Falta coragem em Portugal

|Hélio Bernardo Lopes|
Tenho aqui que dizer que me fartei de rir com a impensável situação criada por José Rodrigues dos Santos ao redor do académico e deputado do PS, Alexandre Quintanilha. 

E, como se torna evidente, pode o pivô da RTP dar as explicações que quiser – pode até escrever um outro livro, mas sobre o tema –, porque nunca ninguém virá a creditar na tal explicação já dada.

Devo dizer que sempre defendi José Rodrigues dos Santos dos mil e um ataques dos que dizem ser um escritor de meia-tigela, para lá de ter lido toda a sua obra e de dispor da mesma, com exceção de um livro que se desenvolve ao redor do pai. E também reconheço esta evidência elementar: doutorou-se pela Universidade Nova de Lisboa e levou, com as suas obras, o nome de Portugal às sete partidas do mundo. Objetivamente, não é para todos.

Simplesmente, eu tenho sessenta e oito anos, pelo que não nasci anteontem. E sempre percebi que o que José Rodrigues dos Santos vai debitando, nas diversas funções por si desempenhadas, está longe de ser para levar a sério. Para lá deste caso, o anterior máximo foi o que se ligou aos seus incríveis e pouco profissionais diálogos com José Sócrates. Escrevi, ao tempo, o suficiente sobre o tema, tendo a RTP o bom senso de o substituir naquelas funções.

Hoje, se eu tivesse que aconselhar José Rodrigues dos Santos, dar-lhe-ia sempre o conselho de nunca invocar o desconhecimento de que Alexandre Quintanilha é casado com Richard Zimler, um escritor radicado em Portugal, e que é autor de uma já ampla obra. Deste conjunto, por um acaso, estou até a ler, OS ANAGRAMAS DE VARSÓVIA. Ora, um jornalista com o lugar hoje ocupado por José Rodrigues dos Santos nunca será acreditado quando diz que desconhecia que Alexandre Quintanilha se encontra casado com Richard Zimler, bem como os dados gerais e públicos sobre ambos. A ser assim, José Rodrigues dos Santos terá de ser sempre considerado um jornalista sem real atualização ao redor da sociedade portuguesa. Mesmo que fosse verdadeira essa sua tomada de posição, a mesma nunca será acreditada.

A grande sorte de José Rodrigues dos Santos é ter toda esta situação revoltante ter tido lugar em Portugal. Objetivamente, só António Costa, em nome do PS, apresentou um protesto formal, porque a direita, bom, o melhor é esquecer. Sem estranheza, também o Presidente Cavaco Silva nada disse, e muito menos os nossos bispos, sempre tão zelosos a defender a dignidade humana... E por isso apoio cabalmente a atitude de Alexandre Quintanilha, ao recusar receber os telefonemas de José Rodrigues dos Santos. Tivesse isto tido lugar num país com uma democracia realmente vivida, e o pivô iria agora passar um longo interregno nestas suas funções. Enfim, uma pândega, mas num Portugal onde já rareia a coragem.

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