Dos tumores cerebrais em adultos, o glioblastoma é o mais frequente e aquele com pior prognóstico. Uma das razões para tal é a capacidade que este tumor tem de invadir o tecido cerebral circundante, tornando a sua remoção por cirurgia extremamente difícil. Agora, uma equipa de investigação liderada por Diogo Castro do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC, Portugal) descobriu um programa genético que controla a disseminação das células deste tipo de cancro. Esta investigação, publicada na revista científica The EMBO Journal , pode abrir caminho ao desenvolvimento de novas terapias.
Diogo Castro |
“A capacidade de invasão deste tipo de tumor é um assunto tão grave que muitos investigadores se dedicam a tentar compreender quais os mecanismos que permitem às células do glioblastoma invadir o tecido cerebral à sua volta”, diz Diogo Castro.
Uma molécula que se sabia estar implicada no processo de invasão do glioblastoma chama-se Zeb1. “O Zeb1 pertence a um importante grupo de moléculas reguladoras denominadas de factores de transcrição. Estes atuam dentro da célula da mesma forma que um maestro conduz a sua orquestra, dizendo aos músicos quando devem começar a tocar ou deixar de o fazer. Os factores de transcrição fazem a mesma coisa com os genes”, explica Pedro Rosmaninho, primeiro autor deste estudo e investigador no grupo de Diogo Castro.
“O nosso trabalho revelou como o Zeb1 desempenha o seu papel dentro das células cancerosas quando permite que estas sejam capazes de invadir os tecidos do cérebro saudáveis à sua volta, confirmando assim o papel crucial deste factor no tumor de glioblastoma”, acrescenta o investigador do IGC.
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Diogo Castro realça a importância desta investigação: “Quanto melhor percebermos como as células do tumor de glioblastoma invadem os tecidos envolventes, mais perto estaremos de um dia encontrarmos terapias eficazes que possam interromper este processo.” A prevalência de glioblastomas na população está estimada em 1 em cada 100,000 habitantes.
Esta investigação foi conduzida no Instituto Gulbenkian de Ciência em colaboração com investigadores do Edinger Institute of Neurology (na Alemanha) e da McGill University (no Canadá). Este estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), pela Deutsche Forschungsgemeinschaft (Alemanha) e pelo Canadian Institutes of Health (Canadá).
Ana Mena – Instituto Gulbenkian de Ciência
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva