Pedro Soares, Daniel Vieira, Teresa Rito |
As evidências foram encontradas no ADN materno de centenas de amostras de indivíduos de África e do Médio Oriente. A equipa da UMinho envolveu Teresa Rito, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS), Daniel Vieira, Pedro Soares e Eduardo Conde-Sousa, todos do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA).
Há cerca de 70 a 100 mil anos, em plena Idade do Gelo em África, pequenos grupos de pessoas habitavam refúgios na costa sul do continente. Já se comportavam como humanos modernos, pois deixaram muitos vestígios alusivos, como o uso de pigmentos (talvez para pintura corporal), desenhos, gravuras, contas de conchas e até pequenas ferramentas em pedra (micrólitos) que teriam sido parte de arcos e flechas. Esses simbolismos e tecnologias avançadas para a época começaram, entretanto, a aparecer no Este do continente há cerca de 65 mil anos. Foi exatamente aquando de um raro período climático favorável, que permitiu a humidade suficiente para abrir um “corredor” entre o Sul e o Este africano.
“Parece que algo aconteceu quando os grupos do Sul transmitiram os aspetos da sua sofisticada cultura às comunidades da África Oriental, coincidindo depois na maior diáspora do Homo sapiens, que colonizou em apenas alguns milhares de anos grande parte da Eurásia e até a Austrália, onde estes elementos de modernidade são evidentes”, admite Pedro Soares. “Os povos do Este africano eram biologicamente pouco diferentes das populações do Sul, isto é, os seus cérebros eram igualmente avançados e cognitivamente preparados para acolherem novas ideias e desenvolvimentos. Mas a forma como isso aconteceu pode não ter sido tão diferente de uma cultura moderna isolada da Idade da Pedra ao encontrar uma civilização ocidental atual”, acrescenta.
Gabinete de Comunicação, Informação e Imagem - Universidade do Minho
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva