O enredo do livro passa-se na aldeia raiana de Vilarelho da Raia, concelho de Chaves, e leva os leitores até ao período do Estado Novo e para as temáticas do contrabando e da emigração ilegal em França.
O autor, natural da aldeia de Vilarelho da Raia, escreveu o livro com base na sua “própria vivência rural e experiência enquanto contrabandista não muito distante da data da trama, nas memórias de ouvir contar e numa inestimável recolha etnográfica e histórica promovida pelo Centro Cultural da terra”.
“À frente dos andores, mulheres descalças com enormes velas acesas cumpriam promessas. A Maria do Abelha pagava a São Tiago ter-lhe poupado os porquinhos num surto de peste. A Celeste agradecia ao Senhor das Almas a bênção de um bebé robusto e saudável, sem deficiências. Também saudável e sem deficiências havia nascido uma vitela à Maria Loba. Honrava então a promessa a Nossa Senhora de Fátima por lhe ter dado uma fêmea que tinha maior valor que macho. A tia Carmelina retribuía a bondade do Santo António. Dizia que por lhe ter curado os cravos que tinha numa mão, mas, na verdade, agradecia a bênção de lhe ter casado a filha com um guarda-fiscal. Acompanhavam-nas os anjinhos, serenos e inocentes, a imitarem as diversas figuras bíblicas dentro das fardas alugadas.
- Ó Michel! – gritava, julgando sussurrar, a Gracinda, emigrante em França, para o filho de sete anos, vestido de Guarda Romano.
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- Faz attention, merde!”
In Vidas ilegais sem pecado
Titulo:“Vidas Ilegais Sem Pecado”
Autor: Venâncio Dias Gonçalves
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