Mais uma série a não perder

|Hélio Bernardo Lopes|
A RTP 2 há muito nos vem presenteando com excelentes séries televisivas, tanto durante os dias úteis da semana, como ao longo da sucessão dos domingos, e sempre à mesma hora, pouco depois de tocadas as dez da noite. A mais recente destas séries, que teve o seu início nesta passada segunda-feira, é a série SEM MEDO. Uma série inglesa, que se desenvolve em torno do mundo policial complexo atual.

Ao fim destes dois primeiros episódios, é já possível tirar uma diversidade de conclusões com elevada probabilidade de estarem corretas. Além do mais, estas conclusões encontram-se fortemente respaldadas em casos concretos que se tornaram tragicamente históricos.

A série desenrola-se em torno da ação de certa advogada que se determina a defender pessoas que entende terem sido condenadas incorreta e injustamente. Neste caso, o cenário central é o de um jovem que já passou 14 anos na prisão, por ter sido considerado o autor do homicídio de certa jovem inglesa. Um jovem já posto em liberdade através da ação da referida advogada, por ter o tribunal considerado que a base da condenação esteve longe de se encontrar bem suportada e por terem sido apresentados pela advogada dados novos sobre o crime.

Acontece que a advogada em causa apoia também gente fugida do Médio Oriente, com famílias separadas pelos conflitos que ali têm lugar, expondo-se aquela à natural má vontade da polícia e dos serviços de antiterrorismo britânicos.

No entretanto, foi já possível perceber que o caso do tal homicídio deverá ter envolvido militares norte-americanos que serviram em bases no Reino Unido, contando com a complacência das polícia britânica, que facilmente aceitou comprometer um seu concidadão, até pelo facto de que um êxito neste deslindar da morte da tal jovem permitiu uma promoção da detetive que, aparentemente, descobriu a solução do crime.

Tudo isto, porém, envolve já as autoridades policiais norte-americanas, mormente a CIA, através de uma sua agente na embaixada dos Estados Unidos em Londres. E mostra ainda como certa personalidade considerada de alto gabarito e genialidade, cultural ou política – ainda não se percebe completamente –, deve o seu lugar e o seu estatuto, precisamente, à tal agente da CIA, ou a esta mesma instituição. Pôde mesmo já observar-se o atirar em cara, com dureza forte, ao referido senhor por parte da tal agente da CIA, lembrando-lhe que ele só é quem é porque para tal foi lançado...

A uma primeira vista, pode pensar-se que tudo isto não passa de mais uma série televisiva, mas é essencial arredar esta ideia, para tal bastando lembrar os históricos casos d’OS SEIS DE BIRMINGHAM, d’OS QUATRO DE GUILFORD e d’OS SETE MAGUIRE, que conduziram a extensas e falsas condenações, sempre conseguidas com base em provas forjadas pela polícia, tal como os tribunais britânicos vieram a reconhecer, anulando as sentenças condenatórias.

Ora, as nossas televisões vêm deitando para o ar diversos programas suportados em jornalismo de investigação, mas não se determinam a encontrar a coragem para tratar casos deste tipo, que possam, porventura, ter tido lugar em Portugal. Como se percebe, embora com distribuição variável, estes casos estão presentes em todo o Mundo. Infelizmente, as nossas televisões deitam-se a tratar o caso da IURD, mas fogem do dos sacerdotes católicos como o Diabo da cruz... Mesmo agora, em face do que se vem noticiando em torno da análise dos casos de hipotéticas vítimas de sacerdotes católicos, parece que saber e não denunciar não é crime em Portugal, ao contrário o que nos tem dito o Papa Francisco. A grande comunicação social, como seria de esperar, não se determina a tratar este caso.

Como se vê, temos a democracia, e até, como constantemente no-lo repetem, o Estado e Direito, mas a verdade é que tal quase nada representa. E uma enorme parte da responsabilidade de estar o País como se vê nesta matéria reside, precisamente, na grande comunicação social, ela também a anos-luz da coragem que se requer para que nos aproximemos dos Estados onde os Direitos Humanos estão mais bem assegurados. Portanto, caro leitor, permita que insista neste meu conselho: acompanhe a série televisiva SEM MEDO, que a RTP 2 nos oferece nos dias úteis, pouco depois de baterem as dez da noite, porque terá bastante a ganhar em termos de conhecimento da realidade política dos Estados.

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