Uma lição de extrema qualidade

|Hélio Bernardo Lopes|
Os nossos canais televisivos estão repletos de analistas e comentadores que, com frequência elevada, nada de realmente útil trazem com a sua presença e consderações. Naturalmente, existem exceções. Duas dessas exceções são os académicos Maria João Tomás, sobre que escrevi algumas palavras há dias, e António José Telo, cuja presennça recente na RTP 3 motivou este meu texto.

A obra de António José Telo é já vasta, tendo-a quase toda na minha biblioteca pessoal. Não sendo uma personalidade frequente nas nossas televisões, esteve presente recentemente naquele canal, ao redor do atentado de Berlim, recordando eu bem uma sua outra presença, acompanhado de outros convidados, na sequência do atentado de Nice, se acaso não erro.

Na mais antiga destas duas presenças tornou-se-me evidente a superior ponderação de quanto havia estado em jogo com o atentado do tempo. Desta vez, estando só, ficou claro o modo muito estruturado de abordar o que esteve agora em causa no caso de Berlim. Foi ponderado a escutar as questões colocadas por Ana Lourenço e foi muito estruturante na exposição do modelo esplicativo do que está em causa no caos que referiu e vai hoje por boa parte do mundo.

Um dos dados que referiu e com grande relevo foi a situação de caos político-social que varre uma ampla faixa de território envolvente da Europa, espraiando-se desde a zona asíatica mais próxíma, passando pelo Médio Oriente e abarcando uma faixa extensa no continrente africano. Um terço deste continente faz já parte desse caos, com a totalidade humana assim envolvida ultrapassando o dobro da população europeia ocidental.

Como naturalmente teria de referir, a solução deste problema deverá ser difícil por meios que envolvem baixa energia e poucos custos. E a todos os níves. Uma realidade que, se não foi fruto de interesses inconfessáveis – eu penso que é isso que se vem passando –, derivou da mirífica ideia de levar as ditas democracias à moda ocidental a todas as partes do Mundo... O resultado é o que se pode ver, quase a um ritmo diário.

Com rara coragem nos nossos meios jornalísticos e intelectuais, não deixou de apontar George W. Bush e o próprio Barack Obama como dois dos condutores ao estado de coisas que hoje varrem o Médio Oriente, bem como as ditas primaveras árabes. De resto, António José Telo bem poderia juntar a estes dois os famigerados Bill Clinton, Tony Blair e Sarkozy. E espera agora, a fim de ver ao que se irá dar com a futura presidência de Donald Trump.

Muitos portugueses interessados e atentos terão acompanhado esta curta entrevista de António Telo, assim tendo conseguido acompanhar mais uma excelente lição de Política Internacional. Seria interessante que Vítor Gonçalves se determinasse a brindar-nos, ao início do próximo ano, com uma entrevista a António José Telo no seu programa das quartas-feiras. Com mais do dobro do tempo, os portugueses interessados e atentos teriam a oportunidade de poder ter, deste modo, uma nova lição de grande qualidade sobre o que vai pelo mundo, as suas causas e algum provável devir.

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