Simplesmente ridículo!

|Hélio Bernardo Lopes|
Constituiu para mim um tempo de extremo humor, mesmo de ridículo, o ontem passado na RTP 3, pouco após as onze da noite, onde um grupo de concidadãos nossos se deu ao desplante de criticar Donald Trump, embora à luz de critérios verdadeiramente inacreditáveis. 

De um modo sucinto, aqueles nossos concidadãos acabaram por defender que a palavra da polícia – aqui num sentido lato – deve fazer fé em juízo. Precisamente o contrário de quanto se pratica nos raros Estados de Direito do nosso tempo.

Nos termos ali apontados, se a comunidade de informações dos Estados Unidos fornecer um qualquer relatório sobre certo acontecimento, de pronto o Presidente – Donald Trump, não Obama – deve, sem pestanejar, aceitar o que lhe chega proveniente da referida comunidade. Esta comunidade estaria acima, pois, do próprio poder político do Presidente dos Estados Unidos. É ridículo!

Claro está que basta olhar o que se passa nos Estados Unidos, ao ritmo da sucessão dos dias e das noites, para logo se perceber que se trata de um Estado em franca decadência no plano da situação mental de uma enorme parte dos seus cidadãos. Objetivamente, a sociedade norte-americana é uma sociedade patologicamente atingida, onde um Presidente eleito não pode escolher o caminho político que anunnciou, mas onde o que se prepara para sair pode até armadilhar o caminho que o seu sucessor vai percorrer.

Àqueles nossos concidadãos, que estiveram presentes na RTP 3, faltou a coragem para apontar o falhanço das armas de destruição maciça do Iraque, mas por igual os casos da Estratégia de Tensão da OTAN, ou os britânicos d’OS SEIS DE BIRMINGHAM, d’OS QUATRO DE GUILFORD e d’OS SETE MAGUIRE, todos eles suportados em provas forjadas pela polícia britânica. Mas por igual o homicído, na sede da Gendarmerie francesa, de meia centena de argelinos, com os corpos lançados de imediato ao Sena. E tudo logo coberto pela invocação da Lei do Segredo de Estado. Ou a escuta generalizada de tudo e todos, já bem de antes do 11 de Setembro, operada pelos Estados Unidos, aí acompanhados pelos países ligados ao tal Sistema Echellon, que foi até alvo de uma investigação do Parlamento Europeu.

Para aqueles nossos concidadãos Obama, os dirigentes da comunidade de informações dos Estados Unidos, até congressistas, podem dizer tudo e umas botas mais, sobre o que dizem ter-se passado – dizem... – por parte da Rússia, mas em que quase ninguém, de facto, acredita. Em contrapartida, Donald Trump não poderia dizer o que quer que fosse, limitando-se a obedecer à comunidade de informações, qual cordeirinho.

Por fim, o ridículo a que a ambição e os interesses da atual nomenklatura neoliberal mundial pode chegar: a Rússia, e uns quantos rapazotes que por aí andarão, entram em tudo o que é segurança dos Estados Unidos, incluindo os computadores do partido de certa candidata! E chegam mesmo a mostrar que são capazes de entrar no sistema de certa empresa fornecedora de eletricidade!! Num ápice, também a Alemanha, a França e outros se preparam para invocar a Rússia, Putin e os seus (imaginados) hackers de manobrarem a decisão dos seus eleitores!! Teve toda a razão Jimmy Carter, ao pôr na rua Richard Helms – acabou por ser condenado em tribunal – e mais de duas centenas de elementos da CIA, porque já nesses anos eles espiavam os cidadãos norte-americanos e nos próprios Estados Unidos! Stansfield Turner limpou a casa, embora tudo tenha voltado ao estado inicial. As coisas são como são...

Claro está que não acredito que Donald Trump consiga dotar-se da coragem essencial para mandar investigar Hillary Clinton, ao redor da utilização do seu servidor pessoal, porque num ápice se corria o risco de atingir também Obama e mais uns quantos congressistas. Enfim, os Estados Unidos em movimento... Estados Unidos que, com Obama, colocaram o mundo à beira de um novo e destruidor conflito mundial devastador. Temos a democracia...

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