Fecharam-se em copas

|Hélio Bernardo Lopes|
Tenho que dizer aqui aos leitores, agora que me determinei a escrever sobre a recente entrevista de António Gentil Martins, que me fartei de rir com a polémica dali surgida. De resto, eu só procurei ler a referida entrevista por via da polémica que se gerou, porque nunca iria perder o meu tempo a ler uma qualquer entrevista daquele meu concidadão. 

E quem diz António, diz Pulido Valente, ou Barreto, ou Filomena Mónica, etc.. Lê-los, para mim, é simples perda de tempo. Mesmo quando possam ter razão num ou nouto dos seus escritos.

Acontece que a polémica mais recente de António Gentil Martins se desenvolveu ao redor da homossexualidade e dos gémeos de Cristiano Ronaldo, que chegaram à nossa convivência pelo modo que se conhece. Dois temas, pois, que só podem ser tratados por uma via que seja conflitual. De resto, foi o que se viu, ou António não teria apresentado desculpas à mãe de Cristiano, a nossa concidadã, Dolores Aveiro.

Por outro lado, o tema da homossexualidade tem vindo a receber, no domínio científico e jurídico, um tratamento que se pode considerar como inclusivo, ao invés da posição assumida pelo médico, claramente conflitual. Mesmo ostensiva e potencialmente discriminatória. O que se inclui, muito naturalmente, no modo de expressão de António Gentil Martins. Podemos até admitir, por hipótese extrema, que tenha razão em quanto escreveu, mas não aceitar-se que o diga do modo brutal e ostensivo que se viu. Ele sabe muitíssimo bem, fruto do berço que a sorte lhe proporcionou, que essa atitude é socialmente inaceitável. Costuma designar-se por má educação provocatória.

Tudo isto, porém, vale quase zero para o que me levou a escrever o presente texto. O principal, para mim, é o silêncio que se abateu sobre o tema, mormente por parte da Ordem dos Psicólogos, pelo lado da grande comunicação social, ao nível das grandes personalidades da nossa Psicologia, ou que as televisões vão assim fabricando. Silêncio – um estrondoso silêncio... – foi o que sobreveio.

Esta evidente realidade conduz-me a esta pergunta: será que António Gentil Martins tem, afinal, razão? A não ser assim, como compreender o silêncio estrondoso que se abateu sobre a entrevista do médico português? De resto, qualquer um percebe facilmente que o tal inquérito da Ordem dos Médicos deverá vir a dar em nada. O que pensa disto o leitor? Claro, pensa o mesmo que eu!

Por fim, uma pergunta: tomando a opinião de António Gentil Martins como uma atitude homofóbica, como deverá responder o Sistema de Justiça Português? Porque se a atitude não for homofóbica, assim como António considera a homossexualidade idêntica ao sadomasoquismo – chamou-lhe uma anomalia –, um outro também poderá dizer que se trata de uma doença. Portanto, em que pé fica a Ordem Jurídica Portuguesa? E quanto ao caso dos descendentes de Cristiano Ronaldo, este que trate de defender-se. Por sorte da vida e da sua arte e do seu engenho, Cristiano é um multimilionário, pelo que tem o dever de se queixar a instâncias internacionais ligadas ao Direito Europeu. Não duvido, por um só minuto, de que sairia ganhador.

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