Eu rastreio, tu rastreias, ele rastreia… porque somos todos agentes de Saúde Pública

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="23" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="24" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1615558572053{margin-top: -40px !important;}"][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1615558090033{margin-left: 26px !important;}"]Num mundo pré-pandemia, um nariz ranhoso seria, provavelmente, uma constipação e a febre com dores no corpo uma gripe que resolvíamos com um ou dois dias de cama. Os sintomas não mudaram muito, mas o que eles podem significar sim.


Febre ou tosse passaram a ser sintomas suspeitos de quem possa estar infetado com o coronavírus e se tiver dois ou mais sintomas combinados, como nariz entupido, dores de garganta, dores de cabeça, dores no corpo ou cansaço extremo, também, como defende a Organização Mundial de Saúde [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""] () e os Centros para o Controlo e Prevenção da Doença norte-americanos [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""]. A estes ainda se podem juntar a perda de olfato ou a perda de paladar, dois que não deixam muitas dúvidas sobre qual será a causa.


Se dantes desvalorizávamos aquela febre que vinha num dia e passava ou as dores no corpo, mesmo que não encontrássemos motivos para as ter, agora precisamos, mais do que nunca, de ouvir o que nos diz o nosso corpo com atenção. O vírus SARS-CoV-2 pode ter arranjado maneira de nos encontrar (entenda-se, infetar) e, mesmo que não nos faça ficar doentes, vai usar-nos como meio de transporte para chegar a outras pessoas, algumas delas que poderão não aguentar tão bem a doença.
Se um vírus não é sequer um ser vivo, nós, por outro lado, temos a capacidade de fazer escolhas e contribuir para a nossa própria saúde e a saúde dos outros. Se temos sintomas que nos deixam com dúvidas, nada como isolarmo-nos em casa e contactar o SNS24. Se não for nada, seguimos a nossa vida com as devidas precauções, mas com tranquilidade. Se estivermos infetados, podemos ser mais rápidos do que as equipas de rastreio sobrelotadas de trabalho e avisar os nossos contactos mais próximos — as pessoas com quem estivémos nos dois dias antes dos primeiros sintomas e todas aquelas com quem estivémos depois disso.


IMAGEM


E quem esteve com uma pessoa infetada, com uma pessoa que receia estar infetada ou com alguém que tem os sintomas típicos (ainda que os desvalorize)? O SNS24 ajudará a avaliar o grau de risco, mas também pode fazer a sua avaliação: quanto mais tempo, mais próximo e se tiver sido em ambiente fechado, maior a probabilidade de também ter sido infetado. Isolar-se em casa até conseguir fazer o teste é regra de ouro. E, depois, mais uma vez, se estiver infetado, não hesite em contactar as pessoas com quem esteve nos dois dias antes dos sintomas ou, se não tiver sintomas, nos dois dias antes do teste.

Sabemos que lembrar cada um destes passos no meio de toda a informação que recebemos diariamente não é fácil. Por isso, criámos um pequeno esquema [icon name="external-link-alt" style="solid" class="" unprefixed_class=""] que pretende guiá-lo nestas situações e aconselhar o que deve fazer em cada uma delas. Na dúvida, o SNS24 e os centros de saúde são o primeiro local onde pode pedir ajuda — pelo telefone, claro. Isto porque não deve andar de transportes públicos (nem contactar com outras pessoas) enquanto não souber se está infetado ou não.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Nova abordagem para cadeiras de rodas controladas pelo cérebro obtém nível de precisão sem precedentes

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1615456587041{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""]

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Pela primeira vez, uma equipa de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto Politécnico de Tomar (IPT) desenvolveu um sistema de interface cérebro-computador que garante praticamente 100 por cento de fiabilidade e precisão no controlo de cadeiras de rodas através do cérebro, sem exigir grande esforço mental ao utilizador.

As cadeiras de rodas guiadas pelo cérebro apresentam-se como uma solução promissora para pessoas com deficiências motoras graves, que não podem usar interfaces convencionais. Contudo, a baixa fiabilidade e precisão das interfaces cérebro-computador (ICCs) baseadas em eletroencefalografia (EEG) e o elevado esforço mental exigido ao utilizador – que fornece os comandos por meio de sinais cerebrais para conduzir a cadeira de rodas, sem atividade muscular –, inviabilizam a sua utilização, por razões de segurança.

Para ultrapassar estes grandes obstáculos, o sistema proposto pela equipa do ISR e IPT, cujos resultados já se encontram publicados na IEEE Transactions on Human-Machine Systems, assenta numa nova abordagem que combina três componentes: ritmo personalizado, comandos de tempo ajustado e controlo colaborativo.

Ou seja, esclarece Gabriel Pires, investigador principal do projeto, «no mesmo sistema é possível a ICC detetar automaticamente quando o utilizador pretende ou não enviar um comando, permitindo que este não tenha de estar permanentemente focado, mas sim apenas quando pretende enviar um comando, ao seu ritmo; o tempo para deteção da intenção do utilizador é também ajustado automaticamente para permitir um desempenho constante, sendo por exemplo menos suscetível a desatenções ou fadiga; e, ainda, um controlo colaborativo entre o utilizador e a máquina».

Este controlo colaborativo significa que a cadeira de rodas «tem um sistema de navegação que, por um lado, realiza as manobras finas de navegação, aliviando o utilizador desse esforço, e, por outro lado, corrige/interpreta possíveis comandos errados enviados pela ICC», revela o investigador.

A viabilidade do sistema foi validada em várias experiências realizadas com 6 pessoas com deficiências motoras graves, da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), e 7 pessoas sem deficiência (grupo de controlo). Os participantes tinham de efetuar percursos de navegação diferentes em ambientes semelhantes aos de um escritório, como corredores, passagem de portas, gabinetes, acessos e desvio de obstáculos e de pessoas. «Por exemplo, uma das tarefas consistia na passagem por portas estreitas, que é uma das tarefas mais desafiantes em termos de navegação móvel dadas as dimensões da cadeira de rodas», sublinha Gabriel Pires.

Para conseguir testar a interface, a equipa teve de desenvolver o sistema navegação da cadeira de rodas, adaptar, do ponto de vista ergonómico, a cadeira para poder ser usada por pessoas com limitação motora e desenvolver os métodos de descodificação dos sinais eletroencefalográficos da ICC.

As experiências provaram um nível de precisão e fiabilidade sem precedentes, superior a 99%, destaca o investigador do ISR e docente no Instituto Politécnico de Tomar: «o aumento da precisão de forma fiável foi uma grande conquista, ou seja, mantendo o desempenho elevado ao longo do tempo, independentemente das condições. Na verdade, em alguns conjuntos de experiências obtivemos 100% de precisão com o grupo de controlo e 99.6% com o grupo de pessoas com deficiência motora».

Estes resultados mostram, pela primeira vez, que é possível «conceber sistemas controlados por ICCs com elevado desempenho e fiabilidade e controlados de forma natural (sem elevado esforço mental do utilizador e ao seu ritmo) por pessoas com forte limitação motora», afirma Gabriel Pires, frisando que esta avaliação foi obtida «de forma quantitativa, mas também qualitativa através de questionários colocados aos participantes. Os cenários de teste, embora realistas, não deixam de ser bastante estruturados e menos complexos dos que encontramos em ambiente doméstico no dia-a-dia».

No entanto, apesar de os resultados serem altamente promissores, representando um passo de gigante em direção ao uso desta tecnologia, o docente e investigador previne que o sistema desenvolvido ainda «não possui a maturidade para entrar no mercado. Para além de estas experiências terem decorrido em ambiente relativamente controlado, muito menos complexo do que os ambientes domésticos, um outro desafio prende-se com os sistemas de aquisição dos sinais eletroencefalográficos».

Por outro lado, conclui, «a montagem e ergonomia dos elétrodos ainda terá melhorar. Finalmente, para utilização do sistema em ambientes domésticos mais dinâmicos e exigentes, teremos de introduzir mais módulos de perceção do meio circundante, um trabalho que já estamos a iniciar».

Esta nova interface cérebro-computador foi desenvolvida no âmbito do projeto de investigação e desenvolvimento (I&D) “B-RELIABLE: Métodos para melhoria da fiabilidade e a interação em sistemas de interface cérebro-máquina através da integração da deteção automática de erros”, cofinanciado por fundos europeus e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Para além de Gabriel Pires, a equipa que criou a ICC é constituída por Aniana Cruz, Ana Lopes, Carlos Carona e Urbano J. Nunes.

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Uma vacina contra a desinformação

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="18" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1615329715009{margin-left: 26px !important;}"]Paralelamente à implementação do programa de vacinação para o vírus SARS-CoV-2, investigadores das Ciências Psicológicas têm desenvolvidos pesquisas acerca da possibilidade de conferir imunidade à população contra a desinformação e notícias falsas. Obtenha neste artigo a sua “vacina para a desinformação”.

Não obstante esforços em contrário, implementados a diferentes níveis na população, continua a propagar-se e, diariamente, assistimos a novos focos um pouco por todo o lado. Poderíamos estar a falar do vírus SARS-CoV-2, cujo súbito aparecimento há pouco menos de um ano resultou na actual pandemia. Contudo, a frase de abertura do presente texto aplica-se igualmente à desinformação e notícias falsas, que encontraram na dinâmica subjacente às modernas redes sociais uma “ecologia” adequada à sua emergência, propagação e efeitos adversos. Surpreendentemente, a analogia entre o SARS-CoV-2 e a desinformação nas redes sociais pode ir mais além do que o mero paralelismo superficial ensaiado nestas linhas: num momento em que vacinas para o vírus SARS-CoV-2 foram recentemente desenvolvidas e implementados programas de vacinação, investigadores das Ciências Psicológicas têm estudado formas de implementar estratégias similares no combate à desinformação.

A ideia de fomentar resistência psicológica, a nível individual, a informações falsas, não é recente, antes remontando à década de 1960. Na altura, psicólogos sociais envolvidos no Programa de Atitude e Persuasão da Universidade de Yale conduziram alguns estudos na tentativa de responder aos receios de “lavagens cerebrais” (brainwash) e persuasão a soldados americanos capturado no Extremo Oriente. É neste contexto que William McGuire vem a desenvolver a chamada Teoria da Inoculação (1970), a qual tem ressurgido como alvo de vários estudos recentes como potencial estratégia no combate às modernas versões de desinformação. Uma “vacina para a desinformação” mostra-se particularmente promissora pois soluções alternativas têm-se mostrado ineficazes (como por exemplo, iniciativas de correcção de notícias falsas que, por necessariamente se focarem em peças de informação particulares, mostram-se mais demoradas e com menos alcance que a própria desinformação) ou mesmo resultado em efeitos adversos (como a implementação de algoritmos informáticos que filtrem notícias falsas ou iniciativas legislativas e reguladoras).

A noção de inoculação psicológica segue de perto a ideia de base do análogo biomédico: Se uma pessoa for exposta a pequenas amostras de informação falsa, relativamente “enfraquecidas”, isso espoletará processos de raciocínio que, quais “anticorpos mentais”, poderão vir a ser reactivados aquando da futura exposição a desinformação, resultando num equivalente de “imunização psicológica”. Na sua versão clássica, uma “vacinação psicológica” envolve geralmente dois componentes de base, um afectivo e outro cognitivo: (i) a pessoa é avisada de que vai ser exposta a uma peça de informação enviesada e falsa, similar aquelas que poderá encontrar no seu dia-a-dia – o propósito é aqui espoletar uma resposta emocional a uma possível “ameaça” e consequente activação de processos de raciocínio de resistência (componente afectivo); (ii) a informação é apresentada, podendo ser acompanhada de contra-argumentos e respostas possíveis (componente cognitiva). Uma meta-análise de 54 estudos clássicos acerca da “inoculação psicológica” revelou que esta se mostra mais eficaz na resistência a desinformação do que o mero fornecimento de informação fidedigna e que o efeito de “imunização” se mantem por pelo menos duas semanas.

Obviamente, e tal como acontece com o seu análogo imunológico, o sucesso da inoculação psicológica depende criticamente de uma compreensão clara não só dos mecanismos e processos subjacentes às principais formas de desinformação para as quais se deseja uma imunização, mas também os fenómenos psicológicos associados à respectiva vulnerabilidade. Curiosamente, alguns estudos recentes (e.g., Pennycook e colaboradores, 2020) evidenciaram que, de uma forma geral e pese embora diferenças individuais, a capacidade de discernir notícias e informações falsas não é comensurável como a intenção de partilhar as mesmas nas redes sociais. Com efeito, quando foi pedido a participantes de um estudo que indicassem o grau em que acreditavam ou o grau em que partilhariam nas redes sociais conteúdos desinformativos, as respostas divergiam entre si. Dito de outra forma, o que motiva uma qualquer pessoa a partilhar desinformação não é necessariamente o grau em que a mesma acredita na veracidade da mesma, mas antes o grau em que concorda com parte do conteúdo ou o grau em que esse é consonante com a afiliação sociocultural, o que facilmente é compreensível se se notar que tendemos a ser positivamente reforçados (e a reforçarmos nós mesmos, com likes e interacções sociais, sob a forma de comentários) pela partilha de conteúdo congruente com o grupo social ao qual nos identificamos, e não necessariamente pela veracidade e precisão do mesmo.

Simultaneamente, quando indagadas a esse respeito, a maioria das pessoas indica que é relevante para elas partilhar somente informação credível e precisa nas redes sociais. Acresce que, no mesmo estudo, quando era pedido às pessoas que indicassem o grau em que uma única notícia lhes parecia verosímil ou credível, relatos posteriores de intenções de partilha nas redes sociais para peças de desinformação, mesmo com conteúdo distinto, tendiam a correlacionar-se com juízos de credibilidade. Aparentemente, o mero facto de lhes ter sido previamente pedido que indicassem “até que ponto acreditavam” numa qualquer notícia foi suficiente para tornar saliente essa dimensão e, consequentemente, espoletar os mesmos processos cognitivos associados ao discernimento de notícias falsas. Este resultado encapsula as condições mínimas para uma “inoculação psicológica” – apresentação de uma amostra de desinformação acompanhada de um aviso de que a mesma pode não ser fidedigna, implicitamente presente na questão colocada ao participante.

Na mesma linha, outros autores têm procurado implementar a lógica da Teoria da Inoculação em pequenos jogos interactivos, os quais se apresentam como “vacinas de largo espectro” (ainda sem versões em Português) para a desinformação nas redes sociais: Bad News (focado em Notícias Falsas, de uma forma geral), Harmony Square(com um contexto declaradamente político) e Go Viral (com um foco na actual pandemia e respectiva desinformação). Todos estes partilham da mesma mecânica de jogo: o jogador é convidado a personificar um agente de desinformação com o objectivo de semear discórdia, confusão e cisões na “população”, implementando estratégias similares aquelas usadas para a propagação de notícias e informação falsa nas redes sociais. O desempenho do jogador é traduzido em likes virtuais (similares a uma pontuação) e na conquista de insígnias (badges) quando domina uma de várias estratégias comuns.

O primeiro destes, Bad New, desenvolvido em colaboração com Sander van der Linden e Jon Roozenbeek, investigadore na Universidade de Cambridge do Reino Unido e líderes na pesquisa contemporânea sobre a Teoria da Inoculação, mostrou-se eficaz na melhoria da capacidade de discernir e resistir a desinformação, num estudo de larga escala com 15000 participantes. Ainda que o componente activo, tal como implementado no jogo, seja um aspecto relevante na “inoculação psicológica”, é o seu aspecto informativo, instanciado no jogo sob a forma de insígnias, que fornece imunidade a notícias falsas e conteúdo enviesado.

O leitor poderá, pois, e ainda que sem o aspecto lúdico, beneficiar de imediato da sua “vacina para a desinformação” ao apreender as seguintes estratégias comummente usadas em notícias falsas. Note que, ainda que cada uma possa parecer inócua em isolamento, uma campanha de desinformação bem-sucedida tende a usá-las em conjunto. Consegue identificar uma ou mais destas estratégias de desinformação no feed de notícias das suas redes sociais?

Falsificação da fonte: Actualmente, na internet e redes sociais, é particularmente fácil e barato adoptar um perfil ou criar uma página “de notícias” que simule superficialmente um perito ou uma instituição profissional e legítima, ao mimetizar a sua aparência, pela adopção de logótipos e/ou nomes aparentados. As pessoas, ao partilharem informação online, raramente prestam a devida atenção à fonte, bastando a alguém que apenas mimetize superficialmente alguém legítimo ou de confiança para que possa disseminar e propagar desinformação.

Emoção: Emoções como o medo, raiva e empatia são intrinsecamente motivantes e compelem as pessoas a agir – seja partilhando material que activou esses estados emocionais, seja a reagir (sob a forma de comentários) a esse material. Obviamente, nem todo o conteúdo emocional das redes sociais é necessariamente falso. Contudo, e sabendo que as pessoas tendem a suprimir uma reflexão analítica quando emocionalmente activadas, é relativamente fácil incutir medo, raiva ou empatia na desinformação – consequentemente, as pessoas irão reflectir menos sob a veracidade da informação e agir com base na forma como essa as faz sentir, especialmente se as emoções implicarem alguma urgência.

Polarização e falsa amplificação: Agentes de desinformação, seja impelidos por uma qualquer agenda específica, ou tão-somente para com o objectivo em si mesmo de disseminar informações falsas, nem sempre precisam sequer de criar conteúdo original. A sociedade contemporânea e as redes sociais são ricas em clivagens entre grupos sociais e perspectivas sobre inúmeros assuntos. Frequentemente, estas cisões e oposições são relativamente subtis e manejáveis no dia-a-dia. Contudo, é também relativamente fácil explorar essas para polarizar opiniões ao extremo e manufacturar conflitos. Uma boa metáfora é o caso de uma tábua de madeira que, quando sujeita a pressão, quebra no seu ponto mais fraco. É comum que conteúdo de desinformação explore essas linhas de ruptura amplificando-as e, frequentemente, forjando opiniões e notícias que suportem ambos os lados. Uma estratégia típica consiste no uso de bots – programas informáticos autónomos que “partilham” informação nas redes sociais simulando utilizadores legítimos. Um pequeno exército de bots pode ser suficiente para que um assunto ganhe tracção nas redes sociais e pareça bem mais relevante e prevalente do que realmente é.

Conspiração: Teorias da conspiração são sedutoras – fornecem uma perspectiva sob o mundo que dota os seus seguidores de uma sensação de compreensão e domínio sob o mesmo. A ideia de que sabemos ou nos apercebemos de algo que a maioria das pessoas ignora pode ser inebriante e fazer alguém sentir-se superior e/ou mais capaz. A internet e as redes sociais fornecem uma base de interacções e partilha de informação que facilmente alimenta teorias conspiratórias. Quando orquestradas de forma a se oporem ou lançarem dúvidas sobre uma “narrativa oficial” podem ser propositadamente usadas como veículo de desinformação.

Descredibilização: Inevitavelmente, qualquer peça de desinformação que ganhe destaque e relevo na sociedade e redes sociais virá a ser alvo de refutação, seja por esforços colectivos de verificação de factos, seja por cidadãos individuais. Quando tal ocorre, a estratégia típica consiste na tentativa de descredibilizar ou questionar a legitimidade desses. Note-se que, para manutenção e amplificação de desinformação, não é necessário (e até é contraprodutivo) responder às vozes críticas ou aos respectivos argumentos – basta deflectir a atenção para a credibilidade dessas, modificando assim o foco e preservando a desinformação que se pretende disseminar. A descredibilização não precisa sequer de ser fidedigna – a lógica consiste antes em fomentar uma ideia de “onde há fumo, há fogo”.

Trolling: Este termo anglófono descreve a técnica apelidada em Português de “Pesca Corrico”, em que uma amostra de isco é arrastada por um barco em movimento lento para atrair peixes. Veio a ser adaptado e amplamente utilizado na internet e redes sociais para designar comentários que deliberadamente provocatórios ou controversos, com o intuito de espoletar respostas emocionais e ludibriar as pessoas a encetarem uma discussão. Frequente em virtualmente qualquer rede social, o trolling pode ser facilmente explorado por campanhas de desinformação para minar a credibilidade de vozes opostas, mudar o foco da discussão como distracção ou para atrair seguidores e comentários para um dado tópico que pretende amplificar.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Terra, a estrela da tarde marciana

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="9" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1615244903245{margin-left: 26px !important;}"]«Observe o ponto uma vez mais. É aqui. É a nossa casa. Somos nós. Nele vivem ou viveram todas as pessoas que ama, todas as pessoas que conhece, todas as pessoas de quem ouviu falar, todos os seres humanos que alguma vez existiram.» Estas são palavras do famoso astrónomo e divulgador de ciência Carl Sagan e descrevem o que sentiu quando viu a imagem do nosso planeta fotografado pela sonda Voyager 1, a uma distância de 6,4 mil milhões de quilómetros, no dia 14 de fevereiro de 1990.

O “ponto azul-claro” mal se destacava na imensidão do Universo. Um ponto luminoso, debruado fragilmente pela luz solar, uma centelha reflectida para o cosmos. É nesse ponto minúsculo e insignificante que existimos. Você e eu e todos aqueles que conhecemos e que revivem na nossa memória. Nele, as vitórias beligerantes são pálidas e insignificantes, as arrogâncias autoritárias não acrescentam brilho ao nosso planeta.

O fascínio pela imagem do nosso planeta visto a partir do espaço começou com as primeiras fotos tiradas a 7 de Março de 1947 através de câmaras fotográficas instaladas em foguetes V-2 alemães, no lugar ocupado anteriormente por ogivas bélicas. Tiradas a uma altura de 160 quilómetros da superfície terrestre, as primeiras imagens do nosso planeta trouxeram uma mensagem de paz contemplativa.

Mas estas imagens mostravam apenas partes da Terra. A primeira imagem do nosso planeta só foi possível com o início da exploração lunar através de satélites. A 23 de agosto de 1966, a sonda Lunar Orbiter 1, da NASA, olhou para trás e captou, a cerca de 350 mil quilómetros, a primeira imagem da Terra a partir do espaço profundo. Só então foi possível uma perspectiva do nosso mundo como um pequeno astro celeste no panorama cósmico.

Contudo, estas eram fotos da Terra em crescente e em tons de cinzento sobre o negro espaço sideral! Teríamos de esperar pela missão Apolo 17 (NASA) que a 7 de Dezembro de 1972, pouco depois do seu lançamento, e aproveitando um bom alinhamento com o nosso planeta, tirou aquela que continua a ser uma das mais famosas imagens completas e iconicamente azuis da Terra. A partir dela passamos a designar o nosso mundo como o planeta azul!

A partir da Lua foram captadas muitas impressões visuais do nosso mundo terrestre. Com a continuação e expansão das missões de exploração do sistema solar muitas outras imagens do planeta foram sendo registadas na paleta do nosso álbum cósmico (veja, por exemplo). Cada vez mais distantes, os nossos fotógrafos espaciais foram enviando imagens de como a Terra se avista dos outros planetas que connosco orbitam o Sol.

[caption id="attachment_9408" align="alignright" width="300"]IMAGEM - Terra a estrela da tarde marciana - António Piedade Terra a estrela da tarde marciana[/caption]

Assim que a humanidade colocou robôs no solo de Marte, também estes tiraram e enviaram para nós imagens de como a Terra se vê a partir do solo vermelho. E como é? É como nós aqui vemos os outros planetas a olho nu: estrelas errantes, as primeiras estrelas da manhã e da tarde. Somos uma “estrela” errante no céu marciano!

A primeira imagem da Terra como estrela da manhã em Marte foi tirada pelo robô Spirit (NASA) a 8 de Março de 2004, uma hora antes do Sol nascer no horizonte marciano.

Volvidos dez anos, recebemos outra imagem da Terra a partir da superfície de Marte: a Terra como estrela da tarde! A imagem vespertina foi captada pelo robô Curiosity, da NASA, no dia 31 de Janeiro de 2014, a uma distância de 160 milhões de quilómetros da Terra, durante o crepúsculo marciano. Nesta imagem, a Terra surge como o ponto mais brilhante do céu crepuscular marciano. Um simples e frágil astro errante no mar do Universo.

Agora que o mais complexo e sofisticado robô-veículo amartou no solo do planeta vermelho, o Perserverance no passado dia 18 de Fevereiro de 2021, ficamos a aguardar novas fotos do nosso planeta a partir de Marte! É a ciência e a tecnologia a contemplar o “ponto azul-claro”que é a nossa casa numa perspetiva cósmica![/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

"O meu cérebro é maior do que o teu! – Happychemistry e a paz dos sexos"

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="21" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1615194635426{margin-left: 26px !important;}"]NOTA prévia: este texto deve ser lido sem preconceitos nem estereótipos. Algumas afirmações referem-se ao que pode ser considerado mais frequente, sem qualquer desprimor pelo mais raro ou pelas exceções. Este texto assenta num princípio fundamental para a felicidade: não atende ao princípio da igualdade, porque somos todos diferentes, mas fundamenta o direito e o respeito pela diferença! E é neste pressuposto que atingiremos a equidade, ainda tão necessária por faltar tanto, na sociedade atual. Quando conseguirmos alcançar essa meta, todos os dias serão dias de Humanidade, não do homem ou da mulher.


A ambição de ser feliz é inerente à sobrevivência do Ser Humano. Se pensarmos nos dois estímulos básicos fundamentais para perpetuar a espécie, entendemos melhor esta necessidade intrínseca: alimentação e reprodução. Se não desse prazer, extinguíamo-nos, certamente… E ao longo dos milhares de anos de existência fomos moldando esses estímulos, em formas de obter bem-estar à margem da simples necessidade de existir. E assim se compreende a felicidade aliada ao prazer de uma refeição ou do amor que se faz. Deste encontro, surge a possibilidade de perpetuar o material genético, pela reprodução.


As diferenças que determinam a nossa diversidade vêm da herança genética, influenciada pelo ambiente, que inclui a educação, a cultura e o conhecimento, sendo decisivas para as nossas características e capacidades, incluindo a personalidade, o sexo e o comportamento sexual. Nessa diversidade, inclui-se o funcionamento do cérebro.


Os cérebros não são todos iguais! Numa época em que tanto se fala de igualdade, surge a questão: será que existem diferenças no cérebro masculino vs. feminino?


Ao longo dos anos, em diversos contextos, fui ouvindo a mítica frase que pululava no universo feminino: “os homens não ouvem nada do que dizemos!”. Fui registando observações; destaco algumas, tipicamente na base da “guerra dos sexos”. Ao masculino, é atribuído o foco numa tarefa, correndo o risco de “não ouvir”; melhor sentido de orientação; menos tolerância à dor. Do feminino, destaca-se a capacidade “multitasking”; maior impulsividade; maior capacidade de memorizar datas e eventos.


Será que a ciência nos ajuda a entender as diferenças, para construir pontes de conhecimento que levem a maior compreensão e harmonia? Claro que sim!


Foi possível avaliar que o cérebro masculino é cerca de 4% maior. Mas… como em tudo, o tamanho não quer dizer nada.


No cérebro feminino, a região límbica (emoções) e a corpo caloso (maturidade) têm maior dimensão, com mais atividade; também é mais sensível à expressão facial e possui maior fluência e memória verbal. O cérebro masculino tem maior capacidade de aquisição de competências motoras, melhor orientação espacial e raciocínio matemático.
Há fatores socioculturais, biológicos (e.g. genéticos, hormonais) e ambientais, que contribuem para a diferença.
A sociedade está em mudança e é previsível que a ciência nos venha a mostrar novos dados no futuro. Mas é urgente e essencial respeitar a individualidade, no universo masculino-feminino, garantindo o direito à diferença, para viver na liberdade da escolha, no respeito mútuo, na igualdade de oportunidades e equivalência nos direitos e na diferença de ser e estar, pilares de criatividade e progresso.


Todos os dias devem ser de homens e mulheres, que na partilha possam igualar a contribuição para o bem-estar e para a felicidade comum!


Ninguém nasce a gostar de si mesmo. Vamos sabendo quem somos pelos afetos e pela humanidade com que somos educados, instruídos, tratados. Seremos melhores se nos fizerem sentir importantes, valorizados, sobretudo pelo que vamos fazendo, que determina quem vamos sendo, de preferência na paz dos sexos!
“Sejam felizes com o que tiverem à mão”©.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

O corpo das mulheres nunca será uma arma

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="20" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][vc_single_image image="9391" img_size="500x160" onclick="link_image"][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1615058368291{margin-left: 26px !important;}"]

O corpo das mulheres será uma causa e um abrigo, mas nunca terá a configuração de uma arma: causa – pela reivindicação colectiva de direitos que repõem uma justiça pública que durante muito tempo permaneceu nas mãos de decisores masculinos; abrigo – porque é contentor por excelência. Qualquer tentativa de igualar o corpo feminino e o corpo masculino, no que diz respeito à ferocidade intrínseca, esbarra na evidência: aquele é redondo, o outro é flecha. Vem esta imagem a propósito de se denunciar actualmente a posição de secundariedade a que as mulheres foram historicamente votadas, pela aparente inacção do seu corpo, envelopado por excelência, lugar de esconderijo, velado, com a grande circunscrição a ser tecida em torno da casa, mais de todas as domesticidades ditas amansadas.

Irrompem depois as vozes de amazonas imemoriais, que desenterram linhagens obscurecidas pelas luzes de todas as épocas, amazonas através das quais se reclamam latitudes de expansionismo territorial: sair do corpo, sair da casa, sair do buraco, sair da sombra, sair da secundariedade, sair, simplesmente, de todas as prisões secularmente tecidas em torno das mulheres.

Paradoxalmente, agora, pedem-nos para ficar em casa. Mas que casa construímos? Ou, diferentemente: será que temos ainda uma casa a onde regressar? Ou, ainda diferentemente: será que não nos caberá construir a “casa”? Porque uma casa só pode ser construída a quatro mãos: femininas e masculinas. Porque a casa que herdámos do século XIX, e que recobriu dialecticamente o século XX, pois foi contra ela que as mulheres lutaram, tinha paredes bem transparentes: de vidro. Ou seja, as mulheres, não nos enganemos, sempre estiveram expostas publicamente desde o século XIX, mesmo se encerradas, como se denuncia, no privado, porque esse privado foi recoberto pelo público. Será imprescindível ter a noção exacta dessa exposição para que o corpo das mulheres não se torne numa autêntica chaga civilizacional. Perguntemos a quem tem uma ferida se a esgravata constantemente, ou se, numa perspectiva terapêutica, não a vai tentar sarar?

