As mulheres e os homens que as ignoram

|Tânia Rei|
Acho que tenho já vindo a partilhar com vocês, caros leitores, esta minha admiração para com o facto de existirem manuais à venda em qualquer esquina sobre coisas estapafúrdias, e que, sabemos à partida, são impossíveis, como, por exemplo, evitar a morte.

O que me causa mesmo mais espanto é que ninguém se dedique a escrever sobre o que interessa, que faça serviço público, um bem verdadeiro à humanidade.

Já vos explico.

Desde que o mundo é mundo que as fêmeas repetem a frase “eu juro que não o entendo”, quando o assunto tem a ver com homens. Na Pré-História, enquanto os homens saíam para caçar, as mulheres ficavam a falar mal deles, em grupo, e a partilhar experiências. E o processo mantem-se. Um bando de mulheres estará sempre, em algum ponto, a afiar facas. Cenas de gajas, enfim.

Os cânones mudaram, quando falamos de mulheres e homens bem resolvidos e sem aquelas ideias absurdas que tendem a perdurar, ligadas a sexismos e machismos. O que não muda é mesmo a quase necessidade do implicanço no feminino.

Os homens também refilam por causa do comportamento das mulheres. Sei que sim. E por coisas sem sentido, quando processadas pela mente de uma mulher. Aliás, tenho para mim que há homens sensíveis, e que é contraproducente partir do princípio de que os homens só querem loucuras com as miúdas. Ficaríamos surpreendidas se inquiríssemos os nossos amigos sobre o que não gostam nas mulheres, pois iríamos verificar que as queixam não incluem as palavras “mamas”, “rabo” e “grandes”. O único problema é que, sejam lá quais forem os dilemas masculinos, para a mulher, por vezes, o simples facto de o homem que detém a sua atenção e o seu afecto respirar é já motivo de inquietação.

Resolvi, homens, fazer eu uma lista sintética sobre aquilo que vocês fazem que irrita as mulheres:
-Tudo;
- Nada.

Pronto! Concisa e realista.

Agora a sério. A pior coisa que os homens fazem às mulheres, que as traz capazes de vos querer partir a cara, a casa e o carro, é… ignorá-las. Sobre isto é que devia haver um manual! Uma mulher que se sente ignorada e, por consequência, rejeitada, desperta a amazona que vive no seu seio. Sintam que isto é ligeiramente perigoso.

Uma mulher ignorada nível médio vai responder “não estou nada” quando notarem um distanciamento na próxima conversa, e tiverem a estúpida ideia de lhe dizer que ela está diferente com vocês. Vocês sabem que está, e sabem porquê. Temos que parar de agir como que se fazer de conta que não sabemos o que fizemos de mal ao outro espécime mudasse o ocorrido. Uma mulher ignorada nível supremo… bom… nunca a conhecerão muito bem, porque mal ela sinta que não tem a vossa atenção, vai pôr-se a milhas, e nunca mais vos fala. Do outro lado, uma mulher que não se preocupa se tem a vossa atenção ou não, i.e, ignorada nível baixo, não está assim tão interessada em vocês como queriam crer.

“Ai, o que eu mais odeio numa mulher é que seja fútil, e que só se preocupe com roupas e pechisbeques”, batem os homens no peito. Mentira! Deixem de tentar parecer simplistas. Seja ela dada a maquilhagem e a farpelas da moda, ou use galochas e um penteado despreocupado, um homem só conversa a fundo com uma mulher, só se interessa com o que ela pensa e quer, quando tem com ela uma conexão mental e/ou emocional. Caso contrário, o espécime masculino faz aquilo que faz com o resto do universo: olha, superficialmente, e com memória de peixe. Isto não é uma crítica destrutiva, alerto, é que a atenção de um homem é o mais difícil de conseguir, e é aquilo que as mulheres mais almejam. Porque só se ignora o que/quem é descartável; se ela se sente ignorada é porque é descartável; se ela é descartável então não é importante para o homem em questão; por isso, ele ignora-a para lhe mostrar que ela é descartável; logo, eventualmente, ela vai sentir-se rejeitada, porque se sente, em primeiro lugar, ignorada. Cria-se aqui uma espécie de pescadinha de rabo na boca, sendo inúmeros os caminhos para chegar até aqui, e poucos os que nos levam a sair desta realidade viciada.

Falem-me agora dos clichés que se continuam a apontar aos homens, entre eles: dormem depois do sexo, não baixam a tampa da sanita, só pensam em bola, não querem relações sérias. Exemplos que espelham o quê? Falta de atenção. A mulher quer falar depois da parte carnal – ele dorme – ela sente-se ignorada; Não baixa a tampa da sanita - não pensou no sofrimento dela se, ao usar a retrete, não reparar e tiver um choque térmico nas partes ao sentar-se – logo, está a ignorar as suas necessidades e diferenças; Diz que quer ver o futebol - a equipa de 11 matraquilhos é mais importante do que ela – isso mesmo, entenderam - está a ignorá-la; Não quer uma relação séria com ela - anda aqui e além a molhar o pincel – está a mandar-lhe sinais claros de que, dentro em breve, a vai ignorar. Bem-vindos à retorcida mente feminina!

Se querem afastar uma mulher, ignorem-na. Provam-lhe desta maneira, por A + B, que ela é não é merecedora que lhe despendam tempo e energia. E ela vai odiar-vos para sempre. Para muitas, faça-se jus à verdade, não resulta a treta de falar e ser sincero, pelo que este método é o mais eficaz. Porque se há coisa em que as gajas são boas é a ler nas entrelinhas, principalmente quando não têm lá nada escrito. Algo assim “Se calhar ele disse que não me quer ver mais porque está inseguro” ou “sei que ele gosta de mim” e remata com o sem-preço “eu juro que não o entendo”.

Se querem manter uma mulher na vossa vida, pois arranjem tempo para ela, para a fazer sentir-se incluída, importante, apreciada e, acima de tudo, insubstituível. As mulheres adoram sentir que se esforçam para cumprir estes itens, para as conhecem melhor, para partilharem momentos com elas, a todos os níveis. E, acreditem, elas vão corresponder, sem exageros nem histerismos, ali numa categoria que roça a perfeição (na maior parte dos casos, pelo menos).

Ignorem uma mulher, e vão deleitar-se com o lado mais negro daquele ser, que parecia tão sereno, fofinho e extremamente sexy. Comprem armaduras, se pretenderem regressar. Melhor, não voltem. É que a única coisa que mulher alguma perdoa nem esquece (entre uma infindável lista) é o facto de ser ignorada, principalmente se ela vos abrir o coração, e estiver a expor-se perante vocês.

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