Regressar ao passado

|Hélio Bernardo Lopes|
Desde há uns bons anos a esta parte que ficara feliz com a suspensão da prática religiosa do Compasso Pascal, uma vez que a mesma, muito objetivamente se constitui numa pressão social em termos religiosos. Uma pressão que, sobretudo nos meios pequenos, pode mesmo constituir-se num fator de discriminação social.

Tal como pude já escrever, este regresso constitui-se no correspondente de uma atitude completamente fora da liberdade religiosa, tal como sempre invocada pela hierarquia da Igreja Católica. E a razão é simples: a liberdade religiosa só pode ser vivida se a sua vivência não incomodar o resto da comunidade, ou se não servir para criar, afinal, uma divisão entre os seus concidadãos por razões religiosas.

Para se perceber os riscos agora ressuscitados com o regresso da prática do Compasso Pascal, é essencial recordar a discriminação recente da Igreja Católica para com o major-general Fernando Passos Ramos, impedida a família de colocar os seus restos mortais na capela da Academia Militar, e apenas por ser Evangélico.

Tal como pude explicar na altura, tal gesto mostrou que a Igreja Católica, muito ao invés das palavras de Francisco I, continua a pautar-se por atitudes divisionistas e antigas, assim as circunstâncias o permitam. E por isso expliquei que o ecumenismo, afinal, é apenas uma metodologia destinada a tentar obter resultados do proselitismo realmente em jogo.

O regresso do Compasso Pascal constitui mais um passo, depois daquele célebre concurso sobre O MAIOR PORTUGUÊS DE SEMPRE, cujo resultado se sabia muitíssimo bem vir a ser Salazar. Tal como pude já explicar, uma mui subtil mensagem subliminar. Temos, agora já bem à vista, um verdadeiro golpe político-social e cultural em movimento à retaguarda. As voltas que a História dá...

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