Doentio

|Hélio Bernardo Lopes|
Durante anos, nunca acompanhei a CMTV, apesar de a ter à disposição no meu pacote de canais contratados. E a principal razão ficou a dever-se ao formato da programação. De resto, só se uma edição do Correio da Manhã estiver ao meu alcance, num qualquer dos lugares que frequento, me determino a folheá-la. É o tipo de jornalismo que não me atrai.

Com a ação terrorista que teve lugar na Academia de Alcochete, do Sporting Clube de Portugal, determinei-me a acompanhar a CMTV. Quase não se falava de outro tema, surgindo personalidades sem fim, umas mais úteis, outras menos. E, como se conhece de tais situações, com uma quase infinda sucessão de palpites. Com ligeiras variações, uma situação que ainda se mantém.

O tratamento deste caso, tal como o do homicídio do triatleta, mostram três caraterísticas do canal. Por um lado, uma doentia sucessão dos temas em causa, apresentados e repetidos quase sem fim, numa exaustiva e inútil repetição. Por outro lado, uma verdadeira balbúrdia sonora, com frequentes vezes toda a gente a falar, estragando, até, o que de bom se pudesse escutar nessas conversas. Uma verdadeira balbúrdia cacofónica! E depois, os verdadeiros julgamentos que ali se produzem ao redor dos temas tratados.

Estas caraterísticas também estão presentes nos restantes canais televisivos, mas em muitíssimo menor grau. É uma situação deveras doentia, que só contribui para debilitar a imagem pública do mecanismo democrático. Infelizmente, a generalidade dos nossos canais televisivos não consegue abordar temas verdadeiramente importantes para o presente que varre o mundo nem para o terrível futuro que parece estar cada dia mais próximo. Infelizmente, os nossos canais televisivos, com ênfase deveras particular para o caso da CMTV, estão a criar um clima extremamente doentio no seio da sociedade portuguesa.

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