Inesperada mas significativa

|Hélio Bernardo Lopes|
Na tarde de ontem – segunda-feira –, por mero acaso, encontrei um histórico amigo meu, que vejo quase ao dia-a-dia. Estando também presente a minha mulher, e todos conterrâneos – forcemos um pouco –, acabámos por ir parar ao Papa Francisco. E, sem grande lógica, a minha mulher referiu já por aí se falar num possível homicídio deste Papa, ao que o nosso amigo deu o seu (brincalhão) assentimento.

Acontece que este nosso amigo é de uma família com raízes muito longínquas e profundas na Opus Dei, sabendo ele que eu sei tal realidade muitíssimo bem. De molde que de pronto aquiesceu às considerações que logo salientei: não existem razões objetivas para qualquer atentado a Francisco I, uma vez que toda a sua intervenção é completamente inconsequente.

Salientei, então, o que vem sendo a reação dos nossos bispos, fortemente marcada pelo silêncio ao redor das principais questões que sempre foram apontadas, no tempo dos seus dois antecessores, como caraterísticas de uma hipotética marca de mudança: acesso das mulheres ao sacerdócio, celibato dos padres, dito casamento homossexual, etc.. De facto, olhando com um mínimo de atenção, nada realmente mudou. O que surgiu foi um modo simpático e próximo das pessoas, mas que nada resolve de concreto.

Claro que o nosso amigo sabia que não valia a pena negar esta evidência, pelo que deitou mão da defesa possível: é verdade, sim, mas há uma simpatia, acompanhada de coisas nunca antes ditas. Mas logo reconheceu que tudo se resumia a nada, para o que bastava olhar a reação dos nossos bispos: um silêncio sepulcral.

Mas o leitor pode facilmente testar o que aqui escrevo. Se for católico praticante, acaso escutou o bispo da sua diocese dizer alguma vez que a economia de hoje, tal como a praticada em Portugal, mata? Claro que não! Ficam-se na simpatia do Papa Francisco, mas não levam a sua mensagem para lá do que se pode escutar nas notícias televisivas.

A própria manutenção do Banco do Vaticano – o nome não é este – mostra que tudo, de facto, continuou como até aqui, apenas com ligeiras mudanças cosméticas. Sim, porque os portugueses conhecem bem o valor da supervisão bancária... Enfim, foi um encontro inesperado, pela hora e local, mas muito significativo, sendo o nosso amigo de uma família com ligações históricas à Opus Dei em Portugal.

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