Velha novidade

|Hélio Bernardo Lopes|
Nos termos de um documentário divulgado neste domingo pelo jornal britânico INDEPENDENT, uma unidade paramilitar sul-africana, que operou durante o regime do apartheid, foi concebida para infetar com SIDA a população negra do país e de Moçambique. Um tema que não é novo e que foi mesmo já tratado num dos canais televisivos à nossa disposição, talvez há uns seis ou sete anos.

Neste caso já velho, lá surgia gente do regime sul-africano do apartheid, mas por igual de uma estrutura oficial do Reino Unido, também de Israel, bem como a sempre omnipresente CIA. Uma realidade expressa por alguém que conhecia bem a problemática, embora por ter trabalhado com os meios que teriam estado em jogo, mas numa outra situação totalmente distinta. Em todo o caso, o entrevistado, tantos anos depois, continuava a temer pela sua segurança e pela sua vida.

Foi neste velho documentário televisivo que fiquei a conhecer as experiências levadas a cabo pelos Estados Unidos sobre parte da sua própria população, operando, sem que se soubesse, bombardeamentos com armas biológicas enfraquecidas as baías de Minneapolis e de S. Francisco, a fim de poderem depois medir as reações dos atingidos (sem saberem) a tais solicitações corporais.

Este documentário agora surgido refere, por igual, que esta ação de infetar premeditadamente a população negra tinha como ponta de lança determinado médico, que se apresentava às paupérrimas populações de negros como estando a tentar tratá-los de possíveis maleitas que pudessem ter. Uma ação que também se estendeu a Moçambique, sendo de todo impossível que as autoridades portuguese da província desconhecessem a presença do referido médico.

Esta personagem aparece agora, nos termos de documentos indiciadores, como estando ligada ao desde sempre admitido homicídio do antigo Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, Dag Hammarskjold. Seria essencial, pois, que António Guterres se determinasse a solicitar às autoridades judiciárias internacionais competentes uma capaz investigação sobre estas duas realidades: a da tentativa de extirpar da face da Terra a raça negra e a do homicídio de Dag Hammarskjold. Simplesmente, isto é o que seria logicamente expectável, porque tal iniciativa de Guterres nunca virá a ter lugar.

Convém referir que Dag Hammarskjold vinha tentando estabelecer as condições de paz entre o Congo, há pouco tornado independente, e a província separatista do Katanga, tema sobre que, em 1998, a Comissão de Verdade e Reconciliação pós-apartheid da África do Sul revelou ter encontrado cartas em papel timbrado da tal unidade paramilitar que pareciam sugerir que os serviços secretos britânicos e a CIA tinham concordado em que Dag Hammarskjold devia ser retirado do cargo que desempenhava. O problema é que o senhor não deixaria nunca, por sua decisão, o cargo que ocupava...

Não é hoje difícil perceber que os Estados da Europa que demandaram outros territórios do Mundo, em África, no Sul da América, na Ásia e no Pacífico, ou no Médio Oriente, para lá de pilharem em larga escala essas terras, e de violentarem os seus povos, nunca perderam o grande objetivo estratégico de imporem o poder supremo do homem branco. Uma realidade que é de sempre, mas que continua viva e que os acontecimentos deste tempo parecem estar a trazer-nos de novo. O subdesenvolvimento de amplíssimas partes do Mundo e a miséria da enorme parte dos respetivos povos são o que explica as fantásticas migrações que se vão vendo quase por todo o lado. É o preço do passado, com o tempo a voltar para trás.

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