Não terão sido o Putin e o Trump

|Hélio Bernardo Lopes|
Com grande espanto meu, eis que a Amnistia Internacional veio agora revelar ao mundo que existem milícias a combater ao lado das forças iraquianas na luta contra o Estado Islâmico, tentando desaloja-lo de Mossul e de outras cidades iraquianas. 

Entre estas milícias existem combatentes que vêm materializando crimes de guerra, para tal usando armamento fornecido – veja-se bem! – pelos Estados Unidos e pela Rússia, mas outrossim por Estados da União Europeia e do Irão. Quem poderia imaginar que os Estados Unidos e outros Estados europeus pudessem fazer uma coisa destas?!...

Acontece que a Amnistia Internacional de há muito suspeitaria desta realidade – é sempre assim, sem que uns sejam os bons e outros os maus –, mas só agora terá disposto de garantias seguras de tal realidade. De entre os crimes em causa. A instituição refere as execuções sumárias, os sequestros e a tortura. No fundo o que sempre acontece, para o que convém recordar o que as tropas dos Estados Unidos fizeram a tantos alemães logo depois do fim da guerra e tudo o que se passou nas terríveis – e para todos – guerras do Vietname e do Laos. Para já não referir os atentados bombistas em Milão e Bruxelas, operados sob o comando da OTAN: a tristemente célebre Estratégia de Tensão.

Estranhas, porém, foram as palavras de Patrick Wilken, da Amnistia Internacional, ao salientar que os fornecedores de armas internacionais, incluindo os Estados Unidos, países europeus, Rússia e Irão, têm de acordar para o facto de que todas as transferências de armas para o Iraque correm o risco de vir a acabar nas mãos de milícias com um longo historial de violações dos Direitos Humanos.

Indubitavelmente, são palavras estranhas, porque dos países referidos os Estados Unidos levam uma fantástica dianteira como exportadores de armamento. Eles são o maior vendedor de armamento em todo o mundo, sendo também o país com o maior número de intervenções militares em todo o nosso Planeta. E a uma enorme distância de todos os restantes. Comparar isto com o Irão, por exemplo, é simplesmente ridículo. É não ter mais para fazer, fugindo da realidade objetiva a uma velocidade superior à de uma leoa.

Infelizmente, a Aministia Internacional também não referiu as centenas de milhares de deslocados de Mossul e das restantes localidades que têm vindo a ser retomadas – tenta-se isso – pela coligação liderada pelos Estados Unidos. E menos referiu os mortos civis de toda esta contenda, até porque se trata de uma realidade típica da guerra. Pior ainda: não fez uma única referência ao facto de ter sido o Estado Islâmico uma realidade possta em andamento pelos Estados Unidos, nem como começou o conflito na Síria, ou como chegou o Iraque ao seu estado atual. Além do mais, faltou à Amnistia Internacional a coragem para apontar o dedo ao Ocidente pela miséria e pela clima de horror em que hoje se vive em África e no Médio Oriente. Ou em lugares vastos da Ásia, da América Latina e da Oceânia.

Por tudo isto, ao ler a manchete que referia a mais recente tomada de posição da Amnistia Internacional, de pronto me interroguei: mas não terão sido o Putin e o Trump os causadores de toda esta carnificina? E logo concluí: sim, porque o Obama, o Biden, a Hillary e o McCain – que mistela! – são autênticos pacifistas!

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN