Estudo europeu revela que a população idosa portuguesa é pouco saudável

A população idosa portuguesa tem baixos níveis de saúde, por comparação com a de outros países europeus. Estes são os resultados preliminares do estudo DO-HEALTH, o maior estudo europeu sobre envelhecimento que procura formas de melhorar a saúde dos idosos com mais de 70 anos, no qual estão envolvidos mais de meia centena de investigadores de sete centros universitários da Alemanha, Áustria, França, Portugal e Suíça.

Ana Pinto e José António Pereira da Silva
As conclusões, referentes à primeira visita clínica dos 2157 participantes no estudo, indicam que na Suíça 51% dos idosos são considerados saudáveis, na Áustria 58%, na Alemanha 38%, em França 37% e em Portugal apenas 9%. No global, 42% dos participantes europeus foram considerados idosos saudáveis.

Os investigadores do projeto, coordenado pela professora Heike Bischoff-Ferrari, da Universidade de Zurique, clarificam que são considerados idosos saudáveis os seniores que não apresentam doenças crónicas e têm uma boa saúde física e mental.

A participação portuguesa no estudo, iniciado em 2012, é assegurada por um grupo de investigadores da Clínica Universitária de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) liderado pelo professor José António Pereira da Silva .

Ao longo de três anos de ensaio clínico foi pedido aos participantes que cumprissem, três vezes por semana, um plano de exercício simples em casa e tomassem diariamente suplementação de vitamina D e/ou ácidos gordos Omega 3 e/ou placebo, com o objetivo de avaliar o efeito da vitamina D e do Omega 3 e do exercício físico na saúde cognitiva e física dos idosos.

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De seguida, explicita José António Pereira da Silva, «os dados recolhidos vão ser analisados de forma a determinar os efeitos destas três intervenções em cinco principais dimensões: risco de fratura, função muscular dos membros inferiores, função cognitiva, tensão arterial e taxa de infeções», de modo a que a informação obtida permita desenhar «estratégias que possibilitem aos mais velhos terem uma vida mais ativa e saudável.»

Sobre o facto de Portugal apresentar níveis de saúde inferiores aos observados nos outros seis centros participantes, o docente e investigador da FMUC afirma que «estes resultados não nos surpreendem, mas preocupam. Temos os idosos menos saudáveis a todos os níveis, cognitivo e físico. É, sem dúvida, um problema relevante de saúde pública.»

Quanto a possíveis causas, embora ainda não tenham sido devidamente avaliadas no estudo, José António Pereira da Silva acredita que «há a considerar todo um conjunto de recursos sociais com efeito na saúde dos idosos, que vão desde o valor das pensões até à facilidade de acesso à saúde. Há ainda um fator que eu presumo ser muito determinante que é o nível educacional.»

Na opinião do especialista, a título pessoal, «há alguns sinais preocupantes em Portugal do ponto de vista do Serviço de Saúde. Por um lado, vai diminuindo a acessibilidade aos serviços públicos - por exemplo, a redução do acesso aos transportes de doentes - e, por outro, uma aposta que me parece deliberada dos partidos do arco de governação na medicina privada.»

A qualidade do Serviço Nacional de Saúde, reconhecida a nível internacional, «é excelente por comparação com o custo que ele tem. Para as pessoas mais carenciadas, e muitos dos nossos idosos estão inseridos neste grupo, este movimento não pode deixar de ser pernicioso porque a maior parte dessas pessoas não pode pagar cuidados de saúde privados», assevera.

Para a implementação do DO-HEALTH em Portugal foi criado um centro dedicado na FMUC, que implicou um financiamento da Universidade de Coimbra na ordem dos 200 mil euros, representando no total, com a contribuição da União Europeia, um orçamento de mais de 800 mil euros. O orçamento total do DO-HEALTH foi de 17.6 milhões de euros.

A equipa da UC, constituída por três enfermeiros, quatro médicos, dois fisioterapeutas e uma farmacêutica, recrutou e seguiu 301 idosos da região de Coimbra, que perfizeram 3 consultas anuais e 9 contactos telefónicos trimestrais.

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