Um atestado de menoridade

|Hélio bernardo Lopes|
Ninguém hoje deixa de reconhecer a profunda antipatia que o Ministro das Finanças da Alemanha suscita junto da generalidade dos portugueses atentos à vida pública. É uma reação mais que natural – é a minha convicção – e que deve estar presente pela generalidade dos Estados da famigerada União Europeia, a tal minha UDEDE: União Ditatorial dos Estados Decadentes Europeus.

Como facilmente terá de depreender-se, esta objetiva reação muito generalizada não se deve a outra razão que não seja o modo arrogante como aquele ministro trata os outros povos europeus, chegando mesmo a tentar interferir nos atos eleitorais livres que sempre se vão praticando em muitos Estados europeus, mas também por se permitir dar opiniões política e diplomaticamente inconvenientes. Noutros tempos, de maior patriotismo e respeito por regras elementares, mesmo inaceitáveis.

A verdade é que aquele ministro alemão não perde uma oportunidade única para interferir na vida dos outros Estados da União Ditatorial dos Estados Decadentes Europeus, como agora se deu com Portugal. Sem mais, ajudando a criar mais dificuldades a Portugal que as já impostas recentemente pela Comissão Europeia, o tal ministro lá se determinou a dizer que – em sua opinião, claro – Portugal estava no bom caminho, mas ainda não está suficientemente bem para resistir.

Trata-se de uma interferência inaceitável ao nível político, mas comporta, por igual, uma carga atentatória contra os interesses de Portugal, uma vez que acaba por ajudar a criar dúvidas sobre o nosso próprio País. Simplesmente, o estado a que Portugal chegou é já tal – depois da fatídica adesão ao euro e da trágica ação política da anterior Maioria-Governo-Presidente –, que este tipo de inaceitáveis interferências acaba por passar sem um sussurro de reação do poder político português.

É natural que os mercados possam achar que Portugal estava no bom caminho, mas o que o ministro alemão não refere é que essa aparente melhoria só foi conseguida com a destruição da vida de milhões de portugueses, ao mesmo tempo que uma minoria pôde mesmo desbaratar milhares de milhões sem responsabilidade e com a segurança de serem os mais pobres a pagar os desmandos causados.

O que este alemão fez, de facto, foi passar um atestado de menoridade àqueles portugueses que se determinaram a apoiar a atual solução de governação. Tudo estaria bem, mas os portugueses teriam criado as condições desbaratadoras das conquistas conseguidas (à custa da sua própria pobreza).

Hoje, de facto e no plano formal, não estaremos orgulhosamente sós, mas a grande verdade é que estamos acompanhados de gente que só tem o dinheiro e o lucro no pensamento. Se estivermos dispostos a vender o País a pataco e a desgraçar a generalidade dos portugueses e das suas famílias, bom, seremos excelentes alunos e captadores das mais vastas simpatias. Mas se, por um acaso, alguém pretender devolver a dignidade aos portugueses, bom, de pronto tocam – de modo consonante – as mais diversas campainhas, desde as do patronado às da oposição e às da rapaziada que comanda a tal União Ditatorial dos Estados Decadentes Europeus. Uma triste sina. Quase todos protestam, mas continua.

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