Infelizmente tem a máxima razão

|Hélio Bernardo Lopes|
A atual oposição, à semelhança dos chamados bem pensantes da moda do momento, num ápice surgiram a terreiro a fim de criticarem as palavras de Graça da Fonseca, Ministra da Cultura, proferidas em Guadalajara: sabe, uma coisa ótima de estar aqui em Guadalajara há quatro dias é que não vejo jornais portugueses. 

Como sempre teria de dar-se, de pronto os tais bem pensantes vieram insurgir-se contra tais declarações, apesar das mesmas serem inteiramente corretas, também amplamente sentidas pela generalidade dos portugueses e poderem, até, ter uma outra leitura complementar.

A verdade é que a Ministra da Cultura também referiu que não sabia, não indo comentar o que não conhecia. São duas peças que não se podem, objetivamente, desligar: sabe, uma coisa ótima de estar aqui em Guadalajara há quatro dias é que não vejo jornais portugueses, pelo que não sei, não vou comentar o que não conheço.

É preciso perceber que quem formulou à ministra a pergunta que suscitou a sua resposta, também gosta de ter períodos completamente esquecidos da realidade vivida ao dia-a-dia e de um modo extremamente denso, sendo sempre certo, sobretudo quando se exerce um cargo público, que só se comente o que se conhece e com segurança. Além do mais, nós vivemos hoje no tempo das fake news, pelo que todo o cuidado é pouco. Nunca como hoje, mormente na política, foi tão verdadeira a doentia marca histórica de que o calado é o melhor. Veja-se a balbúrdia que varre o PSD, e torna-se simples compreender e aceitar o que escrevo aqui.

Por fim, o muito mau serviço hoje prestado à comunidade pela grande comunicação social. Infelizmente, a procura de audiências leva-a a constantemente deitar mão do espetacular, desde o que é desastre, de preferência com sangue, à procura de culpados por tudo e por nada, ou à bola nossa de cada dia. Vem sendo nefando o papel político-social da nossa grande comunicação social, ao ponto de ter já surgido o próprio Presidente da República a pedir ajuda do Estado para a realidade do seu crescente desinteresse e cansaço pelos portugueses. Realidades a que estes, em crescendo, acabaram por votá-la. Infelizmente, a Ministra da Cultura, Graça da Fonseca, teve a máxima razão.

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