Querem mas não podem encaminhar pelo intenso sol a morte
Carlos Sambade
esta noite acolhe-me o deserto,
a luz da estrela polar e do cruzeiro do sul,
o uivo da raposa e dos monstros que povoam
as paredes dos abrigos sob os incelbergs.
acolhe-me a luz da fogueira acesa pelos berberes
que na areia cozeram o nosso pão.
acolhe-me todo o universo
neste seu canto desolado,
num abril que lembra uma criança,
carregando com escarlate cravo uma espingarda.
ao espaço sideral e aos filhos do Sahara,
lanço odes libertárias compassadas
e os guerrilheiros polisários denunciam:
el muro, el muro de la vergüenza...
el muro, el muro de la vergüenza...
verbos da ibéria entrecruzados
em lábios de argonautas sulcando ventos africanos,
verbos e lábios, todos a bordo do poema,
do poema-grito: LIBERDADE!
Carlos d'Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601504.us.archive.org/10/items/40-x-abril-em-lejuad/40%20x%20abril%20em%20Lejuad.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="40 x abril em Lejuad" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" shape="square" size="sm" align="center" i_type="openiconic" i_icon_openiconic="vc-oi vc-oi-headphones" button_block="true" add_icon="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F||target:%20_blank|" css=".vc_custom_1598086466932{margin-top: -20px !important;}"][vc_column_text]“40 x abril em Lejuad”, integra o livro de poesia “[des(en)]cantos e (alguns) gritos“, de Carlos d’Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem. Um poema referente aos 40 anos do 25 de Abril, estando o autor em pleno deserto do Sahara em companhia dos guerrilheiros da Frente Polisário.
“A narratividade dos poemas, associada ao tom coloquial, constitui outro traço distintivo da poética do autor. Muitos dos carmes, em todos os andamentos, evocam as narrativas mágicas e imemoráveis que vão passando de geração em geração. Esta narratividade, coadjuvada pelo ritmo rápido e cadenciado da quadra, predetermina a atenção do leitor para a reflexão e a procura de ‘novos sentidos e possibilidades’”.
Créditos da imagem:Jorge Abreu Vale[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]