Falta de pontaria

|Hélio Bernardo Lopes|
Como seria sempre expectável, a Guerra na Síria continua ainda, desde que os Estados Unidos se determinaram a apoiar os designados rebeldes contra o regime de Bashar Al-Assad. Rebeldes que me trazem ao pensamento os guineenses que viajavam com a Operação Mar Verde e se destinavam a tomar o poder na República da Guiné se o ditador do tempo tivesse sido morto e derrubado.

Já ninguém com um mínimo de boa vontade e de seriedade intelectual duvida de que o caso da Síria simplesmente deriva da mão norte-americana, virada para mais um avanço no cerco à Rússia. Por enquanto a Rússia, porque logo que necessário será a China ou a própria União Europeia. Basta que os Estados Unidos, na sua leitura dos seus interesses, assim pensem. Recordem-se, entre tantos outros casos, o que se deu com a França no Vietname e o que teve lugar com o Suez. E até com Portugal, em que o nosso (dito) aliado, já depois do que fez com os Açores, ainda se determinou a ir recebendo – vinha negando de há muito – Holden Roberto com o falso nome de José Gilmore. Uma traição que Portugal descobriu e lhes pespegou na cara.

Pois aí nos surgiu mais um bombardeamento sobre uma escola de Aleppo. Em todo o caso, nada de comparável com o bombardeamento das cidades alemãs, ou com o bombardeamento nuclear das duas cidades japonesas. Neste caso, porém, foi um alarido, mormente de Ban Ki-moon, que de pronto exigiu um esclarecimento cabal do que se passou.

Admita agora o leitor que fui eu que sugeri este ataque. A verdade é que, num ápice, as nossas televisões de pronto venderam a explicação, ainda dita desconhecida pelos Estados Unidos: talvez tenha sido a Síria ou a Rússia. Os próprios Estados Unidos disseram não conhecer ainda quem operou este ataque, com um número muito reduzido e vítimas.

O que as nossas televisões não informaram foi que a Rússia detetou e informou a presença, na região e a essa hora, de um drone de ataque dos Estados Unidos. E foi por isto e por não saberem estes as provas de que dispõe a Rússia, que os americanos disseram não saber ainda quem terá operado o ataque.

Por fim, um dado muito significativo: o líder russo, Vladimir Putin, explicou não ter chegado ainda a hora de se retirar da política, mas que virá um dia a fazê-lo. Este é que é o que realmente está em jogo, porque aos Estados Unidos convém uma marioneta do tipo Gorbachev ou Temer. Se certo líder político é um patriota e não vende o seu país a pataco, para os americanos isso é o pior que pode acontecer. Se a isto juntarmos a questão religiosa – os russos, na sua esmagadora maioria, são católicos ortodoxos –, o caldo passa logo a ficar entornado. E se lhe juntarmos que os Estados Unidos são o lugar de onde chega a enorme fatia dos rendimentos vaticanos, bom, fica tudo imensamente mais claro.

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