Ah, temos democracia!

Acompanhei com grande gosto, como em geral tem lugar, a intervenção de Ana Gomes no seu tempo de ontem na SIC Notícias. Naturalmente, a nossa eurodeputada manifestou a sua satisfação pela greve feminista que se manifestou no passado sábado em diversas cidades da Europa, não sendo muito clara nem explícita em face da baixíssima adesão da mesma em Portugal, incluindo Lisboa e Porto.

Infelizmente, as nossas feministas, tal como a grande comunicação social, vem falhando, em termos relativos, com o problema que vem atormentando a nossa concidadã, Cristina Tavares, apesar de ter a Assembleia da República, compreensivelmente com as abstenções do PSD e do CDS, manifestado a sua solidariedade para com aquela operária corticeira. E o mesmo se deu com Ana Gomes, nesta sua intervenção dominical mais recente: deixou passar o caso em claro.

Perante o facto de ter a Assembleia da República manifestado a sua solidariedade com todos os trabalhadores sujeitos à repressão, assédio e violação de direitos, liberdades e garantias nos locais de trabalho, não nos surgiu uma qualquer tomada de posição do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, desconhecendo eu se o Ministério Público se encontra a averiguar o que se vem noticiando sobre Cristina Tavares.

Esta realidade mostra que todo este alarido ao redor do desembargador Neto de Moure tem um objetivo político, que aproveita as mortes de muitas mulheres desde o início do presente ano, mas também as ilógicas considerações daquele juiz. E isto porque perante o caso de Cristina Tavares, que se nos vai mostrando como sem solução, as mesmas vozes de protesto quase não se fazem ouvir. Até a APAV nos surgiu agora com o caso da tal catana, mas que nunca foi utilizada, restando ainda saber o que o texto realmente diz e como o faz. Como se percebe, pegar numa pistola legalmente atribuída não é uma ameaça objetiva de morte, muito menos um homicídio. Mas é um dado importante a ter em conta, claro está. O problema está em saber se a conta esteve certa, ou não.

Tudo isto nos mostra que temos hoje em Portugal a democracia, mesmo o dito Estado Democrático de Direito, e em pleno funcionamento. Toda a gente assim reconhece e pode ver-se à saciedade...

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