Pois creio que é bem tempo de percebermos colectivamente que o corpo das mulheres, efectivamente envelopado por excelência, lugar de esconderijo, velado, contém virtualidades preciosas que podem funcionar como análogos essenciais da experiência humana. Tem predominado a flecha, ou seja, o corpo masculino, mas é bem o tempo do efeito redondo dos corpos femininos, não dominar, não, mas fertilizar imaginária, e efectivamente, o Mundo. A onde é que, no limite, a flecha nos trouxe? À globalização espacial sem morada/s, ao turismo de massas, à gentrificação. A onde é que, no limite, a flecha nos pode levar? À Lua e a Marte, mas para o planeta dos marcianos apenas poderão ir alguns/algumas, e nem sequer é certo que sejam bem acolhidos pelos autóctones. Estamos no planeta Terra, até prova em contrário, e é aqui que urge inventar a/s morada/s, a viagem, as cidades.

Inventar a/s morada/s, a viagem, as cidades, implica, também e muito, perceber que existem desejos que apenas a imaginação pode solucionar através, sobretudo, da arte; existem desejos que não deverão passar da imaginação à concretização prática. Para que tal suceda será importante, parece-me: obstar a um pensamento de essencial abstracção vazia, contrapondo-lhe ideias que vão grávidas de experiência, fertilizadas por palavras habitadas em que se sinta o corpo de quem as pronuncia. Tal posicionamento sintetiza duas importantes consequências: por um lado, a experiência singular, e subjectiva, é valorizada enquanto inscrição na história comum, perfilando-se um coração comunitário; por outro lado, a partir do momento em que cada um/a é presença, e não número, as pessoas e as coisas recuperam os seus nomes próprios. Recuperar o nome próprio, ou ser mesmo baptizado/a, significa ostentar uma dignidade imprescindível. Neste horizonte, a linguagem aparece em primeiro plano: reivindique-se a palavra pelas mulheres, o que lhe foi historicamente obstado; faça-se a palavra num corpo feminino, redondo, e reserve-se a flecha para os arremessos, também necessários, claro, da vontade. Insista-se numa cooperação mútua.

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Projeto reforça a igualdade de género na investigação

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1614936494829{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1614936482238{margin-left: 26px !important;}"]Um projeto da Universidade de Coimbra (UC) que visa reforçar a igualdade de género na investigação científica acaba de receber o financiamento de 240 mil euros do programa Conciliação e Igualdade de Género no âmbito do EEA Grants - Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu.

Designado “GendER@UC - Gender-Equal Research”, este projeto, coordenado pelo Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra (IIIUC), reúne uma equipa multidisciplinar que, ao longo dos próximos três anos, vai desenvolver diversas atividades para responder à complexidade das desigualdades de género na investigação.

Entre as atividades previstas, destaca-se, por exemplo, o mapeamento de políticas, procedimentos e práticas de igualdade de género em vigor nas unidades de investigação e desenvolvimento (I&D) da Universidade de Coimbra, por forma a identificar lacunas, estabelecer bases para melhorias e inovações e desenhar um plano de ação para este tema; a realização de ações de sensibilização para a necessidade de implementação de medidas de igualdade de género na prática da investigação, sessões sobre “Género e liderança para a excelência em investigação”; e a elaboração de um manual para a comunicação inclusiva na investigação da UC.

O projeto prevê igualmente a promoção de ações de mentoria, alertando para desigualdades de género nas candidaturas de “alto risco, alto ganho” e motivando candidaturas de investigadoras da UC através de um acompanhamento próximo, bem como a realização de um bootcamp designado WomenResearchers@UC.

Segundo a equipa do projeto, «a partir de uma perspetiva interseccional, o GendER@UC pretende promover a igualdade de género na investigação científica, quer em termos de gestão do processo e carreira de investigação, removendo barreiras e incentivando a participação equilibrada de investigadoras e investigadores nas equipas, gestão de recursos, e tomada de decisões, promovendo um conhecimento mais inclusivo, representativo e socialmente relevante».

O financiamento agora obtido, ao permitir «promover e incentivar a integração da perspetiva de género nas equipas, nos processos e conteúdos de investigação científica na Universidade de Coimbra, vai certamente aumentar a qualidade e utilidade dos resultados científicos finais, e o seu impacto na sociedade», refere Cláudia Cavadas, coordenadora do projeto e Vice-Reitora da UC com o pelouro da investigação.

O projeto GendER@UC é realizado em parceria com a Universidade da Islândia e o Centro de Estudos Sociais (CES). Além disso, conta com a colaboração da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), da AMONET-Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas e da cientista Jessica Cantlon, da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA.

O programa Conciliação e Igualdade de Género é financiado pelo EEA Grants - Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu 2014-2021 e executado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Estudo conclui que a pandemia teve impacto negativo na saúde mental dos jovens

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css="" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1614422399026{margin-left: 26px !important;}"]A pandemia de Covid-19 teve um significativo impacto negativo na saúde mental dos jovens portugueses, especialmente nos níveis de depressão e de ansiedade, conclui um estudo longitudinal realizado por uma equipa da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), liderada por Ana Paula Matos.


Os resultados preliminares do estudo, que conta com a colaboração de investigadores da Universidade Emory, nos Estados Unidos da América, e da Universidade da Islândia, mostram que 14% dos adolescentes, com idades compreendidas entre os 13 e os 16 anos e uma média de idades de 14 anos, apresentam sintomatologia depressiva elevada (acima do percentil 90) durante a pandemia de Covid-19, uma percentagem superior à encontrada num estudo conduzido pela mesma equipa de investigadores durante a crise financeira portuguesa de 2009-2014, que era de 8%.


A equipa verificou também um aumento de emoções negativas, «como tristeza, medo e raiva, e de sintomas de ansiedade e uma descida da felicidade», sublinha Ana Paula Matos, esclarecendo que as raparigas «estiveram sempre em desvantagem, apresentando níveis de medo, tristeza e raiva significativamente mais elevados do que os rapazes».


Neste estudo longitudinal, os investigadores começaram por comparar os níveis de emocionalidade negativa e positiva vivenciados pelos jovens, antes e depois da pandemia de Covid-19, numa amostra constituída por 206 adolescentes a frequentar o 9º ano de escolaridade (51% raparigas). Verificou-se um aumento significativo da tristeza, do medo e da raiva e uma descida da felicidade.


Posteriormente, na segunda vaga da pandemia em Portugal, em novembro/dezembro, em que se verificou um aumento de casos na população mais jovem, parte da amostra (122 adolescentes) foi reavaliada, «tendo-se verificado nova subida dos níveis de medo, assim como um aumento significativo de sintomas de ansiedade, comparando os dois momentos da pandemia (1ª vaga e 2ª vaga). As raparigas apresentaram níveis significativamente mais elevados do que os rapazes, de medo, tristeza e raiva, quer antes do surto pandémico de Covid-19, quer nas duas vagas da pandemia», indica a docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação e investigadora do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC).


A equipa analisou ainda os fatores de proteção e de risco para o desenvolvimento da depressão, concluindo que «competências de autocompaixão e de mindfulness (atenção plena), uma visão mais positiva de si próprio/a e a realização de mais atividades de lazer são fatores de proteção, isto é, fatores que previnem a depressão. Pelo contrário, a sintomatologia de ansiedade constitui um fator de risco e um preditor de depressão», relata Ana Paula Matos.


Este estudo sobre o efeito da pandemia na saúde mental dos jovens integra-se no projeto SMS (“Sucesso, Mente e Saúde”), financiado pelo programa Portugal Inovação Social e pelo Município da Figueira da Foz, que tem como grande objetivo a promoção da saúde mental e o combate ao estigma social e ao insucesso escolar associados à doença mental.


Os resultados obtidos neste estudo, conclui Ana Paula Matos, «salientam a necessidade de se dotarem os jovens de mecanismos de proteção para a depressão, promovendo competências de autocompaixão e mindfulness e uma perceção mais positiva de si próprio/a. Estes são alguns dos objetivos do projeto SMS cujos resultados preliminares indicam uma redução de sintomatologia depressiva e tristeza, bem como um aumento de mecanismos de autorregulação emocional».[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Estudo alerta para a fraca qualidade ecológica dos rios em todo o mundo

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1614333678830{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text]Uma equipa de 29 peritos de todos os continentes, liderada por Maria João Feio, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), fez o ponto da situação sobre a qualidade ecológica dos rios no mundo e as notícias não são boas.


O estudo, que abrangeu 88 países, revela fraca qualidade ecológica dos rios em todo o mundo e a sua elevada perda de biodiversidade. Cerca de metade dos troços ou rios analisados encontra-se abaixo do nível aceitável na Europa e nos Estados Unidos, um terço na Austrália e um quarto na Coreia do Sul.


[caption id="attachment_9343" align="alignleft" width="250"]Maria João Feio (1) Maria João Feio[/caption]

Uma das consequências da fraca qualidade ecológica dos rios «é uma perda muito elevada de biodiversidade. Por exemplo, na Nova Zelândia 70% das espécies de peixes de água doce estão em perigo, enquanto no Japão 40% estão ameaçadas. Noutros países a monitorização físico-química mostra um grau de poluição muito elevado que põe em risco a saúde humana», assinala Maria João Feio no artigo científico publicado na revista Water, intitulado “The Biological Assessment and Rehabilitation of the World’s Rivers: An Overview”.


Os cientistas avaliaram também o estado de implementação da biomonitorização dos rios, ou seja, a avaliação dos rios com base nas comunidades aquáticas – por exemplo, peixes, invertebrados bentónicos, algas ou outras plantas –, e as medidas que estão a ser tomadas para os recuperar, tendo concluído que, «na maioria dos países do mundo, a monitorização biológica dos rios de forma regular não está a ser feita. Numa grande parte dos países existe, no máximo, uma análise físico-química da água o que é insuficiente para traduzir a degradação destes sistemas resultantes das ações humanas (tais como a articialização das margens, corte de vegetação, presença de espécies não nativas e espécies invasoras, açudes e barragens que alteram a circulação da água, sedimentos e espécies ao longo das bacias hidrográficas)», expõe Maria João Feio.


Em relação à implementação de medidas de reabilitação dos rios, o panorama também não é animador. Segundo os autores do estudo, «apesar de existirem bons exemplos, tanto na Europa (principalmente no norte) como nos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, concluímos que a este nível muito pouco tem sido feito a nível global».


«Se recuperados, os rios podem fornecer serviços muito importantes às pessoas, desde o fornecimento de água e alimento, e contribuir para a melhoria da qualidade do ar, do solo, a mitigação de extremos climáticos e ainda proporcionar zonas de lazer essenciais ao bem-estar humano», comenta a investigadora da FCTUC.


No que respeita aos rios portugueses, Maria João Feio diz que seguimos o padrão europeu, «com cerca de metade das massas de água analisadas em bom estado ecológico. E temos situações muito críticas ao nível dos grandes rios que estão muito alterados por barragens. Em todo o país, existem ainda casos de poluição pontual e difusa e também fortes alterações na vegetação ribeirinha, que é essencial tanto para o funcionamento do ecossistema aquático como para melhorar a qualidade do ar e do solo e filtrar as águas de escorrência que vão ter aos rios».


Tendo em vista a melhoria da qualidade dos rios, a equipa internacional de peritos produziu ainda um conjunto de recomendações, destacando-se, por exemplo, «a necessidade de definição de objetivos ecológicos realistas e claros para os planos de reabilitação/restauro; a obrigatoriedade de fazer planos de reabilitação/restauro ecológico com base em dados recolhidos, a priori, em programas de monitorização e fazer o acompanhamento desses planos também com monitorização ecológica».


Os especialistas defendem ainda a necessidade da criação de equipas interdisciplinares na elaboração dos referidos planos – cientistas conhecedores dos ecossistemas, engenheiros e ainda cientistas sociais –, de modo a «permitir envolver todos os tipos de utilizadores da água (população, indústria, decisores) num objetivo comum. É ainda essencial existir financiamento adequado e que a recuperação dos rios seja colocada nas prioridades políticas nacionais e internacionais».[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Grupo europeu estuda os fatores de stress em abelhas melíferas

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1614101150270{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text]Uma equipa de investigadores do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), coordenada por José Paulo Sousa, colabora com o grupo “MUST-B”, criado pela Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA, na sigla original em inglês) com o objetivo de estudar o risco integrado de múltiplos fatores de stress em abelhas melíferas e avaliar formas de os mitigar através da melhoria da gestão das culturas e das paisagens agrícolas.

A equipa da FCTUC é responsável pela recolha de dados de campo sobre o desenvolvimento de colónias e paisagem envolvente. Todos os dados «serão utilizados para a calibração do modelo ApisRAM – modelo de avaliação de risco para colónias de abelhas melíferas a nível europeu –, que está a ser desenvolvido pelo grupo MUST-B», explica José Paulo Sousa.

Este modelo, detalha, vai permitir, por exemplo, «prever o estado de saúde das colónias de abelhas adotando uma abordagem holística ao problema, integrando não apenas informação sanitária sobre as colónias e efeitos derivados da exposição a pesticidas, mas também a influência da composição e gestão da paisagem, sobretudo ao nível de práticas agrícolas e disponibilidade de recursos florais».

Os dados recolhidos pela equipa portuguesa estão também a ser integrados na plataforma EU Bee Partnership (EUBP), com a participação ativa do aluno de doutoramento em Biociências da FCTUC, Nuno Capela. Esta plataforma, também apoiada pela EFSA, tem como objetivo recolher e analisar dados relacionados com polinizadores, e apresentá-los de forma visualmente clara e simples. Pretende igualmente ajudar a exploração de dados e melhorar o entendimento, por stakeholders de diversas áreas, sobre o estado de saúde dos polinizadores e a sua função no ambiente.

[caption id="attachment_9324" align="alignleft" width="1200"]Nuno Capela Nuno Capela[/caption]

Com os dados recolhidos no âmbito do seu doutoramento, o investigador Nuno Capela, do Centro de Ecologia Funcional, pretende «uniformizar a recolha de dados futuros e ajudar na criação de algoritmos que possam detetar automaticamente eventos, tendências e possíveis problemas nas colónias de abelhas». Dessa forma, assinala, «no futuro, apicultores, investigadores ou mesmo os cidadãos, poderão adicionar dados em bruto na plataforma, a qual fará o seu processamento de forma automática, mostrando como resultado gráficos e tabelas fáceis de interpretar».

No momento, o principal foco da plataforma «é a informação sobre abelhas melíferas, mas está planeada a integração de dados de outros polinizadores num futuro próximo. Tudo isto permitirá centralizar a informação existente, para identificar os problemas que levaram ao decréscimo dos polinizadores, e ajudar na tomada de decisão para uma melhor proteção destes insetos e do serviço de polinização que prestam, crucial para a nossa sobrevivência», acrescenta Nuno Capela.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Cientistas descobrem que recetor envolvido na regulação do apetite também controla a memória

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1613848689156{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""]

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Um estudo internacional liderado pela Universidade de Coimbra (UC) revela que o recetor da grelina, uma hormona reguladora do apetite, assume um papel muito importante na interligação dos sinais biológicos de fome, saciedade e memória.



[caption id="attachment_9288" align="alignleft" width="317"]Ana Luisa Carvalho Ana Luisa Carvalho[/caption]




[caption id="attachment_9290" align="alignleft" width="317"]thumbnail_Luís 2Ribeiro Luís Ribeiro[/caption]


Ana Luísa Carvalho e Luís Ribeiro
Com o objetivo de compreender em que medida as hormonas com uma função no metabolismo regulam a função sináptica (que assegura a comunicação entre neurónios essencial à formação de memórias), este estudo consistiu em investigar «se, na ausência da hormona estimuladora, a atividade constitutiva (basal) do recetor da grelina é relevante para a formação de memórias, e se tem impacto nos mecanismos moleculares envolvidos nessa formação», indica Ana Luísa Carvalho.

Ou seja, simplifica a docente e investigadora, sabendo-se que este recetor poderia ter alguma atividade na ausência da hormona, «a designada atividade constitutiva, que é regulada, por exemplo, pelo nível de saciedade do indivíduo, a nossa investigação centrou-se em observar essa atividade em neurónios, o que nunca tinha sido realizado até agora, e em perceber a sua relevância para os mecanismos moleculares de formação de memórias».

Combinando metodologias in vitro e in vivo, onde se incluem estudos de comportamento animal (estudo com murganhos), estudos de imagiologia celular (por exemplo, análises em células vivas de mobilidade intracelular de moléculas) e estudos bioquímicos, os cientistas descobriram que «a atividade constitutiva do recetor da grelina em neurónios do hipocampo é significativa, e que contribui para a regulação tónica do tráfego celular de recetores do glutamato do tipo AMPA e para os mecanismos de plasticidade sináptica, e que suporta a formação de memórias», afirma a coordenadora do estudo. «Nas experiências realizadas, quando a atividade constitutiva do recetor da grelina foi bloqueada observaram-se alterações na memória dos animais», salienta.



Este estudo «identifica a atividade basal de um recetor membranar (cujos níveis e atividade são dependentes do estado interno do indivíduo) como reguladora da formação de memórias. O recetor em causa – o recetor da grelina – tem os seus níveis e atividade basal regulados pelo estado de saciedade do indivíduo, e nós verificámos que essa atividade é importante na capacidade de formar novas memórias e nos mecanismos subjacentes. Fármacos que bloqueiam a atividade constitutiva do recetor são considerados possibilidades terapêuticas em algumas doenças metabólicas, por exemplo, mas é importante ter em conta que poderão ter efeitos secundários ao nível da memória», esclarece a docente da FCTUC e investigadora do CNC.

O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional através do programa BrainHealth 2020.


[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Projeto de investigação pretende promover a saúde mental das mulheres durante a gravidez e pós-parto

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1613468259204{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1613468241527{margin-left: 25px !important;}"]Uma equipa do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC), da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), está a realizar, em parceria com a Universidade de Oslo (Noruega), um estudo que visa promover a saúde mental materna durante o período perinatal.

O período perinatal, compreendido entre a gravidez e o primeiro ano após o parto, é considerado um período bastante vulnerável para muitas mulheres, que podem desenvolver perturbações psicológicas, como ansiedade ou depressão. No entanto, de acordo com a literatura científica, perante um diagnóstico de problema mental, muitas mulheres não recebem tratamento adequado. Conhecer o processo de tomada de decisão das mulheres no período da gravidez e pós-parto em relação às opções de tratamento (medicação, psicoterapia ou não tratamento), quando estas experienciam sintomas de ansiedade ou depressão, é precisamente o grande objetivo do projeto Women Choose Health.

Financiado pelo Fundo de Relações Bilaterais das EEA Grants, o projeto vai decorrer ao longo dos próximos dois anos, simultaneamente em Portugal e na Noruega, permitindo a análise e reflexão comparativa dos resultados dos dois países. A equipa portuguesa tem já disponível um questionário para a participação de mulheres que estejam grávidas ou que tenham tido um bebé nos últimos 12 meses.

Ana Fonseca, investigadora principal do projeto, explica que «a literatura diz-nos que ainda há uma percentagem muito significativa de mulheres que não recebe tratamento para as perturbações psicológicas no período da gravidez e pós-parto». Por isso, o grande objetivo do projeto é «perceber melhor quais são as decisões mais frequentes das mulheres, o nível de conflito que sentem ao tomar a decisão e que fatores influenciam essa decisão, com vista a poder identificar aspetos que possam contribuir para melhores práticas e para uma tomada de decisão mais informada por parte das mulheres».

«Para além de querermos saber qual é a decisão mais frequente das mulheres neste período, queremos perceber que fatores influenciam essa decisão, por exemplo, se há o receio de tomar medicação por causa dos efeitos secundários que pode ter no bebé, se lhes é oferecida intervenção psicológica, se optam por não ter tratamento nenhum porque consideram que nenhuma das opções é benéfica, ou pelo estigma que sentem em relação à doença mental», clarifica Ana Fonseca.

A investigadora do CINEICC nota que o projeto pretende também «promover a consciência sobre a importância da saúde mental perinatal na comunidade em geral e a importância de serem adotadas abordagens centradas na pessoa/doente nos processos de tomada de decisão». Nesse sentido, refere, o Women Choose Health inclui outras iniciativas, nomeadamente a realização de uma ação formativa em Portugal, dirigida a profissionais de saúde, «que visa elucidar sobre os resultados do estudo e sobre a adoção de práticas centradas na pessoa para facilitar os processos de tomada de decisão, e várias atividades de comunicação que visam também promover a consciência sobre a importância da saúde mental perinatal na comunidade em geral».

