Já vem de longe

|Hélio Bernardo Lopes|
Surgiu ontem a notícia de que o DIAP de Lisboa estará a averiguar a Cáritas, na sequência de informações de que haveria uma grande quantia de dinheiro a render através de veículos financeiros diversos. 

Nada sendo certo por enquanto, não se trata de um acontecimento impossível. Nem certo. Em todo o caso, depois do que se viu com o dito banco do Vaticano, tal notícia já não pode causar grande estranheza. Certo é que esta notícia não se constitui num acontecimento impossível. Nem certo. Vamos esperar e, para já, refletir aqui um pouco.

Em primeiro lugar, notou-se uma ação noticiosa muito inferior ao que é usual em caasos ligados a investigações similares. Estando em causa uma instituição católica, bom, até se pode perceber a cagufa com que os nossos jornalistas vêm abordando o tema. Sim, porque nós temos, no nosso seio, o Estado de Direito Democrático...

Em segundo lugar, também reparei que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, sobre este tema, tal como sobre aquele outro ao redor de um maestro homossexual que foi expulso, por essa razão, de titular de certo coro religioso, não proferiu uma só das suas palavrinhas por tudo e por nada. E compreende-se que assim tenha procedido.

Em terceiro lugar, há muito que acho estranha a cabal falta de controlo dos dinheiros públicos dados a todo o tipo de IPSS. Custa acreditar que a tentação e o pecado possam assim ser retirados deste tipo de instituições, uma vez que por elas passa um verdadeiro dinheirão, quase metade – porventura, muito mais – oriundo do bolso dos contribuintes.

E, por fim, o que tem vindo a ser conhecido ao nível de pessoas ligadas à Igreja Católica Romana – com as restantes deve dar-se o mesmo –, bem como a muitas das suas instituições. Basta recordar, por exemplo, aquela gravação das palavras do Papa Francisco, furioso com o facto de nada mudar nem melhorar, ou a recente saída de um senhora com posição cimeira na estrutura da Igreja, precisamente porque nada realmente mudava. Mesmo com as palavras proferidas por Francisco.

Termino este texto, pois, com uma nova aposta com o leitor, desde já assumida por mim: à semelhança do que apostei ao redor dos dez mil milhões, também aqui aposto que todo este caso, ora noticiado, terminará em nada. E já agora: renovo o meu pedido, a quem quer que seja, que possa indicar-me em que situação se encontra o caso do jovem padre do seminário menor do Fundão que havia sido condenado a dez anos de prisão, na sequência de situações de alegado abuso de jovens. O processo transitou em julgado ou não?

É por tudo isto que sempre expliquei a familiares ou amigos que, se acaso ganhasse o Euromilhões, não entregaria um centavo a qualquer estrutura religiosa. Querendo ajudar concidadãos meus carenciados, fá-lo-ia diretamente. É assim que procedo, precisamente, ao dia-a-dia, ajudando, quando posso, os que solicitam a minha ajuda, porque dar a mesma através de instituições, bom, é correr um risco enorme. Só um tolo, ou um grande interessado, diz não perceber uma tal evidência.

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