É difícil não perceber

[vc_row][vc_column width="1/4"][bs-user-listing-4 columns="1" title="" icon="" hide_title="1" heading_color="" heading_style="default" title_link="" filter_roles="0" roles="" count="1" search="" order="DESC" order_by="user_registered" offset="" include="2" exclude="" paginate="none" pagination-show-label="0" pagination-slides-count="3" slider-animation-speed="750" slider-autoplay="1" slider-speed="3000" slider-control-dots="off" slider-control-next-prev="style-1" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" custom-css-class="" custom-id="" override-listing-settings="0" listing-settings="" bs-text-color-scheme="" css=""][bs-push-notification style="t2-s1" title="Subscribe for updates" show_title="0" icon="" heading_color="" heading_style="default" title_link="" bs-show-desktop="1" bs-show-tablet="1" bs-show-phone="1" bs-text-color-scheme="" css=".vc_custom_1584442922105{margin-right: 15px !important;}" custom-css-class="" custom-id=""][/vc_column][vc_column width="3/4"][vc_column_text]Há concidadãos nossos que olham o que se passa em Portugal como uma espécie de horror. Não penso assim. E não penso assim, porque sempre vi a vida no seio da nossa sociedade com alguma frieza, reparando na realidade e fugindo sempre ao simples e agradável sonho. Agradável, claro está, até ao dia em que se percebe a verdadeira realidade.


Portugal só existe por razões históricas e porque aqui vivem os portugueses. A Geografia, como sempre, determinou as limitações típicas do nosso modo de estar na vida. Longe do centro europeu, Portugal acabou por tornar-se numa espécie de entreposto global, ponto de passagem das rotas euro-africanas e euro-americanas. Uma realidade que, para ser percebida só precisa que se olhe um globo terrestre.


Esta situação acabou por potenciar todo o tipo de ilegalidades, uma vez que tudo tem sempre de passar por aqui. Jogar neste ambiente, com o passar dos anos, décadas ou séculos, aperfeiçoou um modo de saber estar e de saber fazer, interligando-se tudo numa simpatia que oscila entre o natural e o adquirido pela experiência. O clima, claro está, ajudou muito a esta realidade.


Vencer as adversidades da vida levou, portanto, ao aperfeiçoamento de todo este modo de estar. Nunca conseguindo estruturar a criação de riqueza, os portugueses viram-se obrigados a utilizar as suas qualidades, mormente as adquiridas pelo mecanismo atrás referido. E o tempo, naturalmente, impôs as suas modas. Uma dessas modas do tempo é a droga, por via dos loucos sonhos que dolorosa e destrutivamente proporciona. E tudo isto encontrou uma fonte de ensinamento com a defesa das antigas províncias ultramarinas, completada, mais tarde, com o retorno dos nossos concidadãos que haviam conhecido aquela realidade nos territórios ultramarinos.


Não me admirei, pois, com a recente notícia de que Lisboa se encontra na posição 12 da lista de cidades europeias que mais consomem cocaína. Penso, até, que a posição deverá mesmo situar-se antes. Mas o problema não está só no consumo, também – mesmo sobretudo – no papel de entreposto para a sua chegada ao espaço europeu. Vai longínquo o tempo em que a Secretaria de Estado dos Estados Unidos e as Nações Unidas salientavam, com periodicidade anual, que Portugal era a grande porta de entrada na Europa de estupefacientes oriundos do subcontinente americano. Um pouco depois, esta realidade estendeu-se à África Ocidental, mesmo a Marrocos. Simplesmente, tudo isto era desmentido e desvalorizado pelas nossas mais diversas autoridades. E da grande comunicação social, bom, nem palavra.


No meio de tudo isto, o interessante é poder assistir, mesmo a olho nu, a todo o movimento de traficância que se desenrola por lugares diversos de Lisboa, ao mesmo tempo que ninguém fala do tema. Não se fala nem se gosta de ouvir falar. E é extremamente interessante poder perceber o que se passa por via da mudança do universo envolvente, como se dizia na Termodinâmica: conhecidos que regressam, gente desconhecida em profusão, caras típicas do mundo do crime e da violência, ausências inesperadas, por vezes acompanhadas de explicações que não foram pedidas, pessoas que se sabe serem conhecidas, mas fingindo não o serem, etc..


Perante toda eta consabida realidade, termino com esta pergunta: será a corrupção pior que toda esta consabida realidade, visível a cada semana que passa? Pois, a minha opinião é que não, sendo que se trata de mecanismos complementares e muito ligados. E, no entretanto, a vida lá continua a correr. Não há nisto nada de horroroso, desde que se perceba ser algo de sempre.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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