por via da Regra de Hondt, a conseguir ganhar as câmaras em causa.

Seria como ouro sobre azul que o PS e os partidos da Esquerda, de parceria com o PAN e o Livre, se determinassem a, desta vez, não minimizar esta recente iniciativa de unidade à Direita, antecâmara da que se lhe seguirá nas legislativas, aqui já com o apoio, de modo novo ou à açoriana, do Chega!. Seria uma iniciativa claramente ligada ao espírito da Geringonça, que Jorge Sampaio, há já umas décadas, teve a coragem de aplicar em Lisboa e com enormíssimo êxito. Mas será a Esquerda capaz de se unir, a fim de evitar que a subida dos grandes interesses ao poder venha a prejudicar gravemente os portugueses, mormente por via da destruição do Estado Social? Bom, esperamos para ver.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Os Escravos do Vale do Tua

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="5" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1611653265616{margin-left: 26px !important;}"]Não se pode ser escravo do conservadorismo e mediocridade dos outros. Mas é precisamente isso que se está a passar há doze anos no vale e na Linha do Tua.

Ponto prévio: já passa da hora de se largarem chavões parvos. Chamar a Linha do Tua de “antiga” faz menos sentido que chamar o Mosteiro dos Jerónimos de “antigo”: é anterior à Linha do Tua, e já não tem as funções de mosteiro. Carimbar à força de anacrónico o que só o tem sido por desleixo do Estado é algo que não consigo de todo aceitar.

A aplicação do infame Plano de Mobilidade do Vale do Tua demora tanto que quando for concluída já nem a messiânica barragem do Tua será propriedade da EDP, incluída que está no lote de barragens vendidas recentemente – a “Mãe de todas as Barragens” incluída, dizendo muito do “Interesse do Estado” com que foram impostas. Que fique claro o absurdo da sua situação actual: o processo legal de construção desta barragem, que veio destruir parte da Linha do Tua por argumentos sobejamente falaciosos, já foi concluído em 2009. Desde então todas as entidades envolvidas, da EDP aos Governos e autarcas locais, sabem que o troço Brunheda – Cachão, com exploração ferroviária suspensa desde Agosto de 2008 devido a um acidente mas a jusante deste, não seria inundado pela albufeira.

Contudo, chegámos a 2016, e a exploração deste Plano – já então com 7 anos de atraso – foi entregue à Douro Azul, e entrámos num novo capítulo da História Trágico-Ferroviária da Linha do Tua. Em poucas semanas avançaram-se com obras de recuperação no troço Brunheda – Cachão, que o agora ultra zeloso Estado deixou chegar ao ponto de se roubarem dezenas de metros de carris e centenas invadidos por mato. Desde então, o mesmo Estado que lavara as mãos da quase mais elementar conservação da via e estações, tem vindo a exigir, aos bochechos, obras atrás de obras, inspecções atrás de inspecções. Cinco anos depois, vinte milhões de euros depois, várias intervenções e obras depois, vários adiamentos da reabertura da Linha do Tua depois, e ainda falta mais uma enésima inspecção depois das enésimas intervenções, não sendo claro se a via sequer ficou preparada para voltar à sua velocidade máxima de projecto – a da sua construção no século XIX – de 50 km/h, a qual desde a década de 1980 baixou para 45 km/h ou menos. E a discussão sobre a utilização da albufeira só agora vai arrancar também…

Mas não fica por aí. As automotoras do Metro de Mirandela ainda nem sequer foram intervencionadas para voltar a um serviço que prestam à região desde 1995, e interrompido desde Dezembro de 2018, precisamente para se terminarem as obras na via. E ainda está em discussão a construção de novas oficinais de manutenção de material circulante, quando estas já existem em Carvalhais desde 1995, a apenas 4 km de Mirandela, num troço de carácter urbano
que querem encerrar para transformar em ecopista. Doze anos, caros concidadãos. Doze anos para o Plano de Mobilidade continuar parado, cheio de pontos de interrogação, e intervenções por terminar. O termo “Portugueses de Segunda” não poderia ser melhor materializado, no que ao Nordeste Trasmontano diz respeito, através desta barafunda sem fim, justificada por uma burocracia absurda e um empurrar e protelar de responsabilidades infindável. Vergonhoso, é dizer muito pouco disto tudo.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Um cinismo atroz

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1611509228434{margin-left: 26px !important;}"]

Como se sabe, está em curso mais uma tentativa de destituição de Donald Trump, que será já a segunda. Nunca nutri por Trump um ínfimo de simpatia, e, ao menos a partir de certo momento, dei-me conta de que Trump poderia vir a conseguir deitar por terra a estrutura política dos Estados Unidos, tal como sempre esta foi conhecida.

Indiscutivelmente, Donald apanhou toda a gente desprevenida, em face do seu modo brutal de atuar, um pouco ao tipo quântico – ou és incondicionalmente por mim, ou és contra mim –, mas há um êxito que tem de atribuir-se-lhe: não atirou os Estados Unidos, neste seu mandado, para mais uma guerra. Uma rea-lidade sobre que ainda terei de esperar para ver, agora que Joe Biden chegou à Casa Branca. A verdade, como escrevi logo pouco depois da vitória de Trump, é que os velhos soviéticos sempre preferiram administrações republicanas às democratas.

Nancy Pelosi referiu recentemente que Donald Trump será acusado de ter incitado um ataque ao Capitó-lio, nos termos do que os diretos deste lugar nos permitiram acompanhar, quase ao pormenor. E explicou mais, Nancy Pelosi: sabemos que o Presidente dos Estados Unidos incitou esta insurreição, esta re-belião armada, contra o nosso país, pelo que deve ir embora, pois é um perigo claro e presente para a nação e para todos nós. E continuou: Trump semeou dúvidas egoístas sobre a democracia e procurou, de forma inconstitucional, influenciar funcionários do Estado a repetir esta rebelião armada contra o nosso país. E, por fim, defendeu que Trump mentiu repetidamente sobre o resultado das eleições presidenciais de 03 de novembro, que deu a vitória ao democrata Joe Biden.

Tudo isto tem imenso de verdadeiro, mas ainda atribuo uma probabilidade não nula, embora ínfima, à hipó-tese de poder ter tido lugar uma fraude eleitoral. Em essência, por duas razões. Por um lado, porque, a ser assim, não seria algo novo em absoluto nos Estados Unidos, bastando recordar a vitória de Kennedy sobre Nixon e a de Bush (filho) sobre Al Gore. E, por outro lado, pelo que já expus sobre o meu modelo explicativo para esta hipótese.
Em contrapartida ao exposto por Nancy Pelosi, os republicanos acusam os democratas de terem uma longa agenda política contra Donald Trump desde o início do seu mandato. E isto é uma realidade, porque a clique democrata sediada em Washington nunca conseguiu digerir a vitória de um político com as caraterísticas de Donald Trump.

Tem o republicano Jim Jordan, do Ohio, toda a razão, quando agora salienta que logo que Donald Trump tomou posse, em 2017, o The New York Times escreveu que começara a contagem decrescente para a destituição do 45.º Presidente dos Estados Unidos, sendo o objetivo dos democratas atingir pes-soalmente o líder republicano. Com razão, os republicanos consideram que realizar um julgamento polí-tico a Trump é perigoso, neste momento da democracia norte-americana. Precisamente o que Louie Gohmert, da Câmara dos Representantes, refere: tentar destituir o Presidente é perigoso, porque vai dividir o país e vai criar instabilidade.

Num outro domínio, mas de grande relevância, situa-se o bloqueio a Donald Trump, operado pelas empre-sas de plataformas digitais, com o argumento de que as mensagens daquele ameaçavam a democracia e incitavam ao ódio e à violência. Significa isto, pois, que estes gigantes tecnológicos acabam por reconhecer a sua responsabilidade pelo estado a que tais plataformas permitem chegar um Estado, mormente se nele funcionar um Estado de Direito Democrático. Veremos se alguma mudança irá ter lugar neste domínio, ou a democracia ter-se-á tornado numa simples máscara política. Para já, não consta que uma qualquer iniciativa de reconduzir estas empresas ao seu devido lugar esteja em curso.

Como se percebe, não adivinho o futuro. Todavia, se o Senado vier a condenar Donald Trump, teremos, então, a oportunidade de assistir a uma vil manifestação do mais atroz cinismo, porque o que se passou nos Estados Unidos, com Trump na Casa Branca, dispôs sempre, no plano político, do quase cabal apoio dos republicanos, e logo a começar pelo anterior líder do Senado.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

As eleições presidenciais

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1611064253001{margin-left: 26px !important;}"]Estão à vista as eleições para o Presidente da República, quando falta o tempo de uma semana, mesmo um pouco menos. Umas eleições repletas de lições, e de natureza mui diversa. Um ato sobre que se justifica meditar um pouco, tanto nos seus antecedentes próximos, como nos candidatos e no tempo que vai suceder-lhe. Olhemos, pois, estas realidades.

Em primeiro lugar, os candidatos. Temos o atual Presidente da República que, dentro da tradição mais empírica, volta a ser o mais beneficiado. Num certo sentido, esta eleição é, de certo modo, realmente inútil, dado que é praticamente certa a sua vitória.