No final do projeto, as equipas dos dois países vão também produzir um conjunto de recomendações que possam ser úteis para os profissionais de saúde, tendo em vista a promoção da saúde mental materna.

O programa Fundo de Relações Bilaterais das EEA Grants visa fortalecer as relações entre Portugal e os países doadores, financiando iniciativas bilaterais que tenham como objetivo aumentar a cooperação estratégica, networking, partilha de conhecimento e implementação de outras iniciativas conjuntas.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Os grandes desafios do Antropoceno em debate

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1613124182555{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1613124167845{margin-left: 26px !important;}"]Debater os grandes e complexos desafios da era do Antropoceno, a era em que vivemos, é o objetivo de um projeto curatorial lançado por Gonçalo Santos e Ana Luísa Santos, investigadores do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em parceria com a Fundação de Serralves e com a rede de pesquisa Sci-Tech Asia, o Centre for Functional Ecology—Science for People and the Planet e o Departamento de Ciências da Vida da FCTUC.

A primeira iniciativa no âmbito deste projeto materializa-se num ciclo de seis conferências e debates, designado “Pluralizando o Antropoceno: Reimaginando o Futuro do Planeta no Século XXI”. Entre 15 de fevereiro e 10 de maio, reputados especialistas vão partilhar reflexões importantes sobre «esta nossa condição plural de viver num mundo cheio de incertezas. Este ciclo contará com a presença de influentes pensadores das humanidades e ciências contemporâneas comprometidos com uma visão mais plural do Antropoceno e das grandes questões de resiliência, adaptação, e luta pela justiça ambiental», afirma Gonçalo Santos.

O ciclo arranca, no dia 15 de fevereiro, entre as 18h00m e as 19h30m, com a palestra de Tim Ingold, um dos mais conceituados antropólogos contemporâneos, que vai abordar o que ele chama “sustentabilidade de tudo.” Para a sustentabilidade da nossa economia se tornar uma realidade, nós teremos de pensar numa sustentabilidade que não seja sustentável apenas para algumas espécies ou algumas populações humanas. Nós teremos de começar a pensar na sustentabilidade do planeta.

Contextualizando o projeto curatorial agora lançado sobre o Antropoceno, Gonçalo Santos observa que «o mundo em que vivemos é muito diferente daquele em que os nossos avós e bisavós cresceram: mais quente, mais seco, mais poluído, mais incerto. O sistema de produção linear da sociedade de consumo trouxe muitos benefícios para um número significativo de pessoas e populações em todo o mundo mas

também levou a uma devastação ambiental sem precedentes e gerou uma conjuntura de alterações climáticas com efeitos preocupantes».

«Olhando apenas para factos básicos em Portugal, como a redução da precipitação geral e o aumento acelerado da temperatura desde a segunda guerra mundial, as previsões mais conservadoras não são nada otimistas, apontando para um aumento significativo no número de incêndios e de secas nas próximas décadas. A presente década — a terceira do século XXI — será decisiva para começarmos a planear um pouco melhor o nosso futuro (e o futuro do nosso planeta) antes que seja tarde demais e tenhamos caído num ambiente de caos e confusão ainda mais perturbador do que aquele que estamos a viver no âmbito da atual pandemia de COVID-19», destaca o investigador da FCTUC.

O responsável pelo projeto curatorial sublinha ainda que «mesmo as pessoas que estão a negar este problema não podem ignorar os debates em curso sobre a destruição do ambiente, as alterações climáticas e o futuro da vida humana no planeta. Estes são os grandes desafios da era em que vivemos: a era do Antropoceno, ou a idade dos humanos. O Antropoceno não é apenas uma idade de crescentes incertezas ambientais resultantes do impacto destrutivo cumulativo das atividades humanas; é também uma idade de importantes desafios e escolhas civilizacionais no sentido de ultrapassar esta situação de crise e desastre iminentes e criar novas visões de esperança e de justiça».

O especialista em antropologia social-cultural lembra que «existem muitos lugares diferentes e muitas populações diferentes dentro do planeta. Os desafios que os portugueses ou os chineses estão a experienciar na idade do Antropoceno são diferentes dos desafios enfrentados pelos povos da Amazónia. O uso do termo Antropoceno para denominar esta nova era de incertezas antropogénicas crescentes abriu todo um novo campo de conversas multidisciplinares sobre as relações dos seres humanos com o ambiente no século XXI, mas também gerou um entendimento monolítico do Antropoceno como uma experiência humana unificada».

Por isso, conclui Gonçalo Santos, «é preciso pensar nestas diferenças para prevenir uma intensificação das desigualdades já existentes, da mesma forma que é preciso pensar naquilo que nos junta no planeta como uma comunidade global de populações humanas com um destino comum».

O programa integral sobre o ciclo “Pluralizando o Antropoceno: Reimaginando o Futuro do Planeta no Século XXI” está disponível aqui.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Estudo fornece novos dados para a interpretação de contextos socioculturais da época pós-medieval em Portugal

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1613070124064{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1613070097889{margin-left: 26px !important;}"]

Um estudo desenvolvido por investigadores da Universidade de Coimbra, do Instituto Universitário Egas Moniz e da Universidade Nova de Lisboa fornece novas pistas para a compreensão das dinâmicas sociais e culturais da época pós-medieval em Portugal.

A equipa, coordenada pelos antropólogos Francisco Curate, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e Nathalie Antunes-Ferreira, do Instituto Universitário Egas Moniz, estudou as consequências funcionais e sociais de várias lesões esqueléticas sofridas por um indivíduo do sexo masculino encontrado durante uma escavação arqueológica realizada em 2018 no adro da antiga Capela do Espírito Santo de Bucelas, perto de Lisboa.

Na altura, foi descoberta uma necrópole com esqueletos dos séculos XVII – XVIII, tendo sido exumados 98 adultos - 59 homens, 33 mulheres e 6 de sexo desconhecido – e 59 não adultos. No entanto, um esqueleto chamou a atenção da equipa responsável pela escavação, por apresentar evidências de lesões múltiplas com sequelas importantes, destacando-se de forma clara dos outros indivíduos encontrados.

Por isso, este estudo focou-se apenas nos restos esqueléticos deste indivíduo, que foram analisados através de uma abordagem de reincidência de lesão, abordagem que avalia a experiência vivida por indivíduos que sofrem múltiplos incidentes traumáticos, transmitindo uma contextualização diferenciada do sofrimento individual dentro de um reticulado de processos sociais e culturais.

As análises realizadas permitiram concluir que este homem de meia-idade «sofreu traumatismos e lesões em diferentes momentos da sua vida, sendo por isso um caso de lesões recidivas que sugere diferentes interpretações», indica Francisco Curate.

Por exemplo, detalha o investigador da FCTUC, «a possibilidade de este homem ter sido alvo de cuidados médicos e pessoais por parte da comunidade: a severidade das lesões, incluindo infeção pós-traumática, prejudicou seriamente a sua qualidade de vida, limitando a sua capacidade motora e tornando-o inapto para realizar uma série de tarefas, incluindo a alimentação, a higiene e o trabalho».

Segundo o antropólogo, os resultados deste estudo, que foi publicado no International Journal of Osteoarchaeology, sugerem «a existência de uma associação entre a atividade ocupacional, provavelmente ligada à agricultura, e estas lesões graves e reiteradas. Além disso, e no contexto da época em questão, apontam para um reticulado de fatores sociais e culturais próprios de uma sociedade onde a violência estrutural era prevalente, nomeadamente através dos acidentes de trabalho, do alcoolismo e da pauperização dos trabalhadores agrícolas».

Numa perspetiva mais positiva, os dados obtidos «sugerem que a comunidade em que este homem vivia cuidou dele possibilitando a sua sobrevivência. No fundo, um único caso demonstra que o passado não é unidimensional, e que a história tanto se centraliza na experiência do indivíduo (e na sua agência) como na sociedade onde este viveu e morreu (e na sua coerção estrutural)», acrescenta.

Francisco Curate nota ainda que a quantidade de fraturas, a sua severidade, e a sua distribuição pelo esqueleto estudado «são ímpares, muito raras no registo arqueológico. E, fazendo um paralelismo com casos clínicos atuais, sugerem uma ligação a um mundo rural, de trabalhos agrícolas, e também a adição de substâncias, nomeadamente o alcoolismo».

«Claro que são hipóteses de trabalho, não é possível reconstituir fielmente a história de vida deste indivíduo, mas são propostas lógicas e fundamentadas», esclarece. Os restantes indivíduos encontrados na necrópole estão a ser estudados e em breve os resultados serão também publicados.

Este estudo dá contribuições importantes para a interpretação de «contextos bioculturais no passado, abordando questões como violência interpessoal, idade e género, desigualdade social e violência estrutural, estratégias de subsistência, procedimentos cirúrgicos ou assistência médica e a prestação de cuidados, entre outros», conclui o investigador.

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Universidade de Coimbra tem o primeiro laboratório ibérico especializado na certificação de ventiladores

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1612864246915{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""]

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[/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1612864229547{margin-left: 26px !important;}"]

A ICNAS-Produção, empresa da Universidade de Coimbra (UC), acaba de concluir a instalação do primeiro laboratório ibérico especializado no teste e certificação de dispositivos médicos respiratórios, designadamente ventiladores pulmonares, no contexto da Covid-19.

Chama-se VentiLab 4 COVID-19 e resulta de um projeto que obteve 329 mil euros de financiamento do COMPETE 2020, através do Sistema de Incentivos I&D Empresas e Infraestruturas de Ensaio e Otimização (COVID-19).

Face à atual situação pandémica, em que aumenta a pressão nos hospitais devido ao número elevado de infeções graves causadas pela Covid-19, os ventiladores de emergência são críticos. No entanto, estes dispositivos médicos só podem ser utilizados após certificação. Este laboratório permite fazer os testes «físico-químicos e microbiológicos indicados pelo INFARMED [autoridade competente pela certificação em Portugal], segundo as normas internacionais (normas "ISO"), para avaliar a biocompatibilidade e a segurança dos ventiladores desenvolvidos no âmbito da resposta à pandemia da Covid-19. As normas são aplicáveis a todo o tipo de ventiladores», explica Antero Abrunhosa, gerente da ICNAS-Produção e líder do projeto.

