Desintoxicar

|Hélio Bernardo Lopes|
Este meu texto tem como objetivo tentar ajudar a combater as tentativas de intoxicação de diversos jornalistas que vão surgindo nos nossos canais televisivos, ao redor do Orçamento de Estado ora apresentado, para tal tentando utilizar, de um modo deformado, as palavras do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Sem muito para dizer sobre a substância da governação, hoje facilmente considerada como um êxito, a nossa grande comunicação social deitou-se a utilizar, a-torto-e-a-direito, o conceito de orçamento eleitoralista. Chegou-se mesmo ao ponto de apontar o Presidente da República como tendo corroborado esta ideia.

Ora, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, instado por certa jornalista sobre o caráter eleitoralista deste Orçamento de Estado, respondeu que seria impossível deixar de assim acontecer, até porque o clima eleitoral começou um pouco mais cedo. E continuou: houve uma antecipação das eleições europeias para o final de maio, e há uma sequência entre europeias e legislativas, portanto é inevitável que os partidos – todos! – estejam a pensar em eleições. E concluiu: por isso, não existindo eleições internas nem congressos neste período, concentram as suas campanhas a pensar nos atos eleitorais do ano que vem, é normal. Todos os partidos, portanto.

Ainda assim, logo alguém mais surgiu com a pergunta sobre se este Orçamento de Estado era imune a uma tal situação, tendo o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, com aquela paciência e aquela pedagogia que tem de reconhecer-se-lhe respondido: pelo que eu tenho visto das propostas mais variadas, de todos os lados, é evidente que cada qual procura apresentar propostas diferentes, quem apoia o Governo, quer da oposição, que… não digo que sejam só a pensar em eleições, mas naturalmente têm reflexos eleitorais.

Devo dizer que a nossa grande comunicação social, hoje cabalmente alinhada com a Direita, quase sem sequer emitir uma crítica adequada aos riscos de uma vitória de Bolsonaro, mostrou grande dificuldade em digerir as palavras do Presidente. O que este disse, de facto, foi que é impossível que os partidos – mas todos os partidos – consigam deixar de ter em conta, nas suas tomadas de posição, o facto de se estar em véspera de diversas eleições. E foi perante estas tentativas de intoxicar os portugueses que me determinei a ajudar à correspondente desintoxicação, por via deste meu texto breve.

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