Inqualificável

|Hélio Bernardo Lopes|
A bestialidade da ação governativa de Donald Trump atingiu tais níveis, que faz doer o generalizado silêncio dos políticos mundiais e das mais diversas instituições internacionais. 

Depois de quanto se vem vendo e ouvindo a este sujeito, ainda é possível continuar a assistir a mil e um sorrisos. Sobretudo, manifestações de graça, perante as barbaridades que este norte-americano vai proferindo.

Espantosamente, a nossa grande comunicação social, mormente as nossas televisões, noticiam as barbaridades, as grosserias, as inenarráveis variações de uma suposta estratégia, mas tudo não passa de conversas graciosas. Duvido, até, que as nossas universidades tenham já tratado, do modo que seria adequado – estudos, artigos científicos, livros, dissertações de mestrado e teses de doutoramento –, os riscos que se escondem por detrás da presença de Donald Trump na Casa Branca. E mesmo políticos hoje já fora de atividade, nada dizem sobre o que está a passar-se nos Estados Unidos, com a ansiedade e os riscos trazidos ao mundo por um presidente do mais baixo gabarito político, e mesmo a todos os restantes níveis, como é o caso de Donald Trump.

No meio de tudo isto, a constante brandura, porventura, mesmo ausência, no domínio da ação de analistas, comentadores, jornalistas, especialistas e outros que nos inundam o espaço televisivo, para já não referir os que até acabam por sorrir quando procuram explicar algum suposto fundamento de razão na ação de Donald Trump, ou simplesmente olhá-lo com graça, de preferência trazendo logo para a conversa esse diabólico...Putin. E quanto a documentários, bom, nem falar. A IURD, isso sim, é que se constitui no grande problema do momento. Ou os fogos de há uns anos.

A mais recente manifestação da bestialidade política de Donald Trump residiu nas suas recentes considerações sobre quatro congressistas, todas mulheres, de origem estrangeira, mas norte-americanas nos dias de hoje. Essas congressistas são Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, Ayanna Pressley e Rashida Tlaib. De resto, convém saber que apenas a segunda nasceu fora dos Estados Unidos, na Somália.

Perante as críticas das referidas congressistas à desumanidade com que Trump e os seus colaboradores tratam os imigrantes ilegais, aquele que lá conseguiu ser eleito Presidente dos Estados Unidos não esteve com rodeios, indicando-lhes a porta de saída, de molde a que voltassem às suas origens. Lamentavelmente, a grande maioria dos congressistas republicanos não se pronunciou. Isto sim, caro leitor, isto é que são os Direitos Humanos à americana.

Perante tão cobarde silêncio republicano, apenas Justin Amash, do Michigan, crítico de Donald Trump que recentemente decidiu que vir a deixar o seu partido, classificou as observações como racistas e asquerosas.

Como se vai podendo ver, tenho a mais cabal razão, sobretudo agora, com Donald Trump na Casa Branca, quando desde há tanto saliento a brutalidade da sociedade norte-americana, e como na mesma só se sabe como se entra. Mesmo tendo-se sido eleito congressista, pode muito bem ser-se alvo de uma grosseria inqualificável, como a ora protagonizada por aquele que muitos americanos elegeram para a Casa Branca. E o que acontecerá a qualquer destas congressistas se, por via do voto eleitoral, não voltarem a ser escolhidas para o Senado, ou para a Casa dos Representantes?...

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