No tempo em que as serpentes tinham patas

O Fóssil mais antigo da espécie das cobras foi recentemente descoberto no Brasil, no Estado do Ceará.

Tetrapodophis amplectus. Credito da imagem: David M. Martill et al
Uma equipa internacional de cientistas descobriu recentemente no Brasil um fóssil de uma espécie muito antiga de cobra que tem quatro pernas  e que é capaz de fornecer uma imagem mais clara de como estes répteis evoluíram ao longo de milhões de anos. A nova descoberta paleontológica foi feita em Nova Olinda, no estado do Ceará brasileiro, e os resultados, da autoria de investigadores ligados à Universidade de Bath (Reino Unido), já estão disponíveis a partir de um artigo recentemente publicado na revista Science .

Deram-lhe o nome de “Tetrapodophis amplectus” e trata-se de um antepassado distante das actuais cobras que viveu durante o Cretáceo, um período geológico da era Mesozoica situado entre 146 e 100 milhões de anos atrás.

“A Tetrapodophis amplectus tem um corpo longo e uma cauda curta, como um animal escavador, que vive em tocas”, disse Nicholas R. Longrich investigador da Universidade de Bath (Reino Unido) e co-autor deste artigo, citado num comunicado de imprensa distribuído por esta universidade britânica .

Segundo os cientistas, as quatro pernas e as quatro patas serviam para capturar presas e para a função reprodutiva. “As pernas não foram utilizados para caminhar, mas sim para ajudar na captura das suas presas e em acções de acasalamento”, sublinhou o especialista.

Através da análise de ADN e da comparação das características morfológicas da Tetrapodophis amplectus com outras espécies antigas já estudadas e melhor conhecidas, os autores sugerem que o fóssil desta nova criatura de quatro patas é um antepassado distante das cobras actuais e também o mais antigo.

O fóssil foi descoberto ainda com um pequeno animal dentro da sua barriga, o que poderá reforçar a hipótese de que as primeiras serpentes eram carnívoras “, sublinha Nicholas R. Longrich.

De acordo com este estudo, onde se faz uma análise morfológica da nova espécie, a Tetrapodophis amplectus possuía uma mandíbula flexível e alongada, bem como uma estrutura de vértebras que permitia grande flexibilidade, facto que poderá ter potenciado a capacidade de capturar presas grandes.

Esta espécie de cobra terá vivido na margem de um lago salgado, num ambiente de matagal rodeado por plantas suculentas. A sua dieta seria baseada em pequenos anfíbios e lagartos de maiores dimensões, devendo, no entanto, ter evitado confrontar-se com os dinossauros e pterossauros que foram seus contemporâneos.

Esta descoberta traz mais um reforço da hipótese que fixa a origem geográfica das cobras no Hemisfério Sul actual há cerca de 115 milhões de anos atrás, numa altura em que a África e a América do Sul ainda se encontravam unidas.

 Referência bibliográfica:
 David M. Martill et al. “A four-legged snake from the Early Cretaceous of Gondwana”. Science . Doi: 10.1126/science.aaa9208 . 23 de julho de 2015.

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