O primeiro mandato de Marcelo Rebelo de Sousa foi muitíssimo bom, concitando, por isso mesmo, um grande apoio por parte da grande maioria dos portugueses. A sua intervenção, de um modo indiscutível, fez-se, de maneira imensamente geral, à luz da Constituição da República, mas eivada de uma marca assaz singular: a sua visão da vida, pessoal e da comunidade, suportada no melhor pensamento social-cristão.

Marcelo soube, para lá do que a esmagadora maioria poderia imaginar, trabalhar intimamente com o Governo, com a Assembleia da República e com os Poder Judicial. Todavia, dentro da natureza das coisas, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa também cometeu erros, nem sempre estando onde quase todos esperavam. O balanço, todavia, é enormemente positivo. Por isso mesmo, e pela tradição forte no cargo, ele voltará a ser escolhido para o cargo de Presidente da República.

A candidatura de Ana Gomes, infelizmente, viu-se marcada por alguma impreparação na abordagem estratégica que se poderia esperar. Sem nexo, Ana Gomes tomou como objetivo principal da sua campanha a crítica frontal à intervenção presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, quando o essencial seria defender a democracia e o nosso Estado de Direito, apontando os perigos para a liberdade que realmente estão presentes na candidatura de André Ventura.

Sendo certo que Marcelo Rebelo de Sousa será o vencedor desta eleição, seria expectável que os restantes candidatos democráticos e que se reveem na Revolução de 25 de Abril e na sua Constituição de 1976, se determinassem a apontar os perigos omnipresentes na campanha eleitoral de André Ventura. E bastaria referir dois pontos concomitantes: o que todo o mundo pôde ver com Donald Trump, nos Estados Unidos, e o convite operado por este, ou por republicanos credenciados, a André Ventura a fim de estar presente na convenção da Florida, que a COVID-19 já não veio a permitir. Nem sequer conseguiram evitar as críticas a Marcelo, durante o primeiro mandato, em vez de apresentarem uma grande estratégia presidencial a ser aplicada, se viessem a vencer, para o segundo mandato.

Quanto a Marisa Matias, há dois dados importantes e essenciais a apontar: nunca nos devemos banhar duas vezes nas mesmas águas, e é essencial acreditar na utilidade de uma campanha eleitoral, mesmo sabendo-a perdida com antecedência. Deverá vir a ser, quase com toda a certeza, a futura grande desilusão desta eleição presidencial. E convém não esquecer a parte penalizadora da política suicida, para os interesses dos portugueses, por parte do Bloco de Esquerda, ao redor do Orçamento de Estado para 2021.

Por fim, João Ferreira. Tenho para mim, mesmo incluindo aqui Marcelo Rebelo de Sousa, que as suas intervenções foram as mais bem estruturadas destas eleições presidenciais. Abordou o passado deste primeiro mandato, olhou a Constituição da República, e apresentou propostas de intervenção para o próximo mandato presidencial. Simplesmente, João Ferreira tem um problema: é do PCP, pelo que, se disser que 2+2=4, quem o escuta na grande comunicação social logo dirá que o resultado é 5 ou 6. É um problema muito antigo e que só marginalmente tem que ver com o comunismo, porque a causa principal desta reação primária suporta-se na postura sempre individualista e materialista da enormíssima maioria das pessoas e por toda a parte: basta ouvir o que nos diz o Papa Francisco, para logo se perceber que o mundo nunca o seguirá, egoísta como naturalmente é.

Dos restantes candidatos nem vale a pena falar, com duas curtíssimas referências. De Tino de Rans esperar-se-ia sempre uma defesa fortíssima da Constituição da República, o que, infelizmente, não fez. E de André Ventura eu mesmo esperava que não descesse tão baixo, para mais longe do original que agora parece estar nas aflitinhas com a Justiça dos Estados Unidos. Nem sequer foi sincero, explicando, de um modo claro, que o seu principal objetivo é colocar um ponto final no espírito da Revolução de Abril e na sua Constituição de 1976, lançando os fundamentos de uma democracia iliberal, do tipo húngaro, polaco ou norte-americano. Haverão umas dúzias de concidadãos nossos que realmente poderiam ganhar com a vitória de um tal candidato, mas a enormíssima maioria dos portugueses acabaria por perder quase tudo o que se conseguiu por via da Revolução de Abril e da Constituição da 1976.

Quanto aos condicionalismos surgidos por via da pandemia, a verdade foi exposta pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa: fazer uma oitava revisão constitucional, mas para realizar as eleições em que data?! De resto, quem poderá ter a perder com estes condicionamentos eleitorais é o próprio Marcelo Rebelo de Sousa, o que faz aumentar a sua legitimidade. Pelo contrário, uma maioria de André Ventura em face de Ana Gomes só poderá ficar a dever-se ao referido condicionamento, o que retira valor ao seu resultado. Objetivamente, o condicionamento da pandemia condiciona quem perde, não quem ganha.

Por fim, a abstenção. Tudo aponta para que esta possa vir a assumir um valor inusual. Simplesmente, tal realidade não tem outro valor que não seja o determinado pelas condições derivadas da COVID-19. De modo que se impõe agora aos portugueses um esforço forte para estar presente no ato eleitoral, mas também para defender o Estado de Direito Democrático consagrado na Constituição de 1976, que tantas vantagens humanas e sociais trouxe à esmagadora maioria dos portugueses. Cá estaremos para ver o que nos irão dizer os portugueses em matéria de defesa da liberdade e da democracia... Depois do concurso sobre O MAIOR PORTUGUÊS DE SEMPRE, estas eleições serão a sondagem mais importante no plano político-constitucional.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Sem limites

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1610562452846{margin-left: 26px !important;}"]Continuo a ficar pasmado com o modo como os nossos canais televisivos se deitam a noticiar a evolução da COVID-19 entre nós, sempre com um tom alarmista, e também acompanhados de uma evolutiva bateria de técnicos, eles também ajudando, digamos assim, a chover no molhado.

Esta fantástica baralhada, a nós trazida pela nossa grande comunicação social televisiva, chega mesmo a conseguir informar-nos, por igual, que a relatada situação está neste momento a ter lugar em países os mais diversos, incluindo os normalmente apontados como de ponta, onde a organização será, supostamente, excecional – é o que é repetido à saciedade –, e tudo, com a maior naturalidade, sempre apresentado com um tom verdadeiramente dramático.

Se não se estivesse perante uma situação muitíssimo desagradável e perigosa – a todos os níveis –, seria risível ouvir uma bateria de especialistas nossos apontarem uma sucessão de críticas à ação dos seus colegas, mas, muito acima de todos, aos governantes: tudo terá sido tardio, falta gente, camas e materiais diversos, apontam-se os testes rápidos, embora logo outros digam que os resultados fornecidos por estes são pouco fiáveis, enfim, critica-se a esmo e pede-se o que ninguém ainda descobriu em parte alguma do mundo.

No meio de tudo isto, surgem as usuais fantásticas críticas dos nossos comentadores, como há dias se pôde escutar a Luís Marques Mendes: o Natal foi um erro. Todavia, ditas estas palavras, de pronto surgiram outras: foi um erro de todos os partidos, porque todos aceitaram a ideia. E como o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa há dias reconheceu, também ele falhou, porque o contrato de confiança com os portugueses soçobrou. Ou seja: debate-se, afinal, o inútil e consabido.

No meio de tudo isto, falta o essencial, só abordado, infelizmente, por muito poucos: a responsabilidade de cada um dos portugueses. A nossa dita democracia tem este problema: ninguém quer ficar mal na fotografia perante os portugueses, e ainda menos perante os jornalistas. E como estes não se criticam entre si, o que vão perorando, bem ou mal, lá vai fazendo alguma escola. Certas notícias chegam mesmo a gerar uma sucessão temporal informativa: um conta às 20.00; outro às 21.00; outro às 23.00, etc..

Disse hoje a Ministra da Saúde que, se vier a mostrar-se necessário, recorrerá o Governo à requisição civil dos hospitais privados, se estes, porventura, se reusarem a tratar doentes com COVID-19. Simplesmente, torna-se claro que o recurso a um tal mecanismo gerará logo um novo coro de intervenções. E intervenções críticas: deveria ter sido antes, faltou diálogo, os custos do ato médico são pagos abaixo do custo real, por aí fora. Os arautos destas críticas, bom, são sensivelmente os mesmos de sempre: políticos oposicionistas, jornalistas, analistas, comentadores, técnicos do setor da Saúde, etc., etc..

