Mais que genialidade

|Hélio Bernardo Lopes|
Neste passado sábado vi-me em ansiosas bolandas por via de uma aflição que nos atingiu cá em casa, mas que logo pelas sete e meia da tarde estava já debelada. 

Algum cansaço de minha mulher com a medicação que tem de usar, a fim de manter bem a sua vesícula biliar, fez com que se fosse esquecendo de a cumprir, tudo culminando, sendo eu um leigo, em que tivesse imaginado que o pior poderia estar iminente. Graças à Medicina e a bons médicos, a maleita foi levada de vencida. Bom, parece nova.

A noite passou-se já num estado excelente, pelo que só hoje pude voltar a olhar o que se vinha passando durante as anteriores 24 horas. De molde que foi com bastante graça que fui encontrar a intervenção de Rui Rio na Madeira, em apoio do PSD nas eleições que se aproximam naquela Região Autónoma. Objetivamente, foi uma engraçadíssima intervenção.

Depois de quase não se ouvir, impossibilitado como está de mostrar o verdadeiro objetivo do PSD, eis que nos surgiu agora como que atingido pela designada chicotada psicológica, como se dá no futebol. Perante os maus resultados no campeonato político-partidário – têm uma dupla causa, que não está em si –, vendo-se quase na situação a que acabou por chegar Rui Vitória no Benfica, Rui Rio – e logo dois Ruis...– de pronto procurou modernizar o seu discurso, passando do quase silêncio à gritaria.

Num ápice, Rio trouxe-nos estas suas ideias: o governo socialista de António Costa andará permanentemente a enganar os portugueses; não terá uma estratégia de crescimento económico; e será responsável pela degradação dos serviços públicos. Três linhas que se nos mostram logo – que clareza!! – a base para um programa de governação para oito anos. Porventura, mesmo mais.

Simplesmente, o renovado e assustado líder do PSD consegue ser, até, um pouco mais específico: o grande engano é quando nos vendem uma situação económica de quase milagre económico e depois todos descobrimos que não pode fazer isto e aquilo porque não têm meios. Pode o leitor facilmente perceber o quão concreto é aqui Rio, com tudo bem explicado aos mil e um que, com razão ou por oportunismo, lá vão tentando aproveitar o tempo eleitoral em seu benefício. Se olharem bem, tais protestadores facilmente encontrarão aqui as respostas para os seus problemas. Muitos talvez vejam em Rio o verdadeiro D. Sebastião.

Mas Rio foi ainda mais longe: o problema do Governo é que vende ilusões, e quem vende ilusões, mais dia ou menos dia, colhe descontentamento sob a forma de greve ou de outra forma qualquer. Um verdadeiro teorema político-social conseguido por via empírica. Fico agora a aguardar o surgimento da sua demonstração. Aliás, é o Mundo que espera um tal resultado.

Por fim, explicou que a realidade nacional está mesmo mal: greves em vários setores; descoordenação no combate aos incêndios; insegurança das estradas; roubo de Tancos; problemas no Sistema Nacional de Saúde; etc.. Não é qualquer um que consegue visionar toda esta realidade, sendo perfeitamente evidente para todos os portugueses que com Rio no poder nada disto teria lugar. E muito menos alguma vez teria tido. Mete-se-nos pelos olhos adentro.

Talvez valha a pena que por aí surja, por exemplo, Maria Luís Albuquerque, ou alguém mais, mormente da ala passista, repetindo a providencial dose de Luís Montenegro, e talvez Portugal acabe por ver-se bafejado com Rui Rio à frente do Banco Mundial, deixando para trás Ivanca Trump. E é interessante como a vida nos traz surpresas completamente inesperadas, não me sendo difícil imaginar a nova onde de fé política ora surgida ao redor de Rui Rio por parte das bases do PSD. Imagino mesmo que Pedro Santana Lopes e André Ventura deverão estar absolutamente apavorados. É quem com um novo Rio à vista, não há ninguém que resista.

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