Ah!, já sei, foi o Putin

|Hélio Bernardo Lopes|
Ninguém independente e com boa-fé se encontra ainda sem perceber que os riscos de um novo conflito mundial estão a ser desenvolvidos, e em larga escala, por parte dos Estados Unidos. Uma realidade que se consolidou e acelerou através da presidência de Barack Obama.

Para tal, Obama e os seus colegas dispõem das câmaras de eco que, de um modo acéfalo e subserviente, vão levando a todo o mundo esta realidade bipolar: Putin é um mau, Obama um anjo. Sempre recordando Marcelo Caetano no seu DEPOIMENTO, a nossa comunicação social (dita) livre debita isto mesmo de um modo incessante. Até as balas e os mísseis parecem ser maus se forem russos ou sírios, mas logo angélicos se forem norte-americanos. Claro está que os portugueses nada ligam à política, mas não são assim tão tolos ao ponto de acreditarem neste tipo de histórias da carochinha. E não deixo de me mostrar surpreendido com os comentários ao redor de Vladimir Putin e da sua Rússia, bem como sobre o caso da imunidade dos jovens iraquianos.

PÓ BRANCO
No meio da balbúrdia da sempre democrática campanha eleitoral norte-americana – é uma democracia, dizem muitos, mas só milionários podem concorrer –, eis que se noticiou que a sede de campanha, em Nova Iorque, de Hillary Clinton foi evacuada depois de ter sido encontrado um envelope com pó branco. Um suposto acontecimento que logo me trouxe ao pensamento aquela fotografia – e filme – da Polónia a invadir a Alemanha... Será que alguém ainda acredita numa destas?

MIGRANTES
No entretanto, continuam a chegar migrantes à Europa. Ora, as imagens mostram uma enormíssima predominância de pretos, certamente do continente africano. Mas logo as nossas televisões se referem à Síria, apresentando de seguida uma entrevista com alguém branco deste país. Ao mesmo tempo, surge agora a notícia de que Portugal irá receber a população de iasidis de uma aldeia. Ou seja, da Síria. De África, sem grande estranheza, não surge aldeia nenhuma. E tudo isto no meio de um autêntico grau zero da solidariedade europeia. Já não bastava a falta da mesma para com os europeus do Sul, porque agora essa atitude é para com (quase) todos os povos do mundo.

ALEPPO
De Aleppo chegam-nos notícias de horror, e sempre por causa dos russos e do exército sírio... Não há quem não fale de Aleppo, embora raramente se fala do que fizeram os Aliados com as cidades alemãs já no final da Segunda Guerra Mundial, e muito menos do ataque nuclear dos Estados Unidos às duas cidades japonesas. Coisas sem grande importância, tal coo os milhões de mortos nas Guerras do Vietname e do Laos, ou na Guerra do Iraque. Ou, por exemplo, na invasão do Panamá ou na Guerra à Sérvia. É um malandrão, o Putin.

MOSSUL
Em contrapartida, em Mossul a guerra tem contornos paradisíacos, mesmo com toques de transcendência, porque tudo vai correndo bem, só com mortos do Estado Islâmico e com as populações a passarem nas calmas, a caminho da salvação turca ou europeia. Ficará para ser estudado nas grandes academias militares esta guerra de Mossul. Uma autêntica amostra do Paraíso.

MILITARES À VISTA
No meio de tudo isto, uma esquadra russa, oriunda da Frota do Norte. Um perigo, embora logo seja dito que o não é. Ao mesmo tempo que a OTAN se diz preocupada com uma possível intervenção de meios militares desta esquadra na guerra na Síria, nada diz da participação dos Estados Unidos no dito combate ao Estado Islâmico. Nem mesmo da invasão da Turquia ao Norte do Iraque. Erdoghan até diz agora que tal território, historicamente, foi sempre da Turquia. Refere-se, obviamente, ao derrotado Império Otomano. A OTAN, naturalmente, está preocupada com…Putin. Ah, eu quér’áplaudirr!

O CHEQUE AO REI DO PSOE
Por fim, a grande jogada de mestre dos atuais líderes do PSOE, conseguindo, deste modo, pôr um fim neste mesmo partido. Como sempre foi defendido pelos históricos do partido, este vai aliar-se ao Partido Popular de Mariano Rajoy. Mas não o fará às claras, antes na penumbra do sim-não, ou seja, do voto contra na primeira votação, seguido de abstenção na segunda. Esta nem Estaline seria capaz de imaginar! Assim se abriu a última porta para o cadafalso a mais um partido socialista democrático na Europa. Depois dos casos alemão, grego, francês e italiano, surge agora o espanhol. Teremos agora a oportunidade de constatar a real fibra dos espanhóis, incluindo andaluzes.

O ÚLTIMO GRITO
Entre nós, eis que por aí nos surge agora um movimento destinado a operar a união entre Espanha e Portugal. Para lá da parte brincalhona que a ideia comporta, qualquer um perceberá facilmente que uma tal situação, a ter lugar, teria sempre de conduzir essa nova unidade multinacional a uma realidade designada por Espanha. Os promotores desta ideia nem se apercebem de que não existe em Espanha um movimento similar. Além do mais, custa acreditar que alguém em Espanha se mostre interessado em importar chatices... Para mais agora, que o PSOE até já aceitou o próprio suicídio.

Pois, caro leitor, o mais interessante de tudo isto é o que existe por detrás de todas estes temas, antes brevemente expostos. E sabe o que é que lhes está a montante? Pois, o Putin! Isso meso: o Vladimir!! Permita, pois, que lhe sugira a leitura da entrevista de ontem, ao DN, do académico brasileiro, Oliver Stuenkel, que lhe irá permitir perceber a situação atual do mundo, mormente ao nível dos seus principais atores políticos. E já agora, também as declarações de um primo de Kadafi, que expõe, dentro do que sabe, as razões do homicídio deste. Um mimo...

www.CodeNirvana.in

© Autorizada a utilização de conteúdos para pesquisa histórica Arquivo Velho do Noticias do Nordeste | TemaNN