É para mim ainda verdadeiramente espantoso o modo como se tratam os interesses de Portugal e dos portugueses, atacando, quase sem limites, a Ministra da Saúde, Marta Temido, quando todos sabemos o que vai pelo mundo no domínio da COVID-19, bem como o modo competente e dedicado com que a ministra e os responsáveis pelo setor da Saúde têm trabalhado. Quem ouve a grande comunicação social televisiva fica com a ideia de que a solução a contento de uma amplíssima maioria de portugueses estará ali, mesmo à esquina mais próxima. Simplesmente, este é o tipo de comportamento social que tem feito crescer a Extrema-Direita por largas partes do mundo. No fundo, foi isto que Trump, O Bronco, foi praticando ao longo do seu mandato e logo desde a campanha eleitoral: a elite no poder é um horror, não realiza o bem comum, ali estava ele, desejoso de realizar essa tarefa em prol dos seus concidadãos. Mas se é verdade que a grande comunicação social norte-americana, de um modo muito geral, desde sempre pôs Trump em causa, por cá está a repetir-se, com as naturais adaptações, a prática autodestrutiva que teve lugar na I República... Uma tristeza.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

A fantástica pândega americana

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1610207584117{margin-left: 26px !important;}"]O acaso da vida permitiu que o mundo tenha podido assistir (e em direto!) ao inesquecível episódio do assalto ao Capitólio, em Washington, por parte dos apoiantes de Trump, O Bronco, depois de este os ter incentivado a encaminharem-se para o local. E não custa reconhecer que os livros de História Universal, ou os de História dos Estados Unidos da América, conterão amplos capítulos em torno deste mandato de Trump, O Bronco. Surgirão mesmo tratados, teses e dissertações sobre o que foram estes quatro anos da presença de um sujeito como este na Casa Branca e na política mundial. Portanto, reflitamos um pouco sobre o que nos foi dado ver (e em direto!).


Em primeiro lugar, o cabalíssimo falhanço da segurança do Capitólio. A verdade é que não se tratou de um falhanço, antes da atitude derivada das polícias, nos Estados Unidos, se terem rendido à retórica de apoio sem limites de Trump, O Bronco.


Em segundo lugar, imagine o leitor que este assalto tivesse sido perpetrado por negros. Bom, é simples imaginar o morticínio que ali viria a ter lugar. E tudo, logo, com Trump, O Bronco, a apoiar a ação policial, invetivando os criminosos invasores e negros.


Em terceiro lugar, recordo as palavras de Bento Rodrigues, no noticiário da SIC, na hora do almoço: uma tentativa de golpe de Estado. Um dado objetivo e indiscutível, logo corroborado por uma norte-americana atingida pelo gás lacrimogéneo: nós estamos a invadir o Capitólio, isto é uma revolução. Portanto, surge a questão: irá Trump, O Bronco, ser responsabilizado pelo que se passou? Claro que não! E sabe o leitor porquê? Pois, porque os Estados Unidos, hoje como sempre, não são um Estado de Direito, e porque até Trump se pode perdoar a si mesmo e a familiares e amigos! Simplesmente inimaginável!!


Em quarto lugar, a brutal fuga dos apaniguados de Trump, O Bronco, que logo desapareceram como que em combate. Já reparou que Mike Pompeo se evaporou...? E deu-se conta de que, afinal, nada funciona nos Estados Unidos em termos constitucionais? Tudo está previsto, embora possa não o estar. Uma fantástica pândega constitucional e legal! Uma borracheira!!


Em quinto lugar, o leitor já se deu conta de que os nossos indefetíveis defensores de Trump, O Bronco, também se evaporaram? Que é feito, para lá de André Ventura – recorde-se o que André escreveu sobre as consequências de uma vitória de Joe Biden...–, dos nossos supremos intelectuais, que nos surgiam nas televisões a defender a ação política de Trump, O Bronco, no seu mandato? E apercebeu-se de que depois de apontarem o cinzentão Biden, lhe vêm agora reconhecer um valor político inesperado...? Era cinzentão, mas agora já é dourado. Verdadeira alquimia.


Em sexto lugar, convém não olhar apenas aqueles dois milhares de loucos que por ali andaram a invadir o Capitólio, porque Trump, O Bronco, recebeu quase sete dezenas e meia de milhões de votos de concidadãos seus. Como agora se percebeu ao vivo, há duas Américas no interior da grande América, consequência de uma sociedade desumana, anormalmente desigual, com uma fantástica mancha de pobreza, com um racismo estrutural, omnipresente e ativo, que sempre viveu para a guerra, um pouco por todo o mundo, e onde a violência está sempre presente a cada esquina.


E, em sétimo lugar, o que eu pude já escrever há um tempo atrás: Trump, O Bronco, pode ter sido o vencedor das recentes eleições, embora a probabilidade deste acontecimento seja muito pequena. Um caso que, a dar-se, poderia ser derivado de algo similar ao que se deu, entre nós, com a histórica urna de Chelas: o seu roubo foi, quase com toda a certeza, obra de militantes do PSD e do PS, tendo como finalidade impedir a continuidade de João Soares em Lisboa. É que se havia criado a crença na regra empírica de que quem ganhasse Lisboa, chegaria a Belém. E havia muita gente, mesmo no seio do PS, que desejava pôr um fim no que entendia como sendo uma monarquia soarista.


Acontece que muita gente norte-americana de poder, democrata ou republicana, dos setores mais diversos, já não queria que Trump continuasse para um segundo mandato. E, como por igual escrevi, um segundo mandato era-lhe essencial para pôr um fim da democracia norte-americana, tornando-se um ditador e fazendo alastrar ao mundo a sua influência. Como escrevi, nasceria, aí, a grande ditadura mundial...


O mundo pôde ver, em direto, o que realmente são os Estados Unidos, com a tal sua constituição que é um tudo em nada. É um Estado, dito democrático, mas onde a lei não é igual para todos. Trump, O Bronco, até se pode perdoar a si mesmo, aos seus familiares e aos seus amigos!!


No meio de tudo isto, esta verdade, que aqui asseguro honrosamente: passados os primeiros instantes sobre o que estava a decorrer, bom, nunca mais parei de rir. Ainda hoje, quando visiono aquelas imagens, volto a sorrir de um modo bastante aberto. Eu estou certo da minha previsão sobre o que se daria com a presença de Trump na Casa Branca em mais um mandato, mas nunca imaginei assistir a uma cena como as desta invasão. Também previ – em 1982, em férias na Nazaré – que viriam a ser lançados aviões sobre as cidades, mas nunca me ocorreram as cenas que pude agora ver. É a fantástica pândega americana.


Por fim, uma notinha: já reparou que os que dizem que a imagem de Portugal está terrivelmente marcada pelo falso caso do procurador José Guerra, de pronto nos dizem que os Estados Unidos não ficam minimamente beliscados com o que agora se viu...? E então...?[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Como venho tendo razão

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="8" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1609839039198{margin-left: 120px !important;}"]quando afirmo que a peste
é aliada do despótico poder
pois a muita gente ouço desejar
o regresso à normalidade…

Nor-ma-li-da-de!

Alguns inocentes e outros incautos
não reflectem sobre o significado
dessa palavra e o que ela implica

Eu não quero a normalidade
porque ela tem sido injustiça
tem sido sinónimo de desigualdade

Eu desejo a anormalidade
por discordar da normalidade de hoje
desejo um mundo sem governantes
exploradores repressores e tutores
um mundo sem “traficantes de medo”
que democraticamente nos querem vergar

Desejo que o vírus até há pouco novo
que tanto amedronta e priva
contribua para a mudança social

Aspiro a que as restrições
os condicionamentos e as reclusões
forçadas nos incitem a pensar

E que essas privações
e tomadas de consciência
da vulnerabilidade da vida
num esgotado planeta
nos permita reconstruir
a vida sem mordaças
visíveis ou invisíveis
materiais ou virtuais

Recusemos a focinheira
que os focinhudos
dos políticos partidários
nos querem impôr
agora duplamente

Nós não precisamos
de esconder a cara
porque nós somos povo
somos a gente verdadeira
a gente selvagem que recusa
a coleira e o açaimo

Somos a multidão
que recusa a servidão

Queremos que a normalidade
seja sinónimo de Liberdade![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

A chicana do desespero

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1609838613658{margin-left: 26px !important;}"]Quem acompanha os meus textos sabe já do meu conselho de há uma boa imensidão de tempo: coloque as sondagens de lado, pense por si, se acaso se interessa pelo interesse do País e pelo seu, e decida depois, evitando deixar-se levar por meros números. O acaso da vida, neste domínio das previsões, está até hoje muito bem ilustrado com o que se passa com a COVID-19 e as vacinas. Portanto, em política, pense por si e decida com a garantia que vier a conseguir.


Acontece que cada um de nós dispõe também da sua própria sondagem, conseguida por via do que vê e ouve nas convivências correntes de que é parte. Tudo junto, o que se percebe é que o Governo, tal como o Presidente da República, continuam a receber a compreensão e o apoio da maior parte dos portugueses que lá se determinam a tratar o tema da política, o que é raro.


Ora, a Direita e a Extrema-Direita conhecem isto muitíssimo bem, tornando-se evidentes algumas coisas importantes. Por um lado, o Governo atual, bem como o da Geringonça, permitiram a uma imensidão de portugueses reconquistar o que a anterior Maioria-Governo-Presidente, estrategicamente, se preparava para extinguir. Por outro lado, a Direita e a Extrema-Direita não nos explicitam, de um modo minimamente concreto, o que pretendem fazer com o Estado Social: Serviço Nacional de Saúde, Segurança Social Pública e Educação Pública. Quais são, em concreto, as mudanças que pretendem implementar? Bom, simplesmente não respondem. De facto, nenhum político que tem como objetivo pôr um fim no Estado Social o poderá dizer... Portanto, a Direita e a Extrema-Direita lançam mão de tudo o que possa servir de caso, logo aproveitado pela grande comunicação social, ávida de audiências. Passou a valer quase tudo.


