Vergonhosos horrores

|Hélio Bernardo Lopes|
Os recentes horrores sexuais praticados por mais de três centenas de padres católicos no Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, atingindo, com barbaridade, mais de mil jovens, por entre rapazes e raparigas hoje já muito adultos, veio corroborar o que já hoje se conhece por quase todo o mundo: com o conhecimento e proteção da hierarquia da Igreja Católica Romana, estes horrores foram tendo lugar no seu seio e assim escondidos do conhecimento público.

Estes horrores tiveram lugar no Estado da Pensilvânia, o que se nos terá de mostrar como uma horrorosa estimativa da realidade que deverá ter lugar por todos os Estados Unidos, tal como por partes do mundo as mais diversas. E isto é o que se percebe ao nível dos países mais desenvolvidos, porque nos do Terceiro Mundo podemos imaginar o que deverá ter lugar... Basta ver a prisão de freiras do grupo de religiosas criado pela Irmã Teresa de Calcutá, que vendiam crianças oriundas de mães pobres, certamente solteiras e já detidas pelas autoridades.

Tudo isto permite ter uma ideia do que deverão ser as marcas essenciais no interior das estruturas da Igreja Católica Romana, onde também existirá gente boa. Porém, percebe-se já que as linhas gerais e fortes terão de estar assinaladas por estes horrores agora descritos. Horrores que, com elevada probabilidade, terão de continuar, porventura com oscilações na sua magnitude. Hoje, é essencial que se olhe para o que, quase com toda a certeza, deverá ter lugar no Terceiro Mundo...

Também se pode já perceber que as reações da Igreja Católica Romana se ficam, objetivamente, por meras palavras. E logo a começar pela intervenção do Papa Francisco. Já ninguém duvida, tornando-se mesmo difícil pôr tal realidade em causa.

Ao mesmo tempo, uma associação de freiras norte-americanas resolveu expor ao Papa Francisco o assédio de que são alvo por parte de padres e da sua hierarquia. Assédio e exigências de trabalho sem limite. Uma maravilha cristã...

Mas se isto se refere a pedofilia e a assédio e exigências sem limite, de pronto nos surge a droga no ambiente eclesiástico. Foi assim que uma freira natural do Missouri, nos Estados Unidos, foi apanhada a tentar entrar na Austrália com quase 900 gramas de cocaína, escondida dentro dos saltos de vários pares de sapatos, que levava na bagagem. Cá está: a árvore no meio da floresta... Um miminho!

A verdade é que também o Procurador-Geral da República do Chile, Jorge Abbott, dirigiu um ofício ao Vaticano a solicitar diligências que envolvem clérigos investigados pelo Ministério Público em casos de abusos sexuais cometidos por sacerdotes e leigos ligados à Igreja Católica Romana do Chile. E a razão é simples: a hierarquia da Igreja quase não colabora na punição dos criminosos que têm sido protegidos no seu seio. Uma vergonha. Uma vergonha que só poderá ter um vislumbre de fim se o estatuto mundial da Igreja Católica Romana lhe impuser as regras de transparência próprias de um Estado de Direito, que realmente não é.

Quando escrevo este texto, a terceira figura da hierarquia do Vaticano está acusada de abuso sexual na Austrália, sendo a segunda suspeita de encobrimento num processo em França. O que me permite deitar aqui mão da letra de certo anúncio: mais palavras para quê, é um artista da Igreja?!

Claro está que este tipo de crimes está por igual presente nas restantes estruturas religiosas. O problema é que só a Igreja Católica Romana tem um chefe único e universalmente reconhecido, tudo suportado numa estrutura vasta e fortemente hierarquizada. Como pude já expor, este caso resulta da própria estrutura da Igreja, dificilmente modificável. A prova está bem à vista...

Por ser esta a realidade, e tendo em conta a história negra da Igreja Católica Romana na Irlanda em matéria de pedofilia, com todas as suas consequências, o Arcebispo de Dublin veio agora pedir publicamente ao Papa Francisco para que fale abertamente e com franqueza do passado da Igreja na Irlanda, quando visitar o país na próxima semana, assegurando que não basta pedir perdão. Mas pode Francisco pôr um fim nesta marca de crime no seio da sua Igreja? Claro que não!

Por fim, uma pergunta à TVI: terá chegado a hora de nos fornecer um programa em dez episódios sobre esta marca de criminalidade, omnipresente no seio da Igreja Católica Romana, tal como fez com a IURD? O que pensa o leitor? E já agora: em que pé se encontra o caso do antigo vice-reitor do Seminário Menor do Fundão, que creio ter sido condenado a dez anos de prisão em primeira instância? Em que ficou o caso?

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