Mais uma página na história da III República

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text css=".vc_custom_1615463652822{margin-left: 26px !important;}"]Ainda há dias Jerónimo de Sousa deixou para a História da III República Portuguesa uma das suas páginas mais assertivas, ao responder sobre a recente infeliz entrada de Aníbal Cavaco Silva ao redor do estado da democracia portuguesa, por acaso logo secundado com o espanto de Catarina Martins, e já hoje, mal ter-minou a cerimónia de tomada de posse do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, Aníbal Cavaco Silva aca-bou por voltar a escrever mais uma página notável do tempo democrático trazido pela Revolução de 25 de Abril.

Creio ter deixado aos leitores o cuidado de escutarem os restantes canais televisivos, e mesmo a própria RTP, nos seus diversos canais e noticiários, e penso ter acertado: fez-se um cabalíssimo silêncio sobre aquelas palavras finais da entrevista a Jerónimo de Sousa. As tais que ficarão para a História da III Re-pública Portuguesa. Sendo verdade que não vivemos numa democracia amordaçada, como hoje tão bem referiu o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa no seu discurso de tomada de posse, neste seu segundo mandato, a verdade que, no mínimo, existe um certo tipo de autocensura jornalística. Uma autocensura politicamente enviesada.

É muito simples imaginar a reação íntima de Aníbal Cavaco Silva em face das palavras do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, garantindo, afinal, o que todos conhecem à saciedade: não vivemos numa democracia amordaçada.
Deste modo, o Presidente da República assegurou, no seu discurso, que a visão de Aníbal Cavaco Silva não correspon-dia à realidade. De resto, se correspondesse, o próprio Presidente Marcelo Rebelo de Sousa seria, também, um cúmplice de tal situação. Bom, compreende-se facilmente como terão reagido as entranhas do pensamento de Aníbal Cavaco Silva.

Ora, estava eu ainda deitadinho na minha cama, tendo aí acompanhado toda a cerimónia – e o tal dispensário das Francesinhas, onde se iam tomar as vacinas da minha juventude? – e eis que vejo Aníbal Cavaco Silva a sair do hemi-ciclo, dirigindo-se, rapidamente, para a porta situada frontalmente à de onde vinha! Sabendo que estava em curso a apresentação de cumprimentos, fiquei admirado. Simplesmente, logo disse para minha mulher: o Cavaco ficou furio-so com aquela do Marcelo ter garantido que não vivemos numa democracia amordaçada!! Bom, perdi-me a rir, como seria de esperar. Mormente comigo.

Pela uma da tarde, lá visionei o noticiário da hora do almoço da SIC, aí surgindo, a dado passo, Ricardo Costa, res-pondendo a questões colocadas por Bento Rodrigues. Foi a análise expectável. Simplesmente, ao final deste diálogo, com ar sorridente, Bento lá colocou a Ricardo Costa o que se passara com Aníbal Cavaco Silva. E de novo se voltou a poder ver mais uma análise politicamente enviesada do acontecimento: talvez tivesse sido um acaso… Também se disse que foi pouco feliz a circunstância, mas poderia ter-se tratado de um acaso…

Já perto das duas da tarde, com o almoço terminado, a sala de jantar composta e a cozinha limpa, voltei para o tele-visor, que fica sempre desligado durante as refeições. Graças às modernas tecnologias, deitei-me a visionar os restantes noticiários, nunca tendo encontrado referências ao tal episódio de hoje na Assembleia da República. No fundo, um isomorfismo daquele cabalíssimo silêncio ao redor da apreciação de Jerónimo de Sousa às erradíssimas considerações de Aníbal Cavaco Silva sobre estar a democracia portuguesa amordaçada!!!

Quanto ao discurso do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, tratou-se de uma intervenção muito bem gizada, tratando tudo, mas sem ter que resolver o que quer que seja. De resto, quando salientou ser injusto apontar o combate à pan-demia como só contendo erros, ele também se defendia, dado que sempre reconheceu a tremenda entrega de todos os que têm um qualquer tipo de intervenção nesta matéria. Pois, se só tivessem existido erros, tendo garantido que se estava a fazer o melhor, embora não fosse a mão de Deus a fazer as coisas, ele também seria um responsável.

Não deixa de ser engraçado que Aníbal Cavaco Silva tenha considerado uma vergonha para Portugal ter sido o último do mundo no balanço da COVID-19, porque agora é a Europa que piora, com o nosso RT em primeiro lugar. Num certo sentido, já somos um dos melhores na União Europeia. É que o fenómeno é fortemente imprevisível e extrema-mente dinâmico. Quem dispuser de formação científica, estiver atento e olhe o tema com boa fé, terá de perceber isto.

Enfim, esta tomada de posse ficará a marcar a História da III República em Portugal, mas longe de assim ser por via dos discursos, sim pelo que se passou, já à saída do hemiciclo, com Aníbal Cavaco Silva. Convém ter sempre presente que em política, o que parece é. Volto, pois, a pedir ao leitor que esteja atento aos noticiários televisivos, conjeturando sobre o que se não diria se esta cena tivesse sido protagonizada, por exemplo, por António Costa… E vá escutando o que dizem os partidos políticos, mormente os da zona da Direita e da Extrema-Direita, concluindo depois adequada-mente. E já agora: não se deixe levar por iluminados que, sem nada terem que resolver, criticam quem governa ou pedem o incontrolável.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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