Auroras em ganímedes |
Desde então, os astrónomos baptizaram aquelas luas como Io, Europa, Calisto e Ganímedes, e não mais pararam de as estudar. O seu estudo ajuda-nos a compreender melhor a dinâmica e a formação do nosso sistema solar. As luas têm sido investigadas através de sondas espaciais e com modernos e potentes telescópicos, como seja o Telescópio Espacial Hubble, da NASA.
E foi através de observações efectuadas pelo Hubble, divulgadas no passado dia 12 de Março, que os astrónomos chegaram à conclusão de que Ganímedes, a maior Lua de Júpiter, que é também a maior do sistema solar e até maior do que o planeta Mercúrio, possui um imenso mar salgado sob a sua superfície. A descoberta foi publicada na edição online do “Journal of Geophysical Research: Space Physics ”.
Ganímedes junta-se assim a outras luas que sabemos possuírem mares interiores: Europa, também lua de Júpiter; Titã e Encélado, luas de Saturno. Mas como é que os cientistas conseguiram detectar um oceano sob a superfície de Ganímedes?
Mas o que de facto os cientistas da NASA anunciaram, foi que as observações realizadas com o Hubble no ultravioleta permitiram detectar auroras em Ganímedes! Isto confirma a existência de um campo magnético nesta lua. O campo magnético desvia as partículas da radiação ionizante do Sol para os pólos da lua, onde interagem com a atmosfera desta gerando auroras.
Ganímedes é a única lua, tanto quanto sabemos hoje, que possui um campo magnético. Esta particularidade é muito interessante, até porque é a existência de um campo magnético na Terra que nos protege da radiação ionizante proveniente do Sol, protecção essa vital para a existência da vida terrestre.
Em Ganímedes, os cientistas observaram oscilações nas auroras. A análise da amplitude das oscilações mostrou que aquela é bem mais pequena do que o esperado se o campo magnético desta lua fosse apenas gerado pelo seu núcleo, que é de ferro. E a influência do forte campo magnético de Júpiter sobre o campo magnético de Ganímedes não é suficiente para explicar as oscilações observadas. É preciso considerar uma terceira fonte de campo magnético.
Para explicar aquelas observações, a equipa de astrónomos propôs a existência de um oceano salgado (condutor de electricidade) por debaixo da superfície de Ganímedes. Esse oceano induziria um campo magnético que atenuaria a amplitude das oscilações nas auroras provocadas pela interacção entre o campo magnético de Júpiter e o originado pelo núcleo de ferro de Ganímedes.
António Piedade
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva