E Almaraz?

|Hélio Bernardo Lopes|
Num dia destes, chegou aqui a notícia de que o regulador europeu do setor da aviação estará a investigar a extensão da vida útil de quatro aviões A340-300 da nossa TAP. Uma extensão que foi autorizada pela Autoridade Nacional da Aviação Civil, em julho do ano passado.

Como se torna evidente para qualquer um minimamente informado, trata-se de um procedimento que é, por igual, uma garantia para cada português, ou qualquer outro que utilize os historicamente excelentes e seguros voos da nossa TAP.

Infelizmente, quando uma aeronave de transporte de muitos passageiros se despenha, a probabilidade de alguém não morrer é muitíssimo pequena. Para lá das vítimas, há ainda a considerar os familiares, os amigos e os conhecidos, para lá das instituições a que pudessem estar ligados e pelas quais pudessem estar a conduzir um trabalho de grande repercussão. É sempre uma tragédia.

Significa isto que teremos de esperar pelo resultado da investigação a ser agora conduzida pelo regulador europeu do setor da aviação. O problema é que existem tragédias bem mais graves que a ligada à queda de um avião grande de passageiros. Uma dessas tragédias é um grave desastre com uma central nuclear, como pôde já ver-se com Three Mile Island, ou com Chernobil, ou com Fukushima.

Para lá dos efeitos a curtíssimo prazo, e logo sobre os que vivem nas redondezas ou tenham a missão de combater um tal desastre, há depois as vítimas que se vão sucedendo ao longo dos dias, ou as repercussões hereditárias provenientes da contaminação radioativa dos progenitores, ou presentes nos alimentos das mães. E, pior ainda que uma tal realidade, é a objetiva interdição de uma vasta região ao redor do local do desastre por muitas décadas ou séculos. É um tema quase completamente conhecido.

Por tudo isto, penso ser lógico perguntar: e Almaraz? Ou, de um modo complementar: e o novo depósito de resíduos radioativos? O que tem a dizer o regulador europeu deste setor? São perguntas pertinentes, até porque vêm deixando os portugueses preocupados com uma realidade que terá pernas para durar, com ou sem desastres trágicos. Ficamos todos à espera da sempre tão célere União Europeia, por acaso até preocupada com alguns aviões da nossa TAP, mas que nada responde sobre o que se passa em Almaraz.

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