O VentiLab 4 COVID-19 possui equipamento analítico capaz de avaliar a qualidade dos gases que percorrem os ventiladores e «assegurar que os dispositivos não libertam contaminantes que possam ser nocivos para os doentes. Esses contaminantes podem ser partículas, compostos voláteis que sejam libertados, por exemplo, pelos materiais utilizados para fabricar os ventiladores, ou mesmo microrganismos como bactérias ou fungos», esclarece Antero Abrunhosa.

O gerente da ICNAS-Produção sublinha que este projeto é «um exemplo de como podemos readaptar os laboratórios e o conhecimento científico existentes nas empresas e nas universidades para fazer face à situação atual. A ICNAS-P produz medicamentos, tem laboratórios para o seu Controlo de Qualidade. Através deste projeto, adaptou agora um desses laboratórios para o teste dos ventiladores».

Atualmente, no espaço ibérico não existem laboratórios dedicados ao teste de ventiladores de emergência no âmbito da Covid-19. Assim, o VentiLab 4 COVID-19 é o primeiro laboratório ibérico construído especificamente para testar todos os tipos de ventiladores de emergência desenvolvidos no âmbito da pandemia, permitindo a certificação, essencial para a utilização clínica destes equipamentos.

Embora o laboratório agora criado esteja centrado na certificação de ventiladores no âmbito do combate à Covid-19, também é possível realizar outros testes que «envolvam a análise de componentes gasosos e está à disposição da comunidade científica e das empresas interessadas. A prioridade serão os ventiladores, mas não rejeitamos outros desafios», conclui Antero Abrunhosa.

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"A Felicidade com(s)ciência – Happychemistry em tempos de COVID-19"

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="21" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1612352169958{margin-left: 26px !important;}"]O conceito de Felicidade já tem alguns séculos. Tales de Mileto (624 a.C.–558 a.C.), um dos primeiros filósofos da História e um dos denominados Sete Sábios da Grécia, considerava que para ser feliz é necessário “um corpo forte e são, boa sorte e uma alma bem formada”.


Eu considero que é preciso saúde, “bons genes” e um ambiente favorável, com valores de referência para o bem-estar e com respeito pelos outros. A felicidade não é algo que se encontra quando se chega, é algo que se leva quando se vai. Está em nós. No cérebro, onde reside o nosso superpoder. A felicidade é um caminho de recompensa. Esse caminho é um conjunto de eventos que se dão no cérebro e que ficam nas memórias, desde os momentos felizes da nossa infância, das histórias… que foram sementes de esperança, para que hoje possamos continuar a superar obstáculos.


A minha incursão na “Neuroquímica da Felicidade” surgiu após ter sido desafiada por um grupo de estudantes do Núcleo de Estudantes de Medicina da Universidade de Coimbra, onde leciono: “Professora, as suas aulas são uma inspiração, não só pelo conhecimento que nos transmite, mas também pelo seu esforço para sermos felizes e sairmos das suas aulas com um sorriso. Queremos organizar uma Semana dedicada à Felicidade! E gostávamos muito que fizesse uma conferência sobre o tema!...” O desafio de transmitir conhecimento científico complexo de forma simples e ser inspiradora. Dado o meu trabalho junto das escolas, desde 2005, para explicar os mecanismos de interação do álcool e das drogas de abuso com o cérebro e a investigação de fatores metabólicos e genéticos na toxicodependência, foi assim que o termo me surgiu para a conferência, a 19.05.2014.


Existem áreas cerebrais “chave”, que integram a chamada “via da recompensa”: a região límbica no “centro” do cérebro (formada por um conjunto de estruturas, e.g. amígdala, que controlam as emoções, os impulsos, as memórias, a resposta à dor, ao stresse, ao perigo e ao medo…), que é uma espécie de “acelerador” e o córtex pré-frontal, que coordena as decisões, atuando como “travão”.


Os neurotransmissores são atores nesta peça extremamente complexa. Existem fatores genéticos que influenciam a nossa resposta aos estímulos, mas o ambiente físico-químico e psicossocial tem grande influência no desenvolvimento de competências e capacidades. A compreensão desses mecanismos permite um melhor entendimento sobre o funcionamento do nosso cérebro para o bem-estar. A dopamina, a serotonina, endocanabinóides e endorfinas endógenas são os principais neurotransmissores associados ao bem-estar.


Se por um lado a nossa genética é determinante para que a possibilidade de ser feliz, o meio-ambiente e as experiências de vida são decisivos para a concretização desse pressuposto, sendo fundamental uma boa alimentação, com os nutrientes para formar os neurotransmissores que protagonizam o bem-estar.


É possível modular (influenciar as características de funcionamento) e treinar o nosso cérebro para sermos mais felizes!A felicidade é essencial à nossa sobrevivência como espécie.


No entanto, desengane-se quem acha que a felicidade é ter bem-estar em permanência! Momentos menos bons, infelicidades, dores, medos, perigos, inseguranças, desesperos, lágrimas, contrariedades, passos atrás, repouso, pausas, algum stresse, são temperos fundamentais para a felicidade! De facto, o excesso de dopamina está associado a psicose, sendo prevenido através do papel do córtex pré-frontal, atuando como “travão”, libertando


outro neurotransmissor – GABA (ácido gama-aminobutírico), que impede a libertação de dopamina em excesso e mantendo o equilíbrio para a saúde mental, para que a via da recompensa funcione adequadamente.
A Felicidade é como o sal e o açúcar na comida! Tem de ser “Quanto baste”!
O conhecimento dá-nos liberdade, mas implica responsabilidade nas nossas escolhas para a saúde.


Vivemos tempos difíceis, com grandes desafios pessoais, familiares, profissionais e sociais, particularmente devido ao isolamento imposto pelo aparecimento da COVID-19. O vírus Sars-cov-2 entra no nosso organismo e fecha as portas do oxigénio, nos pulmões, impedindo que seja distribuído, através da circulação sanguínea, a todos os tecidos, onde é usado pelas fábricas da energia (mitocôndrias). Esta energia (ATP) é fundamental para a ocorrência de múltiplos processos bioquímicos e celulares, incluindo o funcionamento da via da recompensa e do sistema imunitário. O combate a este novo vírus é um desafio biomolecular para o nosso corpo, nomeadamente manter o funcionamento da via da recompensa e continuarmos a ter estratégias para a felicidade durante o isolamento e sobrevivermos caso sejamos infetados. A prevenção, seguindo as normas de segurança, continua a ser o melhor remédio.


É fundamental apreender a sentir a harmonia do bem-estar com aquilo que somos e com o que temos, encontrando o nosso superpoder! Por isso, deixo-vos o meu lema, que é o título do livro que estou a escrever, “Sejam felizes com o que tiverem à mão”©.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

Tamanho do núcleo do hélio foi medido com um nível de precisão sem precedentes

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1612267036714{margin-bottom: 40px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][better-ads type="banner" banner="3816" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1612267020559{margin-left: 26px !important;}"]Investigadores da Universidade de Coimbra (UC), da Universidade de Aveiro e da Universidade Nova de Lisboa integram uma equipa internacional que mediu o raio do núcleo atómico do hélio com um nível de precisão sem precedentes. Os resultados são publicados amanhã, dia 28 janeiro, na prestigiada revista científica Nature.

As experiências utilizaram muões (partículas semelhantes aos eletrões e cerca de 200 vezes mais pesadas), e foram realizadas no Paul Scherrer Institut (PSI), Suíça, o único centro de investigação do mundo capaz de produzir uma quantidade suficiente de muões para esta investigação.

A seguir ao hidrogénio, o hélio é o segundo elemento mais abundante no universo. Cerca de um quarto dos núcleos atómicos que se formaram nos primeiros minutos após o Big Bang eram núcleos de hélio. Eles são constituídos por quatro blocos de construção: dois protões e dois neutrões. Do ponto de vista da física fundamental, é crucial conhecer as propriedades do núcleo do hélio para, entre outros, entender os processos de outros núcleos atómicos que são mais pesados que o hélio.

Tal como tinha acontecido com o protão, o conhecimento prévio sobre o núcleo de hélio provém de experiências com eletrões. Esta colaboração desenvolveu um novo método para a medição, utilizando muões em vez de eletrões, que permitiu determinar o tamanho do núcleo do hélio com uma precisão cerca de cinco vezes superior à das anteriores medições. De acordo com os resultados obtidos, o designado raio de carga médio do núcleo do hélio é 1,67824 fentómetros (há mil biliões de fentómetros num metro).

O conceito em que assenta a nova metodologia é simples: num átomo “normal” são eletrões que orbitam em torno do núcleo; nesta abordagem, os eletrões são substituídos por um muão, formando um átomo exótico, no presente caso o hélio muónico. O muão é considerado o irmão do eletrão, mas cerca de 200 vezes mais pesado. Um muão está muito mais fortemente ligado ao núcleo atómico do que um eletrão e orbita em órbitas cerca de 200 vezes mais próximas do núcleo. Consequentemente, o hélio muónico permite tirar conclusões sobre a estrutura do núcleo atómico e medir suas propriedades.

Este trabalho de investigação contou com a colaboração de 40 investigadores, provenientes da Alemanha, entre os quais se destaca T. W. Hänsch, prémio Nobel da Física de 2005, Suíça, França, Taiwan e Portugal. Cinco investigadores são do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (Luís Fernandes, Fernando Amaro, Cristina Monteiro, Andreia Gouvea e Joaquim Santos, o coordenador), três são da Universidade NOVA de Lisboa (Jorge Machado, Pedro Amaro e José Paulo Santos, o coordenador) e dois são da Universidade de Aveiro (Daniel Covita e João Veloso, o coordenador).

A equipa portuguesa deu uma contribuição decisiva para o sistema de deteção dos raios-X emitidos pelos átomos muónicos, para o sistema de controlo e monitorização da experiência e para a teoria.

O mistério do raio do protão está a deslindar-se

Esta colaboração internacional já tinha medido o raio do protão em 2010 utilizando a mesma abordagem. Nessa altura, o valor medido diferia do obtido por outros métodos de medição que utilizavam eletrões. Falou-se de um mistério do raio do protão, e alguns especularam que uma nova física poderia estar por trás disso na forma de uma interação até então desconhecida entre o muão e o protão, diferente da interação entre o eletrão e o protão.

Desta vez, não há contradição entre o novo valor mais preciso e as medições efetuadas com os outros métodos. Tal torna improvável a explicação dos resultados recorrendo a “nova física” que vai além do modelo padrão. Além do mais, os valores obtidos nas recentes medições do raio do protão com eletrões aproximam-se do valor medido por esta colaboração com muões, em 2010. De certa forma, o enigma do mistério do raio do protão ainda existe, mas está lentamente a deslindar-se.

Várias aplicações

A medição deste trabalho pode ser utilizada em vários contextos. Os nucleões (constituinte dos núcleos) atómicos são mantidos juntos pela designada interação forte, uma das quatro forças fundamentais da física. Recorrendo à teoria que descreve a interação forte, conhecida como cromodinâmica quântica, os físicos podem prever o raio do núcleo do hélio e de outros núcleos atómicos leves com alguns protões e neutrões. O valor agora medido, com elevada precisão, do raio do núcleo de hélio coloca as previsões teóricas à prova e possibilita o teste de novos modelos teóricos da estrutura nuclear.

As medições do hélio muónico também podem ser comparadas com as que são obtidas em experiências em que são utilizados átomos e iões “normais”. Ao comparar os resultados obtidos com as duas abordagens, pode-se tirar conclusões sobre constantes naturais fundamentais, como a constante de Rydberg, a constante da Física que foi determinada com maior precisão, que está fortemente interligada com o tamanho do protão e que desempenha um papel importante na mecânica quântica.

Uma colaboração com uma longa tradição

Esta medição é o resultado de 20 anos de colaboração comprovada entre institutos de renome internacional, incluindo PSI, ETH Zurich, o Instituto Max Planck de Ótica Quântica em Garching, o Institut für Strahlwerkzeuge da Universidade de Stuttgart e o PRISMA + Cluster de Excelência na Universidade Johannes Gutenberg de Mainz, bem como o Laboratório Kastler-Brossel em Paris, e as Universidades de Coimbra, de Aveiro e Nova de Lisboa, em Portugal, e a Universidade Nacional Tsing Hua, em Taiwan.

O trabalho foi financiado pelo European Research Council, pela Swiss National Science Foundation, German Research Foundation e Fundação para a Ciência e a Tecnologia, entre outros.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

O céu de fevereiro de 2021

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="11" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1612258615542{margin-left: 26px !important;}"]Ao céu se estamos em confinamento ou não, por isso, aqui fica o céu deste fevereiro de 2021, para verem das vossas janelas, varandas ou quintais.


Durante o mês mais curto do ano, o único planeta fácil de observar é Marte. Logo ao anoitecer está virado a Sul, quase no zénite (o ponto do céu por cima das nossas cabeças) e fica visível até por volta da uma da manhã. Ao longo do mês, o planeta (aparentemente) move-se cerca de 15 graus e no céu passa da constelação do Carneiro para a do Touro. No final de fevereiro e início de março estará bem próximo das "moscas" do Touro, o enxame aberto de estrelas das Plêiades.


[caption id="attachment_9186" align="alignleft" width="1200"]FIGURA 1 - O céu virado a Oeste, às 2200 do dia 28 de fevereiro de 2021 Fig1: O céu virado a Oeste, às 22:00 do dia 28 de fevereiro de 2021, com indicação da localização do planeta Marte nos dias 1 e 28 de fevereiro 2021. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis /Stellarium)[/caption]

Também conhecidas como as sete irmãs ou o "sete estrelo" (por causa o número de estrelas do enxame facilmente visíveis, mesmo em céus com poluição luminosa), as Plêiades não formam uma constelação, embora sejam por vezes confundidas com a Ursa Menor.


Já a Lua atinge a fase de quarto minguante no dia 4 e uma semana depois, o dia 11 é dia de lua nova. Sem o brilho da Lua, aproveitem para procurar as constelações de Andrómeda e de Orion, pois em cada uma destas há um objeto de céu profundo, visível a olho nu em céus escuros (ou com binóculos, nas cidades) – a Nebulosa de Orion e a Galáxia de Andrómeda. Por volta das 20:00 as constelações estão viradas, respetivamente, a Sul e a Oeste.


A Nebulosa de Orion, um aglomerado de gás e poeira com cerca de 30 anos-luz de diâmetro, é uma das maiores maternidades de estrelas das redondezas. Daqui a umas dezenas de milhões de anos dará origem a um enxame de estrelas semelhante às Plêiades.


A Galáxia de Andrómeda está a cerca de 2,5 milhões de anos-luz de distância, mas a aproximar-se rapidamente. Daqui a cerca de 4 mil milhões de anos vai colidir e fundir-se com a Via Láctea, dando origem a uma galáxia elíptica gigante.


No dia 18 a Lua passa a cerca de 5 graus de Marte, no céu. E nesse dia pousa em Marte o Perseverance, o rover da NASA que leva consigo os nomes de quase 11 milhões de terrestres (o meu incluído), gravados em 3 chips de silício do tamanho de uma unha.


O “carrinho” Perseverance é um autêntico laboratório autónomo sobre rodas, do tamanho de um todo-o-terreno. Na cratera Jezero, vai procurar sinais de antiga vida microbiana. Vai ainda testar tecnologia de transformação de dióxido de carbono em oxigénio, que será essencial para a futura exploração (ou até, quem sabe, colonização) humana de Marte.


[caption id="attachment_9187" align="alignleft" width="1200"]FIGURA 2 - O “carrinho” de exploração de Marte Perseverance, da NASA Fig 2: O “carrinho” de exploração de Marte Perseverance, da NASA. (Imagem: NASA/JPL-Caltech)[/caption]

Dia 19 a Lua atinge o quarto minguante e ao amanhecer do dia seguinte, os madrugadores têm o desafio de observação do mês: Os planetas Júpiter e Saturno, que acabaram de cruzar o Sol e passam a estar visíveis ao amanhecer, juntam-se ao planeta Mercúrio, que se está a afastar do Sol até ao fim do mês, para formar um triângulo no céu. O problema? Júpiter só nasce às 6:45, já envolvido pelo brilho do Sol que também não tarda em nascer, com Mercúrio, o mais alto dos três, apenas 5 graus acima do horizonte!


Dia 27 é dia de lua cheia e para terminar o mês, no dia 28, mesmo antes de amanhecer, Mercúrio atinge o ponto mais alto no céu.


Não deixem de observar o céu, mas em segurança, em casa. E se tiverem mesmo de sair, mantenham o distanciamento, cumpram a etiqueta respiratória, usem uma máscara certificada que cubra do nariz até ao queixo e lavem frequentemente as mãos com sabão.


Com a colaboração de todos, (esperemos) num futuro próximo, havemos de nos voltar a juntar, às dezenas ou centenas, em muitas e grandes noites de observação do céu.


Boas observações.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

O comportamento escondido dos supercondutores

Uma equipa internacional liderada por Nuno Peres, do Centro de Física da Escola de Ciências da Universidade do Minho e do INL, descobriu que o uso do grafeno permite lançar luz sobre comportamentos “escondidos” dos materiais supercondutores, os quais estão associados a muitas das novas tecnologias quânticas.

O estudo foi publicado na PNAS – Proceeedings of the National Academy of Sciences, considerada a revista científica generalista mais prestigiada após a Science e a Nature. Foi na PNAS que, em 2005, se anunciou o isolamento de vários materiais bidimensionais (como o grafeno), por Andre Geim e Konstantin Novoselov, ambos laureados com o Nobel da Física em 2010.

O presentetrabalho envolveu ainda o INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, as universidades do Sul da Dinamarca, Técnica da Dinamarca e de Columbia (EUA), o Instituto de Ciência e Tecnologia de Barcelona (Espanha), e teve o apoio do consórcio Graphene Flagship da Comissão Europeia.

A maioria da energia elétrica que geramos e transportamos tem perdas associadas devido à resistência elétrica dos condutores (como o cobre) onde a corrente elétrica flui, dissipando-se na forma de calor. Já um supercondutor permite à corrente elétrica fluir por ele sem resistência elétrica. Os supercondutores são alvo de fenómenos complexos. O exemplo talvez mais conhecido é o da sua utilização na levitação de comboios de alta velocidade, cuja base destes é arrefecida a temperaturas muito baixas e, ao interagir com os ímanes fortes dos carris, flutua e pode atingir velocidades na ordem dos 500 km/h. Outros efeitos físicos dos supercondutores são esquivos, não sendo facilmente observáveis porque, por exemplo, não interagem diretamente com a luz (radiação eletromagnética). Um desses “cantos invisíveis” é o modo de Higgs, uma “oscilação na densidade dos pares de portadores de carga” nos supercondutores.

Descoberta à nanoescala


Agora, descobriu-se que o grafeno pode ajudar a lançar luz sobre esse “recanto escuro” da física de alguns tipos de supercondutores. O grafeno é uma monocamada de carbono (com um átomo de espessura) obtida a partir da grafite (vemo-la na ponta do lápis), sendo muito leve, flexível, resistente e um bom condutor elétrico. Esse perfil permite-lhe guiar oscilações coletivas de carga elétrica que interagem com a luz (denominadas por plasmões), de modo semelhante aos eletrões num metal, mas de forma extremamente eficiente, intensa e à nanoescala, como parte da equipa responsável por este artigo na PNAS tinha demonstrado na revista Science em 2018 e em 2020.

Neste novo trabalho, os cientistas estudaram a forma como tais oscilações do “mar de eletrões” do grafeno interagem com pares de eletrões num supercondutor colocado a poucos nanómetros de distância. Para tal, depositaram no topo desse supercondutor uma folha de grafeno encapsulada em nitreto de boro hexagonal. O modo de Higgs foi assim detetado pela forma como a paisagem energética das oscilações de carga elétrica no grafeno era modificada pela presença do supercondutor. Foi esse acoplamento que permitiu “ver” o fenómeno esquivo. Nesse modo de Higgs, o supercondutor sofre intensas “flutuações da densidade dos pares de eletrões” que alteram a forma como coletivamente se comportam os eletrões no grafeno.

O artigo sugere igualmente que combinar a interação luz-matéria à nanoescala, evolvendo matéria fortemente correlacionada, pode ajudar a compreender a física fundamental por detrás dos fenómenos que governam os materiais àquela escala. Esse conhecimento é indispensável para o desenvolvimento de novas tecnologias quânticas. Intitulado “Harnessing ultraconfined graphene plasmons to probe the electrodynamics of superconductors”, o trabalho inclui ainda, entre os seis autores, o português Paulo André Gonçalves, que é ex-aluno da licenciatura em Física da Universidade do Minho e investigador pós-doutorado na Dinamarca.

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