Ao Carlos Pedro
não desanimeis amigos
fazei como eu que devo aos gritos surdos
das recusas e indeferimentos da administração
a força da revolta e o grito da determinação
hoje a censura o cárcere a tortura
subtil manobra destra e cavilosa
pretende amansar-nos pelo desânimo
e a verdade é que a maioria vacila
optando pela submissão
não desanimeis amigos
lembrai-vos dos homens e das mulheres
que na permanente adversidade
mantiveram entre as mãos acesa
a chama da Liberdade
fazei amigos como eu
mamífero como vós
mas que nunca perdeu
da divisa a vista: labor omnia
vincit improbus
soa a virgiliano mofo latim?
dizei então: quem quis sempre pôde!
quão grande a dívida que tenho
para com o repressivo aparelho do estado
da mesma forma que a pobreza
imprescindível é aos ricos
devedores são os insurgentes à tirania
há dias uma anciã amiga anti-fascista
devotada e clandestina de outra época
me dizia ter saudades da ditadura
por ter sido tempo de clarividência
não soçobreis amigos
sabei metamorfosear em força
a força que nos recusam
a força que em nós existe
Carlos d'Abreu[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width="1/2"][zoomsounds_player source="https://ia601409.us.archive.org/13/items/podcast-poemario-21/Podcast%20Poem%C3%A1rio%2321.mp3" type="detect" config="sample--skin-wave-with-multisharer-button-and-embed" artistname="``não desanimeis amigos``" songname="Poemário de Carlos d'Abreu" enable_likes="on" enable_download_button="on" wrapper_image="2487" wrapper_image_type="zoomsounds-wrapper-bg-center" play_target="footer"][/zoomsounds_player][vc_btn title="OUVIR MAIS DO PODCAST POEMÁRIO" shape="square" size="sm" align="center" button_block="true" link="url:https%3A%2F%2Fnoticiasdonordeste.pt%2Fpoemario%2F||target:%20_blank|" css=".vc_custom_1598697660225{margin-top: -20px !important;}"][vc_column_text]“não desanimeis amigos”, integra o livro de poesia “[des(en)]cantos e (alguns) gritos“, de Carlos d’Abreu, editado em 2017 sob a chancela da editora Lema d’Origem.
“A narratividade dos poemas, associada ao tom coloquial, constitui outro traço distintivo da poética do autor. Muitos dos carmes, em todos os andamentos, evocam as narrativas mágicas e imemoráveis que vão passando de geração em geração. Esta narratividade, coadjuvada pelo ritmo rápido e cadenciado da quadra, predetermina a atenção do leitor para a reflexão e a procura de ‘novos sentidos e possibilidades’”.
Créditos da imagem:Jorge Abreu Vale[/vc_column_text][better-ads type="banner" banner="3814" campaign="none" count="2" columns="1" orderby="rand" order="ASC" align="center" show-caption="1" lazy-load=""][/vc_column][/vc_row]