Um dos casos mais recentes, a que a Direita e a Extrema-Direita logo deitaram mão, é o do procurador José Guerra. Num ápice, a grande comunicação social, concomitantemente com aquelas duas áreas, ávida de audiências, de pronto lança raios e coriscos sobre o modo como o caso que conduziu à escolha de José Guerra se processou.


A Ministra da Justiça, na sua entrevista de ontem à RTP, no noticiário da hora do jantar, explicou claramente o que me pareceu não ter sido, ao final de toda a conversa, completamente transmitido aos portugueses, tantas foram as interrupções do entrevistador e as misturas de nota com carta e etc.. Portanto, pensando ter compreendido bem o que a Ministra da Justiça pretendia explicar, tento agora fazer alguma luz no falso problema, posto a correr, malandramente, por boa parte da grande comunicação social.


Foi criada uma estrutura judicial destinada a controlar os manuseios de dinheiro na União Europeia, creio que na sequência da criação da tal bazuca.


Cada Estado da União Europeia terá naquela estrutura um procurador. Desconheço se as candidaturas são por iniciativa individual, mas creio só poder ser assim.


Uma estrutura de seleção internacional avaliou os diversos candidatos surgidos por cada país e ordenou-os do primeiro para o último.


Esta estrutura colocou em primeiro lugar certa procuradora e em segundo lugar o tal procurador José Guerra. Simplesmente, esta seleção não é vinculativa para cada Estado, apenas indicativa.


O resultado chegou ao Conselho Superior do Ministério Público, que tomou a decisão de escolher José Guerra e não a tal procuradora.


O Conselho Superior do Ministério Público conhecia perfeitamente o currículo dos dois procuradores em causa. Sabia, portanto, que José Guerra, tal como a colega, não era Procurador-Geral Adjunto. Porém, escolheu, como era de seu direito, o que entendeu como sendo o melhor: José Guerra.


Esta decisão do Conselho Superior do Ministério Público não era vinculativa para o Governo, que poderia ter optado pela da tal comissão internacional. Mas o Governo, olhando a regra da separação de poderes, aceitou a escolha tomada pelo Conselho Superior do Ministério Público.


No meio de tudo isto, há uma nota das estruturas do Ministério da Justiça que foi enviada ao embaixador de Portugal junto da União Europeia. Nesta nota existem lapsos: diz-se que José Guerra seria Procurador-Geral Adjunto, mas não a tal procuradora. E dizem-se mais duas imprecisões sobre José Guerra, embora uma delas esteja mal explicada e não seja, de facto, uma imprecisão. Um dado é certo: estas imprecisões sobre José Guerra, ao nível da tal comissão internacional, levaram a que ficasse em primeiro lugar... a tal procuradora, e não José Guerra. Uma pândega!!


Por fim, não sendo a decisão da tal comissão internacional vinculativa, houve Estados que as seguiram e outros que não o fizeram. Não o fez Portugal, mas também não o fizeram a Bélgica e a Bulgária. Brincando um pouco, talvez também o nosso poder soberano tenha estado por detrás destas duas outras decisões.


A causa de toda esta baralhada é só uma: atacar o Governo de António Costa a qualquer preço. Sobretudo agora, com bons milhares a rezas pelo falhanço na campanha de vacinação e diversos outros a tudo tentarem para pôr em cheque a muitíssimo boa imagem de Portugal e do seu Governo no seio da União Europeia. Por tudo isto, insto de novo o leitor a tentar ler o discurso de Salazar no Palácio da Bolsa, no Porto, ao início da década de cinquenta, porque ajuda a perceber o que está hoje a passar-se por entre nós.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Rio que se cuide…

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1609170727333{margin-left: 26px !important;}"]Recordo hoje muito bem o clima, já de brincadeira, com que se chegou a olhar a ação política de Pedro Passos Coelho, já muito depois da entrada em funcionamento da Geringonça, quando acabou por ter de deixar a liderança do PSD. A grande verdade é que o tal Diabo nunca chegara, ao mesmo tempo que o Governo lá foi recolocando a qualidade de vida dos portugueses no lugar muito próximo do que lhes era devido.

Recordo, por igual, o que os nossos jornalistas, analistas e comentadores sempre disseram depois da saída de Pedro Passos Coelho da liderança do PSD: com esta saída, António Costa perde o seu principal escudo defensivo, porque a tática seguida por Pedro Passos Coelho simplesmente falhou e já só servia para o desgastar, bem como ao seu partido, ao mesmo tempo que a Geringonça se fortaleceu e lá foi levando a carta ao Garcia.

No entretanto, lá voltou a surgir Pedro Santana Lopes, mas também o eternamente anunciado Rui Rio. Sem espanto, triunfou este último. Simplesmente, o PSD continuava lá, tal como sempre havia habituado os portugueses interessados na política, dançando sem parar, desde o vira do Minho ao Rock . O vento estimado era a única força que o fazia mexer, fruto de um conhecido mal congénito: um partido social-democrata neoliberal, suportado em barões, condes, marqueses e duques, que se foi sempre mostrando como uma espécie de tudo em nada.

Hoje, o PSD vive perante este dilema: sem poder dizer-se neoliberal, anunciando, abertamente, que o seu grande objetivo é destruir o Estado Social, já teve a coragem – é, de facto, precisa coragem...– de se ligar ao Chega! de André Ventura, ao mesmo tempo que, já sem tibiezas, velhos barões vêm a terreiro dizer que o Chega! até nem chega ainda, porque se impõe ir bem para lá do acordo estabelecido nos Açores.

No tempo de Pedro Passos Coelho o PSD estava a 10 ou mais pontos do PS, este sempre sem maioria absoluta, mas hoje a posição é a mesma, ou a distância poderá até ser maior. E se Rui Rio não acredita na sondagem do Expresso, brincando mesmo com o que não devia, os que nunca o aceitaram voltam a pensar no já estafadíssimo Pedro Passos Coelho – falta, objetivamente, renovação no PSD –, o tal por cuja saída da liderança fizera António Costa perder o seu principal escudo defensivo. A sorte – e o azar, claro – está na esperança, porque ela é a última a morrer. Até o CDS de dos Santos também consegue manter a esperança! Temos, pois, esperança para dar e vender.

Esta esperança, de facto, surgiu por via do novo coronavírus, que nos criou a pandemia de COVID-19. Uma realidade que, de facto, deitou por terra toda a lengalenga da doutrina económica de Pedro Passos Coelho, porque este objetivo diabo criou problemas nas sociedades mais modeladoras do princípios económicos neoliberais, logo a começar pelos Estados Unidos. Não era, afinal, o Diabo, mas um aviso sobre o fim do mundo...

Pelo sim, pelo não, os ditos democratas do PSD, mas que nunca aceitaram Rui Rio, com um partido já envelhecido, lá se viram na obrigação de colocar a sua nova esperança no esgotado Pedro Passos Coelho. E então há mesmo quem nos venha dizer que o potencial deste está intocável!! Talvez, mas só se for com alguma ajuda de caminho. E esta só poderá provir do atual Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que, como muito bem diz Ana Gomes, ora se encosta a(o PS de) António Costa, ora lhe tira tapetes aqui ou ali. Que esta reeleição de Marcelo é um risco para os eleitores que se reviram na política da Geringonça, pois, é uma evidência. Uma evidência tão forte quão simples de perceber.

Não faltam hoje dados que nos permitam perceber a movimentação que está a dar-se ao redor da reeleição de Marcelo, suportada num sonhado falhanço da vacinação contra a COVID-19, mesmo que as vacinas deixem de ser enviadas, com violação frontal dos acordos estabelecidos. Num ápice, sem real espanto, aí nos surgiram as intervenções de Cavaco, o novo livro de Catroga, a apregoada esperança no infindo potencial de Pedro Passos Coelho, as intervenções deste mesmo, o badalar concomitante da grande comunicação social, etc.. E depois, a fase de tapetes tirados pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de facilmente se perceber que Eduardo Cabrita fez, de um modo imensamente geral, tudo o que lhe competia. Um dado é agora certo: estamos à espera dos resultados do Sistema de Justiça neste domínio do senhor ucraniano falecido no Aeroporto Humberto Delgado. De resto, temos aí a nova jogatina da nossa grande comunicação social, que é a conversa da responsabilidade política... Se se tratar de alguém do PS, claro está.

