Caramba!!

|Hélio Bernardo Lopes|
Fiquei quase siderado com a tomada de posição de Federica Mogherini, representante para a Política Externa da União Europeia, sobre as alegações do Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de que o Irão estaria a violar o acordo nuclear assinado há uns anos. 

E atingiu-me esse sentimento como consequência do que sempre imaginei dos políticos europeus de hoje: autênticos peões alinhados com as posições dos Estados Unidos, agora com Donald Trump à sua frente. Digamos assim...

Com objetivo espanto foi como ouvi àquela política europeia explicar que o que viu nos primeiros relatórios é que Benjamin Netanyahu não colocou em questão a conformidade do Irão para com o acordo. Desta vez, Federica Mogherini, em nome da Comissão Europeia, lá se determinou a reconhecer que, em primeiro lugar e acima de tudo, deve ser a Agência Internacional de Energia Atómica a avaliar se o Irão está a cumprir o acordo, dado que esta é a única organização internacional imparcial que está encarregada de monitorizar os compromissos nucleares do Irão. Bom, caro leitor fiquei deveras admirado.

Claro está que Federica Mogherini tem toda a razão, mas a verdade é que esta atitude é diametralmente oposta à assumida em face da acusação à Rússia ao redor do caso Skripal, que mais não foi que isso mesmo: uma mera acusação, sem um ínfimo de provas, até deveras estranha, por parte do Reino Unido.

Também não deixa de ser interessante constatar o silêncio dos nossos detentores de soberania, até mesmo o dos nossos jornalistas, analistas e comentadores. Deverão estar, com toda a certeza, à espera do que os Estados Unidos, Israel, talvez também o Reino Unido, entendam fazer: se a coisa for para a esquerda, ir-se-á para aí; se for para a direita, vai-se por esse rumo; e assim por diante. Réplicas da Cimeira das Lajes, em que os nossos detentores de soberania ou aderiram ou calaram...

Claro está que também neste caso se percebe o que está em jogo, tal como no-lo expôs o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão: estas supostas revelações de informações do Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acontecem pouco antes de Washington decidir se vai ou não abandonar o acordo nuclear. A evidência!

A pergunta que tem agora de colocar-se e esta: preparando-se os Estados Unidos para denunciar o acordo com o Irão, certos de que Israel, com apoio americano pleno, lá irá criar o essencial ambiente de guerra, o que irão fazer a União Europeia e os seus Estados? Pois, meu caro leitor, a resposta é simples e é esta: nada, exceto reuniões de emergência e comunicados. É caso, pois, para que deixemos sair: caramba!!

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