Até o Barack!

|Hélio Bernardo Lopes|
Não deixa de ser interessante assistir ao modo molengão como se enfrentam as realidades que vêm afligindo os portugueses, sempre sem que as mesmas sejam atacadas na sua raiz. Isso mesmo se pôde observar neste encontro recente, que teve lugar nas instalações da Fundação Gulbenkian, e onde se pôde ouvir a Manuela Ferreira Leite salientar que com o Tratado Orçamental em vigor, Portugal nunca crescerá.

Outra coisa não vem sendo dita pelo Bloco de Esquerda, pelo PCP e Verdes, mas a verdade é que a nossa grande comunicação social transformou aquele tratado em algo já muito próximo da Bíblia. Jornalistas, analistas, comentadores e outros sobreviventes das boas maquias por ali atribuídas não se calam com a transcendência do Tratado Orçamental. Os próprios bispos católicos, supostamente bem informados, nunca terão percebido a realidade simplória apontada por Ferreira Leite, bloquistas, comunistas e verdes.

De um modo bastante inesperado, eis que Barack Obama, mesmo à beira do fim da sua presença na Casa Branca, numa entrevista concedida ao La Stampa, naturalmente criticou a austeridade na Europa, salientando que as medidas que a acompanham contribuíram para o abrandamento do crescimento na Europa. A evidência para quase todos os portugueses, embora só a atual maioria que suporta o Governo de António Costa tenha explicitado tal realidade.

Assim continuou o ainda presidente: assistimos a anos de estagnação que alimentaram as frustrações económicas e os medos que vemos em todo o continente, sobretudo nos jovens, que têm mais probabilidades de ficar desempregados. A realidade desde sempre negada pela anterior Maioria-Governo-Presidente. Um lamentável caminho político que Pedro Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e Assunção Cristas continuam a defender.

Por fim, Barack ainda reforçou: o Presidente do Conselho Italiano tem razão em fazer reformas, mas também em exigir mais espaço para efetuar os investimentos necessários e apoiar o crescimento e o emprego. Lamentavelmente, os dirigentes europeus recusam-se a compreender esta realidade. No fundo, até Barack consegue compreender o errado caminho estratégico da política da Direita europeia, que até vai conseguindo arrastar idiotas políticos do dito socialismo democrático, quase com a singular exceção de António Costa e dos que, no PS, o acompanham. Não falta razão a Manuela Ferreira Leite, ao Bloco de Esquerda, ao PCP, aos Verdes e a Obama. E isto apesar do seu falhanço muito generalizado nestes últimos dez anos na Casa Branca. Até o Barack consegue ter razão!

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