Como pude já escrever, e como tão evidentemente se percebe, parar esta máquina de terraplanagem sobre a Constituição da República, com destruição clara do Estado Social, pressupõe esta coisa simples: quem realmente o defende e pôs de pé, deve unir-se e fazer frente à máquina da Direita e da Extrema-Direita, hoje já imensamente esperançados no segundo mandato de Marcelo. Reformar, como tantos e tão diversos dizem há décadas, é pôr um fim na Constituição da República e nas mudanças que a Revolução de 25 de Abril trouxe à enorme maioria dos portugueses. Portanto, Rui Rio que se cuide, e que assim procedam, por igual, o PS e os partidos da Esquerda. É o que os portugueses, de modo amplíssimo, esperam da Geringonça que se deixou ir abaixo por culpa não sua.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Um perigoso desnorte

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1608463554336{margin-left: 26px !important;}"]Uma entrevista recente de Marisa Matias, candidata ao Presidente da República, veio mostrar uma espécie de moeda com dupla face: de um lado a razão da verdade, do outro a falta de atenção ao que é central para quase todos os portugueses. Precisamente o que, em conversas com amigos, tenho referido como um certo desnorte do Bloco de Esquerda.


Em primeiro lugar, tem Marisa Matias a mais cabal razão quando refere que quem recusou a existência da Geringonça não foi o Bloco de Esquerda, foi o PS. Esta recusa deveu-se a uma multiplicidade de fatores, muitos deles ligados a velhos tiques por parte de dirigentes do PS, que sempre viveram um terrível pânico em face do Bloco de Esquerda, e de outros que sempre consideraram uma unidade à Esquerda, mesmo que em defesa de aspetos centrais para os cidadãos, como um caminho a recusar liminarmente. Bom, o resultado está à vista.


Em segundo lugar, também assiste razão a Marisa Matias quando refere a falta de uma voz na defesa clara e inequívoca do Serviço Nacional de Saúde. A verdade é que a Ministra da Saúde, Marta Temido, tem sido a sua estrénua defensora, embora não faça milagres. Mau grado todas as limitações, a verdade é que a falta daquele serviço, com tudo entregue aos privados, daria no que diariamente nos chega dos Estados Unidos...


Em terceiro lugar, aborda também a eutanásia, que considera um dos temas que realmente precisa de ser discutido, mas achando, com lógica, que há um momento em que se tem de decidir e que tal passo já devia ter sido dado. Simplesmente, com alguma ingenuidade aparente, lá diz esperar que a lei da eutanásia, se for aprovada na Assembleia da República, não seja bloqueada em nenhuma das esferas do poder. Então e o atual Presidente da República? Será que ele continuará, num cenário de aprovação parlamentar, a aceitar a separação de poderes, ou antes irá atuar como se la loi c’est lui?


Em quarto lugar, tem Marisa Matias toda a razão quando refere que o PS se demitiu do combate nas presidenciais. E continua a ter razão quando refere que é lamentável que, num país com uma maioria de centro-esquerda, esta não se faça representar nas eleições presidenciais. Simplesmente, há aqui um dado a ter em conta: falta alguém com carisma suficiente para concitar um apoio maioritário numa eleição para o Presidente da República, e que seja capaz de definir uma grande estratégia para Portugal, mas também garantir a defesa da Constituição da República, mormente ao redor da importância central do papel do Estado Social.


E, em quinto lugar, perda a razão quando refere que o Orçamento do Estado para 2021 é um orçamento fora de tempo, que não foi feito para tempos de pandemia, porque não traz a proteção necessária. É uma afirmação híbrida, com e sem razão, mas que, se levada à letra, como infelizmente fez o Bloco de Esquerda, poderá vir a ajudar a deitar por terra todas as grandes conquistas que se conseguiram com a ação política da Geringonça.


Os portugueses estão primeiro, como primeiro estão as suas reconquistas, sendo-lhes incompreensível que o Bloco de Esquerda, para defender a sua razão, acabe por pôr em risco o que de mais importante a Geringonça lhes devolveu. Ter razão, em política, está muito para lá da mera razão da coerência, havendo sempre esta de ser entroncada com os perigos advindos dessa mesma coerência. No fundo, se quisermos ser objetivos, o que o Bloco de Esquerda seguiu foram os ventos de um perigoso desnorte.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Economia a pedais

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="5" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1608314072931{margin-left: 2px !important;}"]2021 vai ser um ano de recuperação da Economia, um esforço que todos os sectores terão de despender. E ao contrário do paradigma nacional “trabalhar mais” em vez de “trabalhar melhor”, esse esforço obrigar-nos-á a sermos eficientes na utilização dos nossos parcos recursos. Isso inclui um maior e melhor escrutínio aos gastos públicos: de que forma as receitas dos nossos impostos são aplicadas, e qual o seu retorno, tanto financeiro como económico, isto é, não apenas a riqueza gerada, mas também o bem-estar criado. E este rigor na execução pelos gentes do Estado, mas também e cada vez mais a atenção e exigência de nós próprios no dia a dia, não se limita aos temas mais fracturantes, como a reestruturação da TAP ou a dissolução do SEF. Este movimento de recuperação começa com a forma como as nossas autarquias agem nas nossas vilas, aldeias e cidades.

Ao percorrer Vila Real, apercebo-me da transformação do canal ferroviário da Linha do Corgo, que percorre toda a zona Este da cidade, desde a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ao centro comercial, Parque Corgo, Teatro, Centro de Saúde de Mateus, até Abambres-Gare, em mais uma ecopista. Um canal privilegiado de comunicação, que liga boa parte das infraestruturas âncora da cidade, convertido numa pista para caminhadas, porque desde há 20 anos nenhum político ou decisor público parou dois minutos para pensar que nem todas as vias férreas encerradas estão condenadas a ficarem assim eternamente, ou a não terem outra solução que não serem convertidas em ecopistas. Pelo menos não sem um estudo de reabertura ser elaborado, e dizer de forma estruturada, e não por opinião ou moda, se a reposição do serviço ferroviário às populações e empresas é viável económica e financeiramente ou não. Os carris, ainda visíveis em alguns troços, vão desaparecendo. Não se vislumbram placas a explicar para o que é a obra. Nos planos consta a recuperação da estação de Abambres para apoio aos utilizadores, mas essa é uma promessa que já vi em inúmeros planos de outras tantas ecopistas cair em saco roto, deixando estações e casas de guarda em estado devoluto. Sublinho a persistência – rara – de sinalização no trajecto: o sinal avançado de Abambres na Rua da Pimenta, bem como o limite de manobras e os sinais principais de entrada e de saída a jusante da estação de Abambres, a qual ainda preserva linhas e agulhas. E este património industrial e histórico, vai ser preservado? Matar a memória ferroviária e as aspirações do território a mobilidade sustentável e dinamizadora da Economia por facilitismo não pode merecer a aprovação parcimoniosa e desinteressada da população. Isto é subverter as prioridades para o futuro em troca de obras de ocasião no presente.

2021 vai ser o Ano Europeu do Transporte Ferroviário, com Portugal a assumir a Presidência do Conselho da União Europeia durante o 1º semestre do ano. Em Vila Real há quem diga “Não!” à Ferrovia. Eu digo “Sim!” ao meu futuro. E esse, goste-se ou não, passa por mobilidade sustentável e Economia dinâmica, conceitos que em países mais esclarecidos andam de mãos dadas com a Ferrovia – sem comprometer o desporto e o bem-estar dos cidadãos, já que espaços para ecopistas e caminhadas não faltam.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

O criminoso caso do SEF

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text]Há momentos de rara infelicidade e seja com quem for, desde os mais inteligentes aos que o são menos, das principais personalidades da nossa comunidade às que pouca representatividade têm, para além da sua própria pessoa e no seu círculo restrito de familiares. Não há quem não tenha, ao longo da sua vida, momentos de infelicidade. Um dos nossos concidadãos que agora teve um momento de rara infelicidade foi o nosso Presidente da Republica. Precisamente em torno do homicídio do cidadão romeno à entrada em Portugal, através do Aeroporto Humberto Delgado, há talvez um pouco mais que nove meses.

Estiveram em causa, neste homicídio, funcionários do nosso Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, (SEF), bem como um conjunto de outros concidadãos que terão tido, porventura, conhecimento do que ali se passou, sem que nada tenham feito. Há que esperar, pois, pelo final deste processo, até porque a sua complexidade terá de ter sido baixa. Esperemos, pois, que o conhecimento final deste caso surja a curto prazo, ao nível da primeira instância.

Acontece que o SEF nunca foi uma entidade prestigiada, porque assim se terá visto colocada ao longe de décadas. Um pouco como se dá com a ASAE, e muito mais, ainda, com o OSCOT. Recordo o SEF desde o tempo em que foi seu Diretor-Geral o almeidense, Ramiro Ladeiro Monteiro, que dali foi transferido para a liderança do SIS, sendo substituído naquela sua função pelo procurador Daniel Sanches, que foi depois, também, diretor do SIS e, mais tarde, Ministro da Administração Interna, cujas funções terminaram com o histórico contrato de última hora da rede SIRESP.

No tempo de Ramiro Monteiro, como logo depois no de Daniel Sanches, o SEF funcionava nas antigas e limitadíssimas instalações do velho Comando-Geral da PSP, frontalmente à Ordem dos Engenheiros, ao início da Avenida António Augusto de Aguiar. Era, todavia, o que, mais ou menos, sempre continuou a ser: uma instituição sem visibilidade, sem grande prestígio no domínio público, e cujas carreiras não terão sido completamente aplicadas, certamente depois de definidas em lei. Para que o leitor perceba que as coisas deveriam ser assim, basta que procure recordar-se, por exemplo, dos seus diversos dirigentes de topo.

Acontece que o País e os portugueses, de um modo muito geral, tomaram conhecimento da morte do tal senhor ucraniano. Tanto os detentores de soberania, como também o Ministério Público, as mais diversas polícias, funcionários diversos do Aeroporto Humberto Delgado, terão de ter percebido que o caso poderia revestir contornos estranhos, potencialmente explosivos. E quem diz em Lisboa, diz nos restantes aeroportos onde o SEF está presente. Este é um tema onde, inevitavelmente, de pronto deverá surgir ao pensamento de todos aqueles concidadãos antes referidos o mecanismo do tipo social de autor.

Por outro lado, há aqui que ter em conta que alguém da área médica terá tido que certificar o óbito do senhor. O que justifica esta pergunta: tudo era claro, não existia nada de estranho? Mas também as anteriores classes referidas teriam sempre de ter podido perceber que alguma coisa estranha se poderia ter passado. O próprio Presidente da República, sempre atento a todos os pormenores que possam mostrar algum impacto público, também nunca se referiu especialmente a este caso, quando o mesmo se havia desenvolvido num ambiente onde bem poderia estar presente algum tipo de hipotético abuso de poder.

Este tema traz-me ao pensamento as (para mim não acertadas) palavras do académico José Francisco de Faria Costa para José Alberto Carvalho, ainda na SIC Notícias, e a propósito de como é que a antiga Comissão de Fiscalização dos Serviços de Informações atuava: repare, nós temos de partir do princípio da boa-fé. Bom, caro leitor, fiquei algo perplexo, porque nenhuma grande potência atua deste modo, fazendo sempre intervenções periódicas, aleatórias, com o detetor de mentiras. E o mesmo se passa, por exemplo, com os estrangeiros, legais ou não, a trabalharem em Portugal em condições verdadeiramente desumanas. Não acredito, com plena sinceridade, que tenha lugar uma eficaz fiscalização destas situações, nomeadamente por via aleatória. E muito menos se deverá recorrer a drones.

Ora, nesta passada quinta-feira tive a oportunidade de escutar as palavras do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, ao redor deste caso, mas quando já se encontrava a oposição a cavalgar, partidariamente, a ideia de responsabilizar politicamente o Ministro Eduardo Cabrita. Sempre tão célere a defender a separação de poderes, seria mais lógico esperar pelos resultados finais. E, se acaso existia alguma coisa a dizer, mas no plano real, não no potencial com aparência de real, pois o que deveria ter feito era falar sobre o tema com o Primeiro-Ministro.

No fundo e neste caso, todos ficaram mal na fotografia, talvez com a singular exceção do Primeiro-Ministro. É claro que nós temos aí eleições presidenciais à vista, mas Marcelo, mesmo com a esperada grande abstenção, deverá ficar muito longe de Mário Soares. Nem lhe é, politicamente, comparável. Enfim, há que evitar intervenções como a mais recente, ao redor do homicídio do senhor ucraniano, porque o que logo salta ao pensamento é os efeitos de um tiro de oportunidade política, cavalgando a onda das oposições. Dá que pensar ao redor da hora de decidir sobre em quem votar...[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Oito partes de Lisboa, duas de Porto

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="5" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1607773353102{margin-left: 26px !important;}"]Lembro-me nas tardes de Verão da minha juventude, passados na minha aldeia natal em Vinhais, de haver uma pausa especial que diariamente se observava e se antecipava: o dos blocos informativos “País País”, e sobretudo o que se lhe seguia, o “País Regiões”. Eram rubricas de informação que passavam na RTP, os quais, ao contrário dos Jornais da Tarde e da Noite, se debruçavam em informações apenas nacionais, e com interesse para as comunidades. O País Regiões então desdobrava-se, grosso modo, entre as províncias nacionais, cada qual vendo a sua própria versão. E era um gosto enorme ver a televisão pública a apresentar notícias referentes exclusivamente ao meu Trás-os-Montes – isto é, não apenas feiras gastronómicas ou a visita da GNR a idosos isolados.

Mas entretanto isso acabou. Se a memória não me falha, terminou primeiro o País Regiões, e depois o próprio País País. Entrámos na era do copy paste e das fake news, e de repente “notícias regionais” voltaram a soar a provincianismo, a pequenez, ao culto do coitadismo e do pobre lavrador nas aldeias serranas – com aquele insuportável “o Ti Zé” dito e escrito por extenso nos jornais da TVI no seu período mais medíocre – irremediavelmente condenado ao envelhecimento e ao abandono.

Mas há algo que me incomoda sobremaneira nos blocos informativos actuais da RTP. Para quem nunca reparou, o genérico de entrada mostra em sucessão rápida uma série de dez imagens: oito delas em Lisboa (Marquês de Pombal, Praça do Comércio, Rossio, Parque das Nações, Arco da Rua Augusta, Ponte 25 de Abril, Gare do Oriente, Ponte Vasco da Gama), e duas no Porto (Câmara Municipal do Porto, Ponte Luís I). E assim se representa Portugal.

E era isto que esses quase esquecidos blocos regionais contrariavam, com os mesmos dinheiros públicos, e que agora se manda ostensivamente às urtigas. Até os genéricos mostravam monumentos dos vários distritos: o castelo de Bragança, o Palácio de Mateus, o Monte de Santa Luzia, e por aí ia. E isto é a ilustração do nosso pensar de Estado com uma clareza e simplicidade brutais. O país são oito partes de Lisboa e duas de Porto: o resto são detalhes ou bens no portefólio, geríveis como melhor convier a partir de uma capital que se impõe custe o que custar e doa a quem doer.

Olho lá para fora e penso no meu distrito, Bragança, com meia dúzia de quilómetros de caminhos-de-ferro e uma auto-estrada, com ligações viárias internacionais simplesmente péssimas, pejada de barragens que prometeram muito e trouxeram nada e prontas a serem vendidas apesar de tão defendidas pelo esquivo “Interesse do Estado”, e com três deputados para nos representar entre os 230 da Assembleia da República. Olho, e nestas alturas sinto-me esmagado pela revolta que me assalta: sinto-me trasmontano, mas não me sinto português.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

O desespero é de morte

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1607508380784{margin-left: 26px !important;}"]A nossa Direita e a Extrema-Direita encontram-se num verdadeiro estado de desespero, fruto de não poder deixar de lhes ocorrer que a nova vacinação que se aproxima possa correr bem. Se hoje até já vamos ter vacinas, de pronto nos surgem a badalar que tal não é suficiente. Se o Governo, mesmo o Presidente da República, nos chamam a atenção para que muito também tem de ser feito sob nossa responsabilidade, é porque desse modo se pretendem desresponsabilizar da sua suposta falta de capacidade de comando e controlo! Uma terrível aflição!! Uma dolorosa sede de poder!!!


O que os nossos mais referentes órgãos de soberania têm feito, na sua ligação com os portugueses, nunca poderia ser o assumir de um ar triunfal, porque se assim fizessem, só teriam piores resultados. Mais do que para as suas políticas, sobretudo para os portugueses. E por isso o que tem sempre caraterizado as suas intervenções é a prudência, a ausência de garantias de triunfo fácil, mas sempre transmitindo a segurança que os portugueses poderão ter de que todo o melhor será feito.


No entretanto, por aí vão andando as sondagens. E o que estas nos mostram é que os portugueses não são fáceis de levar com três ou quatro cantigas. Parece que o Bloco dá mostras de descer, que o PCP se mantém, que o PS se sobe, é pouco, e que o PSD talvez mesmo dê indicações de alguma descida. Ah, e o CDS, com as fortes indicações de se aproximar do zero absoluto, mas da política. Até Matos Santos já se deu conta de que Francisco Rodrigues dos Santos vive a anos-luz de tantos que o precederam. E depois, o Chega!, que parece demonstrar que a política de protestar à Direita, dizendo o que se gosta de ouvir, dá para crescer. Mesmo que poucochinho.


Portanto, quem fala em sondagens, pensa em eleições. E é já com estas duas mais próximas que a Direita e a Extrema-Direita parecem contentar-se. Se para o Chega! as presidenciais são essenciais, já para o PSD o grande sonho é recuperar alguma coisa depois do tremendo tombo anterior. Todavia, percebe-se, quase com toda a certeza, que um certo tipo de derrota para o PSD poderá ser arvorado como... vitória. Ganha-se per-dendo, portanto.


Ontem mesmo, durante a manhã, dizia um laranja empedernido para certo amigo que, vendo-o entrar no café sem máscara, chamara a sua atenção: para mim, nem a vacina chega, só depois de ver os resultados ao vivo! Com o amigo já cá fora, debandado o laranja empedernido, lá referi para o meu conhecido, que o avisara: se o tipo fica à espera para ver se é verdade, morre do crescimento do conhecimento. Ao que o meu conhecido respondeu: sim, não vai morrer da cura.


Termino, pois, como comecei: o desespero da Direita e da Extrema-Direita destes dias, em Portugal, é verdadeiramente de morte. Sim, porque o que vai esta gente fazer se a vacinação correr bem?! Continuar a fazer de político oposicionista, completamente incapaz de dizer o que pretende fazer? Haverá de compre-ender-se que não é para todos os estômagos.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

A arte portuguesa de maldizer

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1606731177499{margin-left: 26px !important;}"]

É quase certo que o leitor não será o que se costuma designar por um jovem de idade, sendo imensamente mais provável que tenha já podido viver amplamente a vida. A ser assim, já terá somado um amontoado razoável de desilusões, depois de ter acreditado, ainda jovem, que as coisas iriam melhorar, mesmo com passos seguros a caminho do ótimo imaginado.

Ora, o dia de hoje terá trazido mais uma machada nos seus sonhos de sempre, porque certo estudo com algum gabarito nos dizia, sensivelmente, isto: Bomba relógio: as grandes cidades do mundo poderão dispor de potenciais novas pandemias. Devo dizer que nem achei estranho, porque lembro-me bem de Paulo VI ter chamado a atenção do mundo, numa sua intervenção nas Nações Unidas, para os riscos das grandes cidades.

Acontece que todos reconhecem, até de um modo simples, que os portugueses são especialmente dotados na arte de maldizer. Uma arte suportada numa pobreza crónica, geradora de inveja, que a tantos fez ir por esse mundo à procura de melhor sorte. O grande problema, contudo, foi o que se desenvolveu, ao longo das gerações, com os que ficaram.
Não custa reconhecer que as comunidades sedentárias dispões de uma população, entre si ligada por uma língua, com tradições de natureza diversa, logo a começar pelas de natureza religiosa, e politicamente organizadas. Como em tempos se dizia, e definia, existiam governantes e governados e uma autoridade soberana. Simplesmente, todas estas realidades podem assumir uma diversidade vasta de cenários.

Ora, entre nós continua presente, há uma boa imensidão de tempo, uma pobreza estrutural. Uma realidade que se materializa em problemas mais ou menos complicados, e que atingem todos, embora em situações diversas. No dias que passam, temos a atual pandemia, o surgimento do desemprego, a falta do essencial dinheiro atacar o inadiável e a incerteza perante o devir. E as certezas valem muito relativamente, para o que basta olhar as mais recentes dúvidas surgidas ao redor da vacina Oxford/AstraZeneca. E também há fome, tal como a mais que esperada consequência de tudo isto: graus diversos de loucura.

Claro está que é essencialíssimo enfrentar estes problemas, só que não existe uma solução, mas sim diversas soluções. E mesmo quando se deita mão de uma delas, em pouco tempo se percebe que as divergências começam a surgir sem parança, tudo se afastando do enunciado e do previsto.

Num dado momento, nas designadas democracias, se as coisas vão bem, a oposição não aplaude, mas se vão mal, a mesma pinta a coisa muitíssimo pior ainda. Um tema sobre que vale sempre a pena ler o tal discurso de Salazar, no Porto, no Palácio da Bolsa. Neste sentido, é hoje facílimo exigir o reforço do Serviço Nacional de Saúde, uma política de saúde adequada, um correto rastreio, sempre mais recursos, ainda mais planificação ao nível dos cuidados primários, etc.. É um momento de enorme facilidade, dado que se trata de simplesmente... propor e pedir.

Perante um tal desfilar, qual teorema plagiado, surge o naturalíssimo corolário português: o Governo não tem estado bem. Mas claro que quem assim fala se refere a António Costa, porque se as coisas fossem como se vê e estivesse no poder a anterior Maioria-Governo-Presidente, bom, tudo estaria a dar-se à luz das nossas possibilidades. E quem diz isto, diz o Congresso do PCP, operado à luz da legislação em vigor, precisamente para as situações de estado de emergência e de estado de sítio. Sem poder falar claro, fala-se por via do insinuês: tudo terá sido uma troca do PS com PCP e o resto! É um argumento ridículo, mas imagina-se que os portugueses, tantas vezes desatentos, lá enfiem o barrete.
Por fim, já numa situação de estertor, o lugar ao sonho: não será possível alterar a tal lei, que garante que nem no estado de emergência, nem no estado de sítio, a democracia pode ser suspensa? No fundo, como hoje pensam a Direita e a Extrema-Direita, os portugueses o que pretendem é ter o seu pilim no final do mês, porque eles mesmos fogem da política, dado que esta já não os toca.

A Direita e a Extrema-Direita portuguesas já só sonham com o regresso ao poder, mas agora, sob a orientação política do Chega! de André Ventura, para acabar com a atual democracia e aqui colocar uma IV República, a verdadeira, a legítima, a deles.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Já Sinto Saudades do Futuro

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="6" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1606297633871{margin-left: 26px !important;}"]Esta situação pandémica inimaginável, qual guerra mundial, leva-me a pensar nos pós Covid-19 e a sentir saudades do futuro, ainda muito incerto. Mas, como assim, se a saudade é um sentimento de algo ou de alguém que nos marcou ou marca positivamente, no passado? Saudade de alguém que amámos e que já perdemos, por exemplo um ente querido ou um amor. Saudade de algo que foi bom para nós, etc. “… é por isso que eu tenho mais saudades…; Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este aperto no peito, meio nostálgico, meio gostoso, mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar de vida e de sentimentos. Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis! De que amámos muito o que tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência…”. O passado deixou-nos “marcas” profundas, no corpo e na alma, mas que, por isso, constituíram as bases da nossa personalidade.


Nunca o termo “UCI” foi tão mencionado no nosso quotidiano e, talvez, muita gente não saiba bem o que representa, apesar das muitas imagens das UCIs que passam, frequentemente, nas televisões. É algo técnica e humanamente reveladora duma certa complexidade médica, porque quem ali cai está num processo de doença ou lesão muito complexa e a exigir “cuidados intensivos”. Daí designar-se por UCI = Unidade de Cuidados Intensivos. Ali luta-se pela vida e os seus membros (enfermeiros, médicos, etc) ali estão permanentemente e prontos a socorrerem alguém cujo processo de sobrevivência se sente ameaçado. Dali saem alguns para as enfermarias de recuperação, mas outros, infelizmente, com outro destino principalmente nesta terrível pandemia que terá começado na China e depois alastrou a todos os cantos do mundo, apanhando ricos e pobres, mas principalmente os “velhos”, essa franja da sociedade, em número crescente por força da longevidade, que começou a ser malquista nas sociedades onde o culto por tudo que é “jovem” passou a ser dominante. Velhos? São um estorvo na sociedade do hedonismo e do consumismo, qual vida frenética, agora bloqueado pelas medidas de contenção que visam suster a propagação do vírus e que veio reduzir quase a zero essas atividades que empregavam milhares e milhares de pessoas e que delas obtinham o seu rendimento e agora ou ficaram reduzidas a zero ou com rendimentos insuficientes para o seu sustento e respetivas famílias. Por exemplo, o desporto de espetáculo, as múltiplas atividades do turismo, o lazer diverso (tempo disponível para alem das obrigações de trabalho, aproveitável para o exercício de atividades prazerosas), etc. Eram e são sectores das sociedades modernas que alimentam a economia e agora estão numa profunda crise e cujo futuro se advinha muito difícil. Como sair da crise e colocar esta poderosa máquina novamente a girar? Até o dia de amanhã nos parece incerto, mas, sabemos, vai ser muito difícil.


Por isso, já sinto saudades do futuro, que foi idealizado com base num passado e construído ao longo destas curtas décadas, mas que dificilmente será do modo que o idealizámos, porque este Covid-19 veio “colocar em xeque” um modelo de sociedade e de economia que vivia da “máquina de fazer e girar dinheiro” e em que este era a principal energia desse modelo de sociedade. O dinheiro e tudo aquilo que com ele se pode comprar, principalmente o Lazer, foi sacralizado e endeusado. Uma questão pertinente, não é o que fazemos do dinheiro que ganhamos, mas sim o que é que o nosso dinheiro faz de nós, tornando-nos refém desse “bem” que faz girar esta poderosa máquina económico-social e agora caminha para uma crise de consequências imprevisíveis, o que nos leva a temer esse futuro. Neste terrível período que atravessamos, olho muito para o passado, de que tenho saudades de muitas coisas que realizei, mas, acima de tudo, de muita coisa que ficou por fazer e agora esta ameaça, principalmente sobre a minha geração na qual estou incluído nos maiores de setenta e com alguma patologia, no leva a temer o futuro com o qual ainda sonhámos.


Tenho saudades do passado, mas estas saudades levam-me a sentir saudade dum futuro ameaçado e que dificilmente será como aquilo que há menos de um ano sonhámos. Saudade, a palavra que nos enche de energia para agirmos, mas neste terrível período, agir na prevenção de contágio do Covid-19, é uma atitude de civismo, de sobrevivência pessoal e de solidariedade para com todos os que não resistiram (cerca de quatro milhares de portugueses) a este “bicho” e a todos os outros portugueses envolvidos diretamente nesta pandemia, desde os doentes e pessoal da área médica, agora chamados de heróis. Confinar e respeitar as regras básicas para evitar o alastramento do contágio, é um esforço de todos, para que o futuro volte a ser risonho.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Da Vila não reza a História

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="5" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1605913015511{margin-left: 26px !important;}"]Há dias, lia numa publicação regional um lojista vilarealense que, tendo o seu negócio na zona história da cidade trasmontana, se queixava da falta de sinalética para a zona antiga. Sendo munícipe de Vila Real, e apaixonado por História, compreendo a sua indignação. Numa faixa de 500 metros no centro da cidade podem-se encontrar monumentos uns atrás dos outros, mas poucas ou nenhumas referências ou notas turísticas visíveis.

A Capela Nova impõe a sua majestade barroca, e, descendo a rua, passando por várias casas brasonadas que valeram em tempos à cidade a alcunha de “Corte do Norte”, o elaborado pelourinho dá acesso à avenida central. E chegando aí, é só escolher: a casa quinhentista dos Marqueses de Vila Real, título que terminou com o envolvimento do seu titular numa tentativa de assassinato de D. João IV na alvorada da Restauração, e que condenou Vila Real a viver três séculos na infâmia de ver o seu símbolo virado de cabeça para baixo, como sinal de desonra. A estátua de Carvalho Araújo, herói trasmontano da Primeira Guerra Mundial, cujo sacrifício contra um submarino alemão valeu a passagem de um paquete em segurança para os Açores – o comandante alemão escreveria dessa refrega desigual que “os portugueses bateram-se como diabos!”. Do lado contrário, a Sé de Vila Real, com a característica traça robusta de templo gótico. Mesmo abaixo, a fachada austera da casa que viu nascer Diogo Cão, o navegador que primeiro levou Portugal a terras angolanas.

A rematar esta faixa de uma riqueza histórica singular, as ruínas do castelo, o local de nascimento da cidade, que por ser criada por iniciativa de D. Dinis foi baptizada de “Vila Real de Panóias”, denominação ancestral destas terras desde o domínio romano até à Alta Idade Média.

Mas nem o pano de muralha sobrevivente abaixo do liceu Camilo Castelo Branco, com o que resta da Porta Franca (entrada onde os comerciantes não pagavam portagem para entrar no burgo), nem a Porta Norte e as fundações de um torreão mesmo detrás da Câmara Municipal, vêem destaque algum. No interior do castelo, o Museu da Vila Velha alberga dois tesouros do tempo da fundação da cidade: os dois únicos sobreviventes “Marcos da Redonda”, monólitos com escudo de cinco quinas, que delimitavam uma área arredondada de terrenos – daí o termo “Redonda” – que o rei concedia à recém fundada vila; e a medida padrão gravada na Porta Norte, que definia a unidade de comprimento porque se regia a vila.

Junto a tudo isto há ainda a Igreja da Misericórdia, pequeno templo românico, e o Museu de Arqueologia e Numismática, com o enorme marco romano da Via Imperial XVII que assinala a fundação simbólica da aldeia mirandelense de Vale de Telhas, e uma impressionante coleccção de moedas desde a Grécia Antiga à Roma Imperial e aos Reinos Suevo e Visigodo.

Um povo que não conhece a sua identidade dificilmente saberá também como escolher o seu futuro. Em vez de pontes megalómanas de sete milhões de euros que ninguém pediu, não me importaria nada de ver meia dúzia de milhares de euros na instalação de sinalética turística nesta cidade – cosmopolitamente assinaladas também em inglês, já agora.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

As difíceis coisas simples do PS

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1605811156391{margin-left: 26px !important;}"]Em Portugal a posição política dos partidos nunca foi a referida publicamente, nem a sua intervenção pública foi determinada pelos princípios presentes nos programas. Foi assim com o PPD, mais tarde rebatizado como PSD, sendo aqui muito elucidativa a pequena, mas significativa, história passada entre Francisco Sá Carneiro e Barbosa de Melo, mesmo à beira da criação do partido, e recentemente contada por Miguel Pinheiro na TVI 24.


Também se conhece que o PSD foi o partido em que ingressaram os concidadãos interessados na política, mas oriundos da área do regime constitucional de 1933. E se Francisco Sá Carneiro começou por apresentar a Barbosa de Melo as linhas gerais de um programa realmente liberal, também num ápice mandou que lhe fossem operadas as mudanças essenciais a dele fazer um outro, mas mais social-democrata. Como natural consequência, também por via da intervenção de Mário Soares, nunca o PPD de então foi acolhido no seio da Internacional Socialista. Ou seja: o PSD foi sempre – hoje, nem se fala...– um partido da Direita. E foi deste processo de desenvolvimento que surgiram as mil e uma discussões de todo o tipo, com tomadas de posição as mais diversas e outras tantas mudanças de lugar na vida interna do partido. Uma verdadeira estrutura política circunstancialmente catavento.


Em contrapartida, o PS foi sempre um partido social-democrata, genuinamente defensor de aspetos essenciais à dignificação das pessoas, embora nunca tivesse deixado de acautelar, por igual, os grandes interesses económicos de uns quantos, do que resultou que acabasse por vir a ser o porteiro do regresso dos mil e um deserdados da Revolução de 25 de Abril. E teve uma caraterística muito marcante, já com raízes muito antigas, ainda com reflexos a cada momento: foi o partido que, em Portugal, mais se ligou à grande estratégia dos Estados Unidos.


O CDS acabou por ser o partido da grande maioria dos católicos mais proeminentes e interessados na política. Embora, note-se, tenham sempre estado presentes membros importantes da Opus Dei no PS, PSD e CDS. Mas a matriz essencial do partido foi a democracia-cristã, suportada por uma plêiade de católicos fortemente ligados ao magistério da Igreja Católica. Deriva desta realidade o facto de ter o CDS tido sempre um amplo espetro de apoiantes nas estruturas humanas de mais baixos rendimentos. A liderança, porém, esteve sempre nas mãos de gente da classe alta do País. Só mais tarde, após o surgimento de Manuel Monteiro, veio ali a triunfar uma prática claramente neoliberal, que se limitou a seguir o vetor principal da moda do tempo.


Por fim, o PCP. Bom, o PCP limitou-se a manter a sua matriz ideológica fundamental, organizando-se, embora democraticamente, em consonância com essa mesma matriz. Um dado é certo: o PCP tinha valores, nunca os renegou, e cá se mantém, ao contrário da generalidade dos seus congéneres mundiais que quase desapareceram, tal como se deu com os socialistas e com os social-democratas. Até o CDS foi minguando, estando hoje à beira da transição, com armas e bagagens, para a área do Chega!, o que acabará por conduzi-lo a uma extinção prática.


Durante anos, os portugueses tomaram a escolha presidencial como uma garantia de defesa dos valores da Revolução de 25 de Abril e da Constituição da República. Começou por ser assim com António Ramalho Eanes, até este se ter virado contra o PS, apoiando o surgimento do falido PRD. Mas logo se continuou com a eleição de Mário Soares, que enfrentou Salgado Zenha na primeira volta, acabando por vencer Diogo Freitas do Amaral, também com a lucidez política e a coragem de Álvaro Cunhal e do PCP. Depois, seguiu-se Jorge Sampaio, ele também uma garantia de se evitar a corrida para o precipício de Aníbal Cavaco Silva, como depois veio a poder ver-se. Desta vez – com a eleição de Cavaco –, faltou ao PS e aos partidos da Esquerda a tal lucidez que assistiu Álvaro Cunhal, evitando, por 20 anos, a derrapagem para a Direita que se veio a dar com a eleição do antigo Primeiro-Ministro.


Desde então, têm-se sucedido os nados-mortos do PS em matéria presidencial: Soares, Alegre, Maria de Belém e o independente Sampaio da Nóvoa. Impôs-se a sensação de que o PS terá sempre dificuldade em encontrar alguém com potencial presidencial ao nível do eleitorado, talvez com a notável exceção de António Costa. E tudo isto ao mesmo tempo que, nas calmas, o PSD vai regressando àquelas origens em que Francisco Sá Carneiro apresentou a Barbosa de Melo um programa partidário... liberal. O recente caso do Governo Bolieiro na Região Autónoma dos Açores, com evidentíssimas correlações nacionais, veio completar a demonstração de que o verdadeiro PSD é o inicialmente suportado na proposta de programa do PPD apresentado por Sá Carneiro a Barbosa de Melo.


Por fim, continua a faltar a PS a sua mais difícil coisa simples: estruturar um programa de governação amplamente comum com os partidos da Esquerda, o que continua a ser largamente possível, assim exista boa-fé por parte dos dirigentes do PS, conseguindo a coragem de ir ao encontro dos desejos dos eleitores que tanto apreciaram a Geringonça. Se o caminho for um outro, bom, a médio prazo iremos ter o fim do... Estado Social. Com ele, lá irá sucumbir o próprio PS. Será assim tão difícil perceber uma tão evidente realidade?![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN