Duas lamentáveis intervenções

|Hélio Bernardo Lopes|
As recentes considerações do Ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, ao redor da possibilidade do regresso do serviço militar obrigatório, constituem uma infelicíssima intervenção do atual Governo de António Costa.

A grande maioria dos portugueses já se deu conta de que o PS de António Costa se prepara para impor à nossa juventude, muitíssimo mais que perspetivas de trabalho e de um futuro estável, o regresso a um trabalho forçado no ambiente militar, agora já não para defender a Pátria, mas para servir a OTAN, ou seja, a grande estratégia dos Estados Unidos, objetivamente a darem passos sucessivos e diários para criarem um conflito mundial, de molde a manterem a liderança do mundo e, por aí, conseguirem satisfazer os grandes interesses da sua minoria de multimilionários.

A este propósito, convém ler o excelente texto de Luís Aguiar-Conraria, na edição online de ontem do OBSERVADOR. Já ninguém duvida de que o Governo de António Costa se prepara para fazer a nossa juventude entrar num novo regime de trabalhos forçados, através do regresso do serviço militar obrigatório. E isto quando os Estados Unidos dão passos em direção a uma nova guerra mundial, ao mesmo tempo que prossegue a vaga migratória oriunda do Terceiro Mundo, mantido na pobreza e no subdesenvolvimento por via da política ocidental, talvez acima de todos pelos Estados da União Europeia.

Mas se é verdade que o PS se mostra agora virado para este objetivo regime de trabalhos forçados sobre a nossa juventude, também o PCP lhe vai no encalço, sem que se perceba muito bem como pode defender o serviço militar obrigatório, se o mesmo apenas visa servir a grande estratégia dos Estados Unidos através da OTAN.

Esta tomada de posição do PCP, embora muito antiga, está muitíssimo bem alinhada com a fraquíssima figura do seu Secretário-Geral, Jerónimo de Sousa, ontem no Algarve, como que escovando os bombeiros e contra a ação e o brio e qualidade da GNR, ao mesmo tempo que colocava a ausência de vítimas mortais como coisa que, não sendo de pôr de lado, não permitia cantar vitória!!

Para que o leitor perceba esta fantástica barbaridade argumentativa de Jerónimo de Sousa, basta pensar no recente caso do colapso da ponte Morandi, em Génova. A diferença entre o que agora se passou e o mesmo, mas com ausência de vítimas mortais e de feridos tem um só nome: abismo. E foi um abismo deste tipo que se deu com o incêndio de Monchique: com uma área ardida de cerca de metade do anterior máximo local, não houve vítimas mortais. Realidades excelentes a que tem de juntar-se o caráter singular deste acontecimento neste tempo quente de 2018 e até ao momento.

A política, em democracia, não pode consentir tudo. Nem umas eleições livres podem consentir no regresso do serviço militar obrigatório, para mais sem se encontrar escorado numa necessidade objetiva de defesa da Pátria, nem um partido deve por aí andar – foi o que agora fez o PCP – a tentar jogar bombeiros contra militares da GNR e contra os comandos, legítimos e agora muitíssimo competentes, da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Duas lamentáveis intervenções políticas, sendo que os portugueses nunca esquecerão, nem certamente perdoarão, a